Serra da Moeda receberá abraço simbólico no feriado de Tiradentes

Ação em Brumadinho é organizada pela ONG Abrace a Serra da Moeda

A Serra da Moeda receberá um abraço simbólico em Brumadinho no feriado de Tiradentes, celebrado no dia 21 de abril. Ação é organizada pela ONG Abrace a Serra da Moeda há 17 anos.

O protesto visa chamar a atenção de autoridades e população sobre a importância da defesa dos recursos hídricos e nascentes da região. Cerca de duas mil pessoas são esperadas para subir ao cume de uma das cadeias montanhosas mais famosas de Minas Gerais para o protesto ambientalista.

A Serra tem extensão de 70 quilômetros e 1.500 metros de altitude e abrangem os municípios de Moeda, Brumadinho, Nova Lima, Itabirito, Belo Vale e Ouro Preto.

O presidente da ONG Abrace a Serra da Moeda, o ambientalista Ênio Araújo afirma que o tema da edição deste ano, “Águas subterrâneas, invisíveis, mas essenciais”, visa colocar luz neste recurso essencial para a flora, fauna e comunidades locais. “Um dos mananciais subterrâneos de água doce mais importantes de Minas e que está localizado na Serra da Moeda, o Cauê, abastece os rios Paraopeba e das Velhas, duas grandes bacias responsáveis por suprir toda a região metropolitana de Belo Horizonte. Várias mineradoras vêm fazendo o rebaixamento deste aquífero, entre elas Vallourec, Vale, CSN, Gerdau e Ferro+”, diz.

Outra reivindicação dos ambientalistas da Abrace a Serra, que será uma das pautas do ato é a implantação do plano de manejo do respectivo monumento Natural da Mãe D’Água, criado em 2012 e considerado de grande importância ambiental para o município. Segundo Cleverson Vidigal, membro da ONG, este plano, basicamente, vai orientar o melhor uso de toda a área – que compreende dezenas de nascentes – de acordo com sua vocação ambiental. “A implantação estabelecerá ainda a chamada Zona de Amortecimento (ZA) que, ao contrário do que muitos pensam, não vai impedir ou congelar o desenvolvimento econômico na região, mas sim servirá para organizar esse crescimento, considerando as potencialidades do local, que, no nosso caso, são o turismo e a agricultura familiar”, explica.

Cleverson também pontua que durante o Abrace a Serra da Moeda, os ambientalistas pretendem chamar atenção para que o Poder Público impeça a reativação da Mina da Serrinha.

O ato simbólico terá concentração a partir das 10h na rampa de voo livre, em Brumadinho, conhecida como Topo do Mundo. Pontualmente às 12h será formado um cordão humano no ponto mais alto da serra, simbolizando um abraço.

A organização do evento disponibilizará nove ônibus gratuitos. Veja os locais e horários de saída dos veículos:

  • 21/04, às 8h10: Brumado, em frente à Igreja
  • 21/04, às 8h10: Casinhas
  • 21/04, às 8h10: Córrego do Feijão (Praça)
  • 21/04, às 8h10: Moeda, em frente à estação
  • 21/04, às 8h10: Sapé
  • 21/04, às 8h20: Córrego de Almas (Posto de saúde)
  • 21/04, às 8h20: Melo Franco, em frente à Igreja
  • 21/04, às 8h20: Tejuco
  • 21/04, às 8h20: Toca

 

FONTE PORTAL DA CIDADE BRUMADINHO

No meio do minério, a arte

Como a instituição, após várias crises, lida com a memória da tragédia e retoma a marca de 300 mil visitantes anuais

O Instituto Inhotim completa, em 2024, 18 anos de existência. E, no caso do projeto criado por Bernardo Paz, em Brumadinho (MG), a maioridade parece vir, de fato, acompanhada da conquista de certa autonomia.

A história do museu, que possui 1,8 mil obras exibidas em galerias cheias de personalidade, instaladas em um Jardim Botânico deslumbrante, reflete, por sua origem e pelas sucessivas crises pelas quais passou, a história das instituições museológicas brasileiras, nas quais público e privado quase sempre se imiscuíram.

FONTE CARTA CAPITAL

Reparação Brumadinho: sete projetos para fortalecer saúde e infraestrutura são iniciados na região atingida

Nas iniciativas estão previstas a entrega de máquinas e veículos, elaboração de projetos para obras em comunidade e melhorias de vias

Governo de Minas, o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), o Ministério Público Federal (MPF) e a Defensoria Pública de Minas Gerais autorizaram o início de sete projetos para o fortalecimento do serviço público em sete municípios atingidos pelo rompimento das barragens da Vale, ocorrido em Brumadinho. As iniciativas envolvem entregas nas áreas da saúde, infraestrutura e mobilidade.

Estão previstas entregas de máquinas e veículos, elaboração de projeto para implementação de estrutura sanitária, melhorias de vias e acessos. Os projetos englobam cada um deles um município específico: Caetanópolis, Esmeraldas, Mário Campos, Paineiras, Pequi, Pompéu e Três Marias.

Estas sete iniciativas correspondem a um investimento de aproximadamente R$ 114 milhões. Os recursos são referentes ao Anexo I.3 do Acordo de Reparação, que destinou R$ 2,5 bilhões para a execução de projetos de fortalecimento do serviço público definidos após a Consulta Popular em 25 municípios atingidos da Bacia do Paraopeba. Até o momento, o Anexo I.3 conta com 97 projetos em execução, quatro foram concluídos.

