No instante em que a pandemia de Covid-19 se aproxima da etapa que os especialistas classificam como mais difícil, a principal preocupação da Macrorregião Centro-Sul de Saúde, sediada em Barbacena e da qual fazem parte a maioria dos municípios do Alto Paraopeba, Vale do Piranga e Território das Vertentes, é pela demora no credenciamento de leitos de UTI pelo Ministério da Saúde. A apreensão foi manifestada pelo deputado estadual, Glaycon Franco (PV) ao secretário de estado de Saúde, Carlos Eduardo Amaral Pereira da Silva, que esteve novamente na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) participando de reunião especial convocada para discutir o avanço do contágio pelo novo coronavírus e suas consequências.
Dirigindo-se ao secretário, o deputado explicou que somente o município de Conselheiro Lafaiete está com 27 pedidos de credenciamento de leitos em aberto: 10 para a estrutura de campanha montada nas instalações físicas do hospital de campanha e 17 para o Hospital São José. Além desses, outros 20 leitos de UTI aguardam credenciamento na cidade de São João Del Rei. Como as prefeituras estão enfrentando dificuldades para desenrolar os procedimentos burocráticos, o deputado perguntou que providências a Secretaria de Saúde poderia adotar para concretizar o credenciamento dos leitos com a maior brevidade possível.
Carlos Eduardo respondeu que, justamente em razão do estreito contato estabelecido pela Secretaria com o Ministério da Saúde, Minas Gerais, apesar de já ter pedido mais de 1.000 credenciamentos, obteve o credenciamento de somente 328 leitos de unidades de terapia intensiva para atendimento a pacientes de Covid-19 e o Governo Federal prometeu para breve o credenciamento de mais 200, não antecipando, contudo, onde as novas vagas serão abertas.
Ainda de acordo com o secretário, sabendo de antemão que os municípios enfrentariam dificuldades, a Secretaria de Saúde elaborou uma resolução e um projeto para que hospitais que não tenham ainda obtido o credenciamento junto ao Ministério possam optar pelo credenciamento estadual, que não terá limitações e é transitório, valendo até sair a liberação federal. O objetivo é afastar qualquer risco de desassistência. Carlos Eduardo Amaral fez questão de enfatizar que os hospitais que habilitarem seus leitos no sistema SUSFÁCIL serão remunerados pelos serviços prestados.
Aumento do Contágio
Nos últimos dias, aumentou, significativamente, o registro diário de contaminações pelo novo coronavírus em todo o território mineiro e o número de óbitos por Covid-19 não para de subir. Nas recentes entrevistas que tem concedido, o governador admite que o estado trabalha com a possibilidade de recuar na flexibilização das medidas de isolamento social na tentativa de conter a explosão de novos casos. Já tendo sido decretado o “lockdown” em vários municípios.
O agravamento do cenário estadual motivou o deputado Glaycon Franco a questionar o secretário Carlos Eduardo Amaral se a pasta da Saúde já dispõe de conclusões cientificamente embasadas para determinar quando, exatamente, ocorrerá o pico da pandemia, cuja chegada parece iminente. Glaycon também pediu informações sobre por quanto tempo a curva de contaminações permanecerá no ponto máximo e em que momento acontecerá o tão esperado declínio.
Embora confirmando que a projeção oficial é de que o pico seja atingido no dia 15 de julho, Carlos Eduardo Amaral reforçou que a Secretaria trabalha para que isso não ocorra, já que provocaria o que o governo de Minas luta para evitar: o esgotamento da capacidade assistencial da rede pública de atendimento. Com este objetivo, estão sendo realizadas reuniões com os prefeitos e secretários das macrorregionais de saúde para reforço das orientações e dos cuidados relacionados ao isolamento. Sobre por quanto tempo perdurará o platô da curva de contágios, o secretário reconheceu que é algo difícil de estimar, pois há o risco de haver novas ondas de infecção, um fenômeno já verificado em outros países e que obrigará os mineiros a conviver com um novo modelo de normalidade até que a doença entre em declínio. Concluindo as respostas às interpelações do deputado Glaycon Franco, o secretário estadual da Saúde previu que a tática de avanço e recuo irá se repetir algumas vezes no enfrentamento à pandemia até que o novo coronavírus seja finalmente declarado sob controle.