Saindo da porção setentrional do mapa mineiro, Congonhas é outra cidade que sofreu com as chuvas em janeiro e decretou estado de emergência. A verba para a contratação de artistas, no entanto, não foi afetada. A cidade da Região Central do estado é a que tem a maior variedade musical e de eventos em sua lista de contratos. Só em 2022, foram gastos R$ 325 mil para apresentações diversas.
Os valores pagos por atração não ultrapassam a casa das centenas de milhares de reais. A mais cara foi a dupla sertaneja Clayton e Romário, que cobrou R$ 95 mil para se apresentar na inauguração de uma praça, em maio. Para o 20º Festival da Quitanda, ocorrido ao longo do último mês, nomes tradicionais da música mineira se uniram ao sertanejo mais recente. Alan e Alex receberam R$ 65 mil, Lô Borges, R$ 48 mil; Saulo Laranjeira, R$ 40 mil; e Chico Lobo, R$ 21 mil.
No evento Sermão da Montanha, em abril, a banda gospel Casa Worship se apresentou pelo preço de R$ 56 mil. Em nota, a Prefeitura de Congonhas afirma que, conforme o Plano Plurianual e a Lei Orçamentária, a cidade tem dotação orçamentária específica para realizar esse tipo de contratação.
Outra cidade
Disparada a menor cidade da lista, Laranjal tem menos de 7 mil habitantes. A cidade, porém, quase chegou à marca de R$ 200 mil para contratar Dilsinho, por R$ 135 mil, e a dupla João Bosco e Gabriel, por R$ 62 mil. As duas atrações irão à cidade da Zona da Mata mineira em agosto, quando se apresentam na 32ª Exposição Agropecuária de Laranjal. O valor pago aos artistas extrapola o orçamento previsto para cultura na cidade em mais de R$ 50 mil.Além do âmbito estadual, Laranjal integrou a lista de emergência do Ministério do Desenvolvimento Regional por chuvas intensas em março deste ano. A reportagem procurou as prefeituras de Capelinha, Laranjal e Rio Pardo de Minas. Até o fechamento desta edição, nenhuma delas se manifestou sobre os contratos ou os decretos de emergência.
Popularmente apelidada de CPI do Sertanejo nas redes sociais, as revelações sobre contratos extravagantes de artistas com prefeituras pelo Brasil continuam. Mesmo que boa parte delas não revele nenhuma irregularidade, autoridades já se debruçam sobre casos específicos para investigar possíveis questões legais.
- EM