Os projetos de fortalecimento do serviço público destinados a Brumadinho contemplam o Anexo I.4 e contam com R$ 1,5 bilhão para investimentos. Dentro desta parte do Acordo, no município, são 20 iniciativas em execução e duas concluídas.

O rompimento em Brumadinho tirou a vida de 272 pessoas e gerou uma série de danos sociais, econômicos e ambientais.  

Conheça os novos projetos iniciados 

  • Caetanópolis  

Projeto: construção de módulos sanitários com sistema de tratamento e destinação final do esgoto para atendimento à comunidade do Shopping da Minhoca.

Objetivo: apresentar um projeto de engenharia para avaliação dos compromitentes para a construção de três banheiros públicos na Comunidade Shopping da Minhoca e encaminhar licenciamentos. Assim que esse projeto for finalizado e avaliado, é autorizada a realização da obra em questão, que pretende melhorar a infraestrutura de saneamento básico e acesso à rede de esgoto.

A previsão é que cada módulo vai contar com área total construída de 21,77 m², com instalações sanitárias masculinas e femininas e adaptadas para pessoas com deficiência, vestiários e sistema de tratamento e destinação final de esgoto, em terreno que tem área total de aproximadamente 6.600 m².  

Execução: Vale

Valor: R$ 807.745,58  

Prazo estimado: 1 ano e 11 meses

  • Esmeraldas

Projeto: recapeamento de pavimentação asfáltica de bairros e calçamento de vias locais

Objetivo: recapear vias em pavimento asfáltico e sobre pavimento poliédrico em áreas urbanas e rurais do município de Esmeraldas (MG), totalizando 59,17 quilômetros de vias.

Execução: Prefeitura municipal

Valor: R$ 53.825.726,07

Prazo estimado:  1 ano e 7 meses

  • Mário Campos

Projeto: melhoria das vias públicas urbanas e rurais e estradas de acesso às comunidades, e restauração de bairros urbanos e rurais e seus entornos

Objetivo: realizar atividades para a melhoria de vias ou estradas públicas urbanas e rurais no município de Mário Campos. Contempla limpeza, recapeamento e pavimentação de vias, totalizando uma extensão aproximada de 20,45 quilômetros, além da reforma de três praças e da implantação de duas rotatórias e de uma interseção (acesso secundário). A iniciativa também contempla a implantação/revitalização de dispositivos de drenagem e a sinalização horizontal e vertical.

Execução: Prefeitura municipal

Valor*: R$ 33.665.896,68

Prazo estimado*: 2 anos e 10 meses

*Conforme previsão realizada pela Fundação Getúlio Vargas com base nas práticas de mercado.

  • Paineiras

Projeto:  compra de frota de maquinário pesado

Objetivo: compra e entrega de equipamentos para melhoria das atividades do município de Paineiras, visando melhoria da mobilidade e da segurança para os moradores do município e seus visitantes. Estão previstas as entrega de oito equipamentos, sendo: varredeira com caçamba de detritos, rolo compactador pé de carneiro vibratório, caminhão truck basculante, caminhão toco brook, caminhão toco basculante, caminhão 3×4, retroescavadeira e caminhão toco basculante 4×2.

Execução: Prefeitura municipal

Valor: R$   6.321.329,37

Prazo estimado:  1 ano e 5 meses  

  • Pequi  

Projeto: drenagem e pavimentação do bairro Chácara Vale Verde

Objetivo: realizar intervenções em vias urbanas do município, no bairro Chácara Vale Verde, incluindo a implantação de drenagem profunda, drenagem superficial e pavimentação asfáltica.  

Execução: Prefeitura Municipal

Valor: R$ 15.080.090,88

Prazo estimado: 1 ano e 7 meses  

  • Pompéu

Projeto: compra de equipamentos para recuperação de estradas vicinais para o município de Pompéu

Objetivo: aquisição e entrega de uma escavadeira hidráulica, uma motoniveladora e uma carregadeira para o município. Os equipamentos vão fortalecer a capacidade de a Prefeitura realizar a visando a recuperação de estradas vicinais.  

Execução: Vale

Valor: R$ 3.278.363,31

Prazo estimado: 1 ano e 4 meses

  • Três Marias

Projeto: aquisição de veículos para fortalecimento à saúde  

Objetivo:  o projeto visa melhorar o acesso da população aos serviços de saúde. Estão previstas a entrega de uma ambulância tipo UTI e de um micro-ônibus, para transporte de pacientes de urgência, bem como, transporte sanitário para tratamento fora do domicílio.

Execução: Vale

Valor: R$ 1.338.750,00

Prazo estimado:  1 ano e 2 meses   

FONTE AGÊNCIA MINAS

Polícia Civil homenageia joias de Brumadinho no Instituto de Identificação

Nomes das vítimas do rompimento da barragem estão registrados na placa

Governo de Minas e a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) inauguraram, nessa quinta-feira (8/2),  uma placa em homenagem às vítimas do rompimento da barragem em Brumadinho na sede do Instituto de Identificação (IIMG), em Belo Horizonte.

A tragédia, que completou cinco anos no último dia 25/1, tirou a vida de 270 pessoas, sendo que duas delas estavam grávidas, totalizando as 272 joias. Agora, as joias passam a ter seus nomes eternizados de forma simbólica.

