IMA está comprometido em combater o greening e proteger a citricultura de Belo Vale e mineira

Em resposta ao artigo publicado em 3 de setembro de 2023 pelo Correio de Minas, intitulado “Tangerina Ponkan: do apogeu ao declínio da citricultura em Belo Vale; cidade foi uma das maiores produtoras de MG“, o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), autarquia vinculada à Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), afirma que vem tomando todas as medidas necessárias para combater o greening em Minas Gerais e nas principais regiões produtoras de citros do estado.

Em Belo Vale, o IMA já distribuiu cerca de 98 mil armadilhas adesivas para atrair os insetos transmissores da doença. Além disso, foram treinados cerca de 200 “pragueiros”, que são responsáveis por identificar os insetos a olho nu ou com lupa.

O IMA também vem realizando os levantamentos fitossanitários para a detecção do greening em municípios que não possuem a doença, além de executar a fiscalização sobre as vistorias trimestrais feitas pelos responsáveis técnicos dos pomares de citros. 

Lembrando que, em 2017, Minas Gerais lançou, no município de Belo Vale, o Programa Mineiro de Controle do Greening, que visa alertar e dar suporte aos produtores de citros para o combate e manejo correto da praga no estado. 

Além disso, em cumprimento às exigências do governo federal, o IMA, em parceria com a Epamig e a Emater-MG, vem realizando ações de mobilização e orientação dos produtores, como:

  • Campanhas de conscientização sobre a doença e as medidas preventivas que os produtores rurais devem adotar;
  • Oferta de cursos de treinamento para produtores e técnicos, e;
  • Fornecimento de subsídios para produtores que adotarem medidas preventivas.

O controle do greening é um desafio para a citricultura mundial. Além das ações realizadas pelos órgãos oficiais de defesa sanitária, os produtores também devem contribuir para o controle da doença, adotando o manejo recomendado e incluindo o engenheiro agrônomo responsável pela propriedade.

Para isso, é importante que os produtores plantem e renovem os pomares com planejamento, considerando a escolha de mudas sadias produzidas em viveiros protegidos. 

É necessário, também, que o produtor inspecione os pomares frequentemente, para identificar plantas com sintomas da doença, como folhas amareladas, frutos deformados e queda prematura das folhas. Essas plantas devem ser eliminadas o mais rápido possível, para evitar a disseminação da doença. A adoção dessas medidas é essencial para o controle do greening e a preservação da citricultura.

Vale ressaltar que profissionais também são responsabilizados e podem ser até desabilitados caso desrespeitem a legislação vigente no estado de Minas Gerais ou tenham atuação duvidosa por meio de ações não respaldadas e não autorizadas pelo IMA. Em Belo Vale, o IMA já desabilitou um profissional devido à verificação de inúmeras inconformidades realizadas. Esta foi uma medida de segurança frente ao risco sanitário iminente.  

O IMA está comprometido em combater o greening e proteger a citricultura mineira. Nos casos de suspeita da doença, o produtor deve comunicar ao IMA o mais rápido possível. No site www.ima.mg.gov.br é possível ter acesso aos contatos de todas as nossas unidades espalhadas no estado.

Igor Torres
Assessoria de Comunicação Social
(31) 3915-8705
Instituto Mineiro de Agropecuária

IMA está comprometido em combater o greening e proteger a citricultura de Belo Vale e mineira

Em resposta ao artigo publicado em 3 de setembro de 2023 pelo Correio de Minas, intitulado “Tangerina Ponkan: do apogeu ao declínio da citricultura em Belo Vale; cidade foi uma das maiores produtoras de MG“, o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), autarquia vinculada à Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), afirma que vem tomando todas as medidas necessárias para combater o greening em Minas Gerais e nas principais regiões produtoras de citros do estado.

Em Belo Vale, o IMA já distribuiu cerca de 98 mil armadilhas adesivas para atrair os insetos transmissores da doença. Além disso, foram treinados cerca de 200 “pragueiros”, que são responsáveis por identificar os insetos a olho nu ou com lupa.

O IMA também vem realizando os levantamentos fitossanitários para a detecção do greening em municípios que não possuem a doença, além de executar a fiscalização sobre as vistorias trimestrais feitas pelos responsáveis técnicos dos pomares de citros. 

