Com séculos de história, a música colonial mineira, cada vez mais, se reinventa e conquista novos intérpretes e ouvintes pelo país. Um exemplo desse movimento é o trabalho do Coral Cidade dos Profetas, que percorre o interior de Minas com o projeto Diálogos Coloniais: uma série de encontros que une formação e integração entre coros de diferentes cidades para aproximar músicos e plateias da grandiosidade desse patrimônio.
O ciclo de atividades chega ao fim na quinta-feira, 23 de outubro, às 19h, na Igreja de São José Operário, em Congonhas. A programação inclui um workshop de técnica vocal, seguido de apresentações de cada grupo convidado, e culmina com a execução conjunta de Padre Nosso, de Lobo de Mesquita.
O Diálogos Coloniais teve efeitos inspiradores por onde passou. Em São Brás do Suaçuí, primeira cidade a receber o projeto, a experiência foi tão enriquecedora que os dois corais participantes, Coral Suassuhy e Vozes de Entre Rios, seguiram para o encontro seguinte, em Conselheiro Lafaiete, juntando-se ao Coral Madrigal Roda Viva, Coral São Sebastião e Orquestra Queluz de Minas.
Essa dinâmica espontânea preparou o terreno para o grande encerramento em Congonhas. Os grupos que participaram das etapas anteriores se unem agora aos coros locais — entre eles, Profetas do Amanhã, Coral da Associação de Aposentados e Pensionistas e Idosos de Congonhas e Região (ASAPEC), Vozes do Centro de Referência do Idoso (CRI) e Coral São José —, reforçando a proposta de intercâmbio que move o projeto. A expectativa é reunir mais de 150 cantores em celebração à música colonial mineira e ao legado de seus compositores.

O maestro José Herculano Amâncio, do Coral Cidade dos Profetas, ressalta a evolução do Diálogos Coloniais ao longo dos encontros. “O projeto ganhou corpo e a participação cresceu a cada cidade que passamos. Deu para sentir a alegria dos grupos em estar juntos, trocar experiências e fazer algo maior. A sensação é de missão cumprida”, completa.
Para o integrante Osmar Seabra, a experiência também foi de grande aprendizado e inspiração. “Os grupos se envolveram bem conosco. Nós somos especialistas em música colonial mineira. E cada um trouxe sua técnica, seu conhecimento e sua arte. Essa troca ampliou nosso leque e nos inspirou”, conta.
O projeto é viabilizado pela Lei Estadual de Incentivo à Cultura de Minas Gerais e realizado pelo Governo do Estado de Minas Gerais, por meio da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo, e pela Associação Canto Livre, com patrocínio da CSN.
Coral Cidade dos Profetas
Especializado na interpretação de música sacra antiga e com quatro CDs gravados — “Missa em Fá de Lobo de Mesquita”, “Mestres do Colonial Mineiro”, “CD em Louvor à Virgem Maria” e “Coral Cidade dos Profetas Interpreta Obras Inéditas do Período Colonial”, —, o Coral Cidade dos Profetas desenvolve, desde 1988, o pioneiro trabalho de proteção deste patrimônio imaterial do País. É o único grupo musical que se dedica exclusivamente a pesquisar, difundir, promover e democratizar a música antiga de Minas Gerais.
Ao longo de sua trajetória, o Coral tem participado dos eventos mais significativos do Estado, como as Semanas Santas e os Festivais de Inverno, além de Encontros de Corais Nacionais e Internacionais.
Mantido pela Associação Cultural Canto Livre, o grupo oferece também, gratuitamente, formação musical para pessoas de 10 a 90 anos, sendo reconhecido como uma das mais belas manifestações culturais do interior de Minas. Há dois anos, com o objetivo de promover ainda mais este legado, foi lançado o coral infantil “Profetas do Amanhã”, sempre com formação gratuita e atividades de musicalização voltadas para a primeira infância.
SERVIÇO
Diálogos Coloniais em Congonhas
Data: 23 de outubro de 2025, quinta-feira — entrada gratuita
19h: Workshop de Técnica Vocal
20h30: Apresentação do Coral Cidade dos Profetas, Profetas do Amanhã, Coral da ASAPEC, Vozes do CRI e Coral São José
Local: Igreja de São José Operário (Rua Bom Jesus, 1, Centro – Congonhas/MG).