A instalação das placas é uma iniciativa do Governo de Minas, do Ministério Público de Minas Gerais, do Ministério Público Federal e da Defensoria Pública de Minas Gerais. A primeira placa foi instalada na Academia de Bombeiros Militar (ABM), em Belo Horizonte, em janeiro. Outras do mesmo modelo serão afixadas em obras e projetos realizados pelo Governo de Minas com recursos do Acordo de Reparação ao rompimento em Brumadinho, assinado pelos compromitentes com a Vale. Além de tirar a vida de 272 pessoas, o rompimento gerou uma série de danos sociais, econômicos e ambientais na bacia do Rio Paraopeba e em todo o estado de Minas Gerais.

A chefe da PCMG, delegada-geral Letícia Gamboge, lembrou o período em que dirigiu o IIMG quando do rompimento da barragem em Brumadinho e os consequentes desafios da missão. “Sem dúvida, em 27 anos como delegada de polícia, esse foi o período mais marcante e desafiador para mim. Naquele momento, todos os servidores da Polícia Civil fomos imbuídos do propósito de conduzir nossos trabalhos de forma qualificada, como a identificação das joias, mas, mais do que isso, pensar de que maneira poderíamos contribuir para acolher essas famílias e desenvolver ações de assistência, como foi o caso das Comissões Volantes para emissão de carteiras de identidade”, afirmou. Os trabalhos das Comissões Volantes resultaram na emissão de quase 800 carteiras de identidade para os atingidos. 

Das 270 vítimas relacionadas pela Defesa Civil, 267 foram identificadas. Dessas, 183 tiveram a confirmação pelo exame de papiloscopia (análise das impressões digitais desenvolvidas pelos servidores do Instituto de Identificação), 50 por DNA, 32 por Odontologia Legal e duas por Antropologia Forense (quando os indivíduos apresentam particularidades que permitem suas identificações).

A técnica-assistente da Polícia Civil, Natalia Correia Silva, lotada no IIMG, atuou diretamente nas primeiras identificações das vítimas da tragédia e compartilhou suas experiências durante o evento de descerramento da placa,. “A sensibilidade de todos e a vontade de ajudar foi muito importante. Os servidores do Instituto de Identificação não mediram esforços e fizeram tudo o que foi preciso. Em um trabalho meticuloso e minucioso, trabalharam dia e noite, inclusive nos feriados e finais de semana, para dar uma resposta rápida aos sobreviventes, aos familiares das vítimas e à sociedade mineira”, relatou.

Reparação

A coordenadora do Núcleo de Projeto de Infraestrutura e Fortalecimento do Serviço Público do Comitê Pró-Brumadinho, Karen Christine Dias Gomes, enfatizou o compromisso de homenagear e honrar a memória das 272 joias em todas as obras oriundas do Acordo de Reparação. “Estamos trabalhando ininterruptamente para dar respostas efetivas nesse desafio da reparação”, disse.

Na ocasião, a vice-presidente da Associação dos Familiares de Vítimas e Atingidos pelo Rompimento da Mina Córrego do Feijão em Brumadinho (Avabrum), Naiara Porto, contou que perdeu quatro familiares na tragédia, incluindo o esposo e o cunhado. “Tenho certeza que jamais haverá algo que se compare a essas vidas e a de todas as 272 joias, que ainda estão conosco, presentes. Contudo, ações como esta são muito importantes para nós familiares. Todas as iniciativas que conservem a memória de nossos entes queridos dialogam com os nossos esforços para que eles jamais sejam esquecidos”, afirmou.

Investimento

Com os recursos do Acordo de Reparação, a PCMG investiu quase R$ 60 milhões em uma série de projetos para modernização da estrutura e dos serviços prestados pelo Instituto de Identificação.

Foi implantado, por exemplo, equipamento que opera com o método de captura biométrica e assinatura, de forma informatizada, sem a necessidade do entintamento dos dedos para coletas das impressões digitais e, também, gerando economia com fotografia, capturada no momento do atendimento.

Além disso, o IIMG desenvolve a digitalização do acervo datiloscópico e onomástico, dentro dos padrões internacionais, para implementação de pesquisa informatizada em qualquer sistema biométrico, o projeto ABIS.

Parte do aporte de investimentos provenientes do acordo também subsidiou a reforma parcial do IIMG, que passou por reparos, manutenção predial, instalação de sistema de climatização e adaptação para controle de incêndio.

Atuação permanente

Os procedimentos para identificação das vítimas da tragédia de Brumadinho seguem no laboratório de Biologia Forense do Instituto de Criminalística, em Belo Horizonte. Desde o ocorrido, em janeiro de 2019, a PCMG não poupou esforços na análise dos vestígios, processando em sua totalidade o material recebido, o que resultou em 1.023 exames realizados. Atualmente, 22 amostras estão em análise. A PCMG utiliza as tecnologias mais avançadas em identificação de vestígios humanos, buscando determinar, com precisão, as identidades das vítimas ainda não identificadas.

FONTE AGÊNCIA MINAS

Quatro barragens da Vale em Brumadinho estão em áreas de alto risco

Situação foi descrita em pesquisa publicada na revista científica Science of the Total Enviroment

Quatro barragens da Vale em Brumadinho estão em áreas de alto risco. Isso é o que aponta uma pesquisa publicada na edição de fevereiro da revista científica Science of the Total Enviroment e realizada pela Unesp, instituições mineiras e de Portugal.

