27 de abril de 2024 20:46

Sem fieis, começa amanhã celebração do 234º Jubileu do Bom Jesus do Bacalhau; tempo barroco clama por restauro

Católicos e turistas iniciam amanhã (1º) e vai até dia 15, uma das maiores peregrinações religiosas de Minas Gerais, rumo ao Santuário do Bom Jesus de Bacalhau, em Santo Antônio do Pirapetinga, distrito do município de Piranga (MG). O jubileu do Bom Jesus de Bacalhau, um dos mais antigos do Brasil, está em sua 234ª edição.

Jubileu do Bacalhau, é carregado de simbolismo, fé e cultura no lugarejo histórico de Bacalhau/Reprodução GUARA DRONE

Sem fieis
Mas neste ano, Jubileu será realizado, pela primeira vez mais de 2 séculos,
sem a presença de fiéis, em função da pandemia do novo coronavírus.
Mesmo com a histórica igreja fechada, a missa será celebrada e transmitida pela Rádio Difusora de Piranga (AM 1570; FM 90.5; App) e redes sociais da Paróquia no Facebook (@paroquiadePiranga) e no canal do YouTube (youtube.com/c/ParóquiadePiranga), conforme a programação.
O reitor do Santuário do Senhor Bom Jesus de Bacalhau, padre Reginaldo Coelho da Costa, motiva os romeiros e romeiras que estejam em suas casas unidos em oração pedindo ao Bom Jesus o fim dessa pandemia.

Restauro
A riqueza do Santuário foi sintetizada pelo ex-Secretário Estadual de Estado da Cultura, Ângelo Oswaldo, que citou o templo barrocos entre os 30 mais  importantes do Brasil, porém corre risco e a Igreja precisa urgente de preservação, reforma e restauro para manter viva a cultura popular e riqueza deste patrimônio histórico que guarda grande parte da história do Brasil. Os elementos artísticos precisam urgente de restauro e contem pinturas do Mestre Ataíde, dos mais importantes pintores e mestres do barroco brasileiros, cuja família morava na localidade.  Outros pintores da escola do Mestre Aleijadinho deixaram suas pinceladas na igreja.

A história
Bacalhau é um local místico e mágico, situado em uma colina em meio a exuberante Mata Atlântica. No local ocorreu a última batalha campal da Guerra dos Emboabas, em 29 de novembro de 1708, na antiga estrada que ligava Piranga aos sertões do leste.

A construção do Santuário de Bom Jesus, tombado pelo Instituto Patrimônio Histórico Artístico Nacional (IPHAN), em 1996, que levou vários anos para ser erguido, contou com a participação de mestres do barroco brasileiro com a presença dos mestres da oficina de Mestre Aleijadinho, entre eles, o seu meio-irmão Padre Félix, a família do Mestre Ataíde que ali morava, onde seu pai, Luis da Costa Ataíde, era o delegado da confraria, o mestre pintor Francisco Xavier Carneiro, os irmãos Meireles Pinto, Vicente Fernandes, Francisco Vieira Servas, Manuel Dias. Através do Decreto Papal deu início oficial ao jubileu em 29/11/1786 e a partir de 1939 passou a ser comemorado entre 1º a 15 de agosto. O antigo distrito de Santo Antônio do Pirapetinga se originou a partir de 1700 quando a família dos sertanistas Cunha e Gagos começaram o avanço para chegar em Mariana e Ouro Preto, Sumidouro. A Capela Matriz de Santo Antônio do Bacalhau foi uma das primeiras de Minas. Nela foram batizados importantes pessoas da história mineira entre elas, a Matriarca Joaquina de Pompeu. Seus pais (George de Abreu Castelo Branco e Jacinta Tereza) casaram-se na Igreja.
Assim como  Dona Beja e Chica da Silva, Joaquina tornou-se uma personalidade da cultura popular, pois fatos reais de sua vida misturam-se a lendas, recriando uma imagem controversa. Mas sem dúvidas ela foi uma das mulheres mais influentes do século XVIII e XIX.  Ela casou-se com 12 anos e deixou entre seus descendentes os ex governadores de Minas Benedito Valadares e Magalhães Pinto e o embaixador e Ministro e embaixador Afonso Arinos de Mello Franco. O pesquisador do Arquivo do Conhecimento Cláudio Manoel da Costa (ACCMC), Marcos Gomes, com sede em Piranga, faz uma leitura das pinturas da igreja, carregadas de amplos significados. Segundo ele, no simbolismo oculto dos mestres do barroco mineiro e ali está gravada a crônica ao vivo e a cores dos últimos momentos da Inconfidência Mineira. Bacalhau serviu de exílio ao Mestre Aleijadinho e seus oficiais, até quando ele partiu para a cidade de Rio Espera. Ali também observa-se a presença secreta de D. Pedro II e onde possuem as únicas madonas grávidas de Santa Maria Madalena.
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