Gostos, texturas e cheiros criam conexões emocionais e inspiram novas rotas turísticas em Minas. Comunidades tradicionais, ricas em história, cultura e gastronomia, apostam no chamado turismo de experiência para movimentar a economia local e abrir oportunidades de emprego e renda.
Assim surgiu o Circuito Villas e Fazendas, que reúne 12 municípios da região do Alto Paraopeba e do Vale do Piranga que viveram o auge do Ciclo do Ouro. Mais do que numa visita contemplativa tradicional, o turista é recebido com o “aconchego da roça, do interior mineiro”, avisam os organizadores. E é convidado a “tocar, sentir, experimentar e surpreender-se” em vivências únicas e memoráveis.
Em Catas Altas da Noruega, a 145 km de BH, a estrada para Falhado de Cima leva à Estância do Pinheiro. O dono, um gaúcho, comprou uma propriedade rural que só tinha pasto e uma reserva da Mata Atlântica. Como especialista no cultivo de árvores, Moacir Batista Nascimento sabia que a latitude da propriedade de 30 hectares não era a ideal para oliveiras, o que explica por que grande parte da produção de azeite no país vem, principalmente, do Rio Grande do Sul.
Mas em Catas Altas a temperatura e a umidade do clima serrano eram uma boa aposta, diz o olivicultor. O primeiro plantio, com 600 mudas, foi em 2010. “Falava para minha mulher: ‘Neca, acho que vamos ter que arrumar outra coisa, porque acho que não vai dar certo’. Mas ela sempre me apoiava”, afirma Moacir.
Cinco anos depois da primeira muda, Moacir caminhava pelo olival e viu que as árvores floresciam. Montou o lagar (local onde é feita a extração do azeite) e começou a terceirizar o serviço de beneficiamento para outros produtores, esperando as azeitonas para começar a produzir. O primeiro azeite do Espírito Santo foi feito na fazenda dele.
Experiência
Na Estância do Pinheiro, o visitante conhece o lagar e como é feita a prensagem do fruto para extração do azeite. Aprende que para se fazer um litro do produto são necessários 10 kg de azeitonas (a expectativa dele é produzir 30 toneladas por ano, ou 3 mil litros, dependendo da floração das oliveiras). E vai percebendo também que é uma produção delicada, com colheita manual e na hora certa da maturação, porque tudo influi no aroma e no sabor do azeite. As garrafas são escuras e a temperatura controlada, porque luz, calor e oxigênio são inimigos do bom azeite (depois de aberto ele tem de ficar na geladeira).
Na sede da fazenda, o turista faz degustação de diversos blends de azeite, feitos a partir de quatro tipos de oliveiras. A experiência é como a degustação de vinhos – tem todo um ritual de esquentar o copinho nas mãos para que o aroma sobressaia, depois colocar um golinho na boca para descobrir os sabores únicos de cada tipo.
Na sede da fazenda, o turista faz degustação de diversos blends de azeite. Reservas de Mata Atlântica são preservadas e três nascentes de águas cristalinas abastecem também as comunidades vizinhas.
E descobre que a filtragem (por centrifugação ou coagem em papel) evita a contaminação por bactérias, que degrada a qualidade, o aroma e o sabor. Além disso, entende como é a classificação de virgem ou extravirgem, feita a partir de análises físico-químicas, que atestam a quantidade de peróxidos e a acidez, entre outros quesitos.
Mas a visita não é só sobre o azeite. Quem vai à estância do Moacir e da Neca, ao caminhar pelos olivais, aprende que as árvores podem viver por 3.500! E vê que a cultura tem tudo a ver com sustentabilidade (as reservas de Mata Atlântica são totalmente preservadas e três nascentes de águas cristalinas abastecem as comunidades vizinhas).
FONTE HOJE EM DIA