Segundo a pesquisa, pelo menos quatro das seis barragens instaladas na mesma bacia daquela que se rompeu em 2019 teriam alto risco de rompimento por causa das características do solo.

Conforme os responsáveis pela pesquisa, foram analisados aspectos geomorfológicos como declividade do terreno e a quantidade de cursos d’água que a bacia hidrográfica pode ter. Bacias com maiores declives ou com mais cursos d’água apresentam risco geomorfológico maior.

O estudo analisou 36 unidades de resposta hidrológica para identificar os parâmetros e classificaram os indicadores de vulnerabilidade de 1 a 5 de acordo com a sua gravidade. Áreas que tiveram, na soma dos seus indicadores, resultados entre 15 e 20 foram classificadas como de risco alto e aquelas que tiveram valores superiores a 20, como de risco muito alto.

A unidade onde estava a barragem B1 – que se rompeu em 2019 – teve saldo 17 e foi classificada como de risco alto. Ainda foram classificadas como unidades de alto risco em Brumadinho as barragens: BVII, BVI, Menezes 1 e Menezes 2. A BVII, inclusive, está em uma região com risco superior ao que apresentava a B1.

O que dizem os órgãos

Barragens em área de risco são: BVII, BVI, Menezes 1 e Menezes 2

A Agência Nacional de Mineração é a responsável pela classificação dos riscos das barragens e afirma que no país há 64 barragens listadas como de risco alto. A ANM destaca que mede a geomorfologia das regiões e entrega estas análises às mineradoras para que possam fazer seu Processo de Gestão de Riscos para Barragens de Mineração.

Sobre a situação de suas barragens, a Vale afirmou que BVII, BVI, Menezes 1 e Menezes 2 não estão em nível de emergência, estão estáveis e possuem declaração de condição de estabilidade emitida por empresa externa. A empresa destacou ainda que estas barragens não foram construídas pelo método a montante, como era o caso da barragem que se rompeu.

Fonte: André Vince

FONTE PORTAL DA CIDADE BRUMADINHO

Brumadinho é a cidade que mais concentra conflitos de mineração

UFF lista 30 ocorrências relacionadas a tragédia dos últimos 5 anos

Brumadinho é a cidade do país com maior número de conflitos envolvendo a mineração. Um estudo divulgado pela Universidade Federal Fluminense (UFF) listou 30 ocorrências, em sua maior parte relacionadas com a tragédia ocorrida há cinco anos.

O estudo foi coordenado pelo geógrafo Luiz Jardim Wanderley, professor da UFF, em parceria com o Comitê Nacional em Defesa dos Territórios Frente à Mineração.

“Desde 2020, quando começaram os levantamentos pelo Comitê Nacional em Defesa dos Territórios Frente à Mineração, Brumadinho tem sido o epicentro dos conflitos no Brasil. São dezenas de mobilizações em busca de reparação, são mais de duas dezenas de comunidades em conflito com a Vale e outras mineradoras que operam no município. A maioria dos conflitos envolve dispostas pela reparação e os efeitos do desastre sobre a terra e a água”, diz Luiz Jardim Wanderley.

O geógrafo explica que a população de Brumadinho tem se mobilizado diante de violações e de negligências das mineradoras. “O município apresenta uma média de mais de um protesto por mês, que visam manter viva a denúncias pela não compensação devida pelo desastre e também evidenciar novas violações de direitos.”

Conforme os dados levantados pelos pesquisadores da UFF, na comparação com 2021, houve em 2022 um aumento de 22,9% no total de localidades com conflitos envolvendo a mineração. Ao longo do ano passado, foram registradas 45 mortes relacionadas com a atividade minerária. Os estados que mais concentraram localidades com ocorrências foram Minas Gerais (37,5%), Pará (12,0%) e Amazonas (7,4%).

Ao todo, o relatório contabiliza 792 localidades e 932 ocorrências de conflito, envolvendo mais de 688 mil pessoas. Mais de 90% dos conflitos envolveram disputas por terra ou água.

Fonte: André Vince (com informações da Agência Brasil)

FONTE BRUMADINHO PORTAL DA CIDADE

Brumadinho: Justiça de Minas corta em até 80% o valor de indenizações a atingidos

Pesquisa obtida com exclusividade pela Repórter Brasil analisou 319 processos julgados em segunda instância pelo TJMG

Quando o mar de lama desceu no fim daquela manhã, levando tudo que estava pela frente, Ricardo Aparecido da Silva, de 49 anos, estava no volante do caminhão, transportando minério entre duas empresas de pequeno porte em Brumadinho (MG). A poucos quilômetros dali, o gari Alcione Oliveira Borges, de 45 anos, fazia a coleta de lixo. 

O veículo de Ricardo, que passava próximo à porta da mina da Vale, chegou a ser arrastado por 200 metros e teve o para-brisa destruído. Já Alcione precisou sair correndo desesperadamente enquanto assistia ao avanço da avalanche de rejeitos de mineração. Tudo em volta virou terra arrasada. 

Por pouco, os dois não tiveram o mesmo destino dos 270 mortos no rompimento da barragem do Córrego de Feijão, da Vale, em Brumadinho (MG), que completa cinco anos em 25 de janeiro. Desde então, eles buscam na Justiça, ainda sem sucesso, reparações pelos danos causados pelos traumas gerados. 

