O Roubo do Esmoler de Feliciano Mendes

André Candreva
Sócio Fundador do Instituto Histórico e Geográfico de Congonhas – IHGC – cadeira nº 8
Sócio Efetivo da Academia de Ciências, Letras e Artes de Congonhas – ACLAC – cadeira nº 39
Sócio Correspondente da Academia de Ciências e Letras de Conselheiro Lafaiete – ACLCL
Sócio Efetivo da Academia de Letras Brasil – RMBMG – cadeira nº 39
Sócio Efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais – cadeira nº 11
Sócio Efetivo da Academia de Letras, História e Genealogia da Inconfidência Mineira – cadeira nº 18

Alguém já imaginou o Esmoler de Feliciano Mendes sendo surrupiado da Basílica do Bom Jesus de Matosinhos? Pois é. Difícil de acreditar. Mas aconteceu.

O Esmoler é considerado pela Igreja Católica mineira como a primeira relíquia religiosa deixada pelo português Feliciano Mendes em Congonhas. Foi com ele (Esmoler) que Feliciano saiu peregrinando pelas paragens mineiras revelando a quem encontrasse pelo caminho o milagre que lhe ocorreu por intercessão do Bom Jesus de Matosinhos e pedindo esmolas para construir o templo. Feliciano, sem querer, se tornou o “primeiro grande propagandista” do Bom Jesus no território mineiro, divulgando sua fé inquebrantável e o poder de cura do Senhor Morto, representado por uma pequena escultura em uma caixa de madeira.

E isso impressionou a todos que o conheceram, dando início a uma peregrinação de romeiros a Congonhas, que aqui afluem constantemente para “dobrarem seus joelhos” frente ao Cristo jacente dentro da Basílica. Como sabemos, a permanente peregrinação levou a Igreja Romana a oficializar os festejos ao Bom Jesus instituindo no longínquo ano de 1779 o concorrido Jubileu no mês de setembro.

Pesquisando sobre a depredação das esculturas dos Profetas de Congonhas, me deparei com a matéria do jornalista Maurício Kubrusly (o mesmo repórter/apresentador da TV Globo), e ilustrada com fotos de Kaoru Higuchi, com o título: “Profetas de Congonhas são vítimas do tempo e da violência dos homens”, publicada no “Caderno B” do Jornal do Brasil, em sua edição de 06/12/1964.

A matéria retrata a descaracterização do casario colonial, da tentativa do DPHAN (o atual IPHAN) de impedir isso, além de tentar impedir a instalação da Rádio Difusora de Congonhas ao lado do Santuário. E cita também o roubo que ocorreu do nicho com a imagem do Bom Jesus no qual Feliciano Mendes percorreu as paragens mineiras em busca de doações.

Eis o trecho da matéria que menciona o roubo do Esmoler:

“Há pouco tempo foi roubado o pequenino Santuário de Bom Jesus de Matosinhos com o qual o português Feliciano Mendes percorreu as estradas de Minas colonial, angariando fundos para erigir aquele templo, em pagamento de uma promessa. O Santuário – guardando a imagem milagrosa – foi, pouco tempo depois, devolvido, permanecendo, contudo, incógnito o autor do roubo, aparentemente sem motivo.
Mas este roubo fez com que o Governo do Estado de Minas Gerais determinasse que fosse reforçado o policiamento no Santuário do Bom Jesus de Matosinhos. Atualmente, três policiais se revezam em três turno, das oito às vinte e duas horas. A vigilância, contudo, não pode ser efetiva e contínua, uma vez que, à chegada de novo grupo de visitantes, os policiais têm de sair de perto das imagens dos Profetas para abrir e fechar, uma a uma, todas as capelinhas dos Passos do Horto. Ao que parece, exatamente nesses poucos instantes em que ficam desguarnecidas, é que são mutiladas as 12 imagens. Acresce que, as vezes, os policiais são requisitados por seus destacamentos, ficando longo tempo desguarnecido, por completo, aquele formidável conjunto.”

A citada matéria jornalística menciona ainda o detalhamento do vandalismo em cada um dos 12 profetas, além de ventilar a possibilidade de substituí-los por réplicas e guardá-los em outro local.

Maurício Kubrusly finaliza seu trabalho para o Jornal do Brasil com a declaração do professor Donald Goodhall – catedrático de História da Arte da Universidade do Texas (EUA) e Diretor do Museu de Belas-Artes do Texas que ao visitar Congonhas desejou levar a todo custo os 12 Profetas para uma exposição itinerante pelo Brasil e nos EUA…

Ainda bem que nunca levaram os 12 profetas para “passear”. Poderiam não mais existirem. E o Esmoler segue seguro, guardado sob a custódia do Padre Benedito Pinto da Rocha (Reitor Emérito) e do Cônego Nedson de Assis – atual Reitor.

A História de Dom João Muniz, o Missionário da Saúde em Congonhas/MG

André Candreva

Presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Congonhas (IHGC);

Sócio Efetivo da Academia de Letras e Artes de Congonhas (ACLAC);

Sócio Correspondente da Academia de Ciências e Letras de Conselheiro Lafaiete (ACLCL);

Sócio Efetivo da Academia de Letras Brasil/RMBH/MG.

Sócio Efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais.

Dom João Muniz – O Missionário da Saúde

Dom João Muniz, nascido em 14/01/1900 no distrito denominado Chácara em Juiz de Fora, era filho de Joaquim Leal Muniz Maranhas e Olímpia Augusta Henriques de Campos Maranhas.

Estudou e foi ordenado padre redentorista na Holanda. De volta ao Brasil foi designado para a cidade de Congonhas na década de 1930, onde tornou-se professor do Seminário São Clemente e secretário do Santuário Senhor Bom Jesus. Nesse cargo, coordenou a remodelação e construção do prédio do Santuário, do hotel Santuário, as reformas das casas do “Beco dos Canudos”, das casas do lado esquerdo da Basílica e também da antiga Romaria. Teve uma atuação determinante no progresso e melhoria das instalações e benfeitorias do Santuário e de suas imediações.

Mas uma de suas maiores contribuições para Congonhas foi a demarcação do território do município na ocasião de sua emancipação em 1938.

Naquele momento foi realizada uma grande negociação política que contou com uma estratégia liderada por Dom Muniz, que garantiu ao futuro município de Congonhas, das áreas onde estava localizada uma grande jazida de minério de ferro.

No início da década de 1940 deixou Congonhas para assumir o bispado da cidade de Barra/BA, uma região muito pobre do nordeste brasileiro. Mais um grande desafio em sua caminhada. E o enfrentou com altivez e sabedoria.

Já como bispo de Barra, foi um dos precursores na luta para erradicação da malária naquela região. Em 1944 Dom João Muniz se empenhou para angariar fundos destinados à construção do Seminário da Diocese de Barra, no município de Correntina/BA. Organizou e promoveu em julho de 1950, a 2ª Semana do Fazendeiro do Médio São Francisco e a Exposição Agropecuária da região de Barra/BA, com a participação do Senador Novais Filho e do Ministro da Agricultura, Dr. Carlos Lobão Muniz de Souza.

Foi agraciado em 1950 com o Prêmio Nacional de Prevenção da Cegueira, conferido pela Liga Nacional de Prevenção da Cegueira, recebendo das mãos do Ministro da Saúde Pedro Calmon, pelo relevante serviço público prestado ao Brasil na prevenção da cegueira nas populações carentes, em especial na região do médio São Francisco.

Em 1951 Dom João Muniz esteve pessoalmente com o Presidente da República, Getúlio Vargas, no Palácio do Catete – Rio de Janeiro/RJ, onde cobrou maior interesse por parte do Governo Federal para as questões de ordem social do médio São Francisco, e também o apoio de Vargas para as comemorações da Semana do Lavrador na cidade de Barra/BA. Neste mesmo ano visitou o Papa Pio XII na Santa Sé, de quem recebeu benção especial pela sua boda de prata sacerdotal, comemoradas no Colégio Witten, da Congregação Redentorista, na Holanda.

No ano de 1954 recebeu o título de “Missionário da Saúde”, por ser o patrono espiritual das atividades do Serviço Nacional no Combate à Malária na região do semiárido baiano. E também por promover uma extensa campanha contra a esquistossomose nas cidades de Garanhuns, Caruaru e Recife, no estado de Pernambuco. Dom João Muniz é considerado um dos pioneiros dos serviços de assistência ao homem do campo, no interior do nordeste brasileiro.

Dom João Muniz resignou-se do bispado quando já não se sentia capaz de atuar com vigor nas causas urgentes daquele lugar. Retornou à Belo Horizonte onde voltou a ser padre redentorista. Permaneceu na capital mineira até a sua morte em 10 de dezembro de 1977, aos 77 anos.

A pedido da população do Município de Barra/BA foi sepultado dentro da Catedral da cidade como uma última homenagem e reconhecimento pelos trabalhos prestados.

A Cruz de Mármore Da Basílica do Bom Jesus de Matosinhos em Congonhas/MG

André Candreva

Sócio Fundador do Instituto Histórico e Geográfico de Congonhas – IHGC – cadeira nº 8

Sócio Efetivo da Academia de Ciências, Letras e Artes de Congonhas – ACLAC – cadeira nº 39

Sócio Correspondente da Academia de Ciências e Letras de Conselheiro Lafaiete – ACLCL

Sócio Efetivo da Academia de Letras Brasil – RMBMG – cadeira nº 39

Sócio Efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais – IHGMG – cadeira nº 11

A Cruz de Mármore da Basílica de Congonhas

Marcel André Félix Gautherot, renomado fotógrafo franco-brasileiro, esteve em Congonhas em três oportunidades. Na primeira delas, em 1947, fotografou a cidade por vários ângulos e em especial o Santuário do Senhor Bom Jesus de Matosinhos e o fervor devocional dos peregrinos durante os festejos do Jubileu.

Em sua primeira permanência em Congonhas abusou dos cliques com sua máquina fotográfica e, em alguns desses registros, capturou um símbolo na parede frontal da Basílica do Bom Jesus de Matosinhos, bem à direita da porta de entrada do templo.