Lembrando que, em 2017, Minas Gerais lançou, no município de Belo Vale, o Programa Mineiro de Controle do Greening, que visa alertar e dar suporte aos produtores de citros para o combate e manejo correto da praga no estado. 

Além disso, em cumprimento às exigências do governo federal, o IMA, em parceria com a Epamig e a Emater-MG, vem realizando ações de mobilização e orientação dos produtores, como:

  • Campanhas de conscientização sobre a doença e as medidas preventivas que os produtores rurais devem adotar;
  • Oferta de cursos de treinamento para produtores e técnicos, e;
  • Fornecimento de subsídios para produtores que adotarem medidas preventivas.

O controle do greening é um desafio para a citricultura mundial. Além das ações realizadas pelos órgãos oficiais de defesa sanitária, os produtores também devem contribuir para o controle da doença, adotando o manejo recomendado e incluindo o engenheiro agrônomo responsável pela propriedade.

Para isso, é importante que os produtores plantem e renovem os pomares com planejamento, considerando a escolha de mudas sadias produzidas em viveiros protegidos. 

É necessário, também, que o produtor inspecione os pomares frequentemente, para identificar plantas com sintomas da doença, como folhas amareladas, frutos deformados e queda prematura das folhas. Essas plantas devem ser eliminadas o mais rápido possível, para evitar a disseminação da doença. A adoção dessas medidas é essencial para o controle do greening e a preservação da citricultura.

Vale ressaltar que profissionais também são responsabilizados e podem ser até desabilitados caso desrespeitem a legislação vigente no estado de Minas Gerais ou tenham atuação duvidosa por meio de ações não respaldadas e não autorizadas pelo IMA. Em Belo Vale, o IMA já desabilitou um profissional devido à verificação de inúmeras inconformidades realizadas. Esta foi uma medida de segurança frente ao risco sanitário iminente.  

O IMA está comprometido em combater o greening e proteger a citricultura mineira. Nos casos de suspeita da doença, o produtor deve comunicar ao IMA o mais rápido possível. No site www.ima.mg.gov.br é possível ter acesso aos contatos de todas as nossas unidades espalhadas no estado.

Igor Torres
Assessoria de Comunicação Social
(31) 3915-8705
Instituto Mineiro de Agropecuária

Belo Vale: produção baixa e avanço de doenças marcam fim da Tangerina Ponkan

Belo Vale foi o maior produtor de tangerina ponkan do estado de Minas Gerais sendo que esta cultura e o negócio gerou importância e impacto na socioeconomia local. A partir do ano passado, e agora mais acentuadamente, com a queda na produção de frutos e o avanço de contaminação com doença, constatamos o fim de um período de prosperidade.

Com cerca de dois milhões de plantas que ocupam 9% da área do município, a cadeia produtiva da ponkan gerou trabalho e renda para os produtores e trabalhadores rurais. Esta atividade econômica PRODUZIU, ao longo dos últimos 30 anos, muita riqueza para o município. Riqueza esta que foi bem distribuída e impulsionou o comércio e o desenvolvimento local.

Belo Vale se destacou pela grande produção e também pela boa qualidade das frutas, o que era reconhecido em todas as regiões do Brasil. Este destaque foi consequência exclusiva do trabalho e dedicação dos citricultores – produtores e trabalhadores.

A produção de mudas aqui mesmo, por viveiristas idôneos, responsáveis e experientes, possibilitou a seleção de material genético ao longo de mais de 30 anos com consequente obtenção de mudas/plantas com boa produtividade e grande rusticidade – adaptação ao ambiente. Com a crescente expansão da cultura na década de 1990 os viveiristas locais não conseguiram mais atender à demanda de mudas e foi iniciado a compra de mudas de outras regiões do estado. Estas mudas, muito precoces e produtivas inicialmente se mostraram menos rústicas e mais exigentes em tratos culturais e com vida útil menor. Também esta importação de mudas, sem o devido controle do órgão de fiscalização, foi responsável pela chegada da doença greening (através de mudas contaminadas). A partir da constatação oficial do greening no município de Belo Vale, em 2016 (um ano após constatação não oficial e dois anos após constatação não oficial no município de Bonfim) os viveiros de produção de mudas a céu aberto foram proibidos e as novas mudas passaram a vir então de outra região do estado.

