Após ser ‘chifrado’ por mendigo, personal fala em continuar casamento

‘Não é por causa de um fator que ocorreu aí, um surto, que eu vou desconhecer a pessoa com quem eu convivi três anos’, disse Eduardo Alves, em entrevista

Você deve ter ouvido esta história, no mínimo, inusitada em algum lugar nos últimos dias. Um personal trainer flagrou sua esposa fazendo sexo com um morador de rua dentro do carro, em Brasília.

Câmeras de segurança registraram o momento do flagra e a confusão, que acabou com Eduardo Alves agredindo o homem. Em entrevista, mais calmo, ele disse que pretende continuar seu casamento.

Entenda o caso

A esposa de Eduardo, chamada Sandra Maia, estava sumida, após sair com a sogra para ajudar pessoas em situação de rua, em uma ação da igreja evangélica que costuma frequentar.

Após horas sem aparecer, ele começou a procurá-la e a encontrou fazendo sexo dentro do carro com o tal homem. Após a confusão, todos foram encaminhados para a 16ª Delegacia de Polícia do Distrito Federal.

A versão da mulher é que ela teve visões divinas e estava vivenciando a presença de Deus. O assunto foi um dos mais comentados do país nas redes sociais e alvos de muitos memes. Confira o momento em que Eduardo pega a espsoa ‘no ato’ com um morador de rua:

Com a palavra, Eduardo Alves

O personal trainer foi ouvido por Leo Dias, colunista do Metrópoles, que foi o veículo que divulgou o vídeo em primeira mão. Ele disse que não conversou com a esposa sobre o assunto, e que ela está internada em uma ala de doenças psiquiátricas. De acordo com Eduardo, os Médicos afirmaram que Sandra sofreu um surto e não consegue responder pelos seus atos.

Os dois estão casados há três anos. Eduardo foi personal de Sandra em uma academia, e os dois foram ganhando intimidade. Quatro meses depois, foram morar juntos. “Não é por causa de um fator que ocorreu aí, um surto, que eu vou desconhecer a pessoa com quem eu convivi três anos”, disse Eduardo, que completou, dizendo que há uma distorção na maneira como Sandra foi retratada pela imprensa e na internet:

“Eu conheço a pessoa que eu convivi. Falaram que ela quis trair, isso não procede. E o que tá me pegando ainda mais agora, é que tão começando a mexer com os filhos. (…) o apelo tá demais. Enquanto tava comigo e ela, a gente ainda aguenta o barco”, desabafou o personal.

Sobre a repercussão do caso, Eduardo mencionou que a maneira como a situação vem sendo retratada pode atrapalhar a retomada da vida normal de Sandra. Como está internada e medicada, ela não tem ciência do tamanho que o episódio ganhou.

Por fim, Eduardo disse que não se arrepende da situação e que agiria da mesma forma, se houvesse a oportunidade. Ele também afirmou que seu casamento com Sandra seguirá e disse que conhece a índole da esposa. O personal trainer, que parou sua vida profissional por conta da repercussão do caso, pediu, também, mais empatia da população. 

FONTE UAI ENTRETERIMENTO

Entrerriano é o novo secretário de Saúde fala sobre prioridades para 2022 em Ouro Preto

Leandro vê o trabalho feito por Glauciane como positivo e dentro do esperado por se tratar do primeiro ano de governo, o que lhe deu segurança para assumir a pasta

O final do primeiro ano do quarto mandato de Angelo Oswaldo (PV) na Prefeitura de Ouro Preto está marcado por várias mudanças em seu secretariado. Uma das mais recentes se refere à Secretaria de Saúde, que será deixada pela Glauciane do Nascimento para a entrada do enfermeiro Leandro Moreira. Ele deve assumir o cargo no início de janeiro. Ele é natural de Entre Rios de Minas (MG).

Glauciane é servidora concursada de Ouro Preto, atuando durante um longo período na Unidade Básica de Saúde do Morro Santana antes de ser secretária de Saúde da cidade. Ela foi chamada para dar aula de enfermagem em duas importantes universidades em 2022, uma de Belo Horizonte e outra de São Paulo e, portanto, não pode continuar à frente da secretaria.

Leandro Moreira é administrador da Santa Casa de Ouro Preto e já trabalhou na prefeitura em dois mandatos anteriores. Ele está na cidade há 15 anos e atuou em todos os pontos de atenção relacionados à saúde. Fez 11 anos de plantão no hospital enquanto trabalhava durante o dia em postos de saúde. Em 2013, assumiu a coordenação da UPA e Samu e, em 2017, foi para o cargo de superintendência de rede.

“Com relação a 2022, o principal ponto são os olhos para uma saúde de qualidade humana para a população e em relação à atenção primária. Em 2021, exigiu muito da gestão de saúde para o modelo curativo, por conta da pandemia. Então, sementes foram plantadas com o objetivo de atenção primária e secundária, mas o foco foi de trabalhar e organizar um apoio hospitalar. Com esse apoio já encaminhado e organizado, a próxima etapa agora que eu pretendo como secretário é o foco na atenção primária, fazendo dela como ordenadora do cuidado. Ela tem a possibilidade do acompanhamento integral dos grupos de pessoas que estiverem na unidade de saúde”, contou Leandro Moreira ao Mais Minas.