A foto abaixo (figura 1) nos revela esse símbolo e desde que vi essa imagem, ficava a perguntar: o que seria esse símbolo? Recentemente indagado por um amigo sobre esse objeto que lhe foi apresentado pelo Padre Paulinho (Pe. Paulo Barbosa) quando administrava interinamente o Santuário de Congonhas, em fins de 2022, o que me motivou a desfazer essa curiosidade.

Figura 1 – Jubileu de Congonhas – 1947 – Marcel Gautherot

Inclinado a “desvendar o mistério”, iniciei uma intensa varredura aos acervos de jornais e almanaques disponíveis, quando me deparei com uma matéria publicada no “Jornal do Commércio” em fins do ano de 1900. Matéria essa que foi reveladora, desfazendo-se assim a dúvida quanto a esse símbolo.

Trata-se de uma cruz de mármore doada por comerciantes de Juiz de Fora (MG), devotos do Bom Jesus de Matosinhos, no limiar do ano de 1900, aos administradores do Santuário (leia-se Mesa da Irmandade do Bom Jesus e o Padre Cândido Ferreira Velloso).

Abaixo, trecho da matéria do “Jornal do Commércio”:

O texto do recorte acima é de autoria do Dr. Moreira Filho, correspondente do Jornal do Commercio (RJ), na edição de nº 354 em 21 de dezembro de 1900, quando esteve em Congonhas logo após as festividades do Jubileu do mesmo ano.

O correspondente Moreira faz uma narrativa do que viu em Congonhas, descrevendo a Basílica como “feia” e as esculturas de Aleijadinho como obras “grosseiras”. Como podemos observar, a genialidade do toreuta ouropretano ainda não havia sido reconhecida, tampouco o esplendor da Basílica e seu monumental adro…

Figura 2 – Peregrinos em Congonhas – Santuário do Bom Jesus de Matosinhos – 1947 – Foto de Marcel Gautherot

A cruz de mármore foi uma doação dos comerciantes de Juiz de Fora, devotos do Bom Jesus de Matosinhos, no qual destaco que logo após a inauguração, em setembro de 1899, do ramal férreo da companhia “Estrada de Ferro Vale do Paraopeba” – ramal esse que ficou popularmente conhecido como “Trem do Bispo”, a cidade de Juiz de Fora foi a primeira a organizar caravanas de devotos para visitarem o Santuário do Bom Jesus através dos trens de passageiros. Em março de 1900 chegavam a Congonhas cerca de 500 peregrinos em um trem especial da Central do Brasil. Essas caravanas logo se popularizaram e eram mais concorridas nos meses de março, junho, agosto e outubro, além, claro, do mês de setembro – eternizado pelas celebrações do Jubileu em Congonhas.

Figura 3 – Matéria do Jornal do Brasil de 1º/04/1900 sobre a caravana de devotos de Juiz de Fora a Congonhas

         A cruz, esculpida em mármore, foi inspirada nas comemorações do Ano Santo (1900 – 1901) pelos católicos conforme decretado pelo Sumo Pontífice, o Papa Leão XIII.

Figura 4 – Desenho da cruz de mármore – Jornal do Brasil – 1º/04/1900

Em meados da década de 1950, após um período de reformas, a cruz de mármore foi retirada da parede frontal do templo pelos técnicos do DPHAN (atual IPHAN), e a peça encontra-se atualmente no acervo da Basílica do Bom Jesus de Matosinhos em Congonhas. Uma verdadeira relíquia.

Figura 5 – Cruz de mármore – Doada por peregrinos – Igreja do Bom Jesus de Matosinhos em Congonhas – Foto: Edson Adriano Santos – 2022

Abaixo, a cruz de mármore pelas lentes de Marcel Gautherot em ângulos diferentes durante os festejos do portentoso Jubileu do Senhor Bom Jesus de Matosinhos no ano de 1947.

Referências consultadas:

Jornal do Commércio – RJ – edição de nº 354 – 21 de dezembro de 1900;

Jornal do Brasil – RJ – edição de nº 91 – 1º de abril de 1900;

Instituto Moreira Salles – www. https://ims.com.br/;

A Cruz de Mármore Da Basílica do Bom Jesus de Matosinhos em Congonhas/MG

André Candreva

Sócio Fundador do Instituto Histórico e Geográfico de Congonhas – IHGC – cadeira nº 8

Sócio Efetivo da Academia de Ciências, Letras e Artes de Congonhas – ACLAC – cadeira nº 39

Sócio Correspondente da Academia de Ciências e Letras de Conselheiro Lafaiete – ACLCL

Sócio Efetivo da Academia de Letras Brasil – RMBMG – cadeira nº 39

Sócio Efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais – IHGMG – cadeira nº 11

A Cruz de Mármore da Basílica de Congonhas

Marcel André Félix Gautherot, renomado fotógrafo franco-brasileiro, esteve em Congonhas em três oportunidades. Na primeira delas, em 1947, fotografou a cidade por vários ângulos e em especial o Santuário do Senhor Bom Jesus de Matosinhos e o fervor devocional dos peregrinos durante os festejos do Jubileu.

Em sua primeira permanência em Congonhas abusou dos cliques com sua máquina fotográfica e, em alguns desses registros, capturou um símbolo na parede frontal da Basílica do Bom Jesus de Matosinhos, bem à direita da porta de entrada do templo.

A foto abaixo (figura 1) nos revela esse símbolo e desde que vi essa imagem, ficava a perguntar: o que seria esse símbolo? Recentemente indagado por um amigo sobre esse objeto que lhe foi apresentado pelo Padre Paulinho (Pe. Paulo Barbosa) quando administrava interinamente o Santuário de Congonhas, em fins de 2022, o que me motivou a desfazer essa curiosidade.

Figura 1 – Jubileu de Congonhas – 1947 – Marcel Gautherot

Inclinado a “desvendar o mistério”, iniciei uma intensa varredura aos acervos de jornais e almanaques disponíveis, quando me deparei com uma matéria publicada no “Jornal do Commércio” em fins do ano de 1900. Matéria essa que foi reveladora, desfazendo-se assim a dúvida quanto a esse símbolo.

Trata-se de uma cruz de mármore doada por comerciantes de Juiz de Fora (MG), devotos do Bom Jesus de Matosinhos, no limiar do ano de 1900, aos administradores do Santuário (leia-se Mesa da Irmandade do Bom Jesus e o Padre Cândido Ferreira Velloso).

Abaixo, trecho da matéria do “Jornal do Commércio”:

O texto do recorte acima é de autoria do Dr. Moreira Filho, correspondente do Jornal do Commercio (RJ), na edição de nº 354 em 21 de dezembro de 1900, quando esteve em Congonhas logo após as festividades do Jubileu do mesmo ano.

O correspondente Moreira faz uma narrativa do que viu em Congonhas, descrevendo a Basílica como “feia” e as esculturas de Aleijadinho como obras “grosseiras”. Como podemos observar, a genialidade do toreuta ouropretano ainda não havia sido reconhecida, tampouco o esplendor da Basílica e seu monumental adro…

Figura 2 – Peregrinos em Congonhas – Santuário do Bom Jesus de Matosinhos – 1947 – Foto de Marcel Gautherot

A cruz de mármore foi uma doação dos comerciantes de Juiz de Fora, devotos do Bom Jesus de Matosinhos, no qual destaco que logo após a inauguração, em setembro de 1899, do ramal férreo da companhia “Estrada de Ferro Vale do Paraopeba” – ramal esse que ficou popularmente conhecido como “Trem do Bispo”, a cidade de Juiz de Fora foi a primeira a organizar caravanas de devotos para visitarem o Santuário do Bom Jesus através dos trens de passageiros. Em março de 1900 chegavam a Congonhas cerca de 500 peregrinos em um trem especial da Central do Brasil. Essas caravanas logo se popularizaram e eram mais concorridas nos meses de março, junho, agosto e outubro, além, claro, do mês de setembro – eternizado pelas celebrações do Jubileu em Congonhas.

Figura 3 – Matéria do Jornal do Brasil de 1º/04/1900 sobre a caravana de devotos de Juiz de Fora a Congonhas

         A cruz, esculpida em mármore, foi inspirada nas comemorações do Ano Santo (1900 – 1901) pelos católicos conforme decretado pelo Sumo Pontífice, o Papa Leão XIII.

Figura 4 – Desenho da cruz de mármore – Jornal do Brasil – 1º/04/1900

Em meados da década de 1950, após um período de reformas, a cruz de mármore foi retirada da parede frontal do templo pelos técnicos do DPHAN (atual IPHAN), e a peça encontra-se atualmente no acervo da Basílica do Bom Jesus de Matosinhos em Congonhas. Uma verdadeira relíquia.

Figura 5 – Cruz de mármore – Doada por peregrinos – Igreja do Bom Jesus de Matosinhos em Congonhas – Foto: Edson Adriano Santos – 2022

Abaixo, a cruz de mármore pelas lentes de Marcel Gautherot em ângulos diferentes durante os festejos do portentoso Jubileu do Senhor Bom Jesus de Matosinhos no ano de 1947.

Referências consultadas:

Jornal do Commércio – RJ – edição de nº 354 – 21 de dezembro de 1900;

Jornal do Brasil – RJ – edição de nº 91 – 1º de abril de 1900;

Instituto Moreira Salles – www. https://ims.com.br/;

Os tradicionais “barraqueiros” do secular Jubileu de Congonhas

* Por André Candreva

O Jubileu do Senhor Bom Jesus de Matosinhos em Congonhas certamente é considerado uma das maiores festas cristã católica de Minas Gerais. Foi instituído oficialmente pelo Papa Pio VI em 1779, mas já era realizada muito antes dessa data. E em paralelo aos festejos religiosos, comerciantes, em sua maioria vindos do estado de São Paulo, sempre marcaram presença em Congonhas durante o mês de setembro.

Muitos deles ficaram no imaginário de milhares de pessoas que passaram pela ladeira Bom Jesus nesses últimos dois séculos.

