Quem ainda pensava que falta de água é uma realidade distante, comum ao Vale do Jequitinhonha ou ao Nordeste brasileiro, desconhece que ela está presente em Lafaiete. Pessoas que têm carregar água em baldes para encher uma caixa d’água. Ou ainda, beber café com água fervida ou tomar banho em caneco. “Já tem mais de um mês que não chega água na minha casa.” Este foi o desabafo da pequena Mafalda Coelho, moradora do Distrito de Buarque de Macedo. Ela convive há mais de 5 anos com a falta de abastecimento de água em sua casa, mas o problema se agravou nos último ano.
Ela e seus 10 filhos buscam água nos vizinhos para beber, alimentar ou tomar banho. Este drama é realidade de outros moradores de Buarque e não está em filmes ou em livros de ficção ou contos históricos que retratam uma realidade distante.
Cansado de esperar uma solução da prefeitura, o cearense Raimundo Teixeira, que mora ao lado de Dona Mafalda, construiu um poço artesiano para enfrentar falta de água. “Se não fosse este poço água não chegaria água em casa. Há mais de 30 dias não cai uma gota na caixa d’água”, relatou o pai de uma filha, abrindo a torneira para mostrar a veracidade de sua fala.
Nossa reportagem esteve no distrito Buarque de Macedo ontem a tarde, quando caía uma forte chuva sob a região. Menos de 8 dias era a segunda visita, a convite de moradores, para ouvir os relatos do drama vivido na localidade em especial para os que moram na parte mais alta.
Indignação e revolta sintetizam a realidade cruel que passam crianças, jovens e idosos. Sem água tratada, eles convivem com uma realidade aos avessos da modernidade do século XXI quando as famílias ainda não têm acesso aos direitos básicos.
Aline Marques, mãe de 3 filhos, já relata que a situação é critica, mas a parte mais alta é a mais prejudicada, já que as casas não são abastecidas o suficiente. Ela afirma que somente na parte da manhã, até 8:30 horas, é que a água chega as residências. Sua revolta é que a parte baixa de Buarque tem água o bastante e denuncia o abuso. “A água aqui em cima tem hora de chegar e em baixo as pessoas lavam caminhão, enchem as piscinas e muitos comércios usam a vontade. È uma injustiça conosco”, criticou.
A mãe de Aline, Tânia Marques, conta seus parentes virão a Buarque a passeio, mas ela não sabe como vai recebê-los. “A gente tem de fazer reserva em balde para tomar banho e fazer comida. A água cai em nossas casas, mas não nos atende o suficiente”, pontuou.
Os moradores contam que chegam diariamente diversos caminhões pipas da prefeitura com água da Copasa. “Água chega mas falta administração para dividir com toda a comunidade. Se a gente quiser lavar a roupa ou limpar a casa temos que levantar antes das 6 horas da manhã. Depois das 8 horas a água acaba”, relatou a jovem Maisa Oliveira, Mãe de uma filha. Ela disse que para lavar a roupa da família se dirige aos vizinhos.
Dona Nair, no alto de seus 81 aos, relatou que a experiência vivida de falta de água é a primeira de sua vida. Ele busca em baldes água para abastecer sua casa, lavar vasilhame ou tomar banho.
Os moradores também reclamam da qualidade de água está comprometida com sujeira e cor barrenta. “Às vezes que o prefeito tem boa vontade, mas ele não sabe da nossa realidade. A água chega a Buarque mas alguns têm preferência em prejuízos a outros. Está faltando administração”, disse Maria do Carmo. “Ontem tive que ferver a água e tomar banho de caneco”, relatou dona Celestina Maria Nascimento.
A solução para o problema de abastecimento é compra de uma bomba para Buarque já que a existente é não consegue levar água a todas as casas. Porém há mais de 5 anos moradores vivem este dilema. A informação apurada é de que a prefeitura abriu uma licitação para a compra da bomba.