Esta fatídica safra de 2022, tem apresentado uma dura realidade: o fim da cultura/produção de tangerina ponkan como atividade econômica. As causas desse declínio são basicamente o aumento de custo de produção e a crescente contaminação das planta com a doença greening.

Os custos de produção, para o adequado manejo do pomar com boa produtividade, está muito elevado e além da capacidade de investimento da maioria dos produtores. Alguns insumos usualmente aplicados na cultura tiveram aumento de até 200% o que fez com que grande parte dos produtores parassem de investir. Como consequência, os pomares ficaram sem a devida nutrição/adubação, sem o devido controle do mato (plantas espontâneas competidoras) e ainda sem o importante controle de pragas e doenças. Pomares com pouco ou nenhum investimento, em curto período (2 3 anos) tem a sua produtividade comprometida.

Há de se ressaltar que, com tamanha área produtiva, a cultura da tangerina (citricultura) se tornou quase que uma monocultura em Belo Vale com consequentes impactos ambientais de pragas e doenças (desequilíbrio) e crescente necessidade de utilização de defensivos, a maioria agroquímicos.

A contaminação de plantas e pomares com a  doença greening está muito avançada e muito acelerada. As plantas contaminadas ficam com a produção comprometida/reduzida e em pouco tempo definham, se tornando improdutivas. O manejo do greening é exigência legal e todos os pomares/produtores devem aplicar medidas para controle da doença e do psilideo (inseto transmissor). A prevenção da doença se dá com o monitoramento e controle eficiente e regionalizado do inseto vetor/transmissor através de aplicação de inseticidas químicos ou biológicos. Isso também com custos elevados e com baixa adesão de produtores. Como essa doença bacteriana não tem controle, as plantas contaminadas devem ser eliminadas para evitar novas contaminações. Apesar de ser exigência legal, a maioria das plantas contaminadas não tem sido eliminadas pelos produtores e o órgão responsável pela defesa sanitária vegetal não tem acompanhado essa questão básica aqui em Belo Vale. Dessa forma as fontes da doença e os vetores/transmissores tem um crescimento rápido e acentuado, com grande pressão da praga. Por isso o controle individual (pomar individualizado) não tem sido eficaz. Também o órgão de fiscalização responsável pela defesa sanitária vegetal não realiza sequer vistoria em pomares, transferindo a responsabilidade ao produtor. Os produtores promovem vistorias e geram relatórios, as suas expensas e sob pena de serem multados (como infratores), entregando as informações ao órgão de fiscalização. Estas informações, no entanto, não são aplicadas/transformadas em algum instrumento ou ação que agregue à defesa vegetal (prevenção, controle e erradicação).

Assim como em anos anteriores, a 8ª Festa da Mexerica de Belo Vale, não envolve os produtores. Promovida pela Prefeitura e com grandes atrações culturais de mega Shows, o evento nem sequer aborda a questão da mexerica ponkan, renegando a citricultura à própria “sorte”. Infelizmente.

Pequena produção e baixa qualidade dos frutos desta safra não atraiu os ávidos compradores de anos passados. Os produtores acompanham atônitos essa profunda mudança de cenário, vislumbrando o duvidoso futuro pós tangerina. Alguns produtores abandonaram os pomares, outros até já eliminaram, partindo para outra atividade produtiva.

Essa é uma questão que deve trazer profundas mudanças na socioeconomia de Belo Vale e que portanto de ser tratada, mesmo que tardiamente, com a importância e responsabilidade requerida.

Marcos Virgílio Ferreira de Rezende

Produção Integrada de Citros

Engenheiro agrônomo

Responsável Técnico

CREA-MG 64.493/D

Belo Vale colhe safra de mexerica em meio a duas pandemias; produção chega a 300 milhões de fruta

Belo Vale, conhecida como Terra da Mexerica, se destaca por ser o município com maior produção de tangerina ponkan do estado. Os pomares ocupam cerca de 10% da área do município, com aproximadamente 2 milhões de plantas. A atividade gera trabalho e renda para a grande maioria das famílias que estão de alguma forma envolvidas com a cultura.