Das lembranças de milhares de fiéis que freneticamente subiam e desciam, entre as décadas de 1940 e 1970, a tradicional “rua da calçada”, também conhecida como “ladeira Bom Jesus”, ficaram imortalizados os tradicionais “barraqueiros”, comerciantes que vinham a Congonhas anualmente e que criaram laços de amizade com muitos moradores da lendária “rota da fé”.

“Chaim”, de origem turca, era um caixeiro viajante e muito popular. Sempre se instalava em uma casa no início da ladeira que era de propriedade dos irmãos “Totonho” e “Chiquinho” Cassemiro. Vestia-se com um paletó enorme que servia para carregar todo tipo de quinquilharias e bugigangas além de relógios, pulseiras, anéis, brincos e colares. O turco Chaim foi o primeiro barraqueiro a comercializar no Jubileu de Congonhas um pequeno radinho portátil de pilha e que se tornou uma febre entre os mineiros. Sua “marca registrada” era mascar cebolas o dia todo. Chaim frequentou o jubileu por mais de 30 anos.

Foto/acervo: Museu da Imagem e Memória de Congonhas – Jubileu – década de 1950

O carioca Godinho Pereira foi outro barraqueiro famoso por aqui que vendeu sombrinhas e guarda-chuvas por mais de 20 anos.

Francisco Oliveira, também carioca de São Cristóvão, vendia calçados “ponta de estoque” e os tratava como “xuxu”. Depois da festa voltava para o Rio de Janeiro levando pássaros, carneiros e cabritos para revender na feira de São Cristóvão. Se tornou grande amigo dos italianos José Vartuli e Francisco Candreva, renomados comerciantes em Congonhas. Francisco marcou presença no Jubileu por mais de 40 anos.

Outro barraqueiro que vinha do Rio de Janeiro era o turco “Zazá”, que comercializava roupas femininas feitas. Eram roupas finas e foi ousado ao vender as calças compridas femininas pela primeira vez em Congonhas na década de 1950, para espanto das tradicionais famílias mineiras.

Manoel Vieira vinha de Nilópolis (RJ) e vendia produtos religiosos, imagens de santos além de ser vidraceiro. Durante 60 anos frequentou o jubileu de Congonhas.

De São Paulo vinha Marcos Benjamin, que tinha ascendência judaica, e vendia roupas feitas, tornando-se o primeiro barraqueiro a comercializar no Jubileu as famosas “capa Ideal” da marca “3 Coqueiros” que eram perfeitas para o trabalhadores rurais. Foram mais de 20 anos em Congonhas.

O folclórico turco “Abraão das Rendas” também vinha de São Paulo. Era uma figura muito popular e muito engraçada. Tratava todas as mulheres por “Sá Chica”. Vendia suas mercadorias para as freguesia conhecida e só cobrava no ano seguinte. Fez isso por mais de 30 anos em Congonhas.

Pedro Abúdi, também de origem turca, vinha de São Paulo para vender roupas feitas e confecções finas. Ele era uma pessoa exótica e só comia carne de carneiro. Tinha quem criasse carneiros para quando ele chegasse a Congonhas no início de setembro.

Do distrito de Santo Antônio do Leite, em Ouro Preto, vinham os irmãos José e Ramiro dos Santos que vendiam arreios e utensílios para montaria. Ficavam instalados em frente a casa da família Dias Leite na ladeira Bom Jesus e por mais de 40 anos comercializaram seus produtos no jubileu.

Da cidade de Dores de Campos vinha o comerciante Valdemar Nascimento Silva, que durante 40 anos vendeu em Congonhas arreios para animais e botinas que fabricava.

E na esquina da rua Bom Jesus com a rua Feliciano Mendes ficava a Relojoaria Sabará ou Sabarense. Era muito antiga e tradicional em Congonhas. Vendia ouro puro e relógios de todos os tipos e marcas.

Esses são alguns dos comerciantes que o tempo “imortalizou” na memória do povo mineiro, seja pelos modos “exóticos”, seja pelos produtos que vendiam.

O fervor devocional do Jubileu transcende a compreensão mas a magia do comércio na ladeira Bom Jesus ainda provoca boas lembranças em milhares devotos…

* André Candreva

Membro da ACLAC (Academia de Ciências, Letras e Artes de Congonhas), ACL-CL (Academia de Ciências e Letras de Conselheiro Lafaiete) e IHGC (Instituto Histórico e Geográfico de Congonhas).

As Violas de Queluz e o Jubileu do Senhor Bom Jesus de Matosinhos…

A vocação musical dos mineiros e, principalmente, a prática de tocar violas é atestada em diversos registros, documentos e publicações já no século XVIII. Os viajantes que por aqui passaram nas primeiras décadas do século XIX como os franceses Auguste Saint Hilaire e Ferdinand Denis dão fartas referências sobre o cenário e costumes provincianos. Estes relatos nos mostram a importância da música no cotidiano da sociedade brasileira recém-liberta do julgo português.

As festas religiosas assim como as reuniões familiares, são os principais espaços para a prática musical popular na primeira metade do século XIX, onde se destacam a presença de violas e rabecas nas apresentações, configurando os principais instrumentos dessa época.

E um fator que contribuiu para isso foi a presença de músicos portugueses em território mineiro no século XVIII, que difundiu a tradição de fabricar a viola na região central de Minas Gerais, inspirada nas “violas toeiras”.

Pelo interior de nosso Estado as violas de cordas tornavam-se cada vez mais populares e instrumento de ofício para celebrações religiosas e festividades domésticas.

E um dos centros produtores de maior fama foi em Queluz (antiga Real Villa de Queluz), atual Conselheiro Lafaiete, região que até 1790 ainda pertencia a Vila de São José del Rei (Tiradentes).

Durante o curso de todo o século XIX Queluz chegou a ter cerca de quinze oficinas de instrumentos musicais. Oficinas essas que se estenderam por um longo período no século seguinte.

1955 – de autoria da revista Alterosa, edição de outubro de 1955, que veio a Congonhas fazer uma reportagem sobre o jubileu… e o fotógrafo captou o momento em que os violeiros faziam uma demonstração das Vilas de Queluz… algo emblemático e mítico da história da música mineira…

Possuindo doze cordas (três duplas e duas triplas), as violas de Queluz traziam elementos em sua composição que acabaram servindo de modelo aos produtores da época. A sua marchetaria adornava as violas ao esculpir artesanalmente formas e desenhos.

Seja símbolos ou desenhos de decantada beleza, a marchetaria tornou-se uma característica ímpar que os fabricantes desenvolveram e que ajudaram a consolidar a reputação de preciosidade artística dos instrumentos fabricados em Queluz.

A família portuguesa dos Meireles, que se estabeleceu como uma das mais antigas do território mineiro chegou a Queluz ainda no século XVIII e ali se estabeleceu. Seus membros tinham diversas habilidades como carpinteiros e marceneiros. Foram os primeiros na confecção e fabricação de violas em Queluz e um dos pioneiros foi Francisco Cândido de Meireles, que ficou conhecido como “Chico Meireles”.

Outro famoso fabricante foi o Ventura; José Meireles ou Juca Meireles como era conhecido.

Uma das particularidades dos Meireles, é que, com raras exceções, quase todos os homens são marceneiros, profissão esta que, ao lado do fabrico das violas, é transmitida de pai para filho.

Benjamim Cândido Meireles e seus filhos possuíam uma das melhores fábricas de Queluz (Conselheiro Lafaiete).

Entre os pertences da família Meireles estava uma caderneta datada entre 1916 a 1929 que contabilizava a produção de 958 violas nesse período. Um número realmente expressivo para o início do século XX.

Outro afamado fabricante da viola de Queluz foi José de Souza Dias que nasceu no ano de 1858 e devido a questões familiares, quando tinha 18 anos alterou, seu nome para José de Souza Salgado, ficando assim conhecido. Não se sabe ao certo mais é provável que José de Souza Salgado tenha aprendido o ofício da fabricação e execução da viola com Antônio Gonçalves Martins.

Em pouco tempo tornou-se o mais famoso fabricante das violas em Queluz, fama essa aumentada pela grande exibição que fez à sua Majestade, o Imperador Dom Pedro II quando de passagem pela cidade no ano 1881. Ao lado do amigo violeiro Luiz Dias de Souza, José de Souza Salgado proporcionou a Dom Pedro II uma inesquecível serenata, fato que o deixara orgulhoso.

A partir de então, as Violas de Queluz ganharam prestígio e valorização na Corte que passou a fazer encomendas dos instrumentos queluzianos devido à boa qualidade do timbre e excelência na fabricação.

E não tardou para que a cidade ficasse conhecida em toda a extensão da Estrada Real como a Terra das Violas.

Vale destacar que José de Souza Salgado manteve por décadas a sua fábrica de violas na antiga rua do Rosário, a atual Assis Andrade. A oficina ficou carinhosamente conhecida como Tenda, local de intensas reuniões de violeiros de toda região. A última viola fabricada pela família Salgado foi feita no ano de 1969.

Em 1908 durante a exposição nacional realizada na Urca, Rio de janeiro, as violas de Queluz ratificaram a fama de serem as melhores violas do Brasil e foram admiradas exaustivamente no pavilhão Minas Gerais, espaço destinado durante a exposição à cultura mineira.

Anos antes, em 1902, as Violas de Queluz já tinham sido premiadas e alcançado fama internacional ao receber o prêmio de melhor instrumento estrangeiro durante a exposição anual realizada na Pensilvânia, nos EUA.

As violas de Queluz foram ainda premiadas no Congresso Internacional de Folclore em 1954 realizado na cidade de São Paulo.

Diante da fama alcançada pelas violas produzidas em Queluz desde a aurora do século XIX até a segunda metade do século XX – sobretudo pelas famílias Salgado e Meirelles – uma pergunta paira sempre. Como pôde o instrumento alcançar tal projeção por toda Minas Gerais e o Brasil numa época provinciana com meios de comunicação e transporte bastante limitados? A resposta é o pujante Jubileu do Senhor Bom Jesus de Matosinhos em Congonhas.

