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Bom exemplo: igreja barroca é reaberta e entregue a comunidade

 Fechada em 1980, após as celebrações de um Domingo de Ramos, Matriz em precário estado de conservação foi considerada sem espaço para comportar os fiéis

Matriz deu nova vida ao centro cultural da cidade (Foto: Tarcísio Martins)

A Igreja Matriz de São Gonçalo da Ponte será reaberta no dia 30 de junho, e entregue à comunidade belovalense com uma Missa celebrada pelo Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Belo Horizonte, Dom Vicente de Paula Ferreira. Segundo o Pároco Wellington Eládio Nazaré Faria, a programação é simples, mas o acontecimento grandioso. A imagem do Padroeiro São Gonçalo será transferida por um cortejo, desde o Salão Paroquial até a Matriz, onde às 9:30 horas da manhã do domingo terá inicio a uma Missa Solene. “Estamos concluindo um capítulo importante da história de Belo Vale, e todos fazemos parte dessa história”, afirmou o Pároco.

A iniciativa para revitalizar a Matriz de São Gonçalo contou com a parceria da Prefeitura Municipal, que inicialmente, investiu cerca de R$ 624.754,30 para as obras civis emergenciais. Os serviços iniciaram-se em março de 2018 e foram executados pela “Construtora Restaurare Ltda”, vencedora da licitação pública. O valor da obra, orçado em cerca de R$ 1,8 milhões, contemplou alvenarias internas e externas, cobertura, forros, pisos, vãos e enquadramentos, soleiras, elementos em madeira e cantaria, além de projetos complementares: instalações elétricas, sistemas de proteção SPDA, sistemas de prevenção e combate a incêndio SPCI e instalações hidrossanitárias. O projeto e a supervisão foram de responsabilidade do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA).

Para o complemento do orçamento, a Paróquia lançou a ‘Campanha SOS MATRIZ’; buscou apoio da comunidade, instituições e empresas privadas, a fim de garantir a integridade do bem e seu uso. “Louvo e agradeço a Deus essa conquista. Agradeço à Prefeitura Municipal e a cada paroquiano que acreditou comigo e se empenhou. A Matriz de São Gonçalo é a prova de que juntos podemos realizar nossos sonhos,” enfatizou Padre Wellington.

 

Elementos artísticos não foram contemplados nessa fase

Atualmente, está sendo feita uma negociação entre o setor jurídico da Mitra Arquidiocesana de Belo Horizonte e o Ministério Público de Minas Gerais, para efetivar a execução do projeto artístico dos três altares. “Temos um orçamento inicial, apresentado pelo ‘Grupo Oficina de Restauro’, com valor de R$ 618,00 mil. O processo é um tanto burocrático, mas confiamos, que não muito distante, estaremos dando inicio a uma nova etapa”, afirmou o Pároco.

Em novembro de 1960, o adro da Matriz sofreu intervenção, para que fosse construída a bela praça, anos mais tarde, prejudicada por um viaduto (DIVULGAÇÃO)

História e Intervenções

 A Matriz de São Gonçalo da ponte, pertencente à segunda fase do Barroco Mineiro trata-se de um monumento edificado em meados do século XVIII, sendo 1764 o ano mais provável de término das obras. Nos séculos XIX e XX, o bem sofreu várias modificações principalmente em sua fachada; o interior permaneceu quase preservado em seu original. Em 1914, tomou posse na Freguesia de São Gonçalo da Ponte, Padre Virgilio Monteiro de Castro Penido. O livro da Matriz diz: “A Matriz e as capelas estavam em perfeito abandono”. Padre Virgilio percorreu o arraial com uma lista para angariar fundos, fez leilões e festas pela reconstrução da igreja. Não havia cemitério nesta época, os corpos eram enterrados dentro da igreja.

“Padre Virgilio encontrou a Igreja de São Gonçalo em péssimas condições de conservação. A frente da igreja estava trincada de alto a baixo; as rachaduras, em alguns lugares, tinham três centímetros de largura. As duas torres, também, bastante estragadas, além, do telhado que reclamava conserto. O primeiro trabalho era a reconstrução da Igreja e, para isto, logo tomou as necessárias providências. Escolheu sete homens responsáveis e de boa vontade que o ajudassem. Lembro-me que o presidente deste grupo foi o Sr. Simeão Fernandes de Araújo. O oficial que se responsabilizou pela obra veio de Belo Horizonte e chamava-se Marco Túlio Granigner e de lá trouxe seus auxiliares. Não me lembro quanto tempo durou a reforma…”, Sra. Belmira Anastácia de Souza – Nascida em 15.04.1907 nos Pintos, BV. Prestou serviços na Igreja desde 1920, catequista e zeladora.  Entrevista a Tarcísio Martins.

Em 1986, deu-se início a ultima grande reforma, sob a orientação de Paulo Bojanic, empresário da cidade de São João Del Rei. Provavelmente, essa foi uma intervenção, que mais prejudicou as características originais do patrimônio. Em algum momento, todos os altares com talhas douradas, anjos e esculturas receberam uma camada de tinta a óleo na cor azul, posteriormente raspada. A falta de conscientização para com o patrimônio possibilitou que imagens, lustres, quadros e objetos de celebração tivessem desaparecidos, contribuindo para sua descaracterização. Porém, estamos felizes por resgatar com muita devoção, o Templo que educou a vida religiosa de todos nós belovalenses.

Jornalista Tarcísio Martins

Fotos de capa: Matriz antes da restauração (Beto Novaes/EM/D.A Press)

 

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