No curtíssimo prazo, Sara Ethel de Rezende – descendente de família resende-costense – trabalha para que seja um sucesso o Encontro Nacional dos Reszendes – o Reszendão 2023 –, a acontecer nos dias 22 e 23 de julho em Conselheiro Lafaiete; e para isso conta com a parceria dos demais membros da comissão organizadora: o padre Roberto, a Cida (do Dr. Júlio), o Márcio, o Tadeu, o Edson da Cera Luminosa, o Nilson Canuto, o Geraldo Magela e a sua esposa Maria José. Num prazo mais longo, ela tem um projeto de fôlego, aliás dois: escrever um livro sobre a vida de João de Resende Costa e o outro, de “minha linhagem, contando as histórias de família”.
Por volta de 1945, o pai de Sara, Rafael Arcanjo de Rezende, saiu de Resende Costa e foi estabelecer-se em Lafaiete onde o irmão José Rafael de Resende possuía o sítio denominado Coqueiros. “Meu pai afirmava que saiu de Resende Costa fugido. Estava fugindo das moças que queriam se casar com ele. As moças estavam no seu pé… E nós completávamos a história, dizendo que não adiantou ele fugir, pois em suaf uga encontrou uma linda jovem, estatura mediana, pele clara, olhos azuis, gênio forte (contam que era uma das mais bonitas da região), descendente de Ferreira da Fonseca, por quem se apaixonou perdidamente e com quem veio a se casar.”
Rafael Arcanjo é filho de Rafael Fortunato de Resende e de Maria Ismênia, da antiga Fazenda Passatempo. Com o dinheiro da venda de seu terreno e de seu cafezal em Resende Costa, Rafael Arcanjo adquiriu o sítio do irmão em Lafaiete, construiu uma casa nova e se casou, em 1950, com Geralda Ferreira da Fonseca, também, ela, uma descendente de Reszendes, “porém com o gênio forte dos Fonsecas. O seu casamento,que foicelebrado na antiga fazenda Pai Miguel, nos Coqueiros, foi regado a catira dançada por seus irmãos e seu pai”, conta Sara.
Desse casamento, nasceria Sara, em 1971, no sítio dos Coqueiros, povoado de São Gonçalo do Brandão, pelas mãos da parteira dona Maria, tornando-se a 12ª de 15 filhos. Rafael era muito dedicado à família, recorda Sara: “Sempre nos falava de seus irmãos e dos conselhos recebidos de seus pais, dando-nos suas referências patriarcais como exemplo de vida. Contava, especialmente, sobre sua irmã Cecília, que se casara e que, juntamente com seu marido e seus filhos, resolveu tentar a sorte em Goiás”. Mas a última notícia que o pai de Sara teve de Cecília foi que, durante uma viagem, ela morrera e fora enterrada em beira de caminho nos rincões de Goiás.
Sara é uma apaixonada pelas histórias de família, tanto que “comecei a postar sobre os Reszendes e os Ferreira da Fonseca em páginas da Internet. E Vilma, da cidade de Parauapebas, no estado do Pará, entrou em contato comigo, dizendo ser neta da tia Cecília, a irmã nunca mais vista. Era um elo que estava perdido, mas que foi encontrado devido a essa paixão dos Reszendes de se comunicarem entre si. E minha prima Ana veio a Lafaiete se encontrar comigo. E foi maravilhoso nosso encontro, infelizmente apenas com a memória de nossos pais”. Memória que Sara cultiva de outras formas, como, por exemplo, a visita frequente aos primos que moram em Resende Costa. São eles: Ailtom, Jesus, Nelson, Wanderley e Celso “filhos de Tia Amelia, já falecida. Outros se espalharam pelo Brasil”.
Paixão
É a “paixão dos Reszendes” que faz toda a diferença, explica Sara, pois “nos definimos como primos, parecendo sermos ligados por um fio de ouro que, quanto mais nos conhecemos e incluímos outros parentes, mais se fortalece. É mágica e viciante essa paixão dos Reszendes de se comunicarem, sem ao menos se conhecerem pessoalmente. E a Internet me mostrou que não vivemos apenas de comunicação a distância, mas também de um belíssimo achado de raízes perdidas”.
Sara é casada com Edson Geraldo Gonçalves e mãe de dois filhos: Maurício e Marcela. “No meu casamento, três gerações estavam no altar, na capela de São Gonçalo do Brandão: meus pais, completando Bodas de Ouro; eu, como filha me casando; e Jaqueline, como neta, completando 15 anos. Foi uma comemoração inesquecível, celebrada pelo maravilhoso Padre Osni, com direito a festa no sítio dos Coqueiros. Meus pais já faleceram, mas ainda carrego comigo as boas lembranças de nossas conversas nos almoços de domingo; das orações em família antes de dormir; dos nossos jogos de truco (minha mãe gostava); da aglomeração em frente à pequenaTV, todos juntos; das visitas às famílias mais distantes”
Antes de falecer, sua mãe Geralda pediu que Sara pesquisasse sobre a família e registrasse todas as descobertas. “Desde então, procuro minhas raízes. É uma forma de manter viva a mensagem de amor à família que meus pais queriam que os filhos vivessem. E tenho descoberto coisas tão interessantes que, apesarde não poder compartilhar mais com meus pais, faço como homenagem a eles.”
Na vida profissional, Sara fez cursos de Enfermagem na Escola Técnica Atlas e de RX na Escola Técnica Estec (ambas de Conselheiro Lafaiete), e ainda curso em Tomografia na Escola Técnica Novo Rumo (de Belo Horizonte). Atualmente, ela aplica todo esse conhecimento acumulado na Policlínica Municipal de Conselheiro Lafaiete. Mas ainda sobra tempo: “Em minhas folgas, cuido do meu sítio e ainda me comunico com parentes, pesquisando histórias de família”.