A festa religiosa atraía, e ainda atrai, milhares de romeiros devotos do Bom Jesus de Matosinhos que também propiciou um forte e diversificado comércio nas ladeiras de Congonhas. Entre as inúmeras barracas e seus produtos, a viola de Queluz era exposta e comercializada no Jubileu onde luthiers realizavam rodas de violas para chamar a atenção dos romeiros. Assim, as violas de Queluz encontravam muitos compradores e o instrumento chegava a “rincões distantes de Minas Gerais, Bahia, Goiás, Espírito Santo, São Paulo, Rio de Janeiro e outros estados”.

Em Congonhas destacamos o Sr. Geraldino Navarro, autodidata, que passou a fazer instrumentos de corda ainda em sua juventude em Caranaíba, sua terra natal. Mudou-se para Congonhas onde montou sua oficina e foi professor e maestro da Corporação Musical Senhor Bom Jesus. Fabricou as violas de Queluz para os Meireles. Seu trabalho de marchetaria era considerado magnífico, arrematado pelo singular cavalete-bigode. Geraldino Navarro faleceu aos 52 anos e seu filho, Jair Navarro herdou o saber e continua fabricando instrumentos em seu atelier em Congonhas. Geraldino Navarro é avô do afamado escultor congonhense Luciomar.

As violas de Queluz, hoje seculares, continuam encantando gerações com destaque para Chico Lobo, Max Rosa e Claudio Alexandrino, músicos e luthiers, que ao fazerem suas coleções preservam a alma desse instrumento mágico e que, desde 2007, foram reconhecidas por lei como patrimônio cultural de Conselheiro Lafaiete.

A importância das Violas de Queluz como patrimônio histórico e cultural de Conselheiro Lafaiete está diretamente ligada a história musical brasileira e desde 2018 se tornaram também patrimônio cultural imaterial de Minas Gerais.

Viva a “Viola de Queluz”.

* André Candreva

Presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Congonhas (IHGC)

Lafaietenses aprovam serviço de transporte público da Umuarama

74% dos lafaietenses dos internautas que participaram de nossa enquete semanal aprovaram o serviço de transporte público prestado pela recém contratada Umuarama.

Após 4 meses com a atuação das vans escolares, quando a cidade ficou sem transporte público convencional, a Umurama iniciou nesta segunda-feira (2) operando de forma emergencial o transporte público.

Na Câmara os vereadores elogiaram os primeiros dias de atuação da empresa e deram boas vindas.

Releia a última coluna escrita por dona Avelina no site Correio de Minas

O BARÃO DE SUASSUHY foi dono, em certa época, de um dos espaços significativos em que decorreu  a Inconfidência Mineira, a Estalagem das Bananeiras, que existia na Fazenda das Bananeiras, e era do INCONFIDENTE JOÃO DIAS DA MOTTA. 

O último barão a ser estudado é o BARÃO DE SUAÇUÍ. O seu nome é encontrado em documentos ora como SUASSUÍ, ora como SUAÇUÍ, e também como SUASSUHY..

 A diferença da grafia se deve principalmente a mudanças devido a reformas ortográficas ou estudos mais apurados. Com isto, acontecem curiosidades como ser o endereço do Solar do Barão de Suaçuí a  Rua Barão de Suassuí… O TÍTULO DE BARÃO foi dado a  JOSÉ IGNACIO GOMES BARBOSA em homenagem à cidade de São Brás do Suaçuí.

 Cidade de São Brás do Suaçuí  

Para iniciar o estudo deste ilustre personagem de nossa história, vou falar primeiro de um fato histórico: sua ligação com a Estalagem das Bananeiras e com o INCONFIDENTE JOÃO DIAS DA MOTTA, aproveitando para estabelecer uma visão genealógica de JOSÉ IGNACIO GOMES BARBOSA, o filho, pois tinha o mesmo nome de seu pai.

Quem foi  JOÃO  DIAS  DA MOTTA? Vou usar dados colhidos no site Genealogia Brasileira, do grande genealogista brasileiro Lênio Luiz Richa (lenioricha@yahoo.com.br): João Dias da Motta, dono da estalagem, nasceu em Ouro Preto em 1743 e faleceu  em Cabo Verde/África, em 1793. Filho de Tomás Dias da Mota e de Antônia Mariana do Sacramento, Capitão do regimento de Cavalaria Auxiliar de SJ de El-Rei, no lugar denominado Glória. Em 1789, com 46 anos, era casado com Maria Angélica Rodrigues de Oliveira e residia em sua Fazenda do Engenho do Caminho Novo do Campo, na freguesia de Carijós. “Foi denunciado por Basílio de Brito Malheiro do Lago por estar entre os ouvintes das palestras na Estalagem da Varginha, no final de 1788.” 

Para iniciar o estudo deste ilustre personagem de nossa história, vou falar primeiro de um fato histórico: sua ligação com a Estalagem das Bananeiras e com o INCONFIDENTE JOÃO DIAS DA MOTTA, aproveitando para estabelecer uma visão genealógica de JOSÉ IGNACIO GOMES BARBOSA, o filho, pois tinha o mesmo nome de seu pai. Quem foi  JOÃO  DIAS  DA MOTTA? Vou usar dados colhidos no site Genealogia Brasileira, do grande genealogista brasileiro Lênio Luiz Richa (lenioricha@yahoo.com.br): João Dias da Motta, dono da estalagem, nasceu em Ouro Preto em 1743 e faleceu  em Cabo Verde/África, em 1793. Filho de Tomás Dias da Mota e de Antônia Mariana do Sacramento, Capitão do regimento de Cavalaria Auxiliar de SJ de El-Rei, no lugar denominado Glória. Em 1789, com 46 anos, era casado com Maria Angélica Rodrigues de Oliveira e residia em sua Fazenda do Engenho do Caminho Novo do Campo, na freguesia de Carijós. “Foi denunciado por Basílio de Brito Malheiro do Lago por estar entre os ouvintes das palestras na Estalagem da Varginha, no final de 1788.” 

Escola Estadual Luiz de Mello Vianna Sobrinho

A  estalagem era localizada na Avenida Santa Matilde, não como dizem  às vezes ser no local exato onde é  a  escola que vou citar adiante, mas EM FRENTE à Escola Estadual Luiz de Mello Vianna Sobrinho, onde atualmente se encontram construções mais da nossa época. De acordo com pessoas que conheceram o local enquanto a fazenda ainda existia, havia umas gameleiras na frente da fazenda. Essas informações sobre a estalagem foram passadas a mim pelo historiador Luiz Fernando de Azevedo, a quem faço aqui meu agradecimento.O Inconfidente JOÃO DIAS DA MOTTA foi embarcado para Lisboa no dia 24 de junho de 1792, na fragata Golfinho, por condenação devido ao envolvimento com a Inconfidência Mineira.  Morreu em 1793 de uma epidemia que atingiu a vila de Cacheu, nove meses depois de ali ter chegado. Seus restos mortais foram repatriados da África para o Brasil em 1932, juntamente com os de José de Resende Costa e Domingos Vidal Barbosa, mas só em 21  de abril de 2011 foram colocados no Panteão do Museu da Inconfidência, em Ouro Preto, ao lado dos outros 13 inconfidentes que já repousavam lá desde quando o Panteão foi criado pelo Presidente Getúlio Dorneles Vargas. Não terem sido colocados seus despojos lá na mesma época que os restos dos outros Inconfidentes deveu-se ao fato de haver dúvida nas identificações. Só há alguns anos, os estudos da Unicamp comprovaram que as ossadas eram mesmo dos três inconfidentes degredados e assim procedeu-se à sua incorporação ao Panteão.

Panteão do Museu da Inconfidência

Mas qual teria sido o caminho que levou a fazenda das mãos do Inconfidente até o Barão?  Em documento do Arquivo Mineiro, consta que a fazenda das Bananeiras pertencia ao Barão de Suassuhí (forma do sobrenome assim grafado no documento).  Esse documento é sobre as fazendas de Queluz, realizado a partir de 1856, por ordem do   Presidente da Província. 

Mas qual teria sido o caminho que levou a fazenda das mãos do Inconfidente até o Barão? A fazenda chegou até o Barão por herança. O que vou apresentar faz parte de estudos minuciosos do grande historiador e genealogista Joaquim  Rodrigues de Almeida, Quincas de Almeida, como o chamavam.   João Dias da Motta, casado com Maria Angélica Rodrigues de Oliveira, não teve filhos. Seus pais eram TOMÁS DIAS DA MOTA e ANTÔNIA MARIA DO SACRAMENTO. João tinha uma irmã chamada JOAQUINA ROSA DE JESUS. Esta era casada com Martinho Pacheco Lima e, ficando viúva, casou-se com o COMENDADOR JOSÉ IGNACIO GOMES BARBOSA, pai do BARÃO DE  SUAÇUÍ JOSÉ IGNACIO GOMES BARBOSA, que tinha o mesmo nome do pai. Assim, o barão  era SOBRINHO DO INCONFIDENTE, por isto terminou a HISTÓRICA ESTALAGEM  DAS BANANEIRAS ficando como uma de suas posses por meandros do parentesco.

Viva dona Avelina Noronha!

13/11/1934

25/01/2021

“Congonhas, um resumo de sua trajetória histórica”

Congonhas, desde o seu surgimento no início do século 18 experimentou diversos fluxos migratórios que modificaram sua estrutura urbana.

Ainda no século 18 o então arraial floresceu devido a uma verdadeira “corrida ao ouro” com inúmeras áreas sendo garimpadas e com a presença de portugueses, brasileiros, índios (nativos) e os escravizados africanos. Essa mistura está presente nas obras religiosas que podemos testemunhar nas igrejas do Rosário, Matriz, Ajuda (Alto Maranhão) e Soledade (Lobo Leite).

Na segunda metade do século 18 outra grande movimentação aconteceu em virtude da promessa do minerador português Feliciano Mendes que introduziu em Congonhas a fé e devoção do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, que logo se transformou em Senhor Bom Jesus de Congonhas numa grande e perene peregrinação que até os dias de hoje movimenta a cidade principalmente entre os dias 7 e 14 de setembro quando é celebrado o Jubileu dedicado ao Bom Jesus. Nesse período afluem à Congonhas milhares de romeiros/peregrinos de todas as paragens de Minas Gerais e de outros Estados brasileiros.

