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Brasil entra em período sombrio da pandemia

O Brasil enfrenta o pior momento da pandemia de covid-19. A média móvel de mortes pela doença bateu novamente recorde neste domingo (28/02), e o sistema de saúde em diversos estados está à beira do colapso.

Segundo dados do consórcio de veículos de imprensa, o país registrou em média 1.208 óbitos nos últimos sete dias. O recorde foi batido pelo segundo dia consecutivo. Cifras acima das mil mortes nesta média têm sido registradas há 39 dias.

O país contabilizou ainda oficialmente 34.027 casos confirmados de covid-19 e 721 mortes ligadas à doença nas últimas 24 horas, segundo dados divulgados neste domingo pelo Conselho Nacional de Secretários da Saúde (Conass).

Com isso, o total de infecções identificadas no país desde o início da epidemia subiu para 10.551.259 casos, enquanto os óbitos chegaram a 254.942. Na quarta passada, o Brasil superou a marca de 250 mil mortos pela doença.

Hospitais no limite

Além do aumento do número de mortes, diversos estados enfrentam ainda escassez de vagas em hospitais. A taxa de ocupação de UTIs no sistema público bateu recordes, e a situação é crítica em ao menos 17 capitais, segundo um boletim divulgado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) na sexta-feira. O cenário é parecido em hospitais particulares.

“As taxas de ocupação de leitos de UTI Covid-19 para adultos revelam o pior cenário já observado, inclusive pela sua dispersão no país”, afirmou a Fiocruz. “A gravidade deste cenário não pode ser naturalizada e nem tratada como um novo normal. Mais do que nunca urge combinar medidas amplas e envolvendo todos os setores da sociedade e integradas nos diferentes níveis de governo”, acrescentou a nota.

Em Porto Velho, Florianópolis, Manaus, Fortaleza, Goiânia, Teresina e Curitiba, a taxa de ocupação das UTIs passa de 90%. Na capital de Rondônia, a lotação já chegou a 100%.

A situação é grave nos estado da região Sul, onde as taxas de ocupação dos leitos de UTIs passam de 90%. Os governos de Santa Catarina e do Paraná decretaram um lockdown para tentar controlar a propagação da doença.

Vacinação lenta e negacionismo

Enquanto a situação se agrava, a vacinação contra a covid-19, que chegou a ser paralisada em várias cidades por falta de doses do imunizante, segue lenta. Apenas 3,11% da população brasileira recebeu pelo menos uma dose da vacina.

De acordo com o levantamento do consórcio da imprensa, formado por O Globo, Extra, G1, Folha de S. Paulo, UOL e O Estado de S. Paulo, até domingo 6.576.109 pessoas já receberam pelo menos uma dose da vacina. Já a segunda dose foi aplicada em 1.933.404 brasileiros.

As perspectivas de superação da pandemia, afirmam especialistas, não são positivas. Pelo contrário: espera-se que 2021 será ainda pior que o ano passado. Os números de casos e mortes estão no patamar mais alto, e as recomendações científicas parecem não terem sido adotadas de forma adequada pela população. 

O presidente Jair Bolsonaro, por sua vez, continua a minimizar os impactos da pandemia. Na última quinta-feira, ele usou sua live para mais desestimular o uso de máscaras contra a covid-19, cientificamente comprovado em evitar infecções.

Bolsonaro mencionou uma “universidade alemã” que teria apontado num “estudo” que máscaras são “prejudiciais a crianças”. Ao contrário do que disse o presidente, nenhuma universidade alemã elaborou qualquer estudo que chegou a essa conclusão. 

Em entrevista à DW, o diretor do Instituto Butantan, Dimas Tadeu Covas, disse que, se não fosse governo Bolsonaro, Brasil já teria vacina desde dezembro. Ele apontou obscurantismo científico das autoridades em Brasília como responsável direto pela nova onda explosiva de covid-19 no Brasil. 

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