GARIMPANDO NO ARQUIVO JAIR NORONHA
Avelina Maria Noronha de Almeida
NOTÍCIAS DE CONSELHEIRO LAFAIETE 33
“Levados à presença do Barão de Caxias, o capitão Marciano
Pereira Brandão e o capitão Bento Leite, dele ouviram: ‘Homens
como os senhores não devem, não vão e não os prenderei. São vencedores
e a Pátria reclama por homens valorosos. Como a lei tem de ser obedecida, ordeno que os senhores embrenhem pelo mato, mas presos nunca. ’”
Do livro: Caminhos do Cerrado, a Trajetória da Família Brandão
Continuamos a focalizar o MOVIMENTO LIBERAL DE 1842.
O principal vulto a ser focalizado neste evento é o estrategista MARCIANO PEREIRA BRANDÃO, assim, eis um pouco de sua história familiar, a partir do varão Manoel Pereira de Brandão ou Azevedo (meu septavô), um fazendeiro de São Gonçalo, da localidade de Queluz, casado com Jerônima do Pinho.
Marciano teve o nome inscrito na história de Minas Gerais pela sua brilhante atuação no Movimento Liberal de 1842, cujo cenário foram as províncias de São Paulo e Minas Gerais.
Conta o livro do CÕNEGO MARINHO, que participara do conflito, que o capitão MARCIANO BRANDÃO “aderiu cordialmente ao Movimento e que, com lealdade e zelo, serviu até o último instante”.
Em 1842, participou do MOVIMENTO LIBERAL, sobre o qual, refugiado na fazenda do padre Gonçalo no município de Queluz. Escreveu.
Estando Queluz sob o domínio dos Legalistas, e parecendo a situação impossível de reverter para um resultado positivo que premiasse os liberais, o CAPITÃO MARCIANO deu o seu parecer sobre a situação, dizendo que poderia tomar a vila de Queluz. Assim relata o Cônego Marinho:
“Propôs ele, então, que se lhe confiassem duzentos homens (talvez tenham tido dúvida sobre a eficiência do plano porque lhe confiaram apenas 150), com os quais iria, naquela mesma noite, sem que o pressentissem os Legalistas, ocupar as estradas de Ouro Preto, Congonhas e Suaçuí; que no dia seguinte (25 [de julho]) fosse uma das colunas acampar defronte a Vila, na Estrada do Rio de Janeiro, e outra na de Itaverava, as quais deviam ir sucessivamente apertando o cerco até que os Legalistas se concentrassem todos na povoação, caso em que lhes seriam tomadas as fontes e eles, obrigados pela sede, entregar-se-iam à discrição).”
Assim foi feito. Marciano Pereira Brandão, excelente estrategista, com sua proposta, levou os liberais à vitória. Aliás, QUELUZ foi o único lugar em que as tropas Legalistas foram vencidas, para se ver a importância do fato. Ao amanhecer do dia 26 de julho (data que deve ser sempre comemorada em nossa cidade), a tropa legalista, com lenços brancos na ponta das baionetas, entregou-se.
Foi assim que Marciano Pereira Brandão inscreveu seu nome nas páginas da HISTÓRIA DE MINAS GERAIS.
Assim terminou o MOVIMENTO:
“[…] os revoltosos perderam a batalha e a guerra, e foram presos em Santa Luzia o vigário Joaquim Camillo de Brito, capitão Pedro Teixeira de Carvalho, padre Manoel Dias do Couto Guimarães, Francisco Ferreira Paes, coronel João Teixeira de Carvalho, Theófilo Benedito Otoni, Dr. Joaquim Antônio Fernandes de Leão, Mariano José Bernardes e centenas de outros insurretos.
Levados à presença do Barão de Caxias, o capitão Marciano Pereira Brandão e o capitão Bento Leite, dele ouviram: ‘Homens como os senhores não devem, não vão e não os prenderei. São vencedores e a Pátria reclama por homens valorosos. Como a lei tem de ser obedecida, ordeno que os senhores embrenhem pelo mato, mas presos nunca.’”
(Continua)