Mas a grande mudança aconteceu após a década de 1910 quando se iniciou de fato a exploração de minério de ferro abundante nas serras vizinhas a Congonhas com a presença de alemães, dinamarqueses e principalmente investidores do Rio de Janeiro e São Paulo.

“Congonhas, um resumo de sua trajetória histórica”

Devemos ainda considerar a presença de portugueses, espanhóis e italianos advindos com a construção do ramal ferroviário que corta a região central da cidade.

E não podemos nos esquecer das presenças das três congregações de religiosos católicos que aqui viveram entre os séculos 19 e 20. A primeira, e pioneira, foi a Congregação dos Padres da Missão ou Lazaristas como eram conhecidos. Tinham uma postura voltada para a formação rigorosa de sacerdotes dentre eles o congonhense Silvério Gomes Pimenta, que se tornaria Bispo e Arcebispo da Diocese de Mariana além de ter sido o primeiro Prelado negro a ter uma cadeira na Academia Brasileira de Letras.

Os padres Lazaristas ficaram em Congonhas entre 1827 a 1856 e fundaram o Seminário. Outra congregação que aqui esteve foi os Maristas, de origem francesa. Severos na formação sacerdotal, mas por razões políticas com a Mesa da Irmandade do Senhor Bom Jesus, ficaram pouco tempo em Congonhas – de 1896 a 1903. E por fim os Padres Redentoristas de origem holandesa. Transformaram Congonhas entre os anos de 1923 a 1975. Fundaram o Colégio São Clemente (Seminário Maior) e o Juniorato Santo Afonso (Seminário Menor no prédio onde atualmente funciona o Colégio Piedade). Além das obras sacerdotais atuaram ativamente ao lado da comunidade congonhense em obras sociais como a construção de igrejas, do cinema e do hospital Bom Jesus além de terem tido grande influência para a emancipação de Congonhas em 1938.

Essa mistura de culturas somadas à contínua presença dos romeiros/peregrinos durante o Jubileu moldou o jeito de ser e de viver do povo congonhense, influenciando seus costumes além de famílias estrangeiras como Parcus, Vartuli, Candreva, Boratto, Weinschenck e tantas outras ainda vivas na memória de muitos.

Ao longo de mais de 300 anos de sua fundação, a cidade recebeu influências da arquitetura colonial portuguesa e também os estilos gótico e neoclássico da Europa. O casario que restou no eixo entre as igrejas do Rosário passando pelas igrejas da Matriz e de São José, até chegar ao Santuário do Bom Jesus nos permite observar essa afirmativa.

Quando a cidade foi emancipada no final de 1938, as principais ruas e praças da época receberam nomes que homenagearam seus benfeitores como a Av. Governador Valadares e Rua Benedito Quintino que eram, respectivamente, o Governador de MG e o Diretor do Instituto de Geografia e Estatística na época da emancipação. A rua Barão de Congonhas leva esse nome em homenagem ao 2º Barão de Congonhas, Lucas Antônio Monteiro de Castro, benfeitor que existiu por aqui assim como a rua Monteiro de Castro homenageia José Monteiro de Castro, sobrinho do 2º Barão de Congonhas que em sua trajetória política também colaborou com a cidade recém emancipada. Além desses exemplos temos tantos outros que podem ser elencados aqui.

As festividades são marcantes ainda em Congonhas como o reisado e congado, festas que tem suas origens nos costumes dos primeiros africanos escravizados que para cá vieram extrair ouro e pedras preciosas para “seus senhores” como se dizia na época.

Outros costumes como o carnaval e festa junina sempre foram incentivados por grupos de famílias que viam nesses momentos a oportunidade de celebrar a vida com muita alegria e animação.

Outro momento que merece destaque foi durante a década de 1970 em que alguns empreendimentos de grande porte trouxeram a Congonhas inúmeras famílias advindas do nordeste brasileiro em busca de melhores condições de vida. A construção da ferrovia do aço e a também a construção da Usina Presidente Arthur Bernardes (Açominas) proporcionaram a Congonhas experimentar um fluxo intenso de pessoas buscando novas oportunidades de vida. Muitas delas deixaram para trás seu torrão natal e aqui vivem até hoje.

E esse fluxo de pessoas ao longo de séculos influenciou também na culinária local principalmente nas quitandas tão bem difundidas em nosso município.

Congonhas é uma cidade plural, de gente e de costumes, e que sempre está a se reinventar.

“Trem do Bispo – nos trilhos da fé”

Meus amigos leitores,

O presente artigo, assim como o anterior aqui publicado, nos remete às solenidades dedicadas ao Bom Jesus de Matosinhos em Congonhas. A fé e a devoção expressas em seu portentoso Jubileu motivaram até, dentre a realização de várias obras, a construção de um ramal férreo em Congonhas. Feito único da Igreja Católica no Brasil como parceira empreendedora de uma estrada férrea.

Depois de pronta, essa ligação ficou popularmente conhecida como ‘trem do Bispo’ e possibilitou que romeiros e devotos do Bom Jesus de Matosinhos, alunos e professores do Seminário, padres do Santuário, além dos moradores congonhenses, tivessem um meio de transporte célere com as principais cidades mineiras (e até de outros estados brasileiros) através da estrada de ferro.

Após sua construção e efetiva operacionalização, o ramal desempenhou um marcante papel transformador e modernista, pois alavancou o crescimento de Congonhas permitindo que aqui chegassem levas de empreendedores que apostaram em um novo limiar no então arraial, no descortinar do século 20, além de transformar significativamente o comportamento dos peregrinos e fieis durante os festejos anuais do Jubileu do Senhor Bom Jesus de Matosinhos.

Embarquem nessa leitura e façam uma viagem pela história no “Trem do Bispo – nos trilhos da fé”. Espero que gostem. Boa leitura ou boa viagem…

“Trem do Bispo – nos trilhos da fé”

Congonhas, em seus vários ciclos de desenvolvimento, tem na chegada da estrada de ferro um novo momento em sua história.

Conheça agora um capítulo marcante de sua história ainda desconhecido da maioria dos congonhenses.

A estrada de ferro Dom Pedro II próxima a Congonhas

A Estrada de Ferro Dom Pedro II, fundada em 1858, tem seu ponto de partida na cidade do Rio de Janeiro e segue em direção a Minas Gerais transpondo a serra das Araras, e daí em diante passando por Juiz de Fora, Santos Dumont e Barbacena. E em 1883 chegou a Queluz (Conselheiro Lafaiete) com bitola (distância entre os trilhos) de 1,60m.

A partir de 1884 seguiu sua construção lentamente de Conselheiro Lafaiete em direção ao sertão mineiro até atingir as margens do rio São Francisco e a divisa com o estado da Bahia na década de 1930. Passou próximo da futura capital mineira (Belo Horizonte) em 1891. Porém esse trecho de Conselheiro Lafaiete em diante foi construído com a bitola de 1,00m em razão da diminuição de custos e também do menor raio das curvas, criando assim uma ‘quebra’ em Lafaiete entre os trens obrigando os passageiros que seguiam viagem a realizar a baldeação de um trem para o outro.

E dessa forma, no final do século 19, o então distrito de Congonhas passou a contar de maneira indireta com os serviços da EFDPII após a inauguração da estação ‘Soledade’, no distrito de mesmo nome, em 25 de agosto de 1886.

O distrito de Soledade (hoje Lobo Leite) foi incluído no projeto ferroviário que conectou a então capital mineira Ouro Preto – através do ramal que partia de São Julião (atual Miguel Burnier) – e a cidade do Rio de Janeiro (capital federal à época), por ser o primeiro povoado do vale do Paraopeba depois de Lafaiete, em direção a Ouro Preto e Itabirito, considerado local ideal para iniciar o contorno da serra de Ouro Branco e também para atender aos distritos de Ouro Branco e Congonhas (ambos ainda pertencentes a Ouro Preto).

Como o distrito de Lobo Leite está distante cerca de 8 km do centro de Congonhas, o viajante que desembarcasse na estação ‘Soledade’ teria ainda que completar sua viagem a pé ou em lombo de animal através do caminho velho da Estrada Real.

Com a proclamação da República em 1889 a EFDPII foi rebatizada para Estrada de Ferro Central do Brasil e a estação ‘Soledade’ teve seu nome alterado para ‘Congonhas’ por atender ao distrito de Congonhas.

Origens do ramal férreo de Congonhas

Com o crescente desenvolvimento ferroviário no país no final do século 19, a província de Minas Gerais e seu vasto território tornaram-se rapidamente alvo de negociantes interessados em investir na construção de ramais férreos para integrar com maior rapidez suas localidades através de concessões públicas.

Nessa época Congonhas já possuía um grande fluxo de peregrinos em constante visitação ao Santuário do Senhor Bom Jesus, em particular no tradicional Jubileu do mês de setembro e também por alunos do Colégio Matosinhos.

Diante desse cenário e vislumbrando a grandiosa oportunidade em conseguir uma concessão férrea, os sócios e investidores ouro-pretenses José Pinto Penna Firme Ramos e Antônio Mathias da Silva protocolaram em agosto de 1884 na Comissão de Poderes e Obras Públicas de Minas Gerais em Ouro Preto um requerimento pleiteando a construção e exploração de uma ‘linha de bondes com tração a vapor’ entre a estação ‘Soledade’ e o arraial de Congonhas.

Nessa época José Pinto Penna Firme Ramos era Capitão do 1º Corpo de Cavalaria da Guarda Nacional da comarca de Ouro Preto, e gozando de muito prestígio, resolveu pouco antes de sua aposentadoria enveredar-se como investidor, conseguindo a concessão após a aprovação da lei estadual nº 3.651 em 1º/09/1888, que o autorizou a construir um ramal férreo que provesse o arraial de Congonhas com um serviço diário de trens para atender a demanda de seus usuários e também oferecer um serviço de transporte de mercadorias e serviço postal.

Destarte, o projeto inicial previa que o ramal da estrada de ferro de Congonhas, assim chamado inicialmente, empregasse a bitola de 0,76m. Porém essa bitola era inferior à utilizada pela EFCB em sua linha em uso no distrito de Soledade. Tecnicamente essas medidas não permitiriam que um mesmo trem trafegasse em bitolas diferentes.

