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Protagonismo feminino: Lafaiete pode ter primeira mulher na presidência da Câmara Municipal

Os corredores da Câmara Municipal de Conselheiro Lafaiete vivem dias de intensa movimentação política. Entre reuniões, audiências e articulações discretas, um tema vem dominando as conversas: a possibilidade de, pela primeira vez, uma mulher assumir a presidência do Legislativo. O fato é histórico. Em mais de duzentos anos de vida política, Lafaiete jamais teve uma mulher no comando da Casa, e agora duas vereadoras com trajetórias sólidas e estilos opostos se destacam nessa disputa.

De um lado está Cida Toledo (PRD), vereadora discreta, de temperamento sereno e perfil voltado ao centro-direita. Atua com sobriedade, sem buscar os holofotes, mas com firmeza e método. Prefere o diálogo reservado, a construção silenciosa e a mediação como forma de avançar em pautas importantes. Cida é uma política de bastidor, que valoriza o consenso e tem o respeito até dos adversários pelo trato cuidadoso com as palavras e com os colegas.

Do outro lado está Gina Costa (Mobiliza), jornalista e vereadora de centro-esquerda, reconhecida por sua trajetória de origem humilde e por representar com autenticidade a voz do povo dentro da Câmara. Gina nasceu e cresceu ouvindo as dificuldades das famílias trabalhadoras e fez da comunicação sua ferramenta de transformação social. Sua atuação é marcada pela presença constante nos bairros, pela escuta atenta das minorias e pela defesa firme de pautas sociais e comunitárias. É uma mulher de origem popular, que fala a língua das ruas e que conquistou respeito por sua coragem em enfrentar temas sensíveis e dialogar com todos, independentemente de partido ou posição política.

Trajetórias

Apesar das diferenças de estilo e de ideologia, Cida e Gina compartilham uma trajetória de respeito e colaboração. Trabalharam juntas em projetos relevantes, votaram lado a lado em pautas sensíveis e mostraram que a divergência não é sinônimo de ruptura. Ambas compreendem que a política só cumpre seu papel quando é capaz de unir forças distintas em torno do bem comum.

Nos bastidores, Damires Rinarlly (PV) tende a apoiar Gina Costa, formando um bloco feminino que pode ser decisivo. Já Simone do Carmo (PSD) vai apoioar Cida Toledo (PRD), que busca apoio entre os vereadores mais conservadores, como Roger Diêgo (PSDB) e Pastor Angelino (PRD), apostando na experiência e na serenidade para consolidar sua candidatura.

Se Cida Toledo vencer, Lafaiete testemunhará a ascensão de uma mulher que construiu sua liderança com discrição, respeito e consistência, consolidando um estilo político baseado no diálogo e na prudência. Sua vitória representaria um marco para quem acredita na política feita com serenidade e equilíbrio.

Se Gina Costa vencer, a história ganhará outro contorno. Será a vitória da representatividade popular, da mulher que chegou longe sem abandonar suas origens e que simboliza o olhar do povo dentro do poder. Gina traria para a presidência uma visão sensível às causas sociais, abertura para o diálogo com todos os grupos e a coragem de conduzir a Câmara com o coração voltado para as pessoas mais simples, aquelas que raramente têm voz, mas que nela encontram alguém que as escuta.

Disputa

Mas há também uma terceira hipótese, que circula em conversas reservadas e preocupa parte dos observadores políticos. Se a disputa entre Cida e Gina se acirrar a ponto de fragmentar o voto feminino, o resultado pode ser justamente o oposto do esperado: a vitória de um homem. Nesse cenário, a falta de unidade entre as mulheres acabaria reforçando velhas estruturas e devolvendo o comando da Câmara às mãos masculinas, repetindo o roteiro que se repete há gerações.

Essa possibilidade levanta uma reflexão necessária. A luta das mulheres por espaço na política não se resume à conquista de cargos, mas à capacidade de construir alianças em torno de objetivos comuns. Quando a representatividade se divide, o avanço coletivo corre o risco de retroceder.

Independentemente do resultado, o desfecho dessa disputa já é histórico. Pela primeira vez, duas mulheres com trajetórias distintas e complementares disputam o comando da Câmara. E qualquer que seja a vencedora — ou mesmo que a vitória escape —, Lafaiete estará diante de um novo tempo político, em que a força feminina, ainda que em disputa, deixa claro que o poder local já não é mais o mesmo.

A eleição para o comando da Mesa Diretoria vai acontecer em meados de dezembro. A disputa promete!

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