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Artista lafaietense se encontra com tataraneto do precursor da Cerâmica Saramenha no Brasil

A história se perpetua quase 2 séculos depois. Ontem (19), o artista lafaietense, Rosemir Hermegídio, se encontrou com o tataraneto de Carlos Gabriel de Andrade, primeiro e único barão de Saramenha, (Ouro Preto, 6 de Julho de 1846 — Belo Horizonte, 13 de setembro de 1921). Thomas de Freitas Ribeiro mora no Texas (EUA) e está de passagem por Belo Horizonte onde reside sua família.
Foi em meados de início do século 18, que na chácara do Barão, em Ouro Preto, foi implantada a primeira fábrica de Cerâmica Saramenha no Brasil, oriunda originalmente em Alentejo, Portugal.
Foi através da divulgação de seu trabalho na internet é que o descendente do Barão conheceu a arte do lafaietense. Thomas visitou recentemente em Ouro Preto a residência onde morava seu bisavô local hoje que funciona um museu e restaurante, Palácio do Ouro, no qual há peças históricas de originais da arte secular.
“No encontro atualizamos a história e a arte da cerâmica Saramenha. Foi emocionante”, comentou a nossa reportagem Rosemir.
Na ocasião Thomas adquiriu peças da autêntica Cerâmica Saramenha que ele levará para os Estados Unidos e presenteará, Ana Maria de Lourdes Andrade de Freitas, bisneta do Barão de Saramenha, residente na Capital Mineira.


Um pouco da história
Barão de Saramenha foi um negociante, industrial e político brasileiro, tendo sido eleito para o cargo de vereador em Ouro Preto. Chegou à patente de coronel da Guarda Nacional. Filho de Tristão Francisco Pereira de Andrade, casou-se com Francisca Lídia de Queiroga, filha de Anacleto Teixeira de Queiroga e de Jerônima Maria de Menezes. Era oficial da Imperial Ordem da Rosa.


Rosemir
Desde cedo, aos 16 anos, o artista Rosemir tomou gosto pela arte, mas foi através de Silvestre Guardiano Salgueiro, mais conhecido como Mestre Bitinho, em Ouro Branco, que ele iniciou o aprendizado das técnicas e produção da Cêramica Saramenha.
Durante os anos de 1985 e 1986, o pai de Rosemir investiu no filho quando este se dirigia a diariamente a Ouro Branco para aprender diretamente com o Mestre. Ele foi um o primeiro discípulo mais atuante de Bitinho. “Ele não gostava de ensinar as técnicas da produção, mas com muita insistência quebramos esta barreira e pude estudar com ele”, contou Rosemir. Bitinho morreu em 1998.
A tradição e gosto pela antiguidade foram herdadas de seu pai que é possuiu um antiquário, na Vila Resende, em Lafaiete, expondo em uma feira especializada em Belo Horizonte, como também de seu irmão, restaurador de móveis antigos.
É de produtos da natureza, como a argila, e metais como cobre, minério de ferro, sílica e a terra tabatinga e pedra moída que ele faz sua arte. “É uma alquimia”, sintetizou Rosemir.
O processo de produção inclui elementos e práticas antigas como pilão, forno a lenha, dentre outras. Em Cristiano Otoni, ele mantém um forno de lenha para fabricação final de suas peças. Seu ateliê funciona no Bairro Rochedo em Lafaiete (MG).


Exposições
Mestre Rosemir participa de diversas mostras em Minas e no Brasil e recentemente esteve na Exposição “Capa de Discos” cuja curadoria é do estilista e artista plástico, Honegério. Rosemir escolheu a capa do lendário disco do conjunto americano GUNS N´ ROSES, devido ser fã do grupo e identificar-se com armas de fogo. “Sou militar reformado e gosto das armas, o formato e suas funções (proteção da vida em legítima defesa). Gosto das plantas, flores e das rosas, onde aplico em minhas obras. E ao ver a capa do disco retratei com o máximo de perfeição e riquezas de detalhes para a confecção da obra.


Bem tombado
Segundo Rosemir, a exemplo da Violas de Queluz, a arte da Cerâmica Saramenha está em processo de tombamento como bem imaterial.

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