O mundo não deve entrar em pânico com variante ômicron, mas, sim, ter cautela e se preparar para lidar com ela, declarou a Organização Mundial da Saúde (OMS). Durante uma conferência realizada nessa sexta-feira (03), a cientista-chefe da entidade, a médica indiana Soumya Swaminathan, disse que a situação agora é muito diferente do que ocorreu há um ano.
Os relatórios sugerem que a ômicron foi encontrada em cerca de 40 países até agora. Ainda não está claro se essa variante, que carrega um alto número de mutações, é mais transmissível ou tem capacidade de escapar das vacinas. Os primeiros dados levantados por cientistas na África do Sul —onde a linhagem foi detectada pela primeira vez— sugerem que a ômicron pode escapar de alguma imunidade prévia, embora os especialistas alertem que essa análise não é definitiva.
Durante a conferência Reuters NEXT, Swaminathan explicou que a variante é “altamente transmissível” e disse que ela poderia se tornar dominante em todo o mundo ? embora isso seja difícil de prever no momento. Atualmente, a delta é responsável por 99% dos casos no planeta, acrescentou a especialista. “O quanto devemos ficar preocupados? Precisamos estar preparados e cautelosos, não entrar em pânico, porque estamos em uma situação diferente de um ano atrás”, disse.
Enquanto isso, o diretor de emergências da OMS, Mike Ryan, ponderou que o mundo tem “vacinas altamente eficazes” contra a Covid-19 e que o foco deveria estar em distribuí-las de forma mais ampla. Ele também afirmou que, até o momento, não há nenhuma evidência de que seja necessário mudar o esquema de doses ou adaptar os imunizantes à nova variante.
Países em todo o mundo anunciaram proibições de voos vindos de países africanos logo após a detecção da ômicron. As autoridades dos Estados Unidos tornaram obrigatório a todos os viajantes internacionais a realização de um teste de Covid-19 24 horas antes da viagem. A ômicron já foi detectada em pelo menos seis Estados dos EUA, incluindo o Havaí, onde as autoridades disseram que o caso não tem histórico de viagens recentes, o que sugere a transmissão local da variante por lá.
A Índia também relatou seus primeiros dois casos relacionados com a variante. As autoridades disseram que um deles —um sul-africano de 66 anos— já havia deixado o país nos dias anteriores, enquanto o segundo —um médico de 46 anos da cidade de Bengaluru, no sul da Índia— não tinha histórico de viagens internacionais. Uma segunda onda de infecções por Covid-19 deixou o sistema de saúde da Índia numa situação delicada entre abril e maio deste ano, com hospitais sem leitos, oxigênio e medicamentos.