Surto de dengue, chikungunya em Cuba e febre oropouche avançam e escancaram a crise no sistema de saúde cubano
Uma combinação simultânea de dengue, chikungunya em Cuba e febre oropouche tem espalhado medo pela população cubana, agravando ainda mais a crise no sistema de saúde cubano.
O avanço do chamado “vírus em Cuba” ocorre nos últimos meses em diversas regiões da ilha, atinge milhares de pessoas, sobrecarrega hospitais já fragilizados e expõe falhas estruturais em meio à escassez de medicamentos, apagões e dificuldades de acesso a atendimento médico.
Segundo autoridades sanitárias e organismos internacionais, o cenário se intensifica devido à proliferação de mosquitos, à subnotificação de casos e à deterioração das condições básicas de higiene.
Vírus em Cuba se espalha em meio a múltiplas epidemias
O termo “vírus em Cuba” tornou-se comum no vocabulário popular para descrever um fenômeno mais amplo.
Na prática, trata-se da circulação simultânea de três arboviroses doenças transmitidas por mosquitos que avançam ao mesmo tempo pelo país.
De acordo com o governo cubano e a Organização Mundial da Saúde (OMS), em conjunto com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), o país enfrenta um surto de dengue, o crescimento acelerado da chikungunya em Cuba e a reemergência da febre oropouche.
Além disso, vírus respiratórios, como o da covid-19, também circulam, o que dificulta o diagnóstico e amplia a sensação de insegurança entre a população.
Sintomas intensos e relatos de sofrimento
Febre alta, dores articulares severas, inflamações, vômitos, diarreia e irritações na pele são sintomas recorrentes.
Muitos pacientes permanecem com sequelas por semanas ou meses, especialmente dores persistentes nas articulações.
A jornalista Yirmara Torres Hernández descreveu o impacto em Matanzas em uma publicação que viralizou nas redes sociais:
“Matanzas hoje parece uma cidade de zumbis… é assim que andamos, curvados, doloridos. Basta sair nas ruas e ver”.
Relatos semelhantes se repetem em várias províncias, com pessoas encurvadas, febris e com dificuldades de locomoção.
Chikungunya em Cuba cresce rapidamente
Dados oficiais indicam que os novos casos de chikungunya em Cuba cresceram 71% em apenas sete dias, segundo o Ministério da Saúde Pública.
A Opas estima 25.995 casos, embora especialistas alertem que o número real pode ser muito maior.
Isso ocorre porque grande parte dos doentes evita procurar atendimento médico, especialmente quando os sintomas não são considerados graves.
Febre oropouche preocupa autoridades
A febre oropouche, menos conhecida pelo público, também integra o atual quadro do vírus em Cuba. Identificada pela primeira vez em 1955 no Caribe, a doença já provocou mais de 30 surtos históricos no Brasil.
Especialistas alertam que mudanças climáticas e desmatamento ampliam o risco de expansão urbana desse vírus, assim como ocorre com dengue e chikungunya.
Crise no sistema de saúde cubano afasta pacientes dos hospitais
A crise no sistema de saúde cubano é um fator central no avanço das doenças.
A falta de medicamentos, exames laboratoriais e condições básicas de atendimento faz com que muitos cubanos optem por permanecer em casa.
Silvia, moradora de Pinar del Río, relatou à BBC News Mundo:
“Não há condições para receber as pessoas. Tudo está colapsado. Apenas recomendam hidratação e paracetamol”.
Outro professor de Havana reforça:
“Quase ninguém que eu conheço vai ao hospital. Não há diagnóstico seguro nem medicamentos”.
Mortes, subnotificação e medo
O governo reconhece oficialmente 47 mortes associadas às arboviroses.
No entanto, especialistas independentes acreditam que o número real seja maior, devido à subnotificação e à atribuição das mortes a outras causas.
“Conheço duas pessoas que morreram, ambas idosas”, afirmou um professor ouvido pela BBC News Mundo.
Falta de saneamento favorece avanço do vírus em Cuba
A Opas destaca que a precariedade nas condições de higiene contribui diretamente para a proliferação dos mosquitos transmissores. Apagões frequentes, acúmulo de lixo e falta de água agravam o problema.
Hansel, engenheiro de Havana, explica:
“Se a luz acaba, você não consegue usar ventiladores ou ar-condicionado. Os mosquitos entram e picam”.
Sequelas podem durar meses
Mesmo após a fase aguda, muitos pacientes continuam sofrendo. Dores nas mãos, ombros e coluna comprometem atividades simples do dia a dia.
“Ainda sinto dor nos dedos e dificuldade para abrir potes”, relata Hansel.
Cenário segue crítico
Enquanto o vírus em Cuba continua avançando, o país enfrenta dificuldades para conter o surto de dengue, a chikungunya em Cuba e a febre oropouche.
Ademais, crise no sistema de saúde cubano, somada às condições socioeconômicas adversas, cria um cenário de alta vulnerabilidade sanitária, com impactos que ainda são difíceis de dimensionar.
FONTE: CLICK PETRÓLEO E GÁS




