GARIMPANDO NO ARQUIVO JAIR NORONHA
Avelina Maria Noronha de Almeida
GARIMPANDO NOTÍCIAS 47
A várzea por onde serpeira o Bananeiras é bonita,
assim como a entrada em Queluz por um novo caminho
que se fez seguindo o alto do morro. No fundo da cidade e fim de
uma subida está a igrejinha de Santo Antônio e no fundo
alteia-se a Serra do Ouro Branco, coroada de
nuvens douradas pelo sol que se punha pelo lado oposto.
Em 1881, o imperador D. Pedro II e a imperatriz Dona Teresa Cristina, indo para Ouro Preto, passaram por Queluz.
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Este foi um um dos acontecimentos importantes do século XIX em Queluz.
Em seu livro “Aontamentos para a Historia de Conselheiro Lafaiete – Antiga Queluz de Minas), Romeu Guimarães de Albuquerque diz que uma missão foi nomeada para receber o Imperador em Carandaí, composta pelo Dr. Francisco José Pereira Zebral, Dr. Francisco Gualberto de Souza, Joaquim Afonso Baêta Neves, Padre José Vieira de Souza Barros, Major Egídio Paulo Andrade , Dr. Washington Rodrigues Pereira, Major Albino de Almeida Cyrino, Comendador João Crisóstomo de Queiroz e Dr Antônio Joaquim de Souza Paraíso.
Vejam que interessante está no referido livro de Romeu Guimarães de Abuquerque sobre a preparação da cidade para receber D. Pedro II:
.
“A Câmara Munucipal mandou intimar os proprietários a limparem as fachadas de suas casas, consertou as calçadas e limpou as ruas para a imperial chegada.
O almoço para S.M. e comitiva foi sncomendado a Felipe da Silva Ferrão, da Fazenda do Engenho, estrada para Carandaí.
O almoço custou 1.346$746 réis, que a Câmara pagou e depois recebeu da coletoria de Juiz de Fora, por ordem do Governo Provincial.”
Imagem da Internet
No jornal Revista Ilustrada. Rio de Janeiro, ano 6, número 245, 1881, traz, na época, esta notícia:
. “A cidade de Queluz recebeu SS. MM. II. com o maior júbilo. Entusiasmo indescritível, grandes ovações, fogos, músicas etc. A cidade deu aos Augustos Viajantes as mais solenes provas de contentamento.”
. Sobre a estadia de D. Pedro aqui em nossa cidade, achei interessante colocar a parte em que ele fala de Queluz em um diário que escreveu sobre a viagem dele por Minas Gerais.:
. “29 (terça-feira) – Dormi bem. Saída às 6 h. (…) Do Alto das Bandeirinhas já se avistam casas de Queluz. Parou-se em algum lugar por causa das liteiras. O tempo das pequenas paradas e o do almoço andariam por menos de duas horas. O coronel Pereira apontou-me suas terras do Ribeirão do Inferno e Queluz. Possui outras fazendas que dão-lhe 50 crias de mulas e 100 de poldros no ano. Antes de Queluz, atravessa-se o ribeirão das Bananeiras, onde não vi nenhuma. Ouvi também falar do alto de Paraopeba, de onde se goza de vista extensa e bela, e da ponte deste rio que ainda não é navegável para canoas nessa altura. A várzea por onde serpeira o Bananeiras é bonita, assim como a entrada em Queluz por um novo caminho que se fez seguindo o alto do morro. No fundo da cidade e fim de uma subida está a igrejinha de Santo Antônio e no fundo alteia-se a Serra do Ouro Branco, coroada de nuvens douradas pelo sol que se punha pelo lado oposto. O aspecto da cidade é mais pitoresco que o de Barbacena.
.Imagem da Internet
Descansei um pouco conversando com a família de Washinton, filho do coronel Pereira, e saí para ver aulas que são duas – agradando-me a de meninos, cadeia bom edifício por acabar internamente; porém onde fala quase tudo, não tendo os soldados da polícia nem baionetas nem sabres-baionetas: Câmara Municipal que se acabou de arranjar hoje – bonita fachada a que não corresponde o resto – puseram as armas do Brasil dentro do antigo escudo português, que quiiseram aproveitar – e voltei para casa.
‘Apareceu o violeiro – fazem-se aqui muitas violas – a que veio tinha caixa de pinho e braço de jacarandá, sendo os embutidos de cabiúna. O rapaz tocou bem viola e melhor violão feito aqui. As ruas de Queluz não são de fácil trânsito, sobretudo de noite. Antes de ouvir o violeiro, houve Te Deum na Matriz. Arranjaram-no sofrivelmente. Na capela nova há pinturas que, talvez, não sejam más, porém a falta de luz não me permitiram vê-las bem. Conversei com a mulher de Washinton Pereira, filha de Luís Antônio Barbosa, que lembrou-me tê-la eu interrogado num colégio de Niterói. Parece-me excelente senhora e muito inteligente. Recolhi- me depois das nove.”
. A casa do Washington Rodrigues Pereira que ele cita era onde depois residiu a família do Deputado Antônio Ribeiro Franco, na Praça Tiradentes, em frente ao Museu Perdigão, naquela época a Cadeia Pública.
Amanhã termino a parte do DIÁRIO DE VIAGEM DE D. PEDRO II, que fala da saída dele da cidade e, ainda em terras do Município de Queluz , passando pela Estalagem da Varginha do Lourenço.