O ex-gari Alcione Borges segura receita de remédios contra o trauma provocado pelo rompimento da barragem de Brumadinho / Flávio Tavares / Repórter Brasil

Um estudo obtido com exclusividade pela Repórter Brasil – e recém-publicado pelo Núcleo de Assessoria às Comunidades Atingidas por Barragens (Nacab), uma das organizações não governamentais designadas pelas próprias comunidades para fazer a assessoria técnica na região do Rio Paraopeba – traz detalhes sobre as batalhas travadas na Justiça por pessoas impactadas pela tragédia, como Ricardo e Alcione, contra a Vale. 

A pesquisa analisou 319 processos julgados entre janeiro de 2019 e março de 2023 por 11 câmaras cíveis do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais (TJMG), a chamada “segunda instância”. Desse total, 75% das decisões foram desfavoráveis aos atingidos. Alcione, por exemplo, chegou a ganhar R$ 100 mil em sentença de primeiro grau. Porém, o valor foi reduzido em 80% pelo TJMG, após recurso da Vale.

Em posicionamento enviado por sua assessoria de imprensa, o TJMG afirma que juízes e desembargadores têm autonomia para tomar as decisões nos processos que julgam, “segundo as particularidades de cada ação judicial e o preenchimento dos requisitos legais”. 

Questionada, a Vale informou que, até o momento, já pagou cerca de R$ 3,5 bilhões em acordos de indenização fechados com mais de 15,4 mil pessoas – nem todos decorrentes de processos judiciais. “Desde 2021, ao menos um familiar de todos os empregados falecidos, próprios e terceirizados, celebraram acordos de indenização”, afirmou a mineradora, em nota.

Painel em protesto contra a tragédia de Brumadinho, que completa 5 anos no próximo dia 25 / Flávio Tavares / Repórter Brasil

O trauma que não passou

Tanto Alcione quanto Ricardo foram diagnosticados com transtorno de estresse pós-traumático, distúrbio psicológico caracterizado pela repetição do terror causado por situações extremas, como guerras ou desastres. 

Dormindo, Ricardo chegou a incendiar um uniforme de trabalho. “Estava sonhando e, quando assustei [sic], tinha colocado fogo na roupa que estava para passar”, conta. Alcione, que perderia o emprego de gari um ano depois, diz ter passado 24 meses vagando pelas ruas de Brumadinho. “Tentei suicídio três vezes”, desabafa o sobrevivente da tragédia, que hoje mantém um lava-jato na cidade.

O ex-gari entrou na Justiça ainda em 2019. Na primeira instância, a 2ª Vara de Brumadinho condenou a Vale ao pagamento de uma indenização por danos morais. O montante de R$ 100 mil teve como base um Termo de Compromisso firmado entre a Defensoria Pública de Minas Gerais e a mineradora para acordos extrajudiciais, que fixa esse valor específico como compensação para danos à saúde mental dos atingidos.

A mineradora recorreu e o TJMG reduziu a indenização em 80%, sob a justificativa de que a quantia de R$ 20 mil “compensa o dano moral, sem provocar enriquecimento da parte lesada”. A ação ainda está em trâmite.

Questionado, o TJMG afirma que o Termo de Compromisso, usado como referência pelo juiz de primeiro grau, regula a compensação financeira apenas para os acordos firmados sem a intervenção da Justiça, e que os magistrados têm autonomia para definir outros valores, de acordo com os requisitos legais. 

Já o motorista Ricardo não recebeu nem o auxílio mensal de meio salário mínimo pago pela Vale desde fevereiro de 2019. Atualmente, 132 mil pessoas são contempladas por um programa de transferência de renda criado pela mineradora e gerido pela Fundação Getulio Vargas (FGV) desde 2021. Segundo a empresa, R$ 4,4 bilhões já foram depositados.

Um dos critérios para seleção dos beneficiários é o local de residência. Foram contempladas as pessoas que, em 25 de janeiro de 2019, residiam em Brumadinho ou em um raio de 1 km das margens do Rio Paraopeba e do Lago de Três Marias. De acordo com as regras, até mesmo moradores de condomínios de alto padrão de Brumadinho recebem o valor.

Vista aérea do Rio Paraopeba, em Brumadinho / Flávio Tavares / Repórter Brasil

Ricardo, que mora em Mário Campos, a 14 km do município onde ficava a barragem, não foi aceito pelo programa. Sem acesso a tratamento psicológico ou suporte financeiro por parte da mineradora, o motorista entrou com uma ação individual ainda em 2019, pedindo R$ 150 mil pelos abalos psíquicos, psicológicos e emocionais. 

A ação foi negada na primeira instância pela 2ª Vara de Brumadinho. Além disso, o juiz responsável pelo caso condenou Ricardo a pagar as custas do processo e mais 10% do valor da causa em honorários de advogado. A defesa recorreu e a sentença foi revertida para R$ 30 mil, em favor de Ricardo. Mas o processo corre até hoje e o motorista ainda não recebeu um centavo da mineradora.

“Esses R$ 30 mil não cobrem o que eu gastei com remédio, com médico, com a vida dentro de casa, com a perda de pessoas que estavam comigo no dia a dia”, desabafa o motorista. “Tem pessoas que moram em condomínios, todos com dinheiro da Vale, sem precisar. Só queria entender onde está essa diferença entre nós que fomos atingidos e essas pessoas que nem lá estavam”, completa.