Nesta ano  a vultuosa safra de mexerica /tangerina ponkan 2020 está sendo colhida  em meio a duas pandemias.   A pandemia mundial do Coronavírus, com todas as suas consequências danosas, tem, no entanto, ajudado a fortalecer a importância da agricultura que continua suprindo a sociedade com alimentos na quantidade demandada.  A citricultura – cultura das plantas do gênero Citrus, do qual fazem parte as mexericas, foi ainda mais valorizada devido as características nutricionais dos frutos que ajudam a aumentar a imunidade e fortalecer o organismo.

Planta de tangerina ponkan contaminada com greening em praça do Bairro
Santo Antônio.
Ao fundo pomar em início de produção.

Já a quarentena e as restrições à movimentação social, com as consequências econômicas, tem gerado preocupação principalmente pelas incertezas de mercado no decorrer da safra. A produção de Belo Vale é historicamente mais valorizada no final do período de safra, a partir de meados de julho quando diminui a oferta em outras regiões do estado e a caixa de 20 kilos de tangerina ponka, é vendida preços maiores, em torno de R$ 20,00. Com a incerteza deste ano, os citricultores tem optado por garantir a venda e o lucro o mais rápido possível. Acontece que em muitos casos, com preço de venda menor, o lucro/retorno financeiro acaba não sendo o esperado e o planejado.

A atividade da colheita, que é realizada toda manualmente, fruta por fruta, (cerca de 300 milhões de frutas) envolve grande contingente de trabalhadores que se deslocam diariamente pelos diversos pomares do município.  Alguns desses trabalhadores, como ‘panhadores’ e motoristas de caminhões, vem de outros estados e regiões do país. Para prevenir a contaminação com o coronavirus, as pessoas envolvidas devem tomar as medidas necessárias de distanciamento, higienização e uso de máscara.  Mais uma vez os produtores e trabalhadores rurais fazem papel importantíssimo para a sociedade, se arriscando para que os frutos produzidos sejam disponibilizados nas bancas do mercado, para serem consumidos nas mais diversas regiões do Brasil onde são comercializados.

Outra epidemia sanitária que ocorre de forma preocupante é a doença Greening que ataca as plantas de citrus. Por ser restrita às plantas, esta doença fitossanitária não causa contaminação, problemas ou danos diretos aos humanos.

A doença greening é causada pelas bactérias Candidatus Liberibacter spp que se desenvolvem nos vasos condutores do floema (similar às nossas veias) causando diminuição da produção de frutos até à morte da planta que ocorre entre 3 a 5 anos após a contaminação. A doença não tem cura e as plantas doentes devem ser eliminadas para evitar que contaminem outras plantas. A contaminação ocorre através do inseto vetor psilídeo  Diaphorina citri, uma pequena cigarrinha que mede de 2 a 3 mm de comprimento (tamanho de uma pulga).

A doença chegou em Belo Vale possivelmente através de mudas contaminadas que vieram de outra região do estado e atualmente se espalhou por todo o território. Atinge praticamente todos os cerca de mil pomares do município, desde os mais rudimentares até os mais tecnificados e àté plantas de ponkan da arborização urbana.

A tendência, que já vem sendo anunciada nesta safra, é a de queda abrupta na quantidade de plantas produtivas na maioria dos pomares. Aqueles mais tecnificados e com melhor controle da doença tendem a se manter produtivos por mais tempo, aproveitando o mercado que deve valorizar mais os frutos com a diminuição da oferta. Entretanto os custos de produção tendem a aumentar, diminuindo a margem de lucros.

Com ampla e crescente disseminação, a doença do greening pode ser considerada como uma pandemia Fitossanitária para Belo Vale, comprometendo a cultura da tangerina ponkan. Atividade que vem, há décadas, contribuindo fortemente para a economia do município. Nunca ouve na história de Belo Vale uma atividade econômica que gerasse tanta riqueza e que fosse tão bem distribuída.

