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12 ruínas históricas de Minas Gerais

(Por Arnaldo Silva) Em Minas Gerais, encontramos tesouros de nossa história, muitos deles, desconhecidos e em ruínas. São construções seculares, em sua maioria, distantes da área urbana das cidades, com acesso por estradas de terra, matas, à beira de rios, no topo de serras ou em propriedades particulares. Algumas até com histórias fantasmagóricas e ares sombrios, por isso, esquecidas e desprotegidas.         

São belezas e histórias desconhecidas, mas impressionantes. Destruídas pelo tempo ou mesmo, inacabadas, são fascinantes e cheias de esplendor, construídas em décadas de trabalho, em muitos casos, erguidas no tempo da Escravidão no Brasil.          

Você vai conhecer 15 dessas construções, em Minas Gerais, em ruínas ou inacabadas, mas todas de grande valor histórico e arquitetônico.

01 – As ruínas do Bicame de Pedras de Catas Altas

Em Catas Altas, a 110 km de Belo Horizonte, na Região Central, as ruínas de um bicame, uma construção comum usada há séculos pelo mundo, para desviar o leito de um rio e levar sua água a um determinado lugar. Em Catas Altas, foi construído um desses bicames. (fotografia acima de Marley Mello)         

O aqueduto hoje está em ruínas, mas chama a atenção por sua história e importância para a região. É um dos principais atrativos da cidade histórica, mineira. Construído em 1792, por escravos e distante apenas 12 km do Centro de Catas Altas, o canal foi usado para captar água da Serra do Caraça e leva-la até a parte baixa, onde estava a mina de extração de ouro de Brumado. A água era para lavar o ouro retirado dessa mina.         

Feito em pedras de quartzito, retiradas da Serra do Caraça e transportadas em lombo de mulas e burros, a obra era imponente e audaciosa para a época. Tinha 12 km de extensão e 5,10 metros de altura. A técnica usada na construção do aqueduto de Catas Altas, era a mesma usada na Roma antiga. para levar água potável às localidades mais distantes. 

Nesse tipo de construção, não se usava argamassa ou cimento, apenas pedras brutas, sobrepostas e travadas umas às outras, de forma que ficassem bem firmes. No centro do aqueduto, um arco, também em estilo romano, data o ano da obra, 1792. Dos 12 km do aqueduto, restam hoje, menos de 200 metros, mas uma mostra da grandiosidade da obra. É uma obra que impressiona pela excelência no trabalho dos escravos, que souberam trabalhar pedra sobre pedra, sem usar cimento ou argamassa para juntar e firmar as pedras. Por isso, impressiona e muito. (fotografia acima de Elvira Nascimento)

02 – As ruinas da Fazenda Jaguara em Matosinhos         

Uma dessas relíquias, é a Fazenda Jaguara, em Mocambeiro, distrito de Matosinhos MG, distante 47 km de Belo Horizonte. É uma das mais importantes fazendas para a história de Minas Gerais. Formada no início do século XVIII, no auge da exploração do ouro em Minas, a Fazenda Jaguara foi um importante ponto fiscal, até 1765. (na foto abaixo do Thelmo Lins, a entrada da fazenda)

Com o declínio da mineração, o posto fiscal foi desativado e a fazenda passou a produzir alimentos de subsistência, para abastecer a região, sendo construída o casarão sede, senzala, igreja e moinho. Era uma das maiores fazendas produtivas da região, com cerca de 1.200 alqueires e ainda, 750 escravos.         

Devido a riqueza hídrica da região, que favorecia a construção de pequenas usinas hidrelétricas, indústrias de tecidos começaram a instalar-se em Matosinhos e cidades vizinhas. Na Fazenda Jaguara, foi instalada uma dessas indústrias, com seu conjunto, passando a fazer parte da fazenda. Também em ruínas, o maquinário e galpões da antiga fábrica de tecidos, fazem parte da história e patrimônio da fazenda.         

O destaque maior da fazenda são as ruínas da Igreja de Nossa Senhora da Conceição. Era comum, no Brasil Colônia, a construção de pequenas capelas nas fazendas. Na Fazenda Jaguara, foi diferente, foi construída uma igreja. A iniciativa da construção do templo, foi do português, Antônio de Abreu Guimarães, que se enriqueceu contrabandeando diamantes e ainda, era sonegador de impostos.         

