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Garimpando: Notícias de Conselheiro Lafaiete – 20

                     GARIMPANDO NO ARQUIVO JAIR NORONHA

                                        Avelina Maria Noronha de Almeida

                                                 [email protected]

NOTÍCIAS DE CONSELHEIRO LAFAIETE – 20

Imagem da Internet

            AS NOTÍCIAS DE CONSELHEIRO LAFAIETE CHEGAM AGORA AO FINAL DO SÉCULO XVIII, quando aconteceu o martírio de Joaquim José da Silva Xavier.

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  EU,  TIRADENTES

Avelina Maria Noronha de Almeida

 

Mais uma vez percorro estes caminhos

já  agora sem a sofreguidão da carne

Nas trevas o matagal faísca

Na longa caminhada

foram ficando

pedaços mutilados

enrijecidos

Chego ao destino final

a Praça da Ignomínia

Do Palácio me contemplam

cheios de ódio?

de escárnio?

de glória?

E nas frestas das janelas

olhos espiam

curiosos

temerosos

– compadecidos? –

o que resta do meu corpo

A vida foi expulsa

pelo fervilhar do ódio

na força da prepotência

Soprai forte, todos os ventos

sobre minha cabeça

– não a corrompida pela morte –

mas a que paira no ar

incorruptível

soberana

O sal que a salgou

também salgou auroras e crepúsculos

salgou a Liberdade

Arrancai dela, todos os ventos

sonhos e ideais

Levai-os a cada estrada

ou caminho

a cada monte

ou colina

a cada rio

ou riacho

para ficarem à espera

da alma forte e predestinada

que atiçará a fagulha

Na morte ainda serei chama!

           CHEGAMOS, À NOSSA RECORDAÇÕES DOS TRISTES MOMENTOS DA PASSAGEM DOS RESTOS MORTAIS DE TIRADENTES.

 

Maio de 1792 – Os despojos de Tiradentes passaram pela vila, sendo renovada a salmoura de sua cabeça no patamar de um rancho na Rua Direita, atual Rua Comendador Baeta Neves, onde pernoitou. Este rancho se localizava logo acima da Farmácia Droganova, em frente à extremidade inferior do Colégio Nossa Senhora de Nazaré.

Minha mãe dizia  que uma perna teria ficado em um poste que ficava em frente à entrada da Rua Francisco Lobo. Também o historiador queluziano Vicente Racioppi um dia, da sacada da casa de D. Gabriella Mendonça, hoje Casa da Cultura, disse também que a perna esquerda de Tiradentes, ficava numa lata com querozene, em um poste que ficava em frente à atual Rua Francisco Lobo.

SOBRE A PASSAGEM DOS RESTOS MORTAIS DE TIRADENTES temos um trecho do belíssimo poema da queluziana RITA DE CÁSSIA DE ANDRADE NETTO, nascida em Itaverava, A HISTÓRIA LÍRICA DE CONSELHEIRO LAFAIETE.

 

RUA DIREITA, atual Comendador Baêta Neves

Imagem da Internet

 Este é o trecho do poema de RITA DE CÁSSIA:

“Ó Rua Direita, estremece,

Pasma de estupor.

Cerrem as casas tristemente

A pálpebra das janelas

E as enferrujadas aldravas

Silenciosas e quedas permaneçam.

O anjo da Liberdade passará

Nessa grande noite,

E todas as portas hão de ser marcadas

Com sangue do Primogênito.

 

Ó estigmatizada Rua Direita,

Deixa escorrer um rio de sal

Por entre as pedras testemunhas.

Esconde a vergonha no véu de tuas janelas:

A cabeça do Alferes repousa no sonho impossível.

Os olhos vidrados do Alferes

Voltam-se para os lados da Varginha,

Que a boca intumescida do Alferes

Parou nas sílabas proibidas

Da palavra – Liberdade.”

                                                                                         (Continua)

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