25 de abril de 2024 10:34

Lentes poéticas captam grandiosidade do patrimônio histórico e cultural de Congonhas

A história de Congonhas (MG) funde-se às narrativas de criação do conjunto arquitetônico do Santuário do Bom Jesus de Matosinhos, que tornou a cidade mundialmente conhecida. Trata-se de uma das mais importantes obras da escultura religiosa de Aleijadinho, à qual foi concedida, em 1985, o título de Patrimônio Cultural Mundial da Unesco. No livro Olhares, Imagens & Devoção – O Patrimônio de Congonhas, a ser lançado em 17 de agosto, Dia Nacional do Patrimônio Histórico, às 18h30, no Museu de Congonhas (Alameda Cidade de Matosinhos de Portugal, 153, Basílica de Congonhas), o município é retratado pela sensibilidade de importantes fotógrafos brasileiros. Concebida e organizada pelo publicitário e designer Denilson Cardoso, a obra conta com imagens inéditas do organizador e, também, dos fotógrafos convidados Alexandre Guzanshe, Guto Muniz, Glenio Campregher, Mauro Barros e Welerson Athaydes.

O lançamento em Congonhas será seguido de bate-papo com Denilson e os fotógrafos. O livro também será lançado em Belo Horizonte, no dia 18 de agosto, às 19h, no Centro de Arte Popular, no Circuito Liberdade, também com presença do autor e dos fotógrafos. Nas duas cidades, a entrada é gratuita.

A concepção do livro nasce da própria relação do congonhense Denilson Cardoso com a imensurável riqueza arquitetônica e escultural da cidade. “Quando criança, passava horas a rabiscar as fotografias dos profetas, no livro Congonhas do Campo (1973), de Robert Smith e Marcel Gautherot”, lembra o publicitário, que, anos depois, em suas pesquisas acadêmicas, haveria de se deparar com o mesmo livro, mas de outra forma, e sob novo olhar, voltado à valorização da arte única, e de grandeza vasta, abrigada por sua terra natal: “Pude reviver o orgulho e o encantamento que, já na infância, as obras de Aleijadinho me proporcionavam”.

Olhares, Imagens e Devoção

O Patrimônio de Congonhas busca ressaltar a beleza e a teatralidade da obra de Aleijadinho e outros artistas, presentes no Santuário do Senhor do Bom Jesus do Matosinhos, assim como revelar seu entorno e a fé dos devotos. Como resultado de processos práticos e acadêmicos, recorreu-se à arte da fotografia como instrumento de inovação e promoção de novas práticas de valorização e compreensão dos valores históricos, religiosos e artísticos. Daí a ideia de convidar cinco fotógrafos, atuantes nas cenas cultural e jornalística de Belo Horizonte e Congonhas, com experiências e olhares bastante distintos. “Espero, com o trabalho, colaborar com o conhecimento e a valorização de nossa arte, instrumento de fé, tão importante para nós, para a cidade e a humanidade. Torço para que as emoções que conduziram todo o processo de desenvolvimento desta iniciativa possam ser sentidas em cada página do livro, e que ele seja apreciado por novas e futuras gerações, ao despertar o mesmo sentimento de orgulho e encantamento que me tomaram quando criança”, ressalta Denilson, ao lembrar que o desenvolvimento do livro se deu paralelamente a outros de seus projetos, todos relacionados ao Santuário de Congonhas.

Em 2013, ele criou a linha “Patrimônio em Cores”, composta por produtos referenciados no acervo local, com o intuito de valorizar e divulgar as obras e a cidade: “A partir daí, ingressei no mestrado, e me aprofundei na pesquisa sobre o design e sua atuação como ferramenta de comunicação do patrimônio”. O patrimônio histórico – Toda a obra de Congonhas é fruto da fé e da religiosidade católicas, trazidas de Portugal por Feliciano Mendes, minerador que chegou ao Brasil nos meados do século XVIII, em busca das pedras preciosas de Minas Gerais. Enfermo, prometeu que, caso alcançasse a graça da cura, construiria um templo para adoração a seu santo de devoção, o Senhor Bom Jesus de Matosinhos, no alto do Morro do Maranhão, em Congonhas. Em 1757, iniciou sua peregrinação para obtenção de recursos destinados à construção da igreja, dedicada ao Senhor do Bom Jesus como pagamento de sua promessa. O Santuário é, desde então, local de adoração e peregrinação de fiéis católicos.

O conjunto do Santuário do Bom Jesus de Matosinhos de Congonhas é formado pela Basílica, com seu interior em estilo rococó, pelo adro murado, onde se encontram os doze profetas de pedra-sabão – Isaías, Jeremias, Baruc, Ezequiel, Daniel, Oséias, Jonas, Joel, Amós, Naum, Abdias e Habacuc – e as Cenas dos Passos da Paixão de Cristo, seis capelas que ilustram a via crucis de Jesus Cristo. Nas capelas, estão localizadas as 64 esculturas policromadas em madeira, criadas em tamanho natural.Construído entre os anos de 1757 e 1875, o Santuário contou com grande número de artistas e artífices, destacando-se, entre eles, Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, classificado como o maior gênio da escultura barroca brasileira. Ele foi um dos maiores artistas do século XVIII, e criou uma arte muito poderosa, por meio de processos que ainda são um mistério. Sua alcunha foi dada a partir de 1777, quando acaba acometido por um terrível mal, que o impossibilitou de realizar seu trabalho da forma convencional. A doença limita o uso das mãos, e se estende, gradativamente, até as pernas do artista, fazendo com que ele fosse carregado por seus escravos, que prendiam as ferramentas em suas mãos mutiladas e paralisadas. O conjunto de Congonhas foi declarado Patrimônio Cultural Mundial, pela Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco), em dezembro de 1985. A inclusão do Santuário de Congonhas na Lista do Patrimônio Mundial da Unesco foi justificada pela importância da arte universal de Aleijadinho e de todo seu conjunto arquitetônico e escultural.