A doença poderia ter sido melhor controlada ainda no seu início, de forma conjunta, principalmente com o controle rigoroso do inseto transmissor, a eliminação das plantas doentes e utilização de mudas sem a doença. Por fatores diversos, este controle para convivência com a doença, como acontece no estado de São Paulo, não foi possível em Belo Vale. O futuro da tangerina ponkan é incerto e vem causando preocupações aos envolvidos direta e indiretamente na atividade econômica.

É dentro desta (dura) realidade que reiteramos o reconhecimento e o respeito ao trabalho dos citricultores e também a importância da tangerina ponkan para a história de Belo Vale.

  • Marcos Virgílio Ferreira de Rezende
  • Engenheiro Agrônomo CREA-MG: 64.493/D
  • Produção Integrada de Citros – MAPA
  • Certificação Frutas – SEAPA
  • Rastreabilidade e recall – FRUTAG

FOTOS de Querlei Ferreira

Produção baixa e avanço de doença frustram produtores de tangerina Ponkan de Belo Vale

A fruta de tangerina ponkan  tem seu doce sabor ainda mais acentuado devido às condições climáticas da região de Belo Vale.

 

Belo Vale é o maior produtor de tangerina ponkan do estado com cerca de dois milhões de plantas que ocupam 9% da área do município.  Com tamanha expressão, a cultura e o negócio da tangerina ponkan tem grande importância e impacto na socioeconomia de Belo Vale, gerando trabalho e renda para os produtores e trabalhadores rurais e impulsionando o comércio. Nunca ouve na história de Belo Vale uma atividade econômica que gerasse tanta riqueza e que fosse tão bem distribuída.

No entanto, esta safra de 2019 tem mostrado uma realidade diferente dos últimos anos.

A produção de frutos sofreu uma queda acentuada e a contaminação com a doença Greening aumentou consideravelmente, deixando os produtores preocupados.

Grande Produção tradicional de Pokan contrasta com queda em 2019/REPRODUÇÃO

Os motivos para a baixa produção são basicamente dois: alternância de safra – característica da cultura da tangerina ponkan que produz muito em um ano/safra e pouco no ano/safra seguinte, e também condições climáticas desfavoráveis ainda na fase de florescimento, que ocorreu no final de 2018. Esta safra foi de cerca de 40 % de frutos da safra passada e em alguns pomares a produção foi ainda menor. 30% e até 20%.

Os produtores já estavam conscientes desta redução e se adequaram à triste realidade mas esperançosos em aumento do preço de venda. Com o desenvolvimento da colheita e a comercialização para todas as regiões do país, o aumento de preço realmente ocorreu mas longe de compensar a queda da produção. Restou aos produtores “segurar as pontas” e esperar pela safra de 2020.

Outra grande preocupação é a doença Greening, causada por bactéria e que é muito danosa aos pomares. As plantas infectadas ficam com a produção de frutos comprometida e tem que ser eliminadas/cortadas, mesmo estando em plena produção. Os frutos ficam deformados, secos e impróprios para comercialização. O Greening não tem cura e o controle se dá com eliminação do inseto vetor que transmite a doença de uma planta doente para a planta sã, similar à dengue.

O vetor transmissor da doença, psilideo Diaphorina citri  é uma pequena cigarrinha, do tamanho de uma pulga. Seu controle/combate deve ser realizado regionalmente, por todos os produtores vizinhos. Assim como na dengue, não basta que um produtor faça a sua parte se os seus vizinhos não fizerem. A única forma de combate a este inseto é com utilização de inseticidas (químicos ou biológico) que devem ser aplicados com adequada indicação e critério nos momentos/fases da cultura mais apropriados, principalmente nas brotações. Vendedores ambulantes de produtos agroquímicos se aproveitam desta condição.

Os produtores de tangerina ponkan de Belo Vale estão assustados com a rápida contaminação e disseminação da doença que já está presente em todas as regiões do município, sendo raro um pomar que ainda não tenha plantas contaminadas. Pomares abandonados são focos de doenças. O inseto vetor e a doença também se desenvolvem na planta ornamental murta, muito comum em Belo Vale. No estado de São Paulo os municípios até eliminam estas árvores da arborização urbana. Também em São Paulo, nos municípios citricultores, existem campanhas de conscientização e apoio ao produtores.

