Em um gesto de gratidão e reconhecimento, a Câmara aprovou Moção de Aplauso a 4 profissionais do 3º Pelotão de Bombeiros de Lafaiete. Os vereadores informaram que honraria se justifica pela dedicação, empenho, abdicação de qualquer descanso durante os trabalhos de resgate pela tragédia da Vale, quando a barragem Córrego do Feijão, estourou no início da tarde do fatídico dia 25 de janeiro, deixando até agora 214 mortos e 91 desaparecidos (sem identificação). “Agindo sempre de forma solidária e incansável, sendo parceiros nas ações realizadas em virtude da tragédia de Brumadinho, elevando o nome de Conselheiro Lafaiete e corporação no cenário nacional”, ressaltou a proposição assinada pelos 13 vereadores. A Moção ainda não tem data definida de entrega.
Depoimentos: “era um cenário de desolação”, compara sargento
O bombeiro militar, Soldado William Carlos Moreira está atualmente no pelotão de Congonhas. “Nós estávamos na mesma equipe, todos os dias, um dando força para o outro. Trabalhamos na intervenção direta na lama para recuperação dos corpos, rastejando dia todo em busca incessante e incansável”, relatou a nossa reportagem.
Ele juntamente com o Tenente Vagner Barros, o Cabo Lauro Américo e o Sargento Rodrigo Alves atuaram na primeira equipe de intervenção em Brumadinho. Os 3 ficaram na primeira semana em um trabalho árduo. “Todos os dias já estávamos de prontidão às 4:00 horas da manhã e assim até ao anoitecer onde se encerrava mais um dia. Com toda certeza uma experiência triste, mas ao mesmo tempo gratificante, pois ali estávamos dando nosso sangue, suor e lágrimas para que famílias tivessem um mínimo de alento, poder enterrar um filho, um pai, um amigo. Sentindo também essa perda de irmãos que ali estavam debaixo de tanta destruição. Fizemos o máximo que nossos corpos aguentaram, nos arriscamos, colocamos nossa saúde mental e física em jogo, para que tudo isso tivesse êxito. O que temos agora é lamentar toda essa história e poder dizer que sempre estaremos a disposição da sociedade”, comentou emocionado o Soldado William.
O Sargento Rodrigo Alves foi transferido para Barbacena, mas em meio a tragédia estava lotado em Lafaiete. Ele já tinha atuado em Mariana, em 2015, com o rompimento da Barragem de Fundão. “Apesar da experiência no rompimento da barragem de Mariana, ao chegarmos em Brumadinho nas primeiras horas após o desastre foi como se estivéssemos em um cenário de guerra. Naquele momento como em muitos outros de nossa carreira, a força, a fé e a coragem seriam sentimentos únicos para enfrentar todo aquele cenário de desolação. Na esperança de encontrar vidas e dar um mínimo de alento a todas
as famílias que lá estavam desesperadas, fomos em frente, como se nenhum mal ou perigo fosse nos parar. Assim superamos as adversidades durante os sete dias e tentamos ao máximo trazer de alguma forma um conforto para aquelas pessoas que aguardavam por respostas”, assinalou o Sargento Alves.
Bombeiros
Entre 26 a 31 de janeiro, o Cabo Lauro César Américo estevem também em Brumadinho, portanto nos primeiros dias após o sinistro. “A experiência que trago da tragédia é que mesmo acontecendo o pior ainda é possível fazer a diferença, é afagar as dores e o sofrimento de quem precisa e necessita. Os bombeiros não são melhores nem especiais, apenas foram treinados e condicionados para isso, apesar de irmos e buscarmos o local em que todos querem fugir”, relatou.
Homenagens
Diversas homenagens foram entregues aos bombeiros nos últimos meses pelo ato de heroísmo em Brumadinho. Hoje acontece uma solenidade no Senado Federal para homenagear os bravos guerreiros. Nas duas homenagens os 4 bombeiros de nossa reportagem receberam honrarias.