Arrependido de seus atos e disposto a mudar de vida, procurou o perdão divino, confessando seus atos, perante a Igreja. Como penitência, o padre, determinou que  construísse, não uma capela, mas uma igreja na Fazenda Jaguara, além de doar os lucros da fazenda para obras de caridade e rezar muito.         

Decidido a se redimir, cumpriu sua penitência. Não economizou na construção da igreja, que dedicou à Nossa Senhora da Conceição. Contratou para projetar e executar a obra, nada menos que Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, o Mestre do Barroco Mineiro.         

O templo começou a ser construído em 1786. Os riscos externos, o coro, os púlpitos, os altares laterais e as ornamentações, seguiam à risca o estilo do século 18, bem como o altar-mor, que era muito semelhante com o altar-mor da Igreja de São Francisco de Assis, em Ouro Preto, também do Mestre Aleijadinho.         

A igreja foi concluída em 1786. Dentro da igreja, uma placa em madeira, fixada abaixo de um anjo, colocada a mando do português, dizia: “Feito à custa de Antônio de Abreu Guimarães”.         

Considerada uma das mais expoentes e originais arquiteturas mineiras, seu estilo arquitetônico e ornamentações interiores, representavam o que existia de mais autêntico e genuíno da arte barroca do século 18.         

Era uma das principais e mais belas igrejas mineiras, mesmo estando em uma fazenda particular, justamente pelas talhas do Mestre Aleijadinho. A situação e realidade da fazenda mudou no final do século XIX, quando a fazenda foi adquirida pelo inglês George Chalmers (Falmouth, Inglaterra, 1857 — Nova Lima, 1924).  

Chalmers era minerador e também, diretor da Mina de Morro Velho, em Nova Lima MG, cidade distante 106 km da Fazenda Jaguara. O inglês era também protestante.          

Por estar numa área rural e distante da cidade, a igreja era muito conhecida, mas pouco visitada e carecia de manutenção e cuidados constantes com sua arquitetura, como toda obra necessita, principalmente as mais antigas. Assim, começava a entrar em decadência. Chalmers optou em não cuidar e nem em reformar a igreja, ao contrário, mandou desmontar e retirar todas as peças e obras de Aleijadinho da igreja da Fazenda Jaguara.            

A intenção do britânico em retirar as peças da igreja, podia ser a melhor possível, mas não se sabe o real motivo ou motivos, de tão drástica atitude. As obras de Aleijadinho, foram levadas para Nova Lima, onde Chalmers residia e trabalhava. Acredita-se que uma parte das obras retiradas da igreja, foram parar nas mãos de colecionadores.

Sem as ornamentações e talhas de Aleijadinho, a igreja perdeu seus atrativos. Abandonada, foi entregue aos cuidados do tempo, bem como as construções em redor e algumas, até a desapareceram, como a senzala, que não restou nem vestígios. (fotografia acima de Thelmo Lins)         

Tempos depois, o batistério, os altares laterais e as talhas do altar-mor retirados da Igreja de Nossa Senhora da Conceição, bem como a imagem da santa, talhados por Aleijadinho, no século 18, foram doados por Charlmers, à Igreja de Nossa Senhora do Pilar, Matriz de Nova Lima, uma construção do século 20. Uma igreja com arquitetura e estilo bem diferente, das tradicionais igrejas do século 18, com ornamentos e talhas do Mestre do Barroco Mineiro, Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho.         

Agindo certo ou errado, seja por quais motivos, ou intenções que teve, o fato é que boa parte das obras do Mestre Aleijadinho, foram salvas, pelo gesto de doação das obras, por Chalmers, à Matriz de Nova Lima, evitando que fossem parar nas mãos de colecionadores. Estão hoje bem conservadas e protegidas na Igreja de Nossa Senhora do Pilar, em Nova Lima, aberta a todos, fiéis, estudiosos e amantes da arte e arquitetura do barroco mineiro. A cidade de Nova Lima está distante 30 km do Centro de Belo Horizonte. (na foto acima do Elpídio Justino de Andrade, o exterior da Igreja do Pilar e abaixo, da Norma Bittencourt, o altar-mor, da antiga Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Fazenda Jaguara, ornamentando o altar-mor da Matriz do Pilar, em Nova Lima.

Por sua importância história para Minas Gerais, as ruínas do conjunto arquitetônico da Fazenda Jaguara, foram tombadas em 12 de janeiro de 1996, pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (IEPHA/MG). Compõe esse conjunto as ruinas da igreja, a Casa da Junta, galpões de maquinários, a casa sede, o moinho e o porto.