Em Campanha, município do sul de Minas também grande produtor de tangerina ponkan, aconteceu dias 14 e 15 deste mês o 5º Encontro Técnico de Citricultura, promovido pela EPAMIG e Prefeitura Municipal de Campanha, com apoio do Sindicato dos Produtores Rurais. Aconteceram palestras e Painel  sobre o Greening e seu controle com presença de técnicos da EPAMIG, EMATER, IMA, Ministério da Agricultura e Instituto Agronômico de Campinas. O evento teve grande participação de produtores de tangerina ponkan. Outros assuntos importantes como Rastreabilidade, tecnologias na aplicação de defensivos, práticas inovadoras, nutrição/adubação também foram tratados. O evento contou também com uma feira de tecnologia e produtos e visitas técnicas a pomares.

Produção de ponkan em Belo Vale incre,menta economia, mas doença ameaça plantio

Em Belo Vale o produtor de tangerina ponkan não tem algum apoio institucional e muitas vezes não tem informações básicas essenciais sobre a doença do Greening e seu controle. A festa da Mexerica que aconteceu no início de agosto em Belo Vale, não envolveu produtores e não levantou estas questões importantíssimas para debates e ações. Desamparados, produtores se sentem desprezados e frustrados.

Além destes “problemas” existem ainda outros desafios para a sustentabilidade da cultura da tangerina ponkan em Belo Vale como:

  • Grande oferta de frutos em época concentrada de auge da colheita com redução de preço – não há beneficiamento industrial das frutas na região para absorver excessos de oferta.
  • Necessidade crescente de uso de produtos agroquímicos para proteção de pragas e doenças – aumento no custo de produção e riscos de contaminação e intoxicação.
  • Resistencia de pragas como o ácaro da falsa ferrugem que deprecia os frutos para o mercado.
  • Necessidade de adequação às leis e exigências trabalhistas – fiscalizações do Ministério do Trabalho tem sido cada vez mais frequentes.

Dentro dessa realidade, e com o nosso reconhecimento, é que os citricultores de Belo Vale  vem produzindo os atrativos e saborosos frutos de tangerina ponkan que são destaques em todo o país.

Marcos Virgílio Ferreira de Rezende

Engenheiro agrônomo

 

Caminhão de mexerica tomba em estrada rural

Caminhão de mexerica tomba em estrada rural/Foto Mega Notícias

Um caminhão carregado de mexerica ponkan tombou ontem sentido Belo Vale/Moeda, mais conhecido no Morro das Pedras. O veículo seguia sentido Ceasa, no qual abasteceria diversas regiões de Minas.

Segundo informações o problema teria sido mecânico. O caminhão estava com 800 caixas de mexerica e não houve feridos. Por sorte o dono não perdeu a carga, pois outro caminhão ajudou no recolhimento e transporte dos produtos.

Essa estrada é uma rota muito usada por caminhoneiros rumo a Ceasa, e Belo Vale é a maior produtora de mexerica ponkan de Minas Gerais, com uma produção este ano estimada de 80 mil toneladas, ou 4 milhões de caixas de ponkan.

Belo Vale: cidade inicia a maior produção em mexerica ponkan de Minas com previsão de colheita de 350 milhões de frutos; produção deve gerar R$ 60 milhões a economia local; doença é o maior desafio da cultura

Morar passar por Belo Vale entre os meses de maio e setembro é se deslumbrar com a coloração verde e amarela que toma conta de todo o município que tem área de 365 Km2. De qualquer lugar, olhando no entorno se vê os pomares de tangerina ponkan com os frutos maduros ou em maturação – contraste das cores verde e amarela/laranja

E ainda se deliciar consumindo a fruta de tangeria ponkan ou mexerica ponkan ou apenas ponkan, como pode ser denominado este fruto de aroma e sabor marcantes, além de ótimas para a saúde.

A casca é retirada com as mãos e os gomos se separam naturalmente, facilitando o consumo/degustação. A fruta, com caldo doce e pouco ácido, tem seu sabor ainda mais acentuado devido às condições climáticas da região de Belo Vale.

Do gênero Citrus, a tangerina é originária da Ásia (Índia e china) e chegou ao Brasil trazida pelos portugueses, no século XVI. Atualmente é produzida em todo o país e no território mineiro, principalmente nas regiões Central, Zona da Mata e Sul de Minas. Belo Vale se destaca como o município de maior produção do estado tendo produzido oficialmente 45 mil toneladas de frutos no ano de 2016.

