A lafaietense Francelina Gomes mora em Crosne, distante 17 km de Paris,e há 23 anos está radicada na França. Ela trocou o nome para Francéline, conhecida Céline. Ela tem 3 nacionalidades, francesa, portuguesa e Brasileira.
No último sábado (7) ela foi entrevista pelo jornalista Ricardo Alexandre, em seu programa Ricardo Alexandre, pela Rádio Carijós. Céline contou um pouco da situação de apreensiva por que passam os franceses e a Europa diante do coronavírus.
Ricardo -Como tem sido a rotina após o surgimento do coronavírus?
Céline -A minha rotina aqui na França continua normal só com algumas cautelas até porque nem sempre as informações divulgadas pelas imprensa são verídicas. Estamos tomando precauções que são normais como higienizando sempre as mãos, alguns casos usando máscaras, mas a rotina mesmo continua normal. Há muitas pessoas que nem saem de casa por medo, principalmente as idosas que preferem ficar em casa contratam empregados para fazer as compras.
Ricardo -Você disse dos preços de álcool gel e máscaras.
Céline – O álcool estava 1,99 euros e agora subiu para 6,99 é equivalente à R$29,00. Eu comprei 10 e está sendo difícil encontrar. Paguei 59,60 euros que é equivalente a R$298,00. As máscaras também não se encontram. Você consegue encontrar na internet mais 20 mascaras custam 100 euros que chegam a quase R$500,00. Isso porque as máscaras que tinham aqui na França o presidente quando começou mandou tudo para a China e acabamos ficando sem. As pessoas quando saem colocam o cachecol no nariz porque não tem máscara, esta sendo um pouco difícil mas acaba que tudo vai passando e eu tenho muita fé em Deus que isso vai passar.
Ricardo– Quanto tempo aí na França?
Céline -23 anos
Ricardo -Você já veio em Lafaiete durante esses 23 anos?
Céline -Sim fui depois não voltei mais
Ricardo: Você tem parentes em Lafaiete próximo ao Santuário, não é isso?
Céline -É no Bairro Santo Antonio que é a Maria dos Anjos (irmã), tenho também muitos amigos que falo pelo whatsapp.
Ricardo -Céline em relação ao coronavírus, como é estar lutando contra um inimigo invisível?
Céline -Olha muita gente pergunta para mim porque eu não volto para o Brasil por causa desse vírus. Eu vou continuar as prevenções porque é muito importante. Eu tenho minha vida aqui, minha família que mora no Brasil, mas não posso deixar tudo aqui e ir desesperada por Brasil. Eu sei que aí tenho meus amigos, minha família, mais vou continuar vivendo aqui. Eu sei que vai ter uma solução e vou continuar aqui. Para você imaginar, nos anos 90, tinha o vírus do HIV que não tinha cura, mas hoje as pessoas já conseguem conviver com ele, eu tenho certeza que logo aparece a solução.
Ricardo: Tivemos também o H1N1 que são praticamente os mesmos cuidados e a higiene ajuda a prevenir essa doença.
Celine – A higiene ajuda como gel na desinfetação mas não é o suficiente
Ricardo– Você acompanha muito os noticiários aqui no Brasil e a população francesa principalmente as pessoas de Crosne estão com muito medo dos efeitos na economia?
Céline -Olha a situação nesse momento não está muito boa porque tem muita ligação de ponte aérea, agora começa a primavera e muita gente viaja para muitos países, muitos gostam de ir para Portugal porque faz muito calor lá.
Ricardo: Paris vai estar deserto
Celine -Está deserta já não tem muito turista, muitos hotéis também estão sendo arrumados e as pessoas evitam e mesmo nos restaurantes já não têm muitas pessoas. Até mesmo no shopping já não tem muita gente. Fui ao shopping para comprar flores que vai começar a primavera aqui já estava praticamente vazio não tinha ninguém só tinha eu e outra senhora, muitas pessoas tem muito medo de sair de casa e acham que vai pegar o vírus. A gente não pode colocar na cabeça que vai pegar esse vírus, assim eu jamais iria sair mesmo. As escolas irão fechar por causa do vírus como as faculdades. São 716 pessoas contaminadas aqui, 11 mortos e as crianças nas escolas. Isso me machucou muito ontem na reunião da minha filha que as crianças foram perguntar para os professores se não irão ficar órfão de pai e mãe. Está sendo um pouco difícil mas a verdade eu consigo entender, tenho fé em Deus que tudo vai passar que esse vírus não vai chegar em mim e nem na minha família. Eu recebo muitas mensagens do povo daí de Lafaiete falando que estão rezando por mim e até mesmo o pastor Reginaldo que é de Presidente Prudente (SP).
Ricardo -A gente percebe o quanto esse coronavírus tem influenciado as famílias, as relações sociais aí na França.
Céline -Agora neste momento por causa do vírus não tem mais beijo, não tem aperto de mão os vizinhos ficam um pouco mais afastados de todos. Se eu saio para o portão da minha casa agora eu não vejo ninguém as ruas estão todas desertas. Eu moro a 50 metros de uma grande floresta, sempre que as crianças saem da escola e os pais vinham passear com elas, agora esta tudo deserto. A França está deserta agora. Os franceses como não são muitos religiosos. Se fossem um pouco mais com Deus no coração de repente ajudaria um pouco.
Ricardo -Você fala de religiosidade.As igreja estão restringindo ou mudaram a rotina? Ou alguma e outra continua aberta recebendo os fiéis?
Céline -Aqui não é como no Brasil, Lafaiete que tem muitas igrejas. Aqui pode ter igreja mais o máximo que vão na igreja no domingo é 30 pessoas. Os franceses mesmo não vão a igreja, vão mais os emigrantes como eu. Igrejas evangélicas não têm, tinha uma Universal mais não ficou aberta nem um mês. Os franceses não muito religiosos
Ricardo – A respeito da saúde, no Brasil temos o SUS. Como funciona o acesso ou só ficando em casa mesmo?
Celina A saúde aqui é ótima, é maravilhosa
Ricardo: Feliz de falar com você, mas triste pela situação do coronavírus.
Céline – Exatamente espero que isso passe o mais rápido possível, possamos encontrar uma vacina no máximo em abril porque o que acontece agora, no verão, minha menina não vai poder nem viajar, não vai poder nem sair porque eles vão fechar as fronteiras em Portugal. Também não está muito boa a situação porque o Santuário de Fátima já está fechado, como tenho muito contato em Portugal, as coisas lá não estão muito boas, eles querem fechar todas as fronteiras para ninguém entrar ou sair.
Ricardo – Sobre os itens básicos de supermercado está subindo muito? Você já fez o estoque em casa?
Céline – Eu fiz estoque das coisas mais necessárias, se todo mundo começar a fazer eu tenho fazer porque se adoece e não puder sair mais de casa. Hoje mesmo fui repor água mineral porque estão aumentando sim os preços, já estão um pouquinho mais caros, mesmo frutas também. Para você ver a diferença mesmo longe tudo inflacionando o pão também, uma baguete custava 1 euro agora já esta 1,50 euro. Então já estão aumentando umas coisinhas sim e estão fechando as fronteiras ninguém sai ninguém entra.