Na sua essência, a atenção primária à saúde cuida das pessoas, em vez de tratar apenas doenças ou condições específicas. Esse setor, que oferta atendimento abrangente, acessível e baseado na comunidade, pode atender de 80% a 90% das necessidades de saúde de alguém ao longo de sua vida.

Dessa forma, Leandro Moreira acredita que vários problemas relacionados à saúde poderão ser sanados em Ouro Preto, incluindo os ouro-pretanos que moram nos distritos e subsdistritos e que acabam tendo dificuldade de acesso a atendimentos em casos de tratamentos específicos.

“Ouro Preto tem uma particularidade geográfica, alguns distritos e subdistritos têm distância até maior do que cidades vizinhas. Então, o objetivo do fortalecimento da atenção primária nos distritos gera uma possibilidade de resolver as necessidades da saúde da população em torno de 80% e aí só precisaria retirar para dar continuidade no cuidado, vindo para a saúde ou levando para algum polo de apoio, em torno de 20%. Investimento no fortalecimento da atenção primária, automaticamente se garante mais acesso para a população”, disse Leandro.

O secretário de Saúde fez o seu estágio em dezembro de 2006 na Secretaria de Saúde de Ouro Preto, formou-se em 2007 e entrou na prefeitura no primeiro ano do segundo governo de Angelo Oswaldo, que se reelegeu e, portanto, Leandro ficou mais quatro anos junto à gestão municipal. Ele conta que seu conhecimento e aperfeiçoamento em atenção primária se desenvolveu nesse período do governo do prefeito.

Leandro vê o trabalho feito por Glauciane como positivo e dentro do esperado por se tratar do primeiro ano de governo, o que lhe deu segurança para assumir a pasta. O secretário tem a expectativa de encerrar seus trabalhos juntos com o governo de Angelo Oswaldo.

“Assumir a Secretaria de Saúde requer um planejamento maior, de longo prazo, para não haver desfragmentação. Então, o primeiro ano, geralmente, já é um ano de diagnóstico e planejamento para plantar as primeiras sementes que se tem o objetivo de colher. A partir do segundo ano a gente começa a colocar a Saúde dentro do planejamento. Uma das seguranças que eu tenho em assumir a pasta é justamente o fato de Glauciane ter feito o diagnóstico, processamento das necessidades. O propósito, se tudo der certo, é que eu conclua o governo junto com Angelo”, contou Leandro.

Foto: Facebook / Santa Casa de Ouro Preto

Ainda não se sabe quem será o administrador da Santa Casa no lugar de Leandro. Segundo o novo secretário de Saúde de Ouro Preto, o anúncio será feito pelo hospital nesta quarta-feira, 22 de dezembro.

Controle da pandemia

Ouro Preto é uma das cidades consideradas referência na imunização da população contra a Covid-19. De acordo com o “vacinômetro” da Secretaria de Estado de Saúde, na Cidade Histórica, 70.733 pessoas foram vacinadas com a primeira dose da vacina, 65.222 com a segunda, 3.817 com a dose única e 11.636 com a dose de reforço. Portanto, 93,48% dos ouro-pretanos estão parcialmente imunizados contra o novo coronavírus e 91,25% recebeu a imunização completa.

“A Glauciane, neste primeiro ano de governo, buscou uma estabilidade no cuidado com a pandemia. Então, caminharam duas coisas ao mesmo tempo. Garantindo, através da Santa Casa, a assistência hospitalar que a população precisava, bem como as estratégias de vacinação, buscando um maior número de vacinados no menor tempo possível. Então, a estabilidade que temos hoje na pandemia se justifica por esses dois principais pontos que foram trabalhados”, explicou Leandro Moreira sobre o controle da pandemia em Ouro Preto.

Porém, por ser uma cidade histórica, Ouro Preto recebe turistas e vários lugares e, apesar de estar dentro do objetivo de meta vacinal, o país, em sua grande maioria, ainda avança na imunização contra a Covid-19 de forma lenta, tendo muitos municípios com índice de vacinação menor que o município ouro-pretano.

Com as festas de final de ano e a recepção de turistas, Ouro Preto está vulnerável a receber novas cepas do vírus. Portanto, Leandro contou que não medirá esforços para reavaliar os dados epidemiológicos e, se for o caso, aumentar as restrições na cidade.

“Acho que o grande ponto da vacinação é que não é que ela impediria de se contaminar, isso está voltado aos cuidados de orientação que foram passados desde o início da pandemia, que são lavar as mãos, uso da máscara e evitar a aglomeração. O grande diferencial da vacina é diminuir o número de complicações ou casos graves, que gerou nas internações hospitalares e, em muitos casos, evoluiu para a morte. Então, Ouro Preto, neste momento, está em estabilidade com a pandemia, mas não significa que temos que relaxar com os cuidados. A pandemia continua e, se for necessário em alguns pontos, como aconteceu no distrito de Antônio Pereira de dar um passo para trás e restringir um pouco mais para depois voltar novamente, vamos ter que fazer”, finalizou o novo secretário de Saúde de Ouro Preto.

