A vítima, que morava em Juatuba, queria percorrer mais de 20km para visitar a namorada em Betim
Um ciclista de 36 anos morreu atropelado na noite dessa quarta-feira, dia 26, na BR 381 em Betim. Segundo os familiares, Luciano Rodrigues de Almeida, saiu de casa por volta das 22h, no bairro Cidade Nova, em Juatuba, para visitar a namorada dele que mora a quase 23Km de distância, no bairro Citrolândia, em Betim. Ambas as cidades ficam na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
Luciano foi atingindo por um carro na rodovia, na altura do KM 500, próximo ao posto da Policia Rodoviária Federal (PRF). Em seguida, ao tentar se levantar, foi atropelado por um ônibus de viagem que seguia logo atrás, mas não conseguiu desviar do ciclista. Faltava 3Km para ele chegar aos destino final
Os agentes da PRF relataram que Luciano não seguia viagem pelo acostamento da rodovia. Além disso, não fazia uso de qualquer equipamento de segurança, como capacete, pisca-alerta e faixa reflexiva. Os policiais fizeram o teste do bafômetro no motorista que atingiu o ciclista e o resultado deu negativo.
Familiares ouvidos pela reportagem confirmaram que ele não utilizava tais dispositivos, mas não acreditam que ele estaria pedalando fora do acostamento. Embora ele nunca tivesse feito tal trajeto, eles narram que Luciano tinha experiência e era cuidadoso.
ATENCIOSO, CARINHOSO E GENTIL
Emocionados e se apoiando uns nos outros, os pais Marcos Antônio de Almeida, 57, e Eliana Rodrigues de Almeida, 54 , contam que alertaram muito para o filho não sair de bicicleta tão tarde da noite. Ele morava com os dois e trabalhava como eletrotécnico. Luciano queria dormir na casa da namorada para acordar cedo e ajudá-la na reforma de um muro.
“Não brigamos, apenas falei alto, grosso com ele para ver se obedecia”, descreve o pai. “Eu queria até pegar a chave, trancar o portão e trancar tudo para não deixar ele sair. Porque ele era obediente, só que de um tempo para cá, quando ele ‘encasquetava’ com alguma coisa, ele fazia. Ai eu pensei ‘ah, ele é adulto, não vou ficar prendendo, ele sabe da responsabilidade dele”, relata a mãe.
Dona Eliana conta que naquela noite teve mau pressentimento e que não conseguiu dormir direito. “Eu achei que ele iria desistir e voltar para trás”, pontua. Os pais relatam que Luciano havia bebido pouco antes de sair, mas que não estava tonto ou embriagado.
Querendo desabafar e colocar as lágrimas para fora, eles não se permitiram interromper a entrevista em meio a muitos choros e soluços. Sentados no Instituto Médico Legal de Betim, eles entrelaçam as mão uns dos outros e se acariciam em consolo.
“A gente se dava bem. Perdi um amigo, um colega de trabalho. Trabalhamos juntos em várias empresas. De repente…ele não me ouviu…” Marcos recupera o fôlego e se recompõe. “A vida tem que continuar, mesmo sem ele….ah, Senhor!”, conta o pai de Luciano que é operador de máquina. “Meu filho era maravilhoso comigo. Ele era tão, tão carinhoso”, completa Dona Eliana.
Sônia Souza Paiva, 51, reporta que também alertou o namorado para não se arriscar. Dona de um bar, ela descreve que estava trabalhando quando, por volta de 1h30 da madrugada, recebeu ligação dos policiais sobre a morte de Luciano. Os dois se conheciam há alguns anos e iniciaram um relacionamento há três meses. “Vai ficar a lembrança e a saudade do quão carioso ele era. Era um ‘menino’ bom!”
Ela foi ao local do acidente e descreve que foi marcante sentir o cheiro das vísceras no asfalto. O corpo de Luciano foi partido em dois devido o acidente.
FONTE O TEMPO