Sob as bênçãos do Bom Jesus Congonhas celebra com arte e fé a reabertura da Basílica

Prefeito Zelinho discursa e enaltece os investimentos no patrimônio histórico de Congonhas/Reprodução

De portas reabertas para o mundo, a Basílica do Senhor do Bom de Matosinhos está em júbilo com a alegria de seus fiéis pela entrega da maior e mais importante restauração da sua história. Um céu azul se descortinou no forro do Santuário, um caminho de conexão com o divino, com mais cores, mais luz e a mesma beleza que fazem, deste templo, uma das obras primas do Barroco Mineiro e Patrimônio Mundial.

Os Governos Federal e Municipal, por meio do Ministério Público Federal, do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e da Reitoria da Basílica, entregaram ao povo de Congonhas, nesta quinta-feira, 28, a Basílica do Senhor Bom Jesus de Matosinhos restaurada. A obra, financiada pelo PAC Cidades Históricas, confirma a preservação da história, da devoção e da fé.

Momento da reabertura solene da Basílica totalmente restaurada/Reprodução

“Sou feito, como a maioria dos congonhenses, da crença, da religiosidade, da fé ao Senhor Bom Jesus de Matosinhos. Por isso, hoje meu coração está em festa. Deus me deu um dos maiores presentes da vida, o de ser prefeito e entregar a Congonhas, ao Brasil e ao mundo o restauro da Basílica do Senhor Bom Jesus de Matosinhos. Esta joia barroca, patrimônio do mundo, que ensina não só a riqueza das artes, mas a história da fé, persistência, amor e humildade de Feliciano Mendes, um peregrino do mundo, que nos legou a fé e a devoção ao Senhor Bom Jesus, e fez de Congonhas a capital mineira da fé. Sou um homem privilegiado por participar desse momento importante da história de minha terra. De ter acompanhado minuciosamente, o paciente e cuidadoso trabalho dos restauradores, que usaram a técnica de restauro, mas com certeza estiveram bem perto de Deus para, nele, se alimentarem de luz e descobrirem o céu”, disse, emocionado, o prefeito Zelinho, que destacou, ainda, a parceria entre o Governo Municipal, o IPHAN, o Ministério Público Federal e a Reitoria da Basílica.

Padre Leocádio abençoa a Basílica restaurada/Reprodução

O diretor do departamento de projetos especiais do IPHAN, Robson de Almeida, reforçou que o PAC Cidades Históricas atua em 44 cidades brasileiras, sendo que Congonhas é uma delas. “É desnecessário entrar em detalhes sobre a importância da Basílica. Ela fala por si. É Patrimônio da Humanidade, com o conjunto das Capelas dos Passos da Paixão. E tudo isso só está sendo possível pela grande parceria que o IPHAN tem com o Município de Congonhas. A gestão tem dado a prioridade total à gestão do patrimônio. E só por isso estamos conseguindo esses resultados que Congonhas está alcançando. Aqui em Congonhas podemos ver aquilo que o programa sempre teve como diretriz, que é requalificar os sítios históricos para as pessoas que vivem nessas cidades. Mais do que números, o mais importante é mostrar a concretização do que pensamos e sonhamos para esse programa, de que, sim, o patrimônio pode ser transformador de cidades e, sim, o patrimônio pode transformar vidas”, completou.

O secretário de Estado de Cultura, Ângelo Oswaldo, enalteceu os artistas que deixaram suas obras na Basílica do Senhor Bom Jesus, como João Nepomuceno, Francisco Vieira Servas, Manoel da Costa Athaíde e Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho. “É sempre grato vir a Congonhas e participar de algum acontecimento que valoriza ainda mais esse conjunto. Esperamos que todos contribuam sempre para a valorização de Congonhas e a preservação da obra do Aleijadinho, que tenhamos esse legado de arte e fé como um signo maior da mineiridade”, reforçou.