FONTE MAIS MINAS

Copasa garante que mal cheiro da ETE Bananeiras é coisa do passado; empresa vai investir R$10 milhões para chegar a 95% do esgoto tratado

O Vereador  Fernando Bandeira (DEM) apresentou um requerimento em que cobra da Copasa diversas informações sobre coleta e tratamento do esgoto.
Através do Gerente Distrital, Alexandre Roberto da Silva explicou a situação da ETA Bananeiras. Ele informou que foram investidos cerca de R$ 1,3 milhão para por fim ao tormento do mau cheiro na Estação de Tratamento de Esgoto, a ETE Bananeiras, e ressaltou que os moradores ao entorno do empreendimento acompanham os resultados  através monitoramento e avaliação em reuniões periódicas. “A ETE Bananeiras está com seu funcionamento normal com índice de eficiência no tratamento superior a 80%”, disse. “Através de uma equipe, ela acompanha a ETE Bananeiras e não tivemos reclamações dos moradores do entorno. O sistema de controle de odor está funcionando, entendemos que as ações têm conseguido sanar a produção de odores na ETE Bananeiras”, assinalou.

Moradores presentes na reunião no Centro Comunitário São Benedito / DIVULGAÇÃO

CORREIO- Quanto é coletado e tratado de esgoto em Lafaiete?
Copasa: Atualmente em Conselheiro Lafaiete temos atendimento com rede coletora a disposição em 93%, onde temos hoje 80% do esgoto coletado tratado. Já está em andamento o processo de contratação da obra para complementar o sistema de esgotamento sanitário para chegar em 100% do esgoto coletado.

CORREIO-  qual a situação hoje da ETE Bananeiras?
Copasa: A ETE Bananeiras está com seu funcionamento normal com índice de eficiência no tratamento superior a 80%.Foram investidos nas Obras e serviços de implantação do sistema de controle de odor não só da ETE Bananeiras, como também da ETE Ventura Luiz valor da R$1.3 milhão.

CORREIO – O mau cheiro cessou?
Copasa: Com as obras de implantação do sistema de controle de odor  e a ações de operacionais a COPASA vem mitigando a produção de odores na ETE Bananeiras, com a meta de sanar totalmente a odor no entorno da ETE.

CORREIO – Como é feito o acompanhamento dos resultados das obra para eliminar o mau cheiro?
Copasa – A empresa vem monitorando o funcionamento da ETE Bananeiras com medições de gás H2S, bem o  contato com a comunidade para verificação da efetividade do sistema de controle de odor.
Recentemente tivemos uma reunião com a comunidade onde apresentamos as obras que foram implantadas bem com deixamos um canal aberto de comunicação para comunidade e a COPASA, pelo setor socioambiental da COPASA.

CORREIO- Os imóveis, de uma maneira ou outra não tem o serviço de coleta de esgoto, como é feito? Os donos serão responsabilizados?
Copasa-  Os imóveis que rede coletora a disposição e não interliga com o trabalho feito pelo Município que foi previsto no Acordo com Ministério Publico do TAC, onde a COPASA entrou com valor de R$4.000.000,00 para contratação do georeferenciamento este imóveis serão notificados para fazer a conexão a rede coletora a disposição. Os imóveis que não dispõe de rede coletora estão previsto nas obras de complementação do sistema de esgotamento sanitário

Moradores presentes na reunião no Centro Comunitário São Benedito / DIVULGAÇÃO

CORREIO- muitos vereadores questionam que em algumas áreas ainda há esgoto correndo os córregos, perto da ponde que sobe pro Real de Queluz, e os moradores pagam pelo serviço. Isso procede? Ainda não rios ou córregos contaminados?
Copasa – Existe ainda locais os esgoto ainda não são encaminhados para as ETE’s, mas estes serão atendido com as obras  de complementação do sistema de esgotamento sanitário.

CORREIO – Com as obras de complementação do sistema de esgotamento sanitário que já está em processo de montagem da licitação, onde teremos um investimento da ordem de R$10 milhões chegaremos ao 100% do esgoto coletado, bem como atenderemos ao percentual de cobertura de rede coletora superior a 95%.
A COPASA vem desenvolvendo ações de melhoria continua na operação da ETE Bananeiras com a implantação do sistema de controle de odor , ações de limpeza constantes com utilização de caminhão Autovácuo, Técnico de Tratamento de Esgoto em tempo integral coordenando as atividades técnicas para manter o operação da ETE.

Diretor do Asilo Carlos Romeiro aponta os desafios de proteger 59 internos neste tempo de pandemia

Desde que estourou o surto de covid-19 no Lar São José, em Piranga, os asilos da região se transformaram em uma preocupação em virtude da vulnerabilidade. Com 44 anos de atividade, atendendo aos necessitados inicialmente em formato de albergue, o Asilo Dr. Carlos Romeiro, em Lafaiete, atualmente tem 32 funcionárias e 59 acolhidos em formato de Instituição de Longa Permanência, sendo uma instituição filantrópica privada.
Nossa reportagem fez uma entrevista via e-mail com diretor interino do asilo, Jorge Luiz Gomes. Ele está no comando da instituição desde março até a Sociedade São Vicente de Paula definir a data da nova eleição. Não foi constado nenhum interno com covid-19, porém eles ainda não passaram por exames.