03 – A Rotunda de Ribeirão Vermelho MG

Seu declínio teve início a partir de 1950, com a decadência das ferrovias no Brasil. Hoje está esquecida e cuidada pelo tempo. Mesmo assim, é uma das mais imponentes e majestosas construções ferroviárias do mundo. Seu conjunto arquitetônico e paisagístico é um bem tombado pelo município e também, pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (IEPHA/MG), desde 2014. (fotografia acima de Rogério Salgado e abaixo de Robson Rodarte)         

É a Rotunda de Ribeirão Vermelho, cidade no Sul de Minas, a 270 km de Belo Horizonte. A cidade tem menos de 5 mil habitantes, mas foi um dos maiores centros ferroviários do Brasil, no século passado. Rotunda é uma construção circular, com um girador ferroviário em seu centro e cobertura em cúpula. Eram bastante comuns nas estações ferroviárias dos séculos XIX e XX, usadas para dar manutenção e movimentação dos trens.         

A Rotunda de Ribeirão Vermelho, tem 4,4 mil metros quadrados de construção. Seu estilo arquitetônico possui semelhanças com o coliseu de Roma. Para se ter ideia da grandiosidade da obra, a rotunda é duas vezes maior que o estádio do mineirinho, em Belo Horizonte.

Inaugurada em 1895, pela Companhia Estrada de Ferro Oeste de Minas, a obra recebeu detalhes europeus em sua construção. As telhas vieram de Marseille, na França. Os ladrilhos hidráulicos foram importados da Alemanha e as estruturas metálicas, vieram de Glasgow, na Escócia. (foto acima de John Brandão/ @fotografo_aventureiro) Foi a maior rotunda da América Latina e a quarta maior do mundo. Suas ruínas e construções ferroviárias em seu redor, desperta curiosidade dos moradores e visitantes. É um dos principais pontos turísticos da região.

04 – A Igreja inacabada de Barra do Guaicuí

Distante 370 km de Belo Horizonte, Barra do Guaicuí, distrito da cidade de Várzea da Palma, no Norte de Minas, conta com cerca de 4 mil moradores. O charmoso e atraentes distrito, às margens do Rio São Francisco, guarda as ruínas de um dos mais antigos templos do Brasil.         

Erguida em pedras sobrepostas, a Igreja do Senhor Bom Jesus de Matozinhos, protetor dos navegantes, é uma das mais enigmáticas e intrigantes construções do século XVII em Minas Gerais. Sua existência é cercada de histórias e lendas, contadas ao longo dos séculos. (fotografia acima de Claudete Leite)         

Simples, singela e tomada pelas raízes de uma frondosa gameleira, no lugar onde era para existir uma torre, é um dos atrativos da região. O templo inacabado é patrimônio tombado pelo município, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha/MG).

Construída a 800 metros das margens do Rio São Francisco e a menos de 10 metros das margens do Rio das Velhas, a Igreja do Senhor Bom Jesus de Matozinhos, não tem data exata do início de sua construção. Nunca foi acabada e não há registros algum dos motivos pela não conclusão do tempo. Do jeito que deixaram, está até os dias de hoje, na sua alvenaria original da época, em pedra de cantaria e cal.         

A certeza é que o templo católico data da segunda metade do século XVII, no tempo das Bandeiras de Fernão Dias (1608-1681), bandeirante paulista, responsável pela fundação de vários povoados, que deram origem a várias cidades mineiras. Uma estátua na praça de Barra do Guaicuí, homenageia o bandeirante. (fotografia acima de Claudete Leite)         

A igreja, foi erguida por índios e escravos, orientados pelos padres Jesuítas. É um dos marcos da povoação do Norte de Minas e das margens do Rio São Francisco.         

Segundo a tradição popular, a igreja teve sua conclusão paralisada devido estar às margens do Rio das Velhas. Durante sua construção, quando no período chuvoso, as águas do rio subiam e inundavam a igreja. Para evitar maiores prejuízos, os padres Jesuítas desistiram da conclusão do templo.         

Outra versão popular diz que durante sua construção, um surto de malária atingiu os trabalhadores da obra, que morreram todos dessa enfermidade, paralisando construção. Com isso, a imagem da igreja, passou a ser ligada à morte e doenças, inibindo sua conclusão.         

