A restauração dos elementos artísticos integrados da Basílica do Senhor Bom Jesus de Matosinhos está próxima de ser concluída. Aquele templo católico, que compõe o Santuário do Senhor Bom Jesus de Matosinhos (principal conjunto artístico, arquitetônico e histórico de Congonhas), será aberto novamente após o término das obras complementares, que devem ser concluídas em julho deste ano. Este trabalho, realizado com recursos do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) por meio do PAC Cidades Históricas, executado pela Prefeitura e que conta com a participação efetiva da Igreja, garante a preservação do monumento do século 18, reconhecido como Patrimônio Mundial pela UNESCO desde 1985. O serviço foi iniciado em novembro de 2015. Paralelamente, a Reitoria da Basílica aproveita a reta final de obras no interior da igreja para realizar a pintura externa com recursos próprios.
A obra de restauração dos elementos integrados da Basílica começou pela capela-mor com o desmonte de todo o forro, passando pela cimalha. Foi encontrada uma pintura nova no fundo do camarim do retábulo do altar-mor, onde fica o Bom Jesus Crucificado. As laterais da imagem foram removidas, deixando transparecer a pintura monocromática, em tom azul, com elementos da Paixão de Cristo. Após muitas discussões com o Iphan e a comunidade, ficou definido que esta paisagem do fundo, que é possivelmente do início do Século 20, será mantida, protegendo a pintura antiga que está atrás. Também na capela-mor os painéis estão todos prontos, após a remoção do verniz brilhante, de repinturas e a aplicação de um verniz mais delicado, melhorando a leitura dos quadros.
A obra passou ainda pelos corredores laterais, sacristia e se dedica, atualmente, à nave e a conclusão dos dois púlpitos este mês, onde também foram encontradas expressivas pinturas com motivos florais e marmorizados.
A restauração segue igualmente no forro do átrio, na entrada. “O que se via até então era uma pintura de molde simples contornando os painéis antigos, mas o original tem a ver com o restante da igreja, de estilo rococó, e vamos chegar nela também”, explica a restauradora e sócia do Grupo Oficina de Restauro LTDA , Rosangela Reis Costa.
O encontro de novos elementos artísticos e a necessidade de obras estruturais, como o reforço do apoio do piso do fundo atrás do retábulo-mor e nos dois forros, levou a prorrogação do contrato entre a empresa restauradora e a Prefeitura até julho deste ano.
Participação da Igreja
A recuperação das imagens e relicários, também feita por esta empresa, está sendo custeada com recursos da Basílica do Senhor Bom Jesus de Matosinhos. A descupinização e a limpeza estão prontas. Já a restauração deles está em andamento. Também com dinheiro da Igreja a imagem do Bom Jesus crucificado (que chegou de Portugal em 1724), localizado no altar-mor, já foi restaurada. A imagem do Senhor Morto recebeu uma atuação preventiva de urgência, em uma ação voluntária da empresa de restauro.
Segundo Rosangela Reis Costa, “esta é a restauração mais completa pela qual a Basílica já passou. Ela é totalmente encoberta de elementos artísticos e já havia passado por restaurações e renovações pontuais a vida toda, principalmente porque é muito visitada e de forma mais intensa no período do Jubileu. Mas esta ação é a que fez o trabalho mais completo, permitindo uma leitura do conjunto e a retomada mais próxima do projeto original. Tem alterações que já fazem parte da historia e, por isso, estamos as respeitando. Essa igreja, apesar de não ser grande, é maravilhosa e mais decorada do que a dimensão permitiria. É de um bom gosto extraordinário, com seu estilo rococó. Possui obras de artistas importantes. Considero que esta restauração corresponde à qualidade da igreja e tenho retornos que me deixam satisfeita, como do próprio Padre Rocha [Pe. Benedito Pinto da Rocha, Reitor Emérito da Basílica], do Iphan, da Prefeitura, de outros representantes legais e da comunidade. Importante ressaltar ainda que a equipe da Prefeitura também é muita ativa, o que permitiu a recuperação e conservação do patrimônio histórico de Congonhas até agora”.
A equipe técnica destinada para o PAC Cidades Históricas em Congonhas pelo Governo Municipal desenvolve trabalhos há mais de quatro anos, que vão da apresentação das propostas aos ministérios da Cultura, através do IPHAN, e do Planejamento até a execução das obras. Como resultado, Congonhas conseguiu aprovar todos os projetos e seis obras, sendo três já finalizadas, duas em andamento e outra que será iniciada em breve.
Obras complementares
O Governo Municipal, por intermédio da Fundação Municipal de Cultura, Lazer e Turismo de Congonhas (FUMCULT) e as secretarias de Planejamento e de Obras, conseguiu formalizar uma parceria com o Ministério Público Federal para destinação de uma verba no valor de R$ 1 milhão para obras de conservação do Santuário do Senhor Bom Jesus de Matosinhos. Este valor é referente a uma medida compensatória que será cumprida pela empresa Anglogold Ashanti Corrego do Sítio Mineração S/A, sediada em Nova Lima.
Segundo o documento emitido pelo Ministério Público Federal, este recurso será aplicado no custeio do projeto de intervenções e execução da obra de restauração do telhado da Basílica do Senhor Bom Jesus de Matosinhos e no projeto de intervenção e execução de serviços de desinfestação e imunização das 64 esculturas de madeira que compõem as cenas dos Passos da Paixão de Cristo (Ceia do Horto, Prisão, Flagelação e Coroação de Espinhos, Subida ao Calvário, Crucificação), dispostas nas seis capelas do Santuário.
PAC Cidades Históricas em Congonhas
A restauração dos elementos artísticos integrados da Basílica do Senhor Bom Jesus de Matosinhos é uma das dez ações do PAC Cidades Históricas selecionadas para Congonhas. Na própria Basílica, o Iphan se comprometeu a requalificar o adro. O Governo Municipal já concluiu, até o momento, três das cinco obras sob sua execução: a restauração dos elementos artísticos da Igreja Matriz de N. Sra. da Conceição e da Igreja de N. Sra. do Rosário, além da revitalização da Alameda das Palmeiras. Também está em andamento a criação do Parque Natural da Romaria. Em dezembro passado, a Prefeitura garantiu as verbas de restauração do Centro Cultural da Romaria e a construção do Teatro Municipal, também por meio do Iphan e seu PAC Cidades Históricas.