Asilo Doutor Carlos Romeiro / DIVULGAÇÃO

CM- Como é o financiamento do asilo? Como sobrevive?
Jorge – Utilizamo-nos da participação dos idosos através de seus benefícios previdenciários, sendo que nem todos fazem jus a esses benefícios. Salientamos, que 90% dos acolhidos recebem o denominado BPC ou LOAS, benefícios esses que não geram direito a recebimento de 13º salário. Por outro lado, as 32 colaboradoras (número esse que segundo a ANVISA e COREN ainda está abaixo, pelo número de acolhidos), têm direito ao recebimento de férias, 13º, PIS, dentre outros benefícios previstos em CCT, que em caso de descumprimento gera inclusive multas à instituição. Além das despesas trabalhistas, pagamos outras várias, pois apesar de sermos uma instituição filantrópica, não estamos isentos de nenhuma obrigação, seja ela trabalhista, previdenciária ou social. Após essa explanação é fácil verificar o motivo de frequentemente estarmos em campanha em prol de conseguir doações. Porque sem elas não podemos sobreviver.

CM- O asilo de Piranga é uma preocupação regional e repercute na direção do Carlos Romeiro. Quais medidas estão sendo tomadas na prevenção do contágio do coronavírus?
Jorge- É evidente que o asilo de Piranga tenha se tornado uma preocupação regional, mas trata-se de administrações independentes. Desde o dia 17/03 estamos com as visitas e demais atividades suspensas. Estamos trabalhando na intensificação da higiene e limpeza. Tornou-se obrigatório o uso constante de EPI’s, tais como máscaras, luvas, toucas, botas, jalecos, dentre outros necessários apara todas as colaboradoras. Elaboração de um Plano de Contigência e posterior capacitação das colaboradoras.
Instalamos telas nas grades e janelas fazendo a limitação entre o ambiente interno e a rua, evitando assim o contato direto entre os residentes e pessoas externas.

CM- Os asilados estão em quartos separados?
Jorge – A edificação do asilo é muito antiga. Constantemente realizamos adaptações de acordo com exigências de órgãos específicos e visando a melhoria dos espaços e conforto dos acolhidos. No entanto, ainda não conseguimos chegar ao nível de separação de leitos. O que existe são divisões entre Alas masculinas e femininas. Todos os quartos respeitam o distanciamento dos leitos conforme legislação vigente.

CM- A prefeitura tem apoiado a instituição neste momento de pandemia?
Jorge – Após intervenção do Ministério Público, a prefeitura, através da Secretaria de Assistência Social, têm nos fornecido alguns materiais básicos para a prevenção do coronavírus, tais como: luvas, máscaras e álcool 70%.
CM- Os pacientes passaram por testagem rápida?
Jorge -Ainda não, apesar de já termos solicitado a testagem dos idosos e colaboradoras.

CM -Quais as maiores necessidades e desafios ao enfrentamento do COVID-9?
Jorge -O maior desafio é proteger aos 59 acolhidos, uma vez que todos fazem parte do grupo de risco, pela idade, além de outras comorbidades particulares de cada um.

CM- Como a direção analisa a situação do asilo de Piranga com 2 óbito e dezenas de infectados?
Jorge- Isso nos obriga a estarmos ainda mais atentos, para garantir a proteção dos nossos acolhidos.

Superintendente de Saúde não descarta possibilidade de intervenção e anuncia força tarefa no asilo de Piranga

Em entrevista exclusiva ao site CORREIO DE MINAS, Hérica Vieira Santos, Superintendente Regional de Saúde Barbacena (SRS), que reúne 51 municípios, analisou a situação epidemiológica na região, em especial em Piranga com o surto no Lar dos Idosos, São José, que conta com 73

Herica Vieira Santos, enfermeira, Especialista em Política e Gestão da Saúde-EPGS da Secretaria de estado da saúde, atualmente superintendente regional (desde julho de 2019) / DIVULGAÇÃO

assistidos. Ela não descartou uma intervenção na instituição, caso gravidade de contágio amplie no asilo.
Hoje (3), no programa na Rádio Difusa de Piranga, ela adiantou que diversas medidas sanitárias estão sendo adotadas em conjunto com a direção, SRS e a secretaria de saúde e de desenvolvimento social em uma força tarefa para conter o vírus.

Uma relocação de funcionários da saúde está sendo realizada para ampliando o número de profissionais no local. A prefeitura irá contratar diversos profissionais para atendimento exclusivo aos idosos.
Hoje (3) o local passou por uma desinfecção total. Após a testagem dos idosos, eles serão isolados e outros poderão ser remanejados para um outro local mais seguro ou até mesmo, dependendo da situação, retornarem provisoriamente ao seio de suas famílias.

Todas as medidas sanitárias estão sendo adotadas parar a segurança dos funcionários. A reabertura do comércio ainda não foi definida, dependendo das orientações da SRS após os resultados das testagens dos asilados.