Principais municípios produtores de tangerina ponkan em MG – Fonte: IBGE/PAM – 2016

Município Regiões Produção (mil t) % em MG
Belo Vale Central 45,0 21,3
Campanha Sul de Minas 24,3 11,5
Brumadinho Central 18,5 8,6
Piedade dos Gerais Central 18,2 7,1
Tocantins Zona da Mata 15,0 4,8
Total                                                                    

                        121,0

                                                         

             53,3

De laranja a tangerina

A cultura da tangerina ponkan teve início em Belo Vale pelos anos de 1957 quando o então produtor e comerciante de laranja Francisco Oliveira (Bidi) ganhou alguns galhos da planta de ponkan (ainda desconhecida). Aquelas galhas com borbulhas teriam sido doadas por alguém da Secretaria de Agricultura de Minas Gerais e teriam vindo de Barbacena. A promessa era de que produziria frutos muito grandes e bonitos. Bidi e seu filho Chiquinho enxertaram as borbulhas e, com sucesso, produziram cerca de 100 mudas de tangerina ponkan. Essas mudas foram plantadas em Roças Novas e a produção dos frutos, cerca de 5 anos depois, foi um grande atrativo. Então Bidi e seus filhos começaram a fazer mudas a partir daquelas 100 primeiras plantas matrizes e vende-las na região. No ano de 1965 foi realizada a primeira comercialização em Belo Horizonte, com os frutos a granel. Realmente os frutos eram grandes e atrativos visualmente mas com pouco suco o que fez com que não tivesse boa aceitação. No ano de 1966 Bidi comercializou as frutas em Congonhas, durante o Jubileu. No final dos anos 60 e durante a década 1970 a produção de ponkan era pouco expressiva e pouco atrativa financeiramente ainda mais porque a produção e comércio de laranja estava em plena expansão e o mercado era garantido e seguro em Belo Horizonte – Mercado Central e Mercado Novo. No início dos anos 80 alguns produtores ousados iniciaram a produção comercial de tangerina ponkan. Nesta época os frutos já apresentavam melhor qualidade e aceitação. Em meados da década de 80, com a entrada da laranja de São Paulo em Belo Horizonte (CEASA) a concorrência ficou desleal, diminuindo o preço e a cultura de laranja começou a decair em Belo Vale. A plantação de tangerina foi tomando o lugar da laranja.

DESENVOLVIMENTO

A cultura da ponkan se adaptou bem ao nosso clima, os produtores aprenderam o cultivo e a atividade se mostrou rentável e atraiu novos produtores. Alguns em escala maior, principalmente na região de Roças Novas. Paralelamente, na mesma época, no município vizinho de Brumadinho a produção de tangerina ponkan também se consolidou e expandiu. Os frutos eram comercializados na CEASA e havia boa venda garantida para todos.

O ano de 1994 foi o apogeu da tangerina ponkan, quando uma caixa de frutos chegou a ser vendida pelo valor equivalente hoje a cem reais, o que causou grande euforia e ganhos financeiros.   A partir de 1995 teve início a “corrida da ponkan

Belo Vale é a maior produtora de ponkan de Minas

”.

Rapidamente os produtores rurais de Belo Vale foram iniciando seu pomares, de forma alternativa às atividades agropecuárias existentes e, alguns mais ousados, de forma definitiva e exclusiva.

A atividade foi se mostrando rentável e segura, atraindo mais e mais produtores que formavam novos pomares. Agora também nos municípios vizinhos – Piedade dos Gerais e Bonfim, além de Brumadinho. Foi aperfeiçoada também a técnica de produção de mudas em viveiros, enxertadas com as borbulhas retiradas de plantas com alta produção e boa qualidade de frutos. Este melhoramento genético, que possibilitou plantas resistentes, de grande produção e frutos de qualidade foi o sucesso do negócio. Com qualidade superior, os frutos ofertados atendiam a exigência do consumidor final.

