Os desafios de uma aluna trans no sistema educacional

Ana Clara é estudante de Estética no Senac em Minas e explica como é ser uma mulher trans em uma sala de aula

De acordo com um levantamento feito pela Agência Pública, por meio da Lei de Acesso à Informação, em 2021 havia 1.737 estudantes trans e travestis que adotaram o nome social no ensino básico, sendo 1.044 menores de idade. Além disso, segundo um estudo realizado pelo Núcleo Investigativo da CNN, esse número cresceu 300% na última década. Entre 2012 e 2021, na rede pública, mais de 15 mil alunos registraram o nome social, demonstrando que, apesar do processo lento, as pessoas trans estão cada vez mais se identificando pelo nome pelo qual desejam ser reconhecidas.

Esse é o caso de Ana Clara Soares de Oliveira, estudante do curso de Técnico em Estética no Senac em Conselheiro Lafaiete. Ana sempre soube que era uma mulher transexual, mas foi somente aos 19 anos que se assumiu oficialmente para sua família e, aos 21, para as pessoas próximas. Desde então, ela busca seus direitos como mulher.

“No Senac, , sempre fui tratada corretamente. No  início do curso, eu não tinha minha documentação regularizada, mas mesmo assim era tratada pelo meu nome social, inclusive durante as chamadas”, comenta Ana.

No entanto, a realidade de Ana não é a mesma para todas as pessoas trans. De acordo com dados do Projeto Além do Arco-Íris, do AfroReggae, 72% delas não possuem o Ensino Médio e 56% não concluíram o Ensino Fundamental. E também não se pode ignorar que, de acordo com a Associação Nacional de Travestis e Transexuais – Antra, o Brasil é um dos países que mais mata pessoas transexuais. Portanto, contar com a inclusão delas nos estudos é uma vitória.

Corpos trans importam

Segundo Ana Clara, um dos principais desafios de ser aluna trans é a falta de comunicação. “Nossos corpos não são mencionados com a devida importância, o que atrapalhou muito o meu processo de desenvolvimento pessoal. Já me senti muito deslocada e sozinha devido à falta de informação”, relembra a jovem.

Dentro do ambiente educacional, Ana sempre sentiu falta de corpos trans serem abordados durante as aulas de anatomia. Para ela, é necessário mais do que apenas campanhas de diversidade durante o Mês do Orgulho. “Existem mulheres trans operadas, não operadas que se sentem confortáveis com seus corpos, e aquelas que não se sentem confortáveis. Homens trans enfrentam situações semelhantes. Todos precisam ser representados”, afirma.

No mercado de trabalho, ser mulher trans também é desafiador. “Sinto constantemente que preciso provar o tempo todo que sou eficiente. Sou mais julgada do que as outras mulheres, então tenho que oferecer um atendimento de qualidade superior”, reflete.

Desistir não é uma escolha

Apesar de ser difícil, para Ana Clara, desistir não é uma opção. Mesmo sendo tímida, ela está sempre disponível para tirar dúvidas e compartilhar sua história, pois, como ela mesma evidencia “a informação é necessária”.

“Acredito que seja possível melhorar a educação sobre identidade de gênero nas escolas. Isso pode ser feito por meio da divulgação, mostrando os profissionais e alunos LGBTQIAPN+, demonstrando que eles existem e estão cada vez mais presentes, e devem ser tratados igualmente no ambiente profissional. Campanhas, palestras e eventos que promovam e apoiem a comunidade são importantes”, pontua.

Assassinato de mulher trans em Caeté revolta amigos e família: ‘muito querida’

Moradores do bairro Emboabas, aqui em Caeté, na Grande BH, estão indignados e tentam entender agora o que motivou o assassinato da mulher trans Kelly Keyze Rosa da Silva de 32 anos, morta nesta madrugada com 11 tiros enquanto bebia e dançava com o irmão dela durante a inauguração do bar de uma amiga.

Kelly era mais conhecida na região pelo apelido Pepê e os moradores disseram que Kelly era uma pessoa muito querida e  engajada politicamente.

Ela buscava ajudar as pessoas do bairro. Ela cobrava das autoridades melhorias no transporte público, iluminação, saneamento básico, estrutura adequada para os moradores da região. 

Ela, inclusive, estava muito feliz porque conseguiu recentemente fazer a troca do nome e gênero em sua documentação.

Como a Itatiaia vem informando, o crime aconteceu por volta da meia noite de hoje. Segundo a Polícia Militar, seis homens saíram de um matagal em frente ao bar. Um deles, de 19 anos, estava armado e atirou várias vezes contra Kelly Keyze.

 Os tiros acertaram as costas, o pescoço, o peito, as nádegas e os braços da vítima.  Todos os suspeitos fugiram em seguida e ainda não foram encontrados. A motivação é um mistério. 

A dona do bar acredita que a amiga era o único alvo dos criminosos, pois ninguém mais ficou ferido e o suspeito de 19 anos ainda teria atirado mais vezes contra Kelly depois que ela caiu no passeio, do lado de fora do bar.

Em nota, a Polícia Civil disse que assim que foi acionada “deslocou perícia criminal ao local dos fatos para identificar e coletar vestígios que possam colaborar na investigação”. Além disso, destacou que  “um Investigador de Polícia também compareceu para realizar os primeiros levantamentos”. 

“Até o momento, ninguém foi preso. A autoria, motivação e dinâmica do crime serão investigadas pela Delegacia de Polícia Civil do município”, concluiu a instituição. 

Mulher trans é assassinada com 11 tiros

Uma mulher trans foi  assassinada com 11 tiros, na madrugada deste domingo (17/4), no bairro Emboabas, em Caeté, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.

A vítima foi identificada como Kelly Keyze Rosa da Silva, de 32 anos. Ela estava em um bar ao lado do irmão, tomando cerveja, quando foi surpreendida por seis pessoas que surgiram de uma mata em frente ao bar. 

Entre essas pessoas, estava um rapaz de 19 anos, armado, que atirou nas costas, no pescoço, no peito, nas nádegas e nos braços da vítima. 
Os suspeitos ainda não foram encontrados pela polícia. 

Familiares da mulher trans e as pessoas que estavam no bar não sabem a motivação do crime. (Itatiaia).

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