Há alguns anos se popularizou a adoção do termo Santuário do Senhor Bom Jesus de Bacalhau para designar o mais antigo conjunto arquitetônico religioso do Vale do Piranga, tombado pelo Instituto do patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Contudo, o termo amplamente empregado nos documentos históricos é “Santuário do Senhor Bom Jesus de Matosinhos”, com “s” na grafia “Matosinhos”. O termo “Bacalhau”, incorporado pela população local piranguense, provavelmente foi incluído para diferenciar o Santuário do Bom Jesus, em Piranga, do Santuário do Bom Jesus, em Congonhas. Todavia, por lá, ninguém fala “Santuário do Bom Jesus de Congonhas”, mas Santuário do Bom Jesus de Matosinhos.
O termo “Matosinhos” vem da cidade portuguesa de mesmo nome, situada no distrito do Porto, de onde origina a devoção ao Bom Jesus, introduzida em Minas Gerais pelo minerador português Feliciano Mendes, ao qual se deve o projeto inicial de construção do templo religioso do Bom Jesus em Congonhas. Em 8 de abril de 1757, o referido português se encontrava com moléstias graves e providenciou a implantação de um oratório, com uma cruz com a Imagem do Senhor Bom Jesus, no alto do Morro Maranhão, em Congonhas.
Na sala de ex-votos do Santuário do Bom Jesus em Piranga, um dos principais documentos ali existente é conclusivo na elucidação do tema: em 19 de outubro de 1939, o padre Soares Guimarães, eucarístico do Santuário, escreveu que há 153 anos (12 de maio de 1786) o Papa Pio VI, o Benfeitor de Pirapetinga, o antigo Bacalhau, “centro de um SANTUÁRIO, consagrado a BOM JESUS DE MATOSINHOS”, concedia autorização para a abertura das portas do milagroso templo, faiscante pela beleza da sua arte, para um jubileu, concedido para os tempos “perpétuos, presentes e futuros”. No processo de tombamento do Santuário do Bom Jesus em Piranga, o termo adotado pelo IPHAN, cujo processo, n.º 1223, foi aberto em 1987 e finalizado em 31/10/1996 com o tombamento, a designação adotada foi “Santuário do Senhor Bom Jesus de Matozinhos”, ainda neste caso, com o equívoco do emprego do “z” na palavra Matosinhos.
É preciso alinhar a história com a geografia e, talvez, o emprego da expressão “Santuário do Senhor Bom Jesus de Matosinhos de Bacalhau” seria uma das formas de resolver o impasse, de ambos os lados!
FONTE GUARÁ DRONE