Leia a seguir:
– CM– O Asilo de Piranga é uma preocupação regional?
Hérica- Toda instituição de longa permanência de idosos é motivo de atenção, considerando agrupar população em faixa etária fortemente afetada pelo COVID-19. Estas instituições, publicas e privadas, devem seguir a NOTA TÉCNICA GVIMS/GGTES/ANVISA Nº 05/2020 :ORIENTAÇÕES PARA A PREVENÇÃO E O CONTROLE DE INFECÇÕES PELO NOVO CORONAVÍRUS (SARS-CoV-2) EM INSTITUIÇÕES DE LONGA PERMANÊNCIA PARA IDOSOS (ILPI).(atualizada em 27/05/2020)

CM- Quais medidas a SRS está tomando/sugerindo para bloquear o surto no local?

Por diversas vezes por vídeo conferência discutiram a situação e solução para o asilo

Hérica– A Superintendência Regional de Saúde tem como uma das suas atribuições promover e fortalecer ações de vigilância e atenção à saúde, no âmbito regional, articulandose com os Municípios, órgãos e instituições com as quais apresentem interfaces em saúde.

Nesse sentido estamos em contato diario com o municipio de Piranga orientando sobre: Adequação no tamanho da equipe que atua na instituição; Reforço nas ações de proteção dos moradores e trabalhadores da instituição contra o contágio; Reforço na atenção à saúde dos moradores da instituição.

CM- Haveria possibilidade de intervenção ou está hipótese está descartada?
Hérica– Há possibilidade.

CM- Qual cidade hoje na macro que mais chama atenção pela realidade epidemiológica?
Barbacena.

Lar dos Idosos São José em Piranga / REPRODUÇÃO

Hérica -Na macro você acredita que a curva está sendo achatada ou ainda prevê um pico da doença?
Os estudos sobre curva de casos são realizados tendo como unidade o estado e não tem apresentado muitas alterações nas últimas semanas, com a probabilidade de pico da doença para o final de julho/2020.

CM-Considerações finais.

Hérica – Considerando que ainda não há vacina contra a COVID-19 é necessário que adotemos as medidas de proteção como uso de máscaras, lavagem frequente das mãos e isolamento social visando diminuir a transmissão da doença.
Atentar tambem para manter o distaciamento social ao se aproximar de outras pessoas, quando for necessário sair de casa.

Lafaiete em choque: Polícia divulga detalhes da investigação de estelionato de pai acusado de gastar recursos irregularmente da campanha do filho

Matheus estaria levando uma vida de luxo na Bahia com os valores arrecadados para a reabilitação de seu filho João Miguel/DIVULGAÇÃO

A Polícia Civil de Minas Gerais divulga amanhã (23), na Delegacia Regional de Conselheiro Lafaiete. os detalhes da investigação que culminou com a prisão, nesta segunda feira (22), em um hotel de Salvador, do lafaietense Mateus Leroy. Contra ele pesa a denúncia de estelionato após suspeito de gastar irregularmente o dinheiro arrecadado em campanhas para tratar uma doença grave do filho. O caso chocou a comunidade de Conselheiro Lafaiete e estarreceu os moradores diante da desumanidade como também retrata o abismo e a contradição pela qual a sociedade atravessa em seus verdadeiros valores éticos.

O pai da criança foi preso em Salvador, depois que os policiais lotados na delegacia de Lafaiete receberam a informação de que ele teria aplicado o golpe milionário. Após divulgar em redes sociais que a família precisava arrecadar dinheiro para o tratamento do menino, de apenas 1 ano e 7 meses, o pai arrecadou cerca de R$ 1 milhão para comprar o medicamento do bebê, portador de Atrofia Muscular Espinhal (AME).

Há cerca de uma semana, a Polícia Civil de Minas recebeu informações de que o acusado estaria em Salvador, gastando de maneira indevida o dinheiro, e não usando o montante arrecadado para tratar da criança, de fato portadora da AME. O delegado, Daniel Gomes e sua equipe esteve durante o dia em Salvador atuando no caso, quando o autor foi preso.

Leia mais:

Urbanicidade: “por que há tanta casa sem gente e tanta gente sem casa?”

Entrevista de João Sette Witaker, professor livre-docente da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, concedida ao Jornal GGN.

“Um levantamento realizado pela Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostrou que o déficit habitacional no Brasil chegou a 7,78 milhões de unidades habitacionais em 2017. Por outro lado, pesquisa da Fundação João Pinheiro, com base em dados do IBGE, diz que há pouco mais de 7,9 milhões de imóveis vagos em todo o País.

A pergunta óbvia que permanece é: por que apesar do número de imóveis vagos ser superior ao número de famílias precisando de casas, ainda há tanta casa sem gente e tanta gente sem casa? Para entender um pouco mais sobre como funciona esse tipo de mecanismo de exclusão nas cidades brasileiras, falamos com João Sette Witaker, professor livre-docente da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP.

Jornal GGN – Por que há tanta casa sem gente e tanta gente sem casa?