A obra – O livro Olhares, Imagens & Devoção – O Patrimônio de Congonhas estrutura-se segundo quatro dimensões da representatividade cultural e artística da importante cidade mineira. Dividido nas seções “A Paixão”, “A profecia”, “A oração” e “A devoção”, a obra promove breve discussão de tais sentimentos e ações, devidamente amparada pela força e pela multiplicidade poética das imagens produzidas pelos fotógrafos Alexandre Guzanshe, Guto Muniz, Glenio Campregher e dos congonhenses Mauro Barros e Welerson Athaydes.

O fotógrafo Hugo Cordeiro também participa com algumas imagens. A cada página, leitores e leitoras terão a oportunidade de “passear” por Congonhas, de mãos dadas à história, à cultura e à fé. Há que se destacar, ainda, outra importante efeméride, responsável por tornar o lançamento da obra ainda mais interessante e potente: “Coincidência ou não, é extremamente satisfatório lançar este livro em 2022, quando se comemoram os 100 anos da Semana de Arte Moderna. O Santuário de Congonhas teve o primeiro reconhecimento como obra genuinamente nacional em razão da visita da caravana modernista a Minas Gerais, em 1924. A partir daquele momento, iniciaram-se todas as ações de valorização e preservação do patrimônio brasileiro”, ressalta Denilson Cardoso. Este projeto é apresentado pelo Ministério do Turismo e pela J. Mendes, por meio da Lei de Incentivo à Cultura. Realização: Solo CDC, Secretaria Especial da Cultura e Ministério do Turismo. O projeto foi idealizado por Denilson Cardoso. O idealizador e organizador desta ação é Denilson Cardoso, mestre em Design pela Universidade Estadual de Minas Gerais (UEMG), pesquisa formas de valorização e divulgação do patrimônio por meio do Design. Congonhense, atua há mais de 25 anos no mercado cultural de Belo Horizonte. Em 2012, fundou a Solo Comunicação Design Cultura, empresa de comunicação e design, além de criar a marca “Patrimônio em Cores”, com a qual desenvolve produtos inspirados e referenciados no patrimônio histórico de Congonhas. Em 2019, lançou o livro Pampulha Olhares Imagens Modernidade, sobre o patrimônio da Pampulha, em Belo Horizonte.

Os fotógrafos Alexandre Guzanshe – Nascido em Aimorés (MG), vive e trabalha em Belo Horizonte desde 1995. Jornalista e pós-graduado em jornalismo, cursou artes na Escola Guignard (UEMG) e atua como repórter fotográfico multimídia dos Diários Associados. Paralelamente ao fotojornalismo, desenvolve trabalhos nas artes plásticas, tendo participação em diversas exposições individuais e coletivas. Lançou seu primeiro livro de fotografias, Ser Tão Gerais, em 2019.

Guto Muniz – Fotógrafo das artes cênicas, com 35 anos de carreira, iniciada em 1987, já fotografou mais de dois mil diferentes espetáculos. Seu acervo conta a história de diversos artistas e companhias, e de alguns dos mais importantes festivais de teatro, dança e circo realizados em Belo Horizonte e outras cidades. Também é professor e fundador do Núcleo FAC – Núcleo de Estudos Fotografia, Arte e Cultura.

Glenio Campregher – No setor cultural desde 1998, atua, profissionalmente, como fotógrafo dos principais festivais artísticos de Belo Horizonte: Festival Internacional de Teatro, Festival Internacional de Quadrinhos, Verão Arte Contemporânea, Virada Cultural, dentre outros. De 2003 a 2009, foi fotógrafo oficial da Fundação de Cultura de Belo Horizonte. É correspondente da agência Ruptly na capital mineira.

Mauro Barros – Desde 2008, Mauro Barros trabalha com fotojornalismo cultural, social e autoral, o que inclui retratos, casamentos e eventos culturais em Congonhas. Coordenou oficinas de fotografia em eventos na cidade de Congonhas, além de ministrar cursos em programas sociais. Realizou diversas exposições fotográficas.Welerson Athaydes – Congonhense, atua como fotógrafo desde 1981, explorando temas como festas religiosas, eventos de natureza artístico-cultural e história de Congonhas. Conta com trabalhos relacionados ao patrimônio em exposição permanente no Museu de Congonhas.

Serviço Lançamento do livro Olhares, Imagens & Devoção – O Patrimônio de Congonhas. Congonhas (MG), Museu de Congonhas – Alameda Cidade de Matosinhos de Portugal, 153 – Basílica

Dia 17/08/2022, às 18h30 – Lançamento com bate-papo com Denilson Gomes e fotógrafos convidados, Entrada gratuita, Belo Horizonte (MG). Centro de Arte Popular – Circuito Liberdade – Rua Gonçalves Dias, 1608 – Lourdes e Dia 18/08, às 19h. Entrada gratuita.

Livro Olhares, Imagens & Devoção – O Patrimônio de Congonhas. Edição do autor. 120 páginas.136 fotos. Preço: R$ 30. O livro será distribuído gratuitamente para escolas, centros culturais e museus, bibliotecas e centros de atendimento ao turista.

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