30 de abril de 2024 15:53

Diretor do Asilo Carlos Romeiro aponta os desafios de proteger 59 internos neste tempo de pandemia

Desde que estourou o surto de covid-19 no Lar São José, em Piranga, os asilos da região se transformaram em uma preocupação em virtude da vulnerabilidade. Com 44 anos de atividade, atendendo aos necessitados inicialmente em formato de albergue, o Asilo Dr. Carlos Romeiro, em Lafaiete, atualmente tem 32 funcionárias e 59 acolhidos em formato de Instituição de Longa Permanência, sendo uma instituição filantrópica privada.
Nossa reportagem fez uma entrevista via e-mail com diretor interino do asilo, Jorge Luiz Gomes. Ele está no comando da instituição desde março até a Sociedade São Vicente de Paula definir a data da nova eleição. Não foi constado nenhum interno com covid-19, porém eles ainda não passaram por exames.

Asilo Doutor Carlos Romeiro / DIVULGAÇÃO

CM- Como é o financiamento do asilo? Como sobrevive?
Jorge – Utilizamo-nos da participação dos idosos através de seus benefícios previdenciários, sendo que nem todos fazem jus a esses benefícios. Salientamos, que 90% dos acolhidos recebem o denominado BPC ou LOAS, benefícios esses que não geram direito a recebimento de 13º salário. Por outro lado, as 32 colaboradoras (número esse que segundo a ANVISA e COREN ainda está abaixo, pelo número de acolhidos), têm direito ao recebimento de férias, 13º, PIS, dentre outros benefícios previstos em CCT, que em caso de descumprimento gera inclusive multas à instituição. Além das despesas trabalhistas, pagamos outras várias, pois apesar de sermos uma instituição filantrópica, não estamos isentos de nenhuma obrigação, seja ela trabalhista, previdenciária ou social. Após essa explanação é fácil verificar o motivo de frequentemente estarmos em campanha em prol de conseguir doações. Porque sem elas não podemos sobreviver.

CM- O asilo de Piranga é uma preocupação regional e repercute na direção do Carlos Romeiro. Quais medidas estão sendo tomadas na prevenção do contágio do coronavírus?
Jorge- É evidente que o asilo de Piranga tenha se tornado uma preocupação regional, mas trata-se de administrações independentes. Desde o dia 17/03 estamos com as visitas e demais atividades suspensas. Estamos trabalhando na intensificação da higiene e limpeza. Tornou-se obrigatório o uso constante de EPI’s, tais como máscaras, luvas, toucas, botas, jalecos, dentre outros necessários apara todas as colaboradoras. Elaboração de um Plano de Contigência e posterior capacitação das colaboradoras.
Instalamos telas nas grades e janelas fazendo a limitação entre o ambiente interno e a rua, evitando assim o contato direto entre os residentes e pessoas externas.

CM- Os asilados estão em quartos separados?
Jorge – A edificação do asilo é muito antiga. Constantemente realizamos adaptações de acordo com exigências de órgãos específicos e visando a melhoria dos espaços e conforto dos acolhidos. No entanto, ainda não conseguimos chegar ao nível de separação de leitos. O que existe são divisões entre Alas masculinas e femininas. Todos os quartos respeitam o distanciamento dos leitos conforme legislação vigente.

CM- A prefeitura tem apoiado a instituição neste momento de pandemia?
Jorge – Após intervenção do Ministério Público, a prefeitura, através da Secretaria de Assistência Social, têm nos fornecido alguns materiais básicos para a prevenção do coronavírus, tais como: luvas, máscaras e álcool 70%.
CM- Os pacientes passaram por testagem rápida?
Jorge -Ainda não, apesar de já termos solicitado a testagem dos idosos e colaboradoras.

CM -Quais as maiores necessidades e desafios ao enfrentamento do COVID-9?
Jorge -O maior desafio é proteger aos 59 acolhidos, uma vez que todos fazem parte do grupo de risco, pela idade, além de outras comorbidades particulares de cada um.

CM- Como a direção analisa a situação do asilo de Piranga com 2 óbito e dezenas de infectados?
Jorge- Isso nos obriga a estarmos ainda mais atentos, para garantir a proteção dos nossos acolhidos.

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