Não há nenhum relato sobre a construção e desistência dos Jesuítas em não concluir a Igreja, mas a primeira hipótese, é a mais coerente.

05 – Túnel ferroviário de Serra da Saudade         

Com apenas 776 habitantes, Serra da Saudade, na Região Central, distante 230 km de Belo Horizonte, é o menor município do Brasil em número de habitantes. Lugar calmo, tranquilo, pacato, onde a vida passa de vagar e Guaçuí com qualidade de vida muito alta.         

A história de Serra da Saudade começa nos anos 1920, com a construção de um ramal ferroviário da Estrada de Ferro Paracatu, que ligaria Dores do Indaiá MG, na Região Central, à Paracatu, no Noroeste de Minas, para transporte de diamantes, café, madeira, gado, etc.         

Iniciada em 1922 em Dores do Indaiá, o ramal ferroviário nunca foi concluído. As obras pararam na Fazenda Serra da Saudade. Com o ramal paralisado, o fazendeiro José Zacarias Machado, proprietário da fazenda do Rancho, doou um terreno para que se construísse uma estação de trem. Assim foi feito. Além disso, por ser uma região montanhosa, houve a necessidade de se construir dois túneis para passagem dos trens. Distantes 250 metros um do outro, um dos túneis tem 1000 metros de extensão e o outro, 850 metros.         

Com o nome de Estação Melo Viana a pedido do doador do terreno, a estação foi inaugurada em 1925. Na década de 1930, o ramal da Estrada de Ferro Paracatu, foi incorporado à Rede Mineira de Viação, funcionando até 1969, com transporte de carga e passageiros, quando a estação foi desativada.          

Desde sua inauguração, ao redor da estação, foram construídas casas para os operários e com o tempo, o pequeno arraial começou a receber novos moradores. Uma igreja foi construída, dedicada à Nossa Senhora do Carmo, em terreno doado por Maria Praxedes. O povoado de Estação Melo Viana, foi elevado à distrito, subordinado à Dores do Indaiá em 27 de dezembro de 1948, com o nome de Comendador Viana, para finalmente, em 30 de dezembro de1962, ser elevado à município emancipado, passando a chamar-se, Serra da Saudade.

Da passagem do trem por Serra da Saudade, ficou a antiga Estação Ferroviária e os túneis, distantes apenas 4 km do centro da cidade. Mesmo com tempo, estão bem conservados e sem sinais de vandalismo. São os maiores atrativos turísticos da cidade, junto com a bifurcação dos rios Funchal e Indaiá, na Barra do Funchal, além de suas belezas naturais, como a Serra da Saudade, não a cidade, mas a serra homônima, uma das maiores belezas naturais da Região Central. (fotografia acima de Emílio Mendes Ferreira)         

Serra da saudade faz parte hoje do circuito turístico “Caminhos do Indaiá”, criado em 2008. O circuito é composto ainda pelos municípios de Bom Despacho, Cedro do Abaeté, Dores do Indaiá, Estrela do Indaiá, Luz, Quartel Geral e Santa Rosa da Serra.

06 – O Hotel Pena Branca em Santo Hilário

Distrito de Pimenta, na Região Oeste de Minas, distante 265 km de Belo Horizonte com acesso pela Rodovia MG-050, está Santo Hilário. A pequena vila, com menos de 200 moradores é hoje, um dos mais procurados pontos turísticos de Minas Gerais, graças às suas belezas naturais e pelas águas do Lago de Furnas. Da rodovia, ao longe, uma construção imponente, mas inacabada, atrai curiosos. É o Hotel Pena Branca, às margens da MG-170, no km 134. A obra inacabada, sempre despertou a curiosidade dos turistas e visitantes. (foto acima de Maria Mineira)         

Construído no alto de uma colina, a obra tem ampla vista para as belezas de Santo Hilário, principalmente, para o Lago de Furnas. É também um dos lugares mais procurados para fotos, tanto de turistas, como de fotógrafos, que procuram o local para fotos de books e casamentos.

A construção foi projetada para ser construída por etapas, com dinheiro financiado. Uma obra ousada, imponente, com 26 suítes, duas piscinas, cassino, heliporto, pista para pouso, restaurante panorâmico, além de um teleférico, que ligaria o hotel, passando sobre o Lago de Furnas, até o topo de uma montanha (na foto acima de Nilza Leonel). Uma obra grandiosa, com 2 mil metros quadrados e bem cara.         