Ela não se considera nem genealogista nem escritora, mas, em conjunto com o primo Ney e outros colaboradores, está fazendo a árvore dos Reszendes no site GeneaMinas*. “Sigo ajudando com pesquisas e árvores. Quero escrever dois livros: um, contando a história de vida de João de Resende Costa – uma história de minha imaginação, com dados de época. E outro, com a minha linhagem, contando as histórias de família. Quero também viajar a Portugal, onde tudo começou.”
Sara já conhece a linhagem direta de João de Resende Costa, “tanto da parte de meu pai como de minha mãe; tenho isso já registrado. E consegui isso através de pesquisas em sites, no livro de Arthur Resende e em investigações com parentes”. Mas ela quer ir além: “Há poucos dias, houve uma reportagem na tevê sobre um teste de DNA, em site genealógico, confirmando uma ligação entre irmãos desconhecidos. Isso nos instiga, nos anima, no sentido de buscar nossos elos perdidos.”
Reszendão em Lafaiete
Sara participou de um único Reszendão: o de Congonhas (MG). “De todos os meus irmãos, eu sou a mais apaixonada. Meus irmãos pegam minha carona nas histórias, deixando pra mim a responsabilidade do resgate de histórias que vou passando para eles. Tanto que fui sozinha a Congonhas, com a cara e a coragem, e lá me encontrei com primos que me fizeram companhia. Então, não me senti sozinha nesse encontro; afinal, somos todos primos.”
Em Congonhas, o Padre Roberto Francisco de Resende “pegou a bandeira do Reszendão para trazer para Conselheiro Lafaiete”, conta Sara: “Ele entrou em contato comigo este ano para formarmos uma comissão. E, pelo suporte que estou dando, virei uma espécie de secretária dele, cuidando dos pequenos detalhes até os mais altos níveis da organização”.
Para os próximos Reszendões, Sara defende que haja uma organização quanto a quem vai pegar a bandeira “Ainda está muito aleatório”. Assim, ela espera que se chegue a um “bom acordo”. É que, em Congonhas, “dona Odete (Odete Egg de Resende) simplesmente olhou para o padre e sugeriu que ele pegasse a bandeira. Ele se animou e, assim, Lafaiete se tornou a cidade do Reszendão de 2023”.
Este ano, em Lafaiete, “como sempre, faremos homenagem ao patrono João, mas também consideramos Caetano como um patrono. O português João de Resende Costa foi o primeiro Resende de que se tem registro que chegou ao Brasil, por volta do ano de 1720. Posteriormente, vieram seus irmãos Francisco e Francisca. E também um seu primo, o Caetano de Souza Resende**. E deixaram sua descendência”.
Sara comemora, particularmente, a descoberta de Francisco da Costa, “irmão de João de Resende Costa, que também deixou descendência no Brasil. E, por sinal, um descendente seu é membro de nossa comissão organizadora: Edson Resende (Edson da Cera Luminosa)”. Esse achado é fruto de “minhas pesquisas com Reszendes da minha região, Lafaiete, e também no livro de Arthur Resende, que faz menção ao avô e a tios de Edson”, explica. Há “relato de Francisco ter vindo ao Brasil anos depois de João, e não há muitos registros dos seus descendentes”.
Sara defende a agregação de todos os Resendes, independentemente de seu local de origem; quer um evento ampliado e inclusivo. “O Reszendão começou em 1999, tendo como referência o patrono João. Todos os Reszendes foram acolhidos como descendentes dele”. Porém, há o “outro ramo de Reszendes, que pertence a Caetano, provavelmente primo de João e que chegou ao Brasil alguns anos mais tarde. O livro de Cláudio Bastos Resende*** é documentado com referências de sua raiz vinda de Caetano. Assim, no Reszendão desse ano, queremos agregar todos os Reszendes, pois, a partir do começo, em Portugal, temos a mesma linhagem”.
Encomendas de camisas
Sara identifica uma certa animação para o Rezsendão de Lafaiete, tendo como base, principalmente, as encomendas de camisas. Além do valor da inscrição, “apenas 30 reais”, “aceitaremos doações, pois faremos uma prestação de contas e reverteremos o saldo final para o asilo Dr. Carlos Romeiro, emLafaiete”. E, “Pelas respostas nas divulgações que temos feito, nossos primos estão animados”, mas “a parte da inscrição está muito lenta”.
Por isso, Sara apela a “todos os Reszendes e seus agregados (do Brasil inteiro) para participarem”. Ela acha que o Reszendão deveria “ir muito além de apenas uma confraternização, sendo também um modelo de união, de amor ao próximo, de paz em tempos de guerra. Que seja um marco que exprima cultura, tradições, evolução do ser humano”. E conclui: “Será um momento de confraternizar, recuperando nossas raízes, conhecendo-nos com muita diversão, comendo, dançando, contando nossas histórias”.
*GeneaMinas: https://www.geneaminas.com.br/
**Caetano de Souza Resende é oriundo da Freguesia de Milheirós de Poares, Município de Santa Maria da Feira, região norte de Portugal.
***“Família Resende Rezende – Genealogia das Minas aos Sertões”, 2018, Editora Kelps, Goiânia (GO).
Acompanhe as informações sobre o 23º Reszendão/2023/Cons. Lafaiete/MGno facebook
FONTE JORNAL DAS LAJES