Redução sistemática de indenizações

Os dois atingidos são representados pelo escritório Rossi Advogados. De acordo com um dos sócios, Bruno de Oliveira Silva, a banca defende cerca de 850 clientes em demandas individuais e familiares no caso da Vale. Segundo ele, a maioria desses processos seguiu o mesmo padrão da ação de Alcione, com o TJMG reduzindo de 70% a 80% as indenizações concedidas na primeira instância. 

Sarah Zuanon, integrante do jurídico do Nacab e uma das responsáveis pelo estudo, diz que o Termo de Compromisso pactuado entre a Vale e a Defensoria Pública de Minas Gerais, e que define os valores indenizatórios, deveria servir de orientação para acordos extrajudiciais entre a mineradora e as vítimas do rompimento da barragem. “Só que, em muitos casos, a Vale não quis fazer acordo ou oferecia um valor muito abaixo. Então, as pessoas ficam sem alternativa e ajuízam uma ação”, explica.

Mina do Córrego do Feijão em Brumadinho (MG): Vale afirma que mais de 15,4 mil pessoas fecharam acordos de indenização, num total de cerca de R$ 3,5 bilhões  / Flavio Tavares / Repórter Brasil

Em dezembro, esse termo foi objeto de discussão no Superior Tribunal de Justiça (STJ). A terceira turma da corte entendeu que juízes podem usá-lo como referência para estipular indenizações em ações individuais contra a Vale, no caso de Brumadinho. A decisão, no entanto, não é definitiva, o que não obriga os tribunais a seguirem o termo nas decisões. 

Ainda em dezembro, uma decisão de primeiro grau da 2ª Vara de Belo Horizonte determinou que a Vale reparasse coletivamente os danos causados pelo rompimento da barragem, após uma Ação Civil Pública (ACP) movida pelo Ministério Público Federal, pela Defensoria Pública e pelo Ministério Público do Estado de Minas Gerais, em nome de um conjunto de atingidos. 

O juiz responsável pelo caso também indicou a criação de uma plataforma digital para que os atingidos contemplados pela ACP peçam o pagamento das indenizações de maneira mais simples. A intenção é acabar com a “avalanche de ações individuais”, afirmou o magistrado.

Atualmente, 132 mil pessoas são contempladas por um programa de transferência de renda criado pela mineradora e gerido pela Fundação Getulio Vargas (FGV) / Flavio Tavares / Repórter Brasil

A integrante do Nacab explica que a Vale ainda pode recorrer e eventualmente derrubar em segunda instância a ação coletiva. “Para ela, é melhor que as pessoas entrem com ações com os advogados e briguem sozinhas”, afirma Sarah.

A nota da Vale sustenta que a empresa vem realizando ações para a reparação além do pagamento de indenizações. Segundo a Vale, mais de 5.600 pessoas foram atendidas pelo Programa de Assistência Integral ao Atingido (Paia), que oferece suporte e orientações gratuitas depois que as indenizações individuais são pagas. O objetivo é “auxiliar as famílias a planejar a melhor forma de utilizar o recurso”, declarou a mineradora.

A empresa também afirmou respeitar os instrumentos celebrados, entre 2019 e 2020, com entidades como a Defensoria Pública de Minas, o Ministério Público do Trabalho e com os sindicatos de trabalhadores para o pagamento de indenizações individuais “referentes a danos materiais e morais” pelo rompimento da barragem de Brumadinho.

FONTE BRASIL DE FATO

Cinco anos após tragédia de Brumadinho, rio Paraopeba segue com água poluída por lama da Vale

OUTRO LADO: Empresa diz que qualidade é semelhante à verificada antes do rompimento de barragem, sobretudo quando não há chuva

Ediléia Aparecida de Oliveira, 45, tinha o rio Paraopeba como fonte do sustento de sua família. Pescadora, filha de pescadores e, agora, com cinco filhos pescadores, viu a tradição da família ficar em risco com o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho (MG), há cinco anos, em 25 de janeiro de 2019.

A pescadora mora em Abaeté, na região central de Minas Gerais, um dos 26 municípios sob influência do Paraopeba considerados oficialmente como impactados pelo colapso da represa da mineradora.

Rio Paraopeba, em trecho perto do quilombo Pontinha, em Minas Gerais, em foto de 2021 – Eduardo Anizelli – 20.jan.2021/Folhapress

Ediléia continua subindo em seu bote para seguir no ofício, mas enche os olhos ao contar o que presencia no meio do rio. “O peixe, mesmo vivo, está fedendo”, diz.

A família de Ediléia —o marido também é pescador— retirava R$ 3.000 mensais com a pesca antes do rompimento da barragem. “Hoje não chega a R$ 600”, relata.

A pescadora Ediléia Aparecida de Oliveira, 45, moradora de Abaeté (MG), que conta passar por dificuldades financeiras por conta da poluição no rio Paraopeba após rompimento da barragem da Vale em Brumadinho – Leonardo Augusto/Folhapres

Uma portaria do governo do estado publicada em 28 de fevereiro de 2019, em vigor até hoje, recomenda que a água do rio Paraopeba não seja utilizada seja qual for o fim —uso humano, animal, pesca, irrigação ou banho.

A Vale, por sua vez, afirma que mais de 6,7 milhões de resultados indicam que a qualidade das águas do Paraopeba hoje é semelhante à verificada antes do rompimento, “sobretudo em períodos secos”.

A empresa diz ainda, em nota, que o plano fechado para recuperação da bacia do Paraopeba prevê aporte “em valor estimado em R$ 5 bilhões”, custeado pela mineradora, e com acompanhamento de órgãos competentes e auditorias ambientais.