Autorizado, José Pinto Penna Firme Ramos constituiu no final de 1888 a Companhia Estrada de Ferro Congonhas do Campo e seu próximo objetivo seria a captação dos recursos necessários para iniciar a construção do ramal e colocar os trens para funcionar. No entanto recebeu uma vantajosa oferta e abdicou de seu projeto, transferindo o empreendimento a um grupo de investidores do Rio de Janeiro uma vez que a lei lhe facultava essa possibilidade.

O curioso é que, cerca de três anos depois de outorgada essa concessão, os senhores Randolpho Augusto Baêta Neves e José Calesina de Moares protocolaram em 1891 um pedido semelhante na Câmara Municipal de Queluz (Conselheiro Lafaiete) solicitando a concessão do mesmo ramal, porém sem sucesso.

Nova proposta para a Companhia E.F. Congonhas do Campo

Voltando a José Pinto Penna Firme Ramos e seu sócio, ambos receberam no início de 1889 uma vantajosa proposta e transferiram a concessão da empresa (Cia Estrada de Ferro Congonhas do Campo) para os investidores do Rio de Janeiro Olegário Antônio Coelho, João Vieira da Cunha Guimarães e Sebastião Guillobel que em 26 de junho do mesmo ano, após deliberação de seus acionistas, alteraram a denominação da empresa para ‘Companhia Estrada de Ferro Vale do Paraopeba’.

Detentora da concessão, a empresa estava autorizada a construir o ramal férreo a partir da estação ‘Soledade’ da E.F. Central do Brasil até Congonhas (com extensão de 12 km) e seu diretor-gerente, Antônio Martins Marinhas, convocou todos os acionistas a partir de julho de 1890 e oficializou a construção do ramal férreo.

Iniciado o processo de captação de recursos para a empreitada, a companhia recebeu outra proposta do governo mineiro para também construir um ramal férreo que margeasse o rio Paraopeba até chegar ao rio São Francisco. Essa proposta acabou gerando uma grande discussão sobre qual seria o novo traçado, atrasando por mais de 8 anos o início das obras do ramal de Congonhas.

O Santuário do Bom Jesus entra na sociedade do ramal férreo

Durante o transcorrer da década de 1890 o Santuário do Bom Jesus vivia uma grave crise organizacional e financeira. A Mesa da Irmandade estava em ‘rota de colisão’ com a Diocese de Mariana a qual pertencia e para quem deveria prestar contas.

Crise essa que foi muito bem detalhada na obra do Monsenhor Júlio Engrácia, “Relação Chronológica do Sanctuário e Irmandade do Senhor Bom Jesus de Congonhas do Campo (1903)”. Engrácia cita, por exemplo, que em 1895 a situação do Padre Flávio Ribeiro de Almeida, Secretário da Irmandade do Senhor Bom Jesus, ‘era delicada e diante de tantos desacatos achava-se em perigo de morte nas mãos dos desesperados credores, obrigando-o a seguir um sistema paliativo para contornar o problema: realizar constantes empréstimos a altos juros, contraindo dívidas em toda casa onde lhe quisessem vender a prazo, complicando sucessivamente a saída deste labirinto administrativo, preparando fatalmente a queda da Irmandade com grande decepção e vergonha para o Bispo Dom Silvério Gomes Pimenta’.

Júlio Engrácia deixou a paróquia de Itabira do Mato Dentro (atual Itabirito) em março de 1900 com a incumbência e ordem expressa do Bispo Dom Silvério Gomes Pimenta para assumir o compromisso em Congonhas de realizar um minucioso levantamento da situação administrativa e financeira da Irmandade do Senhor Bom Jesus de Matosinhos. Após 20 dias de trabalhos ininterruptos e várias noites sem dormir, Júlio Engrácia concluiu que a Irmandade estava em sérias dificuldades financeiras em virtude do total desequilíbrio das contas e da falta de seriedade com o dinheiro arrecadado das esmolas durante o Jubileu a pelo menos uma década.

Segundo Júlio Engrácia faltava tudo, menos ‘projetos arriscados’ dentro da Irmandade do Senhor Bom Jesus. O Santuário, apesar da decadência financeira descrita, tinha ainda uma ‘tábua de salvação’, que dadas suas economias, podia colocá-lo a salvo do colapso financeiro: possuía 200 apólices entre gerais e estaduais e cadernetas de poupança da caixa econômica. Uma vultuosa quantia para a época.

Júlio Engrácia faz uma citação, no mínimo, curiosa a respeito do que encontrou em sua auditoria: ‘lembrou-se’ a administração do Santuário de empregá-las na construção de um ramal férreo, que partindo de um ponto mais conveniente da Central do Brasil, fosse ao arraial de Congonhas e que sua exploração comercial poderia reequilibrar as finanças da administração do Santuário.

A Irmandade enfrentava uma calamitosa crise organizacional por um lado, e por outro, uma empresa constituída ensejava construir um ramal férreo em Congonhas. Não demorou e seus empresários procuraram a Mesa da Irmandade para propor uma parceira que poderiam tirá-los da dita ‘crise financeira/administrativa’.

Engrácia assim descreveu o ocorrido: ‘o ano era 1895 e ao tornar pública a situação de desespero da Irmandade do Bom Jesus, logo apareceram sem demora os pretendentes à obra, entrando o Santuário com 200:000$ (duzentos contos de réis) de auxílio. Era uma quantia bem apreciável a exploradores, que nessa época esvoaçavam por toda a parte a cata de fortuna rápida e fácil’.

O Bispo Dom Silvério enxergou o perigo de entregar, dessa maneira, o patrimônio constituído da Igreja a aventurosas empresas: relutou o quanto pode, mas foi convencido de que ofereciam ao Santuário as maiores e melhores vantagens, onde lhe foi descrito com maestria os resultados ‘excepcionais’ que o ramal férreo traria aos cofres da Irmandade, como sabem fazer os mercadores de praça pública.

Três propostas foram apresentadas pelos empresários: a primeira comprometia-se a construir o ramal férreo por 350:000$000 entrando o Santuário com 200:000$000, porém não foi aceita. A segunda proposta o fazia por 500:000$000 nas mesmas condições e também foi rejeitada. Uma terceira proposta, que tomava o mesmo compromisso, sob idênticas condições foi ofertada por 750:000$000 sendo essa a proposta que agradou a Dom Silvério, pois aumentava a margem de garantia do empreendimento no qual o Santuário do Bom Jesus custearia somente 1/3 da construção do ramal.

O contrato entre as partes foi celebrado por escritura pública no final de 1895, entrando o Santuário com as 200 apólices que foram entregues na sede da empresa no Rio de Janeiro pelo correspondente da Irmandade, Dom João Duarte, a Francisco Antônio da Silva e seu sócio José Martins Pollo, os novos representantes da Companhia Estrada de Ferro Vale do Paraopeba, detentora da construção e operação do ramal.

No período em que ficou como administrador do Santuário (1895 a 1900) o padre Cândido Veloso viveu dias penosos diante da situação lastimável de desordem administrativa e financeira que vivia a instituição religiosa. As reclamações e queixas quotidianas dos credores e suas exigências levaram ao conhecimento de Dom Silvério a triste e verdadeira situação do Santuário que por sua vez entrou em litígio com a Mesa da Irmandade a tal ponto de anos mais tarde extingui-la judicialmente e empossar o Padre Júlio Engrácia como administrador provisório do Santuário, fato ocorrido em meados de 1900.

Dom Silvério ao ser convencido da construção deste importante e incipiente meio de transporte coletivo não teve alternativa senão apoiar sua construção.

O ramal férreo, inaugurado em 1899, ganhou logo a popular alcunha de ‘trem do Bispo’.

A construção do ramal

Resolvidas as questões de ordem financeira, ficou definido que o ponto inicial do ramal seria o km 479 da EFCB e não mais a estação “Congonhas” (em Lobo Leite) como anunciado anos antes. As obras iniciaram-se em 12/09/1898 com a mobilização e contratação da mão de obra além da aquisição de materiais sendo o gestor da empreitada o engenheiro Antônio A. Horta Barbosa.

No km 479 da linha Centro foi erguida a estação “Jubileu”, ponto de partida do ramal. Seu ponto final seria a estação “Santuário”.

Outro fato importante durante sua construção foi a alteração da bitola para 1,00m compatibilizando com a EFCB, o que permitiu a manutenção dos equipamentos nas oficinas de locomotivas e vagões em Queluz (Conselheiro Lafaiete).

Em seu percurso foram empregadas modernas técnicas de engenharia com destaque para as pontes de 9m e 3m de extensão, cortes e taludes, além de várias obras de arte (bueiros, galerias e canaletas para escoamento de águas pluviais). O engenheiro responsável pelos projetos foi Vicente de Carvalho, que realizou os estudos do traçado dez anos antes, em 1889.

O trajeto do ramal

O ramal foi construído, em toda sua extensão, na margem direita do rio Maranhão dentro dos limites do município de Ouro Preto (Congonhas só seria emancipada em 1938). Do seu ponto inicial, seguiu pela margem direita do ribeirão Soledade até se aproximar, também pela margem direita, do rio Maranhão, continuando seu trajeto pelos atuais bairros Ipiranga e Jardim Profeta e cruzar o córrego ‘Macaquinhos’. Em seguida se aproximava novamente da margem direita do rio Maranhão, transpunha o córrego ‘Goiabeiras’ em direção ao centro de Congonhas margeando o rio com seu leito passando próximo de onde atualmente se localiza o prédio do INSS até seu término entre a praça JK e a esquina das ruas Pe. João Pio e Getúlio Vargas, totalizando aproximadamente 9 km de extensão.

Após sua desativação em 1917, um trecho do leito do ramal férreo foi aproveitado como base para a futura abertura e construção de parte das avenidas Marechal Floriano e Júlia Kubitschek.

As estações

A estação ‘Jubileu’ foi construída seguindo o padrão da época em alvenaria de tijolos e telhas estilo francês. De acordo com uma publicação do jornal “O Paiz” de 18/09/1899, era uma ‘estação elegante’. Após a desativação do ramal a mesma foi demolida. No local ainda podemos ver as ruínas do que foi um dia a estação ‘Jubileu’.

