GARIMPANDO NO ARQUIVO JAIR NORONHA
Avelina Maria Noronha de Almeida
BARÃO DE QUELUZ
A doação do CHAFARIZ ficou como marca do espírito cívico
e do amor à cidade do Barão de Queluz, e merecidamente a praça
onde fica o chafariz, em frente ao solar do
Barão, recebeu o seu nome.
JOAQUIM LOURENÇO BAETA NEVES, o BARÃO DE QUELUZ II, título que recebeu por Carta Imperial em 23 de maio de 1873, nasceu em Queluz, a 25 de julho de 1834, tendo sido batizado na ermida de São José, da fazenda do “Alto da Varginha”, a 5 de agosto de 1834.
POR QUE BARÃO DE QUELUZ II? Pelo seguinte motivo: porque, de acordo com a fonte “Página:Archivo nobiliarchico brasileiro.djvu/379 – Wikisource” houve antes um outro nobre com este título: JOÃO TAVARES MACIEL DA COSTA, 1° Barão de Queluz e 2° Visconde de Queluz com grandeza. Foi Barão pelo decreto de 18 de Outubro de 1829 e Visconde com grandeza pelo decreto de 30 de Junho de 1847. Faleceu em 9 de Dezembro de 1870, na cidade de Vassouras, na Província do Rio de Janeiro.
O BARÃO DE QUELUZ I era filho do JOÃO SEVERIANO MACIEL DA COSTA, MARQUEZ e depois VISCONDE DE Queluz, nascido em 1769 em Mariana MG e falecido em 1833. Desembargador. Senador do Império pela Paraíba em 1826 a 1633. Ministro de Estado e Presidente da província da Bahia.
Não vamos estudar mais detalhadamente os dois nobres citados acima, pai e filho, que trazem no título nobiliárquico o nome de Queluz, porque não têm ligação especial com nossa cidade. Coloquei estas explicações porque são detalhes que esclarecem qualquer dúvida sobre um assunto não muito conhecido.
VOLTANDO A JOAQUIM LOURENÇO BAETA NEVES (o filho), segundo BARÃO DE QUELUZ: seus pais eram Joaquim Lourenço Baêta Neves, nascido na Vila de Santa Maria de Góes, distrito de Coimbra, comarca de Arganil, no Reino de Portugal, em 1800, e de Ana Manuela, do Corteredor.
O Barão casou-se, em 26 de agosto de 1861, com sua prima Maria da Conceição Baêta Neves. Faleceu a 11 de agosto de 1880, com 46 anos.
Foi Tenente-coronel da Guarda Nacional e deputado provincial em Minas Gerais de 1870 a 1873, 18ª e 19ª legislaturas, Presidente da Câmara de Queluz e um dos responsáveis pelo abastecimento de água da cidade, juntamente com o Barão de Suassui e Joaquim Afonso Baêta Neves, utilizando uma nascente do Morro da Mina.
Doou um artístico chafariz para o Largo da Matriz, inaugurado em 1881, no ano seguinte a seu falecimento. Como ele ficaria feliz se pudesse assistir a essa inauguração! O CHAFARIZ ficou como marca do espírito cívico e do amor à cidade do Barão de Queluz, e merecidamente a praça onde fica o chafariz, em frente ao solar do Barão, recebeu o seu nome.
O CHAFARIZ DA PRAÇA BARÃO DE QUELUZ é uma belíssima obra de arte da fundição do século XIX, pelo seu estilo um dos mais belos do interior de Minas. Tem a data de 1881 e foi feito em comemoração à reconstrução dos encanamentos de água.
Para se aquilatar o cuidado com a bela execução da obra, o autor chamado para fazer o projeto do Chafariz foi de grande gabarito, EDGAR NASCENTES COELHO, desenhista e arquiteto, diplomado pela Escola Nacional de Belas-Artes do Rio de Janeiro. Ele utilizava diversos estilos arquitetônicos e ornamentais da tradição neoclássica européia. Trabalhou como desenhista na seção de arquitetura da Comissão Construtora da Nova Capital, participando, assim, da construção de Belo Horizonte, elaborando e executando plantas e projetos de vários edifícios públicos, em estilo eclético de orientação neoclássica como da Igreja de São José, em estilo neomanuelino possuindo vários elementos do gótico; a Igreja do Sagrado Coração de Jesus; o Palácio da Justiça; a fachada do primeiro hospital; fachada na Praça da Liberdade; Colégio Loyola, faixa do Grande Hotel; antiga estação Central de Minas, planta; colégio Arnaldo, capela Santa Cruz, Colégio Isabela Hendrix, Instituto da Educação, entre outros locais, inclusive de casas de moradia de grande beleza e a construção do projeto foi encomendada à Fundidora M.J. Medeiros Cia, em 1878, junto com o projeto de mais quatro chafarizes pequenos para serem colocados em outros pontos da cidade.
FIZ TODA ESTA DIGRESSÃO PARAQUE SEJA BEM RECONHECIDO A IMPORTÂNCIA E O VALOR ARTÍSTICO DA DOAÇÃO FEITA PELO BARÃO E DEDIQUEMOS MUITO CARINHO E ADMIRAÇÃO A ESSE MONUMENTO.
No passado, o chafariz tinha acréscimos, como podemos ver no texto que transcrevi das seguintes fontes: http://conselheirolafaiete.mg.gov.br/portal/pontos-turisticos/monumentos/. Acesso em: jan. 2017. http://migre.me/vWDSh. Acesso em: jan. 2017.
“O grande Chafariz, instalado na Praça Barão de Queluz, foi colocado sobre um pedestal formado por quatro degraus de granito (os mesmos que outrora serviram ao pelourinho, erigido a 19 de setembro de 1790), medindo aproximadamente três metros de altura, por um metro e meio de circunferência. Possuía quatro bicas de bronze, pelas quais jorrava água. Abaixo das bicas, havia quatro mesas ou banquetas, redondas, trabalhadas em ferro, para apoio de latas e vasilhas usadas no carregamento de água. Entre as mesas e as bicas havia um ornamento com folhas de fumo, em bronze. Na parte superior uma grinalda de flores , que ainda se conserva, em cima de um lado, por uma placa com a data 1881, e do lado oposto outra com a frase “Assíduo vir propositi tenax omnia vincit”. No capitel, uma fruteira contendo diversos tipos de flores e frutas, tendo ao alto um abacaxi, símbolo da realeza.
Com a instalação da luz elétrica na cidade, em 1971, foram afixados, no capitel do chafariz, quatro braços de ferro com luminárias. Com a implantação da Companhia Energética de Minas Gerais S. A. (Cemig), as luminárias foram retiradas. O monumento Chafariz é tombado pelo Município.”
TRADUÇÃO DO DÍSTICO NO CHAFARIZ “ASSIDUO VI R PROPOSITI TENAX OMNIA V9NCIT. (Pela perseverança o homem de propósito firme tudo vence.)
(Continua sobre Joaquim Lourenço Baêta Neves no NÚMERO 58)