A obra foi iniciada em 1976, mas paralisada ainda na alvenaria, devido à alta taxa de juros da época, o que inviabilizou sua conclusão. Para quitar os débitos, o hotel foi a leilão, mas o novo proprietário, não concluiu a obra. Tanto o antigo dono, quanto o novo, já faleceram e até o momento, os herdeiros do proprietário, que adquiriu o imóvel em leilão, não definiram ainda o que fazer com a obra, estando o Hotel Pena Branca, do mesmo jeito que estava, quando a obra foi paralisada.

Assim, permanece em Santo Hilário, o sonho do que seria ou ainda pode ser, um dos mais belos, luxuosos e imponentes hotéis de Minas Gerais, num lugar privilegiado e com um enorme potencial turístico.

07 – As ruínas Igreja Queijada em Antônio Pereira

Com cerca de 5 mil moradores, Antônio Pereira é um dos mais populosos distritos de Ouro Preto, na Região Central de Minas, distante 100 km de Belo Horizonte. É uma das mais antigas povoações de Minas Gerais, com forte tradição na mineração, desde o início do século XVIII. Distrito rico em história, jazidas minerais, tem nas ruínas da antiga Matriz de Nossa Senhora da Conceição, um de seus atrativos maiores. (fotografia acima da Ane Souz)         

Erguida entre 1716 e 1720, foi uma das primeiras igrejas construídas nos primeiros anos do século XVIII, na região, se tornando a matriz da Vila. Em 1830, um incêndio destruiu toda a igreja, deixando em pé, apenas suas estruturas em pedras, evidenciando a imponência do grandioso templo.

Mesmo com a destruição do templo, a comunidade não perdeu a fé, e transferiu a imagem de Nossa Senhora da Conceição para uma gruta, próxima, construindo um altar. Com o tempo, desistiram de reconstruir a igreja e mantiveram a gruta, como templo. Nessa gruta, os fiéis comparecem para missas, rezas e para acender velas em agradecimento por graças ou para pedir graças. Desde o século XIX, a gruta é conhecida nas redondezas como Gruta de Nossa Senhora da Lapa. No interior da antiga matriz, os moradores da vila passaram a sepultar seus mortos (na foto acima da Ane Souz). O cemitério está ativo, até os dias de hoje.

08 – Igreja inacabada de Sabará         

A construção da Igreja de Nossa Senhora do Rosário em Sabará, a 20 km de Belo Horizonte, foi por iniciativa da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos da Barra do Sabará, irmandade fundada em 1713. Devido à falta de recursos financeiros, a construção do templo foi lenta. Com vários recomeços e interrupções. Começou efetivamente em 1757, quando os irmãos do Rosário conseguiram o terreno que almejavam para a construção de sua igreja. (fotografia abaixo de Anderson Sá)

Em 1767 o projeto saiu do papel, com a sacristia e capela-mor tendo sido construídas em 1780, sendo paralisada e retomada em 1798, novamente paralisada e retomada em 1805, para novamente ser paralisada e retomada em 1819, sofrendo outra interrupção, sendo retomada em 1856 e novamente paralisada. Mesmo com os esforços da Irmandade para conseguir recursos, devido a situação do Brasil na época, com constantes manifestações pelo fim da Escravidão e do Império, não conseguiram retomar a construção. Com a abolição da Escravidão, em 1888, não havia mais mão de obra e nem a Igreja Católica, que assumiu o templo no lugar da Irmandade, não conseguiu retomar a obra, por falta de dinheiro.         

Paralisada desde o século XIX e ainda na alvenaria e pedras de cantaria, do jeito que parou, ficou e ficará. Isso porque, com o objetivo de preservar sua história e a construção, foi tombada em 13 de junho de 1938 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) tendo ainda sido reformada, pelo Iphan, entre 1944-1945, garantindo assim a conservação e preservação de sua estrutura e de um valioso patrimônio de Sabará e de Minas Gerais.