A estação ‘Santuário’ seguiu o mesmo padrão de construção em alvenaria de tijolos. Possuía três linhas, sendo uma principal e duas para manobras além da caixa d’água para abastecimento e uma caixa para depósito das cinzas da fornalha da locomotiva.

A locomotiva e vagões

A E. F. Vale do Paraopeba arrendou uma locomotiva da companhia que construiu a nova capital mineira, Belo Horizonte, no final de 1898. De origem norte-americana, foi fabricada pela Baldwin Locomotive Works em 1896. Era da classe 6 1/3-C com o tipo de rodas 0-4-2 (sem rodas guia, 4 rodas de tração e 2 rodas de apoio para a cabine) com força de tração variando entre 18t a 50t.

Foi rebocada de General Carneiro (próximo a Belo Horizonte) até Congonhas como relatado no jornal ‘O Pharol’ em 24/08/1899.

Os vagões eram do tipo ‘bonde’ e foram fabricados na cidade do Rio de Janeiro entre os anos de 1898 e 1899 com o emprego de imbuia, uma madeira abundante e nobre de nossa floresta tropical. Foram construídos pela Companhia Edificadora da Ponta do Cajú cujo responsável era o afamado Comendador Casimiro Costa, conhecido pela alcunha de ‘O Maneta’.

A Diretoria e Funcionários

A diretoria era formada pelo seu Diretor-Presidente José Martins Pollo, o Vice-Presidente Francisco Antônio da Silva e pelo Diretor Tenente-Coronel Sabino de Almeida Magalhães. O engenheiro responsável pelos projetos era Vicente de Carvalho e o engenheiro responsável pela construção e manutenção do ramal, o Sr. Antônio A. Horta Barbosa. Porém, diante da escassez de documentos referentes à empresa não foi possível identificar os funcionários (agente de estação, foguista, fiscal de trem, bilheteiro e equipe de manutenção) que trabalharam no ramal. A exceção fica por conta do congonhense Luiz Saint Clair Vasconcelos que, segundo sua neta Rosa de Vasconcelos Magalhães, foi auxiliar de maquinista da companhia e um dos responsáveis por conduzir o trem entre as estações durante vários anos. E também, ainda de acordo com relatos orais, o agente da estação ferroviária ‘Santuário’ teria sido o português Alberto Teixeira dos Santos (pai do primeiro prefeito de Congonhas, Dr. Albertinho) nos primeiros anos de funcionamento do ramal.

A inauguração do ramal

Após quase 12 meses de obras o ramal estava concluído e pronto para entrar em operação durante o jubileu de 1899 suprindo assim a grande expectativa dos moradores de Congonhas e localidades vizinhas em usufruir do novo e moderno meio de transporte coletivo.

Congonhas entrava definitivamente no rol das localidades atendidas pelas ferrovias brasileiras quando em 1º de setembro de 1899 era oficialmente aberta ao tráfego de trens a estação ‘Jubileu’ – ramal de Congonhas, da Estrada de Ferro Vale do Paraopeba.

Em nota o jornal “A Imprensa” do Rio de Janeiro, cujo diretor-chefe era o notável Ruy Barbosa, destacou em 02/09/1899 a inauguração da estação ‘Jubileu’:

O conhecido comerciante de nossa praça, sr. José Pollo, enviou-nos o seguinte telegrama, de Jubileu:

Jubileu.1 – peço-lhes que deem notícia da abertura, realizada hoje, da estação de Jubileu, correspondência do ramal de Congonhas do Campo.

Houve grande regozijo. O povo veio esperar o S1, primeiro trem de passageiros que aqui parou, tendo à sua frente as principais autoridades, outras pessoas importantes e uma banda de música.

A visita de Dom Silvério e do Diretor da Central do Brasil

Apoiador da construção do ramal férreo, Dom Silvério Gomes Pimenta esteve em Congonhas para celebrar a benção final do Jubileu aos fiéis e também para conhecer o funcionamento e os serviços prestados pela Companhia Estrada de Ferro do Paraopeba.

Sua visita foi notícia no jornal ‘Minas Gerais’ na edição do dia 15/09/1899:

Terminaram ontem os tradicionais festejos de Congonhas do Campo, que foram este ano imensamente concorridos.

As esmolas que os fieis deixaram nas salvas, segundo nos informaram, elevaram-se à algumas dezenas de contos de reis.

O sr. Dom Silvério, bispo desta diocese, presidiu aos últimos atos, ministrando o sacramento da eucaristia e dando a benção episcopal.

Não nos consta que tenha havido a menor perturbação da ordem pública, correndo tudo na melhor ordem e estiveram muito animadas as feiras.

Dizem-nos que foi tal a concorrência de fieis que houve necessidade de se estabelecer no arraial de Congonhas um serviço contínuo de trens para dar vazão aos passageiros.

À disposição do Bispo, que chegou em Congonhas no dia 12, foi posto um carro especial pelo Dr. Alfredo Maia, diretor da E. de Ferro Central, que o conduziu à estação do Jubileu.

Outra presença ilustre foi a do Diretor Geral da E. F. Central do Brasil, Alfredo Eugênio de Almeida Maia (no cargo entre abril de 1899 a janeiro de 1900), que viajou à Minas Gerais para inspeção das linhas férreas sob sua responsabilidade, chegando em Congonhas no dia 10 de setembro de 1899 logo após a inauguração do ramal. Foi recebido pela população local com um grande festejo. Em sua comitiva estava o Ministro da Bélgica, sr. Alberic Fallon, diversos engenheiros da EFCB além de vários repórteres da imprensa fluminense que durante a permanência em Congonhas visitaram o Santuário do Senhor Bom Jesus ficando todos extasiados diante das magníficas obras de arte e de tamanha demonstração de fé e devoção dos romeiros. A visita de Alfredo Eugênio a Congonhas foi destaque nas páginas do jornal ‘O Paiz’, do Rio de Janeiro, na edição de 18/09/1899.

Da intenção inicial em se construir o ramal férreo em 1884 até seu efetivo funcionamento no final de 1899, se passaram mais de 15 anos devido as dificuldades financeiras, incertezas técnicas e dos múltiplos objetivos de seus empreendedores iniciais.

Mas agora era realidade e o ‘trem do Bispo’ funcionava a todo vapor cortando o vale do rio Maranhão (tributário do Rio Paraopeba), transformando o ir e vir dos romeiros em direção ao Santuário Bom Jesus.

As peregrinações de romeiros à Congonhas

Tão logo se deu a inauguração do ramal ferroviário de Congonhas, as peregrinações de romeiros em direção ao Santuário, que antes eram feitas a pé, em lombo de animais ou em carros de bois (quando era possível), se intensificaram rapidamente após a oferta do novo meio de transporte. Essas peregrinações passaram a serem noticiadas com galhardia pelos jornais da época. Cabe ressaltar que quase a totalidade da população brasileira tinha no catolicismo sua principal religião em fins do século 19.

A primeira grande peregrinação de romeiros após a inauguração do ramal partiu da estação central de Juiz de Fora com um número estimado de 500 pessoas e teve a cobertura do jornal ‘O Pharol’ que a estampou em sua edição do dia 27/03/1900.

Coordenada pelo padre Júlio Maria foram distribuídos estandartes e entoado o hino dos peregrinos. A locomotiva foi devidamente ornamentada e a Central do Brasil disponibilizou 5 vagões de 1ª classe além de outros 5 vagões de 2ª classe para a viagem, com os peregrinos dando um belo exemplo de fé até à estação Jubileu, quando todos ali fizeram a baldeação para o ‘trem do Bispo’ para concluírem a peregrinação.

O Santuário entra em litígio com a Companhia E.F. Vale do Paraopeba

Assim que o ramal entrou em operação e de acordo com as cláusulas contratuais firmadas entre as partes, a Mesa da Irmandade deveria receber mensalmente os percentuais estipulados, mas a Diretoria da EFVP não honrou sua parte contratual obrigando a Irmandade do Senhor Bom Jesus a realizar várias tentativas, sem êxito, em receber o que lhe era devido.

Após um breve período em que as negociações não obtiveram sucesso a Mesa da Irmandade ‘declarou guerra’ e foi buscar na Justiça reaver o que lhe era de direito entrando em litígio com a EFVP. Padre Júlio Engrácia descreveu com clareza em sua obra o ocorrido:

O ramal férreo, em má hora e piores auspícios iniciado era outro espinho da administração do Santuário.

Os empresários, que por documento se tinham obrigado ao juro de 8% sobre o capital recebido, ao passo de entrega, e a 10% dos lucros da exploração da estrada, ainda não tinham feito nenhum repasse ao Santuário no início de 1900.

Estavam eles de posse de tudo como se fora próprio, e explorando a sós e apesar da formula convencional de desejar qualquer resolução que não lesasse o Santuário e na verdade lesando-o só faziam pretextar prejuízos.

A Irmandade, depois de tentativas pacíficas, sem possibilidade de solução e vendo que o Santuário era ludibriado, tomou por advogado o Exmo. Sr. Senador Virgílio de Mello Franco e sequestrou-lhes todo o material fixo e rodante e a lide levada aos tribunais, tem sempre triunfado nos interesses e direitos do Santuário.

O assunto tomou proporções inesperadas e fugiu dos domínios da Irmandade sendo o fato explorado pelo jornal ‘O Pharol’ em sua edição de 27/10/1900.

Júlio Engrácia destacou que a boa-fé que presidia a empresa, sem que prove o contrário, foi revelada pela brilhante façanha praticada pelo empregado dos empresários, carregando consigo e remetendo aos patrões do Rio de Janeiro ou a outro local sem o devido conhecimento, os livros por onde constam os rendimentos da companhia férrea, esquecendo-se, como acontece com pessoas com esse intento, de que tudo o que está em seus livros se acha também por força da lei no arquivo do engenheiro residente e este é público à necessidade da parte lesada.