A casa em si é um produto que tem a particularidade de ser extremamente cara. E o que é caro na construção da residência não é a casa em si, porque as pessoas até conseguem produzi-las, ainda que precariamente, com pouco dinheiro. Via de regra, as casas autoconstruídas na favela, ou nos loteamentos periféricos, são bem feitas, mas geralmente insalubres e em um ambiente urbano precário. A casa que a gente fala que é cara é uma construção inserida no espaço urbano com infraestrutura e serviços, que é onde está o meio de vida das pessoas. Ela é cara por uma razão muito simples: oferecer a rede sistêmica de infraestruturas que a transforma num lugar bom de se morar é muito custoso. Custa muito fazer uma linha de metrô, um corredor de ônibus, um coletor tronco de esgoto com uma estação de tratamento, levar água, fazer hospitais, fazer escola, e além disso é necessária uma política macroeconômica que ofereça emprego, que dê condições para a pessoa viver, pagar o transporte público, etc. Então, a casa é dependente da estruturação da política pública como um todo, e é por isso que quando a gente fala em política habitacional, a gente sempre está falando em política pública.

Jornal GGN – O fato é que, sem esse contexto urbano, não se tem a qualidade de vida necessária?

Exatamente, a casa que a gente entende como sendo a necessária é aquela que tem facilidades e propicia um razoável grau de qualidade de vida. São coisas aparentemente muito simples e diretas como o carteiro entregando a carta na sua casa, ou um caminhão de lixo pegando seu lixo na frente do portão. Estamos falando de eletricidade, água, esgoto chegando no lar das pessoas. São coisas básicas, e o Brasil, apesar de ser a décima economia do mundo, não consegue oferecer isso de forma generalizada, nem mesmo nas suas mais modernas cidades. Mas, também, pode ser algo mais indireto como a efetividade dos serviços prestados, o fato de haver escolas próximas, haver comércio, ou onde se possa comprar comida facilmente, além de algo primordial que é o emprego próximo de casa. Então, quando se fala que não tem casa para todos, não significa falarmos somente do abrigo, significa a casa dentro desse contexto urbano. É por isso que dizemos que a questão urbana e habitacional deveria estar no centro da agenda política nacional, pois é a partir dela que se estrutura a vida das pessoas.

Jornal GGN – Acontece nas cidades algo análogo a outras esferas da sociedade neoliberal, as elites pagam por essa qualidade de vida urbana e as camadas populares vivem na espoliação?

A riqueza individual permite, eventualmente, resolver essa questão da casa porque permite que uma série desses elementos sejam substituídos pelo serviço particular. Se o cidadão tem muito dinheiro, ele consegue escola particular, hospital particular, e um automóvel particular que o levará para onde quiser ir. Portanto, esse cidadão conseguirá substituir aquilo que é caro pagando do próprio bolso por uma oferta que é dada pelo mercado, escondendo ainda assim muitos subsídios públicos (para toda a estrutura que o carro necessita, por exemplo). E alguém pode se perguntar: onde está o problema nisso? O problema é que uma parte dessa oferta pode até vir do mercado, mas a outra parte é resultado da oferta pública, ou seja, da localização, que é, como dizemos, produzida socialmente. A localização é mais cara quanto maior e melhor for a infraestrutura oferecida no lugar em que ela está localizada.

Aqui é onde se escancara a perversidade de acesso à casa dentro do capitalismo: a melhor localização, que é a mais cara e só pode ser adquirida pelos mais abastados, é produzida publicamente, porque é onde há infraestrutura pública, onde tem equipamentos públicos, onde tem metrô, tem água, tem tudo. Eis o nó da questão: é nesse ponto que deveria haver intervenção do Estado dizendo que o alto preço do imóvel e da terra se deve às infraestruturas criadas por ele com o dinheiro de todos. Então, deveria ser o Estado a regular essa oferta para garantir, por um lado, que ela seja homogênea em toda a cidade e, por outro, subsídios para ajudar o acesso a boas localizações para os mais pobres.

Nas sociedades reguladas do chamado capitalismo “desenvolvido”, que viveram ao menos 30 anos sob uma lógica keynesiana de forte intervenção do Estado, o poder público conseguiu equilibrar a oferta de infraestrutura e serviços com o acesso à casa em toda a cidade, de forma razoavelmente homogênea. Mas, na periferia do capitalismo, como aqui no Brasil, o Estado nunca fez essa regulação, porque a lógica era outra. Nunca houve a necessidade econômica de se constituir uma sociedade ampla de consumo mas, ao contrário, precisava-se manter o atraso e a pobreza como combustíveis de uma modernização incompleta, que servia perfeitamente aos interesses das nossas elites. Do ponto de vista urbano, o resultado foram cidades – fora dos exclusivos bairros ocupados pelas elites – deixadas à livre-ocupação pela população mais pobre, com a autoconstrução de suas casas e sem infraestrutura. Então, ao longo dos anos, acumulou-se esse passivo social de milhões de pessoas que não conseguem ter acesso à moradia.

Jornal GGN – E em que momentos essa regulação aconteceu?