09 – O Corte Fundo em São Domingos da Bocaina

Fica em São Domingos da Bocaina, distrito de Lima Duarte MG, Zona da Mata. Foi um corte feito numa montanha de pedra, para ser um dos ramais da Ferrovia Central do Brasil, que ligaria Lima Duarte MG a Bom Jardim de Minas, no Sul de Minas, interligando a Central do Brasil à Ferrovia Mineira de Viação. (foto acima do Márcio Lucinda/Guia de Turismo no Ibitipoca)         

A impressionante fenda profunda e bastante íngreme, foi aberta em rocha bruta e ainda guarda marcas das picaretas, em suas paredes abertas por trabalhadores braçais. Lugar de rara beleza, com uma bela cachoeira, no fim da cavidade é um lugar que impressiona e também assusta, pelo vazio e silêncio do lugar. No trecho do corte, pode-se ver cruzes fincadas no chão. Simboliza mortes ocorridas durante a abertura da cavidade. (foto abaixo do Márcio Lucinda/Guia de Turismo no Ibitipoca)

Iniciada em 1939, sofreu várias paralisações ao longo dos anos, se estendendo até a década de 1950. Após a morte de Getúlio Vargas, em agosto de 1954, a obra foi totalmente paralisada e nunca concluída. Nunca foram colocados trilhos no que deveria ser um ramal ferroviário. O que deveria passar trem, lingando a Bom Jardim de Minas, passou a ser uma estrada de rodagem, ligando a Souza do Rio Grande, distrito de Lima Duarte MG.         

Hoje é um dos grandes atrativos turísticos de Lima Duarte e da região, constantemente usada para tráfego de veículos, por ciclistas, para caminhadas e curiosos, já que o local e a impressionante fenda na rocha, instiga a curiosidade e interesse dos visitantes.

10 – Casa da moeda em Moeda         

No auge do Ciclo do Ouro em Minas Gerais, o alto valor dos impostos cobrados pela Coroa Portuguesa, no século XVIII, o chamado Quinto, não só criou revolta popular em Minas Gerais, mas fez com que fossem criadas ações para não pagar o pesado imposto do Quinto, exigido pela Coroa Portuguesa.

No município de Moeda, cidade distante 60 km de Belo Horizonte, uma fábrica de moedas, genéricas, foi construída no século XVIII, para não pagar o Quinto, um importo que taxava em 20% todo o ouro encontrado nas minas mineiras. Chamada de Casa de Moda Falsa do Paraopeba ou Fábrica do Paraopeba, suas ruínas podem ser vistas em Moeda Velha, hoje com o nome de São Caetano, distrito de Moeda. (foto acima de Evaldo Itor Fernandes)         

Construída numa parte alta da antiga Serra do Paraopeba, por permitir uma visão em 360 graus em redor, a fábrica foi formada por equipamentos de fundições furtados do Rio de Janeiro e trazidos para a região. Chegou a ter cerca de 100 pessoas trabalhando na fundição, como escravos, mineradores e também, antigos funcionários da administração portuguesa. Quando governava a capitania de Minas Gerais, entre 1721 a 1732, Dom Lourenço de Almeida, sabia da existência da fábrica, mas nada fazia. Um sinal de que era contra o abuso da cobrança do Quinto, pela Coroa Portuguesa.

A fundição era uma verdadeira fortaleza, com condições de ações armadas de ataque e defesa, com rapidez, para se protegerem de curiosos, invasores e da guarda da Coroa. As moedas eram verdadeiras, cunhadas em puro ouro e sendo vendidas com imposto bem menor que o Quinto. A fábrica funcionou por alguns anos, sendo desativada ainda no século XVIII, restando hoje, parte das ruínas que sobraram da fábrica. Por isso a serra, antes chamada de Serra do Paraopeba, passou a se chamar, Serra da Moeda e a própria cidade, onde estão as ruínas, adotou o nome de Moeda. (foto acima do Evaldo Itor Fernandes)

11 – As ruínas de Gongo Soco em Barão de Cocais MG

Barão de Cocais é uma cidade histórica, distante 100 km de Belo Horizonte, na Região Central. A cidade guarda as ruínas de um dos mais importantes sítios históricos para Minas Gerais, formado pelas ruínas da antiga mina de ouro de Gongo Soco. A mineração na região teve início em 1745, quando da descoberta de ouro ano local, pelo madeireiro Manuel da Câmara Bittencourt. Bittencourt faleceu em 1756, tendo a propriedade administrada por seus herdeiros e arrematada, tempos depois pelo português José Álvares da Cunha Porto, que construiu a sede da fazenda, com senzala, capela, pomar, paiol e moinhos. (fotografia acima de Glauco Umbelino)         

Em 1825, no século XIX, toda a área da mina, como a sede da fazenda e suas benfeitorias, foi adquirida pela Companhia Imperial Brazilian Mining Association, de capital inglês. Aos poucos, famílias inglesas, oriundas da região da Cornualha, no sudoeste da Inglaterra, foram chegando à região. Os ingleses tinham tradição na exploração mineral, além de tecnologias de ponta, para a época, inexistentes no Brasil. A multinacional explorou a mina entre 1826 a 1856, extraindo nesse período, entre 12 e 13 toneladas de ouro.              