A companhia ao agir dessa forma criou uma enorme dificuldade para a administração do Santuário em receber a parte devida sendo necessária a intervenção da Justiça para solucionar a questão. E em sua incansável luta para reaver o que foi acordado e investido na EFVP, Júlio Engrácia acabou sendo designado judicialmente como fiel depositário do ramal férreo em 1903. As divergências entre a empresa e a administração do Santuário se arrastaram por longos anos até que, em 1912, o padre João Pio sucedeu a Júlio Engrácia na administração do Santuário e iniciou uma nova era organizacional que equilibrou suas finanças. Enérgico, João Pio aumentou ainda mais o rigor no cumprimento das obrigações contratuais da companhia férrea para com o Santuário. Rigor este mantido até a desativação do ramal no final de 1917.

O auge e o declínio do ramal

Na primeira década de seu funcionamento o ramal férreo experimentou dias gloriosos ao oferecer aos peregrinos e fieis que se dirigiam a Congonhas, comodidade e rapidez entre as estações Jubileu e Santuário. Os maiores fluxos de passageiros aconteciam em setembro, mês em que se celebra o concorrido Jubileu. Mas as caravanas de peregrinos se avolumaram em diversos outros períodos do ano gerando movimentação no ramal, como nos meses de março e junho e também durante a Semana Santa.

Com fluxo ascendente, em 1905 foi necessária a criação de uma linha do Correio solicitada pelo Padre Júlio Engrácia visando maior celeridade no envio e recebimento das correspondências do Colégio Matosinhos e da administração do Santuário. E em 1909 foi registrado um aumento extraordinário de passageiros que embarcaram nos trens da Central com destino à Congonhas em razão das festividades de mais um Jubileu. No ano seguinte, e mesmo com o aumento dos custos operacionais e reajuste no preço das passagens, o movimento de peregrinos continuou crescendo como registrou o jornal ‘Pharol’ em sua edição de 13/09/1910 fazendo crítica à Central do Brasil:

Nesses últimos dias têm passado por esta cidade (Juiz de Fora) numerosas levas de romeiros, que vão assistir às tradicionais festas de Congonhas do Campo.

Os trens passam repletos de tal maneira que até nos para-choques dos carros se empoleiram viajantes.

A Central, como sempre, prima em não melhorar seu serviço nesses dias em que há tanta concorrência em seus trens.

Mas a partir de 1910 a E. F. Central do Brasil e o governo de Minas iniciaram a construção do ramal do Paraopeba (partindo de Joaquim Murtinho até Belo Horizonte margeando o rio Paraopeba), obra essa que utilizou uma leva muito grande de mão-de-obra estrangeira no qual muitos espanhóis, italianos e portugueses chegaram e fixaram residência em Congonhas através do ‘trem do Bispo’. Após a inauguração do ramal do Paraopeba em 1917 o movimento do ramal férreo de Congonhas foi rapidamente ‘engolido’ pela concorrência e sua desativação se deu no final de 1917.

Após 18 anos de atividades, a Estrada de Ferro Vale do Paraopeba era desativada por não mais oferecer celeridade e comodidade no transporte de passageiros e romeiros. Como seus usuários eram obrigados a fazer a baldeação entre os trens na estação Jubileu, após a inauguração do novo ramal da Central, o passageiro desembarcava diretamente na estação ‘Congonhas do Campo’, mais próxima da ladeira que os levaria ao Santuário.

Legado

O Jubileu do Bom Jesus de Matosinhos em Congonhas representa um dos mais importantes patrimônios imateriais não só de Minas, mas também de todo o Brasil. E esse patrimônio cultural e seus bens intangíveis são portadores de elementos que definem uma coletividade e sua história. Trazem consigo uma enorme riqueza de práticas, usos, costumes e musicalidade. O Jubileu transmite a imaterialidade produzida pela cultura de um povo representando sua identidade e história.

A relação da cidade de Congonhas e de seu povo com o Jubileu é intensa. O surgimento do arraial se deu de duas formas: a mineração do ouro e a fé ao Bom Jesus. O lado direito do rio Maranhão foi desenvolvido pelas atividades de mineração e seu lado esquerdo floresceu diante da devoção ao Bom Jesus. A peregrinação crescente e constante de pessoas criou a necessidade de se investirem infraestrutura. Assim, para servir ao Jubileu, foram construídas casas de hospedagem (as romarias) para os peregrinos, ruas foram calçadas, construídos aterros e reforços nas encostas dos morros, aquedutos, colégio e o resultado é o imponente complexo arquitetônico religioso da Basílica do Bom Jesus, que abriga obras dos maiores artistas mineiros dos séculos 18 e 19.

Mas um dos maiores investimentos feitos pela Igreja Católica em Congonhas foi a participação na construção do ramal férreo que conectou o então arraial ao restante do sistema ferroviário do país permitindo que um número cada vez maior de romeiros viesse à Congonhas demonstrar sua fé e práticas religiosas populares que, apesar de se transformarem no tempo, ainda hoje conservam o seu cerne – a fé ao Bom Jesus.

O ‘trem do Bispo’ circulou por quase duas décadas e modificou o cotidiano do arraial, principalmente no que diz respeito a permanência dos romeiros durante as festividades do secular Jubileu.

Foi idealizado e construído em uma época de parcos recursos e grande dificuldade técnica sendo por si só um destacado e audacioso projeto que, ao final de suas negociações, teve o aval do Bispo Dom Silvério Gomes Pimenta – grande incentivador do desenvolvimento de sua terra natal.

Fontes consultadas:

Livros:

  • Almanack Administrativo, Mercantil, Industrial, Scientifico e Litterario do Município de Ouro Preto – Anno I – 1890 – Typographia A Ordem
  • Revista Industrial de Minas Gerais – 1897 – Setembro/Novembro – nºs 28 a 32 – Ouro Preto
  • Relação Chronológica do Sanctuário e Irmandade do Senhor Bom Jesus de Congonhas do Campo no Estado de Minas Geraes –1905 – Pe. Júlio Engracia
  • Memória Histórica da Estrada de Ferro Central do Brasil – 1908 – Manuel Fernandes Figueira – Rio de Janeiro – Imprensa Nacional
  • Revista Eu Sei Tudo – Edição nº 9 –1925 – Rio de Janeiro – Companhia Editora Americana
  • Anuário Minas Gerais – 1925 – Belo Horizonte – Imprensa Oficial
  • A Estrada de Ferro Central do Brasil – 1928 – Max Vasconcelos – Rio de Janeiro – Typographia Pimenta de Mello & C.
  • Bom Jesus – 1948 – Djalma Andrade – Congonhas – Tipografia Senhor Bom Jesus
  • Arte e Paixão – Congonhas do Aleijadinho – 2016 – Fábio França – Congonhas – Editora C/Arte

Sites:

  • Site Estações Ferroviárias – www.estacoesferroviarias.com.br/
  • Portal Educação – História das Ferrovias no Brasil – www.portaleducacao.com.br
  • Site Instituto Moreira Sales – Brasiliana Fotográfica

Museus e Bibliotecas:

  • Museu da Imagem e Memória de Congonhas/MG
  • Museu da Mineração de Congonhas/MG
  • Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa – Belo Horizonte/MG
  • Hemeroteca Histórica de Minas Gerais
  • Arquivo Público Mineiro

Jornais e revistas:

  • A Província de Minas – Ouro Preto/MG, edições: 04/01/1884, 01/10/1887, 14/08/1888 e 22/08/1888 
  • A União – Ouro Preto/MG, edições: 10/03/1888 e 17/03/1888
  • Liberal Mineiro – Ouro Preto/MG, edição: 12/11/1884
  • Minas Gerais – Ouro Preto/MG, edições: 12/03/1890, 19/05/1892, 22/05/1892, 10/01/1893, 16/01/1896, 20/08/1896, 24/07/1897, 30/07/1897, 14/08/1897, 30/08/1897, 15/01/1898, 14/03/1898, 17/09/1898, 18/01/1899, 22/08/1899, 15/09/1899, 05/10/1899 e 06/10/1899
  • O Pharol – Juiz de Fora/MG – edições: 09/08/1888, 17/08/1895, 17/09/1895, 24/08/1899, 29/09/1899, 17/03/1900, 25/03/1900, 27/03/1900, 27/10/1900, 29/01/1904, 30/12/1904, 07/04/1905, 11/09/1909, 10/12/1909, 25/08/1910, 28/09/1910, 13/09/1911 e 17/07/1919
  • Diário de Minas – Juiz de Fora/MG – edição: 25/01/1889
  • Correio de Minas – Juiz de Fora/MG – edição: 30/08/1898
  • A Imprensa – Rio de Janeiro/RJ – edições: 02/09/1899, 13/09/1899, 14/09/1899, 18/09/1899, 25/10/1899 e 28/11/1911
  • Jornal do Commercio – Rio de Janeiro/RJ – edições: 05/10/1890, 25/01/1891, 28/12/1892 e 29/08/1898
  • O Paiz – Rio de Janeiro/RJ – edições: 24/01/1889, 18/07/1890, 14/09/1899, 18/09/1899 e 22/06/1917
  • A União – Rio de Janeiro/RJ – edições: 27/09/1914, 23/02/1919, 03/09/1922 e 02/11/1922
  • O Cruzeiro – Rio de Janeiro/RJ – edição: 10/09/1890
  • Gazeta da Tarde – Rio de Janeiro/RJ – edição: 08/10/1889
  • Gazeta de Notícias – Rio de Janeiro/RJ – edições: 25/08/1899, 17/01/1901, 08/06/1904, 13/01/1906, 16/09/1907, 20/09/1907 e 04/05/1910
  • Jornal do Brazil – Rio de Janeiro/RJ – edições: 15/05/1891, 04/09/1893, 14/08/1902 e 20/06/1905
  • Correio da Manhã – Rio de Janeiro/RJ – edição: 30/05/1903
  • Relatório Presidência de Minas – Belo Horizonte/MG – edições de 1911 e 1917
  • Anuário Estatístico de Minas Gerais – Belo Horizonte/MG – edições: 1906 e 1911
  • Revista de Estradas de Ferro – Rio de Janeiro/RJ – edição nº 49 – 31/01/1889
  • Revista de Engenharia – Rio de Janeiro/RJ – edições: 14/03/1890, 14/04/1890 e 14/06/1890
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