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Laudo confirma que Lafaiete tem imagem ligada aos maiores mestres do barroco brasileiro

Imagem de sacra de Santana Mestra, integrante do acervo da Igreja de Nossa Senhora da Conceição de Gagé, é de autoria Mestre Piranga e por falta de segurança está guardada em Mariana

Imagem Sant´Ana Mestra e Maria Menina é atribuída a mestre Piranga que está guardada em Mariana, cuja escultura data 1760 a 1780/Divulgação

Lafaiete recupera e resgata parte de sua história ainda desconhecida entre os séculos XVIII e XIX. A memória da cidade está ligada ao barroco, estilo e movimento artístico que consagraram inúmeros escultores, entre os quais dois expoentes brasileiros, Aleijadinho e Mestre Piranga.

O primeiro é conhecido pela sua obra máxima do conjunto arquitetônico do Bom Jesus de Matozinhos, em Congonhas. Já o Mestre Piranga foi responsável, em 1781, pela confecção do retábulo do altar-mor do Santuário de Bom Jesus de Matosinhos, em Santo Antônio de Pirapetinga, vulgo Bacalhau, distrito de Piranga.

Eis que quase 250 anos depois, o Instituto Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, em laudo de atribuição de autoria elaborado em 19 de dezembro de 2017, apurou que a imagem sacra de Santana Mestra, integrante do acervo da Igreja de Nossa Senhora da Conceição de Gagé, situada na zona rural de Conselheiro Lafaiete, é de autoria do renomado escultor contemporâneo a Aleijadinho conhecido como Mestre Piranga.

A Igreja de Nossa Senhora da Conceição de Gagé, datada do séc. XVIII, foi restaurada pela Gerdau Açominas em razão de termo de ajustamento de conduta firmado com a 5ª Promotoria de Justiça de Conselheiro Lafaiete nos autos do Inquérito Civil n.º 0183.04.000070-9. A restauração englobou, também, as peças sacras que guarneciam o templo, as quais, devido ao grande valor cultural e à falta de segurança na localidade onde a igreja se situa, foram encaminhadas ao Museu Arquidiocesano de Arte Sacra de Mariana.

Não obstante o valor cultural da imagem, não se sabia qual artesão a esculpiu, motivo pelo qual foi solicitado ao IPHAN um parecer de atribuição de autoria, o qual finalmente concluiu que o autor da peça é Mestre Piranga.  O laudo é assinado por Olinto Rodrigues dos Santos Filhos.

Outras peças

Pelo menos outras 7 peças das Igreja de Passagem de Gagé ainda estão em estudo para “parecer de atribuição” que visa a identificar qual artista confeccionou as imagens barrocas, todas guardadas no Museu de Artes Sacras de Arquidiocese de Mariana.

Há 15 anos o Ministério Público assinou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com a Gerdau Açominas que entre as obrigações estavam a reforma da Igreja de Passagem de Gagé, como também a restauração das imagens barrocas. Por total falta de segurança na Igreja de Gagé as peças estão em Mariana.

Um estudo dos elementos artísticos das 8 imagens, elaborado pela FAOP (Fundação de Artes de Ouro Preto), já levantava dúvidas sobre a autoria identificado características similares às obras de Aleijadinho e Mestre Piranga. O estudo solicitado pelo Ministério Público está em fase de orçamento pela secretaria municipal de cultura.

A história

Antonio Francisco Lisboa, o Aleijadinho emparelha-se com outro igualmente expressivo de Mestre Piranga, misterioso escultor de Minas Gerais. Os dois são os maiores nomes do barroco brasileiro. E quem foi Mestre Piranga? Ninguém sabe. Enigmático – O escultor barroco Mestre de Piranga, que viveu no século 18 em Minas Gerais, na região próxima a Ouro Preto, é talvez o mais desconhecido e enigmático dos artistas do período. Ninguém conhece sua identidade. Sabe-se apenas que ele trabalhava com o mesmo sistema do Aleijadinho, com um ateliê e aprendizes, que o ajudavam em sua extensa obra. Tanto Aleijadinho quanto Mestre Piranga “delegavam” aos seus seguidores trabalhos e encampavam muitas obras na Minas daquela época. O nome Piranga foi adotado para o mestre-escultor porque sua base de operações foi em Piranga.

Os historiadores supõem que manteve intenso diálogo com os artistas de sua época, como Antonio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, e o pintor Mestre Athayde – todos tinham ateliês e equipes de trabalho numa mesma região. Isso é demonstrado, por exemplo, na feitura do edifício e da decoração da Igreja de Bom Jesus de Matosinhos, na zona rural de Piranga, uns 10 quilômetros de distância da cidade.

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