Segundo a pescadora, com os problemas que os peixes aparentam ter, os compradores do produto na região para revenda, os chamados “peixeiros”, desapareceram. “Se querem, é por um preço muito baixo”, afirma.

Levantamento feito pelo Instituto Guaicuy, uma das assessorias técnicas responsáveis pelo acompanhamento dos impactos do rompimento da barragem de Brumadinho no meio ambiente, identificou metais pesados como arsênio, cádmio, chumbo e mercúrio em peixes em pontos ainda mais a jusante, em Felixlândia (MG), também na região central do estado, a 223 km de Brumadinho.

O instituto é responsável pelo acompanhamento das condições ambientais pós-tragédia na região mais distante de Brumadinho, no baixo Paraopeba, onde o curso d’água se encontra com a represa de Três Marias.

Além de Abaeté e Felixlândia, também estão nesta região municípios como Curvelo e Pompéu.

Segundo o levantamento, que tomou por base amostras de 1.605 peixes, até 56% dos exemplares, dependendo da região, apresentaram resultado positivo para metais pesados em índices superiores aos admitidos para ingestão humana.

Entre os peixes analisados estavam espécies comumente utilizadas para consumo humano como traíra e piau. O levantamento foi concluído pelo Instituto Guaicuy em 2022, mas até hoje moradores, pescadores e peixeiros não têm certeza de como proceder.

“O que a gente mais ouve da população é ‘posso pescar?’, ‘posso comer peixe’?, ‘posso nadar no rio?'”, diz o diretor do instituto Guaicuy, Marcus Vinícius Polignano, que participou de encontro com atingidos nesta quarta (24) em Belo Horizonte, no qual esteve também a pescadora Ediléia.

“Falta informação para a população”, acrescenta o diretor.

Polignano afirma que outros levantamentos poderiam ter sido feitos pelo instituto nos últimos anos, mas houve corte de recursos para as assessorias técnicas que trabalham diretamente com os atingidos.

A Semad (Secretaria do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais), responsável pelo Igam (Instituto Mineiro das Águas), afirma que segue em vigor a recomendação publicada em 28 de fevereiro de 2019 de não utilização da água bruta do Paraopeba para qualquer fim, como medida preventiva.

A recomendação vale para todo o curso do rio entre Brumadinho e a hidrelétrica de Retiro Baixo, ao norte de Pompéu, próximo à barragem de Três Marias, município que está 60 km a oeste da cidade de Abaeté, da pescadora Ediléia. Os dois municípios fazem divisa.

A pasta diz ainda que realiza monitoramento emergencial mensal em 14 pontos da bacia do Paraopeba.

FONTE FOLHA DE SÃO PAULO

‘Não se repara uma vida’, diz esposa de uma das vítimas da Vale em Brumadinho

Celebrado pelo Estado e órgãos da Justiça, o Acordo de Reparação firmado com a mineradora é criticado por familiares das vítimas e outros atingidos

Na última semana, o governo de Minas, os Ministérios Públicos Federal e do Estado e a Defensoria Pública de Minas Gerais (DPMG) apresentaram um balanço dos três primeiros anos do acordo de reparação da Vale, no valor de R$ 37,6 bilhões, com os atingidos pelo rompimento da barragem de Córrego do Feijão em Brumadinho, em 2019. Celebrada pelos órgãos de Justiça, a tentativa de reparar os danos coletivos causados é criticada por familiares das vítimas e movimentos dos atingidos. 

Kenya Lamounier, 56, esposa de uma das vítimas, afirma que o acordo fez pouca diferença para os familiares. “A reparação de vida não existe, né? Morreu? Morreu. A cidade de Brumadinho foi devastada, e ainda continua. Chega muita gente de fora para trabalhar nas obras e muda a rotina da cidade. A vida que a gente tinha não existe mais. A reparação deveria começar com a Vale deixando a Justiça seguir, os advogados (da empresa) parando de atrasar o processo”, argumenta. 

Questionada sobre o processo criminal, a Vale informou, por nota, que “reafirma seu profundo respeito às famílias impactadas pelo rompimento da barragem” e que a ação “segue seu curso regular”. “A Vale reforça que, desde o início das investigações, sempre colaborou com as autoridades e continuará colaborando”, concluiu.

Atingidos não participaram de acordo 

Fernanda de Oliveira Pontes, da coordenação do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), critica a não participação dos atingidos na construção do acordo. “A falta de participação dos atingidos tende a dar errado. E não falo só do fechamento do acordo, mas também na implementação das ações dele. Temos reclamações, por exemplo, sobre os projetos municipais, pois há relatos de que a maioria dos projetos que eles votaram não foi aprovada”, ponderou.

Sobre as críticas feitas ao acordo, o procurador geral Jarbas Soares Júnior disse respeitá-las. “Recebemos com humildade as críticas, mas, naquele momento, foi a solução que nós tínhamos a adotar. Fatos novos, que não estão incluídos no acordo, podem ser rediscutidos. Os que já eram conhecidos, na área da saúde e do meio ambiente, já foram definidos e, agora, vamos para a execução”, garantiu o chefe do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG).

MP e DP intimados pela Justiça

Na última semana, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) intimou o MPMG e a DPMG a se manifestarem sobre um pedido de tutela de urgência que questiona os acordos extrajudiciais firmados pela mineradora Vale com atingidos pelo rompimento. A ação foi movida pelo Instituto Raymundo Campos, e, entre os principais pontos questionados, estão cláusulas que exigem que os atingidos desistam de ações no Brasil e no exterior, além da determinação de sigilo nos acordos fechados com as famílias das 272 vítimas mortas.