Também a resistência da planta de tangerina ponkan a doenças como o CVC e cancro cítrico (bactérias) e pinta-preta (fungo) foi importante para manter a alta produção sem impactar os custos. Também possibilitou a manutenção de viveiros para produção de mudas.

NOVOS MERCADOS

No início dos anos 2.000, com a produção em grande escala e em constante crescimento, o mercado de Belo Horizonte já não mais absorvia as frutas produzidas em Belo Vale e região, incluindo Brumadinho. O preço despencou e alguns pomares ficaram até abandonados.

Mas rapidamente se abriram novos mercados, principalmente Rio de Janeiro e Espírito Santo. Logo em seguida os frutos já eram comercializados para a região nordeste. Não havia mais fronteiras para a tangerina ponkan e a cultura foi então crescendo ainda mais e a partir de 2010 de forma exponencial.

PRODUÇÃO ATUAL

Com emprego de tecnologias e tratos culturais adequados as plantas atingem alta produção e não é raro encontrar um “pé de mexerica formado” (a partir de 12 anos de idade) que produza 6, 12 e até 18 caixas de 20 kg (1.200 frutos).

Dados de campo, extraoficiais, indicam que Belo Vale tem hoje aproximadamente 4 mil hectares de área plantada (9% da área do município) com 2 milhões de plantas/pés de mexerica. Estima-se que a produção de frutos seja de cerca de 100 mil toneladas ou 5 milhões de caixas. Isto equivale a 350 milhões de frutos para a safra de 2018. Para tanto, o mercado foi ainda mais ampliando, sendo que atualmente são vendidos frutos para todas as regiões do país. Com a venda destas frutas deve “entrar” em Belo Vale cerca de R$ 60 milhões.

Produção de mexerica será a maior da história de Belo Vale

Com tamanha expressão, a cultura e o negócio da tangerina ponkan tem grande importância e impacto na socioeconomia de Belo Vale e região, gerando trabalho e renda para os produtores e trabalhadores rurais e movimentando comércio regional. Nunca ouve na história de Belo Vale uma atividade econômica que gerasse tanta riqueza e que fosse tão bem distribuída.

DESAFIOS

Com a tendência de aumento da produção, alguns desafios são colocados para manter a atividade de forma sustentável economicamente, socialmente e ambientalmente.

Destacam-se os seguintes desafios:

– Grande oferta de frutos em época concentrada de auge da colheita com redução de preço – não há beneficiamento industrial das frutas na região para absorver excessos de oferta.

– Disponibilidade limitada de mão de obra qualificada, principalmente na colheita que é toda manual – a vinda de famílias da região nordeste do Brasil e Norte de Minas tem causado impactos sociais.

– Necessidade crescente de uso de produtos agroquímicos para proteção de pragas e doenças – aumento no custo de produção e riscos de contaminação e intoxicação.

– Resistência depragas como o ácaro da falsa ferrugem que deprecia os frutos para o mercado.

– Ocorrência da doença Greening (bactéria) que é o maior problema da citricultura e tem causado sérios prejuízos nas grandes regiões produtoras de laranja no mundo – Flórida (Estados Unidos) e São Paulo. Esta doença tem alto poder de contaminação e “destrói” a planta de tangerina em pouco tempo – 3 a 4 anos. A contaminação e feita por um pequeno inseto que transmite a bactéria de plantas doentes para outras plantas podendo acontecer dentro dos pomares e também de um pomar para outro. As plantas infectadas não produzem mais frutos de qualidade e devem ser eliminadas o mais rápido possível para evitar novas contaminações. O controle do inseto transmissor é, essencialmente, com aplicação de inseticidas Esta nova doença aumenta os custos de produção e requer ainda mais atenção e esforço por parte dos produtores para evitar que se torne uma epidemia.

Dentro dessas perspectivas, e com o nosso reconhecimento, é que os citricultores de Belo Vale e região vem produzindo os atrativos e saborosos frutos de tangerina ponkan que são destaques em todo o país.

Autor:

  • Marcos Virgílio Ferreira de Rezende- Engenheiro agrônomo
  • Colaboraram os citricultores Jorge do Carmo (da Durica), Isaias Oliveira (do Bidí), Venceslau Oliveira (Lauzinho do Isaías) e Ademar Almeida (do Zé Flávio).

 

 

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