Restauração expressa as belezas das pinturas internas/Reprodução

“Hoje é um dia de muita alegria pra nós. Estamos entregando a nossa Basílica do Senhor Bom Jesus restaurada para a população, para os fiéis que aqui residem e fiéis que vem de outras localidades. Esta é uma das igrejas mais importantes na história de Minas Gerais e do Brasil e agora está toda restaurada, renovada para o culto e ao mesmo tempo para o turismo. Aqui nos acolhemos os fies, os turistas e os romeiros, sobretudo no nosso jubileu de 7 a 14 de setembro, nessa época mais de 120 mil pessoas passam pela igreja, ela é muito estimada. Então a gente só tem que agradecer a Deus por essa dádiva e ao mesmo tempo reconhecer aqueles que nós ajudaram. O IPHAN, o Ministério Público Federal, a Prefeitura de Congonhas, o suporte do Padre Benedito Rocha e a todos aqueles que de uma forma rezaram e contribuíram fica aqui a nossa gratidão, nossa Ação de Graças e nossa oração”, ressaltou o Cônego Geraldo Leocádio.

O comerciante de Congonhas José Claudio Gomes aprovou a restauração. “Eu acompanhei um pouco da restauração e realmente ela ficou muito boa, tudo muito bonito. É muito importante preservar nosso patrimônio, se não cuidarmos vai acabar e não podemos deixar isso acontecer de jeito nenhum. Sou devoto do Bom Jesus e estou muito satisfeito!”, afirmou.

“Foi muito bonita essa festa de reabertura da Basílica, a cerimônia foi simples, mas muito emocionante. É uma alegria muito grande ter a igreja reaberta de novo, ela está maravilhosa. Tudo renovado, mas preservando todos os elementos artísticos. É um presente para nós fies, devotos do Bom Jesus”, disse emocionada Maria Aparecida Santana Marques.

Artistas congonhenses celebram momento histórico

Apresentação do coral Cidade dos Profetas/Reprodução

Para celebrar este momento histórico e emocionante para os congonhenses, uma série de atividades culturais foram realizadas. A manhã começou com a atriz Regina Bahia, recitando o poema “Congonhas”, de Wanda Lúcia de Freitas. A soprano Carmem Célia, acompanhada do pianista Júnio Reis e do quarteto de cordas da Secretaria Municipal de Educação, cantou o Hino Nacional. Em seguida, alunos da Escola Municipal Augusto Silva, acompanhados do professor de música Márcio Cipriano, entoaram o Hino de Congonhas e as canções “Era uma Vez” e “Aleluia”.

O grupo de teatro Dez Pras Oito encenou trechos de uma peça dedicada a Antônio Francisco Lisboa, o mestre Aleijadinho, e a Feliciano Mendes. O grupo POP Poente Prateado levou a tradição da Semana Santa, entoando cânticos religiosos e tocando matracas. Já o grupo Força Vocalis apresentou o Hino do Bom Jesus, tão marcante no tradicional Jubileu de Congonhas. Em seguida, os sinos de todas as igrejas de Congonhas, que compõem o Circuito Municipal de Museus, tocaram. Ao conhecer o interior da Basílica, a população se encantou, ainda, com a apresentação do Coral Cidade dos Profetas.

Investimentos garantem preservação do patrimônio

Foram cerca de R$ 2,27 milhões investidos na restauração, realizada por meio do programa Agora, é Avançar, do Governo Federal, por meio do Iphan, com execução da Prefeitura Municipal de Congonhas. O Ministério Público Federal (MPF) também direcionou investimentos de quase R$ 493 mil para o projeto da obra, por meio de um Termo de Ajustamento de Conduta. Assim, foram dois anos e meio de intervenções, que contemplam os elementos artísticos da Basílica, em uma ação criteriosa e que segue os padrões internacionais de excelência. A paróquia ainda realizou outros serviços, como a pintura da igreja, a recuperação de relicários e imagens, como a do Bom Jesus crucificado, localizado no altar-mor.

Entre as ações realizadas, destaca-se a recuperação de uma pintura do século XVIII nas laterais do camarim do retábulo-mor e simbologia do martírio de Cristo; os quadros da sacristia, nártex, coro e da nave; balaustradas; cimalhas; forros; retábulos laterais e da sacristia; arco do cruzeiro; púlpitos; pias; lavabo de pedra sabão da sacristia; e a cruz de Feliciano Mendes. Durante a obra, foram encontradas pinturas expressivas, como o fundo da pintura do forro da nave que era cinza liso e escondia um céu com nuvens e tonalidades do azul ao rosado e ainda uma pintura sobre tela na parte superior da Cruz, com a representação do Crucificado.