Procurada sobre a intimação, a Defensoria informou, por nota, que ainda não recebeu a intimação e que vai “aguardar para tomar conhecimento do processo e só depois se manifestar”. Até a publicação da reportagem, o MPMG ainda não havia se manifestado sobre a ação que tramita na Justiça.

Delegado diz que Vale sabia de risco de rompimento

Uma das ações promovidas pela Associação dos Familiares de Vítimas e Atingidos do Rompimento da Barragem Mina Córrego do Feijão em Brumadinho (Avabrum) para a marca de cinco anos do crime foi um seminário realizado na última segunda-feira. Durante o evento, o delegado da Polícia Federal (PF) Cristiano Campidelli afirmou que os 16 réus indiciados pelo rompimento “fizeram muito esforço” para que o desastre em Brumadinho ocorresse. 

Segundo o policial, em 2017 a barragem já havia sido condenada por estudos contratados pela mineradora. “Seus entes queridos ainda voltavam para casa todas as noites quando, em novembro de 2017, essa empresa disse (para a Vale): a barragem não passa (na vistoria), (…) ela tem 20 vezes mais chance de romper do que o máximo tolerável. E a Vale se reuniu com essa empresa algumas vezes, pressionando-a. A empresa se negou, e o que a Vale fez com ela? Dispensou”, afirmou. 

A reportagem procurou a mineradora Vale, que informou, por nota, que “sempre norteou suas atividades por premissas de segurança e que nunca se evidenciou nenhum cenário que indicasse risco iminente de ruptura da estrutura B1”.

Júri federal

Ainda durante o seminário da Avabrum, o procurador do Ministério Público Federal (MPF) Bruno Nominato disse que a expectativa do órgão é levar o julgamento dos acusados para o Tribunal do Júri da Justiça Federal. “Traduzir o sofrimento das vítimas para o Poder Judiciário é fundamental”, garantiu.

FONTE O TEMPO

Acordo de reparação de danos causados pelo rompimento da Barragem da Vale em Brumadinho completa três anos

Instituições de Justiça e Governo de Minas apresentaram balanço das ações realizadas desde 2021

O acordo de reparação de danos causados pelo rompimento da Barragem da Vale em Brumadinho irá completar três anos.

A prioridade do acordo é a reparação da região atingida pelo rompimento da barragem da Vale, que contempla Brumadinho e outros 25 municípios da Bacia do Rio Paraopeba.

O acordo foi assinado em 4 de fevereiro de 2021 e fazem parte do instrumento: Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), Ministério Público Federal (MPF), Defensoria Pública de Minas Gerais (DPMG) e Governo de Minas Gerais.

Na manhã desta sexta-feira (19), a seis dias da tragédia completar cinco anos, as instituições de justiça e o Governo de Minas divulgaram as iniciativas socioeconômicas, socioambientais e compensatórias que estão sendo desenvolvidas.

Entre as ações em andamento, destacam-se o Programa de Transferência de Renda, que está atendendo mais de 130 mil pessoas da região atingida e a Consulta Popular, que contribuiu na definição de mais de 160 projetos de fortalecimento do serviço público para a região.

A área socioeconômica conta atualmente com 110 projetos em execução nos 26 municípios atingidos. Outros seis já estão oficialmente concluídos e atestados pela auditoria independente da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Para a execução destes projetos de fortalecimento do serviço público, o acordo garantiu R$ 4 bilhões – R$ 1,5 bilhão para Brumadinho e R$ 2,5 bilhões para os outros 25 municípios atingidos.

Para a saúde e o desenvolvimento social já foram autorizados 39 projetos (34 em saúde e 5 em desenvolvimento social) nos 26 municípios com investimentos de mais de R$ 760 milhões.

Na área da infraestrutura e desenvolvimento econômico estão previstos mais de 700 quilômetros em obras de melhorias e pavimentações de estradas e vias urbanas e rurais. Em Brumadinho, os projetos de infraestrutura incluem um pacote de melhorias urbanas na sede do município e em diversos distritos, além de pavimentação, melhorias e alargamento de estradas, a construção de uma ponte e 260 novas casas populares e ações de Requalificação de Centros Urbanos.

Para diversificar a economia de Brumadinho, o Distrito Industrial está sendo implementado e há oferta de cursos profissionalizantes e atividades para moradores e empreendedores. Para fortalecer as atividades de agricultura em Brumadinho estão sendo atendidos 192 produtores rurais, com ações de profissionalização, aperfeiçoamento da produção e incentivo à geração de renda.

Além destas, outras ações estão sendo realizadas nas áreas de saneamento e segurança hídrica, participação dos povos e comunidades tradicionais e compensação para o estado de Minas Gerais.

Em relação as indenizações, pelo Termo de Compromisso da Defensoria Pública de Minas Gerais, já são mais de R$ 1,3 bilhão de reparação direta às pessoas atingidas. A reparação dos danos causados aos trabalhadores gerou mais de 2.500 indenizações.

O rompimento em Brumadinho aconteceu no dia 25 de janeiro de 2019 matando 272 pessoas. Três joias, como são chamadas as vítimas do desastre, seguem desaparecidas.

FONTE CNN BRASIL

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