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Empresário lafaietense relata o drama de encerrar suas atividades; “vou fechar de vez a minha loja”, desabafa

Depois de quase 60 dias com seu estabelecimento comercial fechado, em Lafaiete, o empresário enviou uma carta a nossa redação, desabafando sua dor pelo fechamento de sua empresa atacado diretamente pela pandemia. Ele tinha 6 funcionários e contava com a ajuda da espessa. O nome empresário será mantido em sigilo. O ramo de atividade é ligado a variedade.

Calcula-se que são mais de 3 mil desempregados o comércio de Lafaiete, segundo pesquisa do SINDCOMÈRCIO.

Comércio inicia sua reabertura na próxima segunda-feira (25) / DIVULGAÇÃO

A carta foi enviada um dia antes do anúncio da adesão do Município ao Programa do “Minas Consciente” que iniciou a reabertura gradual do comércio.
Não sou lafaietense, não nasci na cidade, mas meu coração é. Vim pra cá ainda criança, por causa do comércio, meu pai era comerciante e herdei dele a vocação. Passei junto com ele por muitas crises e ele me ensinou a ser firme e não desistir por conta dos desafios, que no comércio são muitos, mas nunca passei por nada parecido com essa crise do Covid-19.
Há dois meses não posso abrir as portas da minha loja, como vários amigos também não podem. Confesso que no início apoiei o fechamento das lojas, vi grandes empresários da cidade falarem da necessidade de fechar e achei que estava certo e que logo estaria aberto de novo. Hoje já não tenho certeza, acho que foi feito antes da hora.
No início de abril, já comecei a perceber que não seria fácil. Continuei tendo várias despesas, mas não tinha nenhuma receita, não podia nem receber o crediário dos meus clientes. Chamei meus funcionários, que até então estavam organizando estoque e outras coisas, expliquei a situação e assim que deu pedi o contador para suspender os contratos de trabalho.
Em maio as coisas pioraram, as poucas reservas que eu tinha usei para pagar as duplicatas que eu não consegui prorrogar e as contas que não dá pra cortar. Estou acumulando dívidas agora.
A suspensão de contrato dos meus funcionários termina daqui a pouco, já pedi ao contador para preparar as demissões. Provavelmente vou ter que vender meu carro pra pagar os acertos.
Nesse meio tempo tentei atender alguns poucos clientes, com o maior cuidado, recebi algumas contas, até me animava às vezes, mas na véspera do Dia das Mães eu estava com um cliente dentro da loja e bateram com força na porta. Pedi o meu filho, que me ajuda pra ver quem era. Ele voltou e disse que era a polícia. Precisei pedir ao cliente que se escondesse e depois de tantos anos de trabalho duro, eu estava olhando para o meu filho e me sentindo um criminoso pego em flagrante.
Não é fácil, e algumas perguntas eu não consegui responder e escrevi esse texto pensando que alguém talvez possa. É realmente necessário manter o comércio fechado até hoje? A opção do prefeito de deixar o comercio sem data de abrir é medo, insegurança ou só porque é mais fácil? Quantas pessoas vão perder o seu negócio, o seu emprego? Por que mesmo com tão poucos casos em Lafaiete o comércio não pode ir voltando?
Acho muito injusto o que está acontecendo, vejo notícias com cada um falando uma coisa diferente, brigas de políticos, e muita gente na rua, e eu estou sendo obrigado a desistir do meu negócio, depois de uma vida no comércio, vou fechar de vez a minha loja”.

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