Pintura externa revela a beleza e a imponência do Santuário do Senhor Bom Jesus de Matosinhos

A luz do fim de tarde imprime ainda mais beleza ao Santuário Basílica do Senhor Bom Jesus de Matosinhos e aos 12 profetas esculpidos por Antonio Francisco Lisboa, o Aleijadinho (1738-1814) que levam visitantes brasileiros e estrangeiros a Congonhas. O tom quase dourado destaca a fachada do templo reconhecido como patrimônio cultural mundial, pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e agora coberto de andaimes para nova etapa de restauração: a pintura externa, começando pelas torres.

De acordo com a direção do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), a obra completa de restauração será entregue à população neste semestre.

A intervenção na fachada da basílica do século 18 está sendo custeada pela reitoria da Basílica do Senhor Bom Jesus com acompanhamento de técnicos do Iphan. O serviço de restauro marca os 280 anos de nascimento de Aleijadinho, considerado um dos maiores artistas da arte colonial brasileira, e também 80 anos de emancipação política do município. Já em 8 de setembro de 2019 serão lembradas oito décadas de tombamento pelo Iphan.

“Congonhas é testemunha e símbolo do Barroco mineiro e o Santuário do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, o maior conjunto de arte colonial do Brasil. Além do tombamento pelo Iphan, o santuário também é patrimônio cultural mundial. Então, é de grande importância retomar toda a imponência desse espaço. Trata-se de um trabalho de grande qualidade, rico em detalhes e que, mais uma vez, destaca Congonhas entre os municípios com melhor execução das obras do programa (Programa de Aceleração do Crescimento/PAC Cidades Históricas) em todo o país”, diz a presidente do Iphan, Kátia Bogéa.

Pintura revela a beleza da obra barroca

INVESTIMENTO O restauro interno (elementos artísticos integrados) tem recursos do governo federal. Os técnicos do Iphan informam que estão sendo investidos R$ 2,26 milhões, contemplando serviços nos 39 painéis (somando os da capela-mor, nave, coro e sacristia), balaustrada do coro e da nave, pilastras, pias, púlpitos, retábulos, arco do cruzeiro, forros, mesa do altar, Cruz Feliciano Mendes, entre outros.

A “cidade dos profetas”, como Congonhas é chamada, foi um dos municípios brasileiros contemplados no PAC Cidades Históricas, do governo federal, que já concluiu três outras obras no local: restauração da Igreja do Rosário, requalificação urbanística da Alameda Cidade Matosinhos de Portugal e Restauração da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição, somando investimentos de mais de R$ 4,6 milhões na cidade.

Além das intervenções, também está em execução a implantação do Parque da Romaria e o restauro da basílica, sendo as duas integrantes do PAC, mas parte do Agora é Avançar – “projeto focado na retomada de obras em todo o país, que vem executando 61 obras destinadas ao desenvolvimento das cidades históricas brasileiras, realizadas pelo Ministério da Cultura, por meio do Iphan”.

EX-VOTO A trajetória da basílica trilha caminhos de fé e arte, representando, na verdade, um grande ex-voto, que é uma forma de pagar uma promessa por uma graça alcançada. Conta a história que, em 1757, o minerador português Feliciano Mendes, que chegara à região em busca de riquezas após cura de grave enfermidade, finca uma cruz no alto do Morro Maranhão. Com um oratório pendurado no pescoço, ele passa a esmolar para construir o templo em homenagem ao Bom Jesus. Nessa empreitada que dura alguns anos, os sucessores de Feliciano, que morreu em 1765, convocam Aleijadinho, responsável por obras-primas na cidade: os 12 profetas em pedra-sabão, no adro da basílica, e as 64 esculturas em tamanho natural representando os Passos da Paixão de Cristo. O local se torna alvo de peregrinação social, econômica e cultural.

ARTE E FÉ

»  1757 – Minerador português Feliciano Mendes chega à região, é curado de grave enfermidade e começa a esmolar para construção de templo dedicado ao Bom Jesus

»  1800 a 1805 – Antonio Francisco Lisboa esculpe os 12 profetas para o adro do Santuário do Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas

»  1939 – Em 8 de setembro, o conjunto do santuário é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan)

»  1985 – Em 3 de dezembro, ocorre o reconhecimento como patrimônio cultural mundial, pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco)

»  2015 – Iniciada a restauração dos elementos artísticos da basílica com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) Cidades Históricas

»  2015 – Em 15 dezembro, é inaugurado o Museu de Congonhas, fruto da parceria entre a Unesco, o Iphan e a Prefeitura de Congonhas. Fica no entorno da basílica

Fonte: Estado de Minas

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