O capitalismo nos países centrais do sistema (Europa e América do Norte), após a grande depressão dos anos 30, precisou racionalizar-se para constituir sociedades de consumo de massa com uma classe média majoritária, capaz de fazer girar, pelo consumo, a roda de produção e reprodução do capital. Na crise dos anos 30, o capitalismo forçou demais a barra no rebaixamento dos salários, ao mesmo tempo em que, por outro, multiplicava o volume de produção, necessitando promover seu consumo para garantir a acumulação do capital e seu reinvestimento em mais produção. Assim, os salários dos trabalhadores, em termos gerais, não permitiam que consumissem aquilo que o próprio capitalismo produzia. Para que isso não ocorresse, estruturou-se naquelas economias, seguindo a cartilha keynesiana, um sistema fortemente regulado pelo Estado para garantir as condições mínimas de acesso aos bens produzidos: salário-mínimo, limitação das horas de trabalho, descanso remunerado, etc. Dentro desse esforço incluía-se a casa, essencial para dar condições de consumo. A esse modelo deu-se o nome, um tanto eufemístico, de “bem-estar social”. Está certo que o neoliberalismo infligiu um duro golpe a esse modelo, e hoje a desigualdade está cada vez mais premente também nos países ditos “desenvolvidos”.

No caso do Brasil, e nos países em desenvolvimento de maneira geral, nunca houve a necessidade de constituir uma sociedade de consumo de massa, porque o nosso consumo era, ao longo do nosso processo histórico, essencialmente voltado para fora, e para uma pequena parcela da população de mais alta renda. Nós éramos – e ainda somos – exportadores de commodities e do agronegócio ou, eventualmente, produtores de mão de obra barata, tal qual é a China de hoje. Tanto para exportarmos matéria-prima, como para produzimos produtos industrializados voltados para o exterior, não houve estruturalmente a necessidade da formação de um mercado de consumo de massa. Muito pelo contrário, era interessante manter a população pobre como um exército industrial de reserva. Como disse Chico de Oliveira, as favelas foram a expressão da necessidade de rebaixamento dos custos da força de trabalho. As elites, quanto a elas, se concentraram em bairros ditos “nobres” que, estes sim, por conta de um Estado instrumentalizado para beneficiar os seus interesses, receberam sempre toda a infraestrutura necessária, segregando os mais pobres para fora deles.

O mercado imobiliário só produziu para a população mais abastada, porque era mais lucrativo, mas ao mesmo tempo, o Estado também não garantiu que a enorme massa de trabalhadores sem moradia fosse atendida. Essa é a razão estrutural para haver tanta gente morando em periferias distantes, tanta gente pedindo casa e tão pouca casa oferecida. O BNH produziu 4 milhões de unidades em vonte anos, mas na maioria acabaram, por serem pagas, não beneficiando a população mais pobre. Recentemente, o Programa Minha Casa Minha Vida conseguiu, pela primeira vez, oferecer quase dois milhões de casas para essa população. Porém, a questão da boa localização, que esbarra no entrave da terra, não conseguiu ser equacionada, assim como a da qualidade das moradias produzidas.

Jornal GGN – Com tanta gente sem casa, por que tantos imóveis vazios?

Como já dito, na lógica patrimonialista da sociedade brasileira, o Estado não tem interesse em regular a economia no sentido do interesse público, daquilo que é bom para a maioria. Quando isso ocorre, quando governos de esquerda conseguem administrar cidades, percebemos que a correlação de forças políticas no Brasil está longe de ser favorável aos interesses da maioria. Ao enfrentar privilégios, esses governos raramente conseguem durar mais de um mandato, tal a força reativa dos setores dominantes. Agora, chegamos ao fundo do poço, com a eleição de governos que abertamente renegam qualquer compromisso de justiça social, com apoio popular.

Assim, com o domínio de uma lógica em que se confunde o interesse público com os interesses de alguns grupos privilegiados, é muito mais fácil implementar parklets, que vão tornar bacana o espaço público dos bairros nobres, do que levar saneamento básico para as periferias, para gente que está morrendo por que a casa desmorona na hora da chuva. A gente constrói uma via a mais na Marginal e todo mundo acha o máximo, uma política para os 30% que usam o automóvel, quando com o mesmo dinheiro poderia se fazer 10 km de metrô, meio de transporte usado por 70%. Isso só acontece porque a sociedade está condicionada a confundir o bem público com uma lógica de “vou fazer funcionar para o meu interesse próprio ou do meu grupo”, mesmo que isso, economicamente, seja um entrave ao desenvolvimento.

Então, o gargalo principal é que a máquina pública no Brasil constitui um amálgama de dificuldades administrativas, burocráticas e políticas que impede a realização da política pública reguladora. Mesmo quando alguém tenta fazer essa política funcionar, chega o vereador que está acostumado com o clientelismo e com a corrupção, chega o setor do poder jurídico e judicial e que está acostumado a fazer lawfare, em utilizar a justiça para satisfazer interesses e chega o burocrata administrativo que está acostumado fazer procedimentos corruptos para satisfazer os seus interesses, os de políticos corruptos e juízes.

