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Garimpando – Mais Uma Rua de Alma Encantadora 13

 

GARIMPANDO

NO ARQUIVO “JAIR NORONHA”

      Avelina Maria Noronha de Almeida

                                                                               [email protected]

 

MAIS UMA RUA DE ALMA ENCANTADORA – 13

 

“Dona Mariana possuía muitas galinhas, criando-as soltas em todo o capinzal que ia até a capela de Santo Antônio. À tarde, ela enchia de milho o grande bolso do avental e, da frente do armazém, chamava as galinhas que surgiam de toda parte.”

 

Como já vimos, no princípio a Rua Coronel João Gomes era chamada de Chapada, mas, antes ainda, referiam-se a ela como o “Caminho da Varginha” porque, passando por ali, chegava-se à Estalagem da Varginha do Lourenço, mais ou menos no meio do caminho para Ouro Branco, fazendo parte da Estrada Real que ia até Villa Rica, então capital da Província, sendo assim passagem obrigatória para quem fosse para a capital ou dela viesse. Também fazia parte do acesso para grande parte da região rural em volta da cidade.

            “O comércio local era dos melhores. Na esquina com a rua dos Barrancos, atual Barão de Suassuí, ficava o armazém do italiano Adriano Badini. Ele trabalhava com a ajuda de sua esposa, Dona Mariana, e de seu neto Antônio. Dona Mariana possuía muitas galinhas, criando-as soltas em todo o capinzal que ia até a capela de Santo Antônio. À tarde, ela enchia de milho o grande bolso do avental e, da frente do armazém, chamava as galinhas que surgiam de toda parte. O armazém do Adriano era o ponto predileto do Calixto, um preto velho, pequeno, talvez a figura mais popular daquela época.”

            Lendo essa descrição que o nosso grande historiador fez, tive pena de não ser pintora para fazer uma tela retratando o capinzal que ia até a capela do Santo Antônio. Imaginei o sol já caminhando para o horizonte e sua luz crepuscular dando um toque de doçura à cena, o comerciante italiano à porta de seu comércio conversando com freguês, D. Mariana, com um lenço na cabeça, saia rodada, tirando o milho do bolso do avental, que imaginei branquinho, e chamando as galinhas, que vinham correndo afobadas para chegar perto de D. Mariana. Uma cena muito bucólica…

Ainda citando Perdigão: “Faiscadores, tropas de burros, carros de bois transportando mercadorias diversas, num vaivém constante, ligavam os dois centros que se desenvolviam. […] No começo do século XX, a Cia. Morro da Mina estava em franca exploração do comércio. Corria bastante dinheiro nessa época.” E a Rua Coronel João Gomes fazia parte desse crescimento econômico.

Conheci, lá em baixo, no final da então Chapada, a Padaria “Flor de Queluz”, porém, como se pode ver no anúncio abaixo, ela também funcionou no princípio da Rua Coronel João Gomes.

Padaria flor de Queluz

No sortido armarinho dos sírios D. Cecília e seu marido João eram vendidos tecidos, linhas, rendas… Na loja de “Seu Bidula” havia brinquedos, presentes, miudezas diversas, uma infinidade de coisas. O Zé do Brás vendia fubá, feijão, legumes e muita coisa mais. O Antônio Figueiroa tinha sempre queijos, doces, rapaduras e outros produtos comestíveis vindos da roça. Lembro-me ainda do açougue do “Seu” Osório Amâncio, um senhor muito afável, que também tocava na banda de música.

(Continua)

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