A mina, a vila colonial e as benfeitorias da fazenda, foram adquiridas dos ingleses, pelo empresário Paulo Santos e vendida em 1900 para a empresa The Prospect Corporation. Foi a partir daí que que Gongo Soco, a vila colonial e toda a arquitetura inglesa, começou a declinar-se, devido a prática da empresa em construir novas edificações no local, principalmente na vila colonial.          

Isso perdurou até a década de 1990, quando a Fundação Estadual de Meio Ambiente, Ministério Público e Iepha, agiram em conjunto para pôr fim a exploração predatória e deterioração do patrimônio histórico. Para evitar maiores consequências ao patrimônio mineiro, as ruínas de Gongo Soco e todo o seu conjunto, foi tombado em 11 de maio de 1995, pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico IEPHA/MG). A área de Gongo Soco, continua sendo explorada para mineração, pertence atualmente à Companhia Vale.

12 – As ruínas do Moinho de Vento e da Ponte do Bico de Pedra         

Uma parte da história de Ouro Preto, passa despercebida pelas dezenas de milhares de turistas que visitam todos os anos a cidade histórica mineira, patrimônio da humanidade desde 1980. No alto de uma serra, onde estão os morros de Santana, São João, São Sebastião e Queimada, este último, tinha o nome de Arraial de Ouro Podre, povoado no final do século XVII. Foi nesta região que se originou Vila Rica, atual Ouro Preto. As primeiras igrejas, os primeiros casarios que deram origem à Ouro Preto, estão nos morros acima. Foi o primeiro assentamento urbano de Ouro Preto.         

Em 1720, o antigo Arraial de Ouro Podre foi incendiado e destruído a mando do Conde de Assumar, Governador da Província de Minas Gerais, na época. Foi um ato de represália às ações da chamada Sedição de 1720, uma revolta popular que aconteceu em Vila Rica, nesse ano, com objetivo de derrubar do poder o Conde de Assumar, contra a instalação das casas de fundição, da taxação de 1/5 de todo ouro extraído na região e expulsão dos clérigos da província. O movimento foi sufocado pelas forças portuguesas, liderados por Assumar.

O incêndio consumiu tudo, principalmente, o início da história de Ouro Preto, restando como testemunhas, as pedras que davam sustentação a um moinho de vento, marco da fundação do arraial (na foto acima do Glauco Umbelino).         

Por esse ato e destruição total do Arraial de Ouro Preto Podre, o local passou a ser conhecido como Morro da Queimada. Nas proximidades, estão ainda os morros de Santana, São Sebastião e São João, em boa parte, preservados em sua história e arquitetura. Foram nesses morros que a história de Ouro Preto começou, como arraial, freguesia, vila e por fim, cidade, até a ser capital de Minas Gerais. A partir do auge da riqueza gerada pelo Ouro, as construções passaram a ser erguidas na parte mais baixa, onde está hoje, o Centro Histórico da cidade.         

O Morro da Queimada, é hoje um museu vivo e natural, além de propiciar uma ótima vista de Ouro Preto.         

Ainda em Ouro Preto, agora no distrito de Rodrigo Silva, distante 30 km da sede, na comunidade de Bico de Pedra, as ruinas da ponte de pedras, da antiga estrada, que ligava Ouro Preto, ao Rio de Janeiro, passam despercebida. O que sobrou dessa estrada, construída por escravos em 1850, foi uma imponente ponte, conhecida como Ponte de Bico de Pedra, devido ter sido construída à beira de um precipício, com curva inclinada. No meio do mato, esquecida e até desconhecida, a antiga estrada foi uma das mais imponentes obras do século XIX, no Brasil.         

Sua arquitetura era bastante ousada para a época. A ponte foi projetada em estilo romano, destacando os tradicionais arcos tradicionais na arquitetura de Roma antiga, por onde correm aas águas de um riacho limpa e cristalina, que culmina mais à frente, numa queda d´água. Além de sua história e grandiosidade, no entorno das ruínas da ponte de Bico de Pedra, a natureza presenteia os visitantes, com sua beleza esplendorosa.

FONTE CONHEÇA MINAS

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