Então, por que tem tanta casa sem gente e tanta gente sem casa? Por que tem quase 5 milhões de casas vazias nas áreas centrais? Casas sem uso são antieconômicas, pois não fazem uso do dinheiro público investido nas boas localizações em que se encontram. Mas como o que determina a lógica de ocupação e uso do solo é a lógica de mercado, e não a da regulação pública, o poder público não consegue determinar que sejam usadas. Os instrumentos criados para isso no Estatuto da Cidade em 2001, como o PEUC – Parcelamento, Edificação ou Uso Compulsórios, foram pouquíssimo utilizados até hoje. Quando aconteceu, como na gestão de Haddad em São Paulo, logo foram interrompidos na gestão seguinte. Assim, imóveis sem uso são deixados ao abandono porque a propriedade é sagrada, os juízes a protegem, e o Estado não tem o menor poder de regulação para punir, multar ou mesmo desapropriar para dar-lhes o uso social que mereceriam.

Ao mesmo tempo, não se faz nada ou quase nada para simplesmente melhorar as condições de vida dos bairros precários, uma solução mais simples do que ter que construir mais e mais, que passa pela realização de serviços básicos. Só que a lógica que manda, que dita a política pública, que favorece o mercado, é a de não olhar para soluções reais de melhorai social, mas para “soluções” que satisfazem os interesses dessas forças. Como sair por aí construindo sem muito critério.

Jornal GGN – Qual seria, então, a solução mais rápida para resolver o problema dos prédios ociosos nos centros das nossas cidades – em grande parte prédios particulares – que estão vazios e ociosos nos centros das nossas cidades?

O mais rápido seria nós desapropriarmos. O certo é o Estado dizer: “não está cumprindo a função social da propriedade? Desaproprio tudo e construo uma política de moradia via aluguel social de fôlego usando um novo parque habitacional público disponibilizado por esses imóveis”. Ah, mas o Estado alega que não tem dinheiro. A nona economia do mundo não tem dinheiro? Sessenta bilhões de reais, que é o orçamento da cidade de São Paulo, não tem dinheiro? Mas então, por que não se faz isso? A resposta está no amálgama dos empecilhos patrimonialistas. Alegam-se muitas coisas para não se desapropriar um imóvel ou um terreno: que Ministério Público faz um conjunto de exigências difíceis de cumprir, que para desapropriar é necessário usar outros mecanismo, que quem é devedor do IPTU entrou na Justiça, que o dono da propriedade é poderoso e outros tantos motivos. O que falta é força política para fazer isso, embora não faltem instrumentos de gestão para isso: o já citado PEUC (Parcelamento, Edificação ou Utilização Compulsórios, instrumento urbanístico que obriga a utilização dos imóveis ociosos sob pena de desapropriação com títulos da dívida pública), as Zeis (Zonas Especiais de Interesse Social, que obrigam a construção de moradias sociais em determinadas áreas definidas pelo município), a desapropriação, o usucapião coletivo urbano e tudo mais. Mas, depois de quase 20 anos, quais municípios de fato aplicaram o Estatuto da Cidade de maneira integral e sistêmica para fazer frente à retenção ilegal de imóveis ociosos? Para obter terras bem localizadas? Praticamente nenhum. São Paulo foi uma boa exceção com seu Plano Diretor de 2014, junto com alguns outros municípios, mas, via de regra, quando isso ocorre, o enfrentamento dos privilégios urbanos das classes dominantes faz com que esses governos não sobrevivam à reeleição, tal a correlação de forças perversa da nossa política. Essa correlação de forças políticas se explicita na ponta, nos municípios, onde há o confronto efetivo com o dono da terra, aquele que mantém o terreno vazio, o imóvel vazio para o seu próprio lucro. Isso quando não ocorre, o que é muito comum no Brasil do patrimonialismo, do próprio coronel, dono de latifúndio, ser também o político, o Prefeito, que deveria combater o dono das terras subutilizadas, que é ele mesmo! Não há a menor chance de se ver, nesses casos, um Estado regulador que regule o próprio político que detém o poder da máquina pública. Por exemplo, por mais que o Minha Casa Minha Vida (MCMV) tenha tido aspectos ruins, o fato é que quando ele bateu na porta dos municípios, oferecendo 100 bilhões de Reais de subsídios a fundo perdido para fazer casas gratuitas para os muito pobres (foram construídas cerca de 1,7 milhão), estes não tinham feito a tarefa de usar os instrumentos previstos desde 2001 no Estatuto da Cidade para desapropriar terras, fazer estoque de lotes bem situados, designar locais para a moradia social. Sem isso, se viram reféns da lógica mercadológica das construtoras, que ofereceram a apetitosa (politicamente) solução de fazer muitas casas, porém muito longe. Os municípios alegam que o valor de mercado desses terrenos é muito alto. Isso é emblemático, pois, se o Estado não consegue obtê-los e tem que comprar é porque está à mercê e a reboque dessa lógica de mercado.

João Sette Witaker é professor livre-docente da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP. Doutor Honoris Causa, concedido pela Universidade de Lyon/Jean Monnet – St.Etienne, França (2017), foi Secretário Municipal de Habitação de São Paulo entre 2015 e 2016 e é membro do BrCidades.

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