O trecho que liga Belo Horizonte a Congonhas convive diariamente com intenso tráfego de carretas transportando minério, cenário que provoca aumento de acidentes, elevação do número de mortes e compromete a mobilidade regional, afetando motoristas e comunidades ao longo da rodovia.
As cidades históricas de Minas Gerais representam patrimônio cultural de grande relevância. Congonhas, Ouro Preto, Mariana, São João del-Rei e Tiradentes formam um roteiro que sustenta turismo cultural, romarias, excursões escolares e visitantes internacionais durante todo o ano. A manutenção dessa dinâmica depende de estradas
seguras e eficientes, capazes de suportar tanto o tráfego cotidiano quanto o sazonal.
Essa condição tem sido gradualmente fragilizada pela realidade da BR-040, principal eixo entre Minas Gerais e o Rio de Janeiro. O fluxo pesado concentra-se em áreas próximas aos complexos minerários. Além dos impactos viários, a expansão das frentes de extração avança sobre encostas e áreas naturais, modificando a paisagem, fragilizando a serra e aproximando a mineração da rodovia. A lógica do escoamento da produção mineral frequentemente se sobrepõe à preservação ambiental e à segurança, expondo o trajeto a riscos contínuos.

Tombamentos, colisões e interdições prolongadas geram apreensão constante entre moradores, motoristas profissionais e demais usuários. Notícias de mortes, antes isoladas, reforçam a sensação de insegurança para quem depende da estrada diariamente.
O efeito sobre o turismo é imediato. Acidentes de grande porte ou paralisações reduzem a circulação de visitantes, comprometendo não apenas a preservação do patrimônio, mas também as atividades econômicas vinculadas à visitação.
A relação entre transporte pesado e turismo se torna ainda mais crítica diante de uma infraestrutura incapaz de atender às exigências atuais. O peso das carretas acelera o desgaste do pavimento, exige manutenções frequentes e provoca desvios e bloqueios prolongados. Resíduos espalhados, lama em períodos chuvosos e pedras projetadas representam ameaças adicionais aos veículos de passeio. Um trajeto que deveria integrar a região transforma-se em percurso de tensão e imprevisibilidade.
Dados da Polícia Rodoviária Federal dos últimos dois anos indicam que Minas Gerais continua entre os estados com maior número de acidentes e vítimas em rodovias federais, e a BR-040 aparece de forma recorrente entre os trechos mais críticos.

Esse cenário evidencia a necessidade urgente de reordenamento do tráfego, com separação entre transporte de carga e veículos de passeio ou coletivos. A atuação das mineradoras, avançando sobre encostas, degradando a serra e invadindo o leito da rodovia, demonstra descaso com o meio ambiente e priorização do lucro sobre segurança e preservação cultural. Sem medidas imediatas, o risco persiste, ameaçando vidas, turismo e patrimônio histórico, exigindo ação conjunta de autoridades, empresas e sociedade.
Fotos: Domingos T Costa
Local: Nas proximidades do pedágio – Belo Horizonte e Congonhas

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