Nos anos 1930, Coqueiros, em Minas Gerais, vivia o fenômeno religioso de Manoelina
Em Março de 1931, o jornalista Nelson Castro, do A Noite, foi enviado para a comunidade de Coqueiros, em Entre Rios de Minas- MG, para investigar o fenômeno religioso de Manoelina. Ao chegar na cabana em que vivia a camponesa, a descreveu como uma “jovem de cor parda, de fisionomia agradável”, estando ela “descalça, trajando uma espécie de hábito branco”. A família contou que no ano anterior, Manoelina teria sido acometida por uma grave doença pulmonar, tendo recebido a extrema-unção do padre da cidade. Porém, dois dias depois, “levantou-se dizendo-se sã” e, por ordem de um anjo passou a “fazer caridade”.
Após relatos das curas milagrosas realizadas pela menina, sua fama se espalhou mudando a dinâmica tranquila daquela comunidade rural, o que passou a chamar a atenção da opinião pública. O jornal Lar Catholico falou sobre a “estupidez manoelínica”. O jornalista Mattos Pinto de O Malho, destacou um “mal histérico”. No Correio da Manhã, o espírita Figner Fred, a enxerga como um médium de “espírito muito evoluído”.
Porém, da Santa dos Coqueiros, como ficou conhecida, foi retirado o direito ao milagre. O Jornal (RJ) traz, em junho de 1931, a manchete “A Santa Manoelina foi presa em Belo Horizonte”, onde foi “absolutamente proibida de receber visitas”. Sua prisão causou certo desconforto, como podemos ver em um comentário no jornal A Batalha: “É deplorável que o governo de Minas prenda Manoelina”, dizia o leitor. Após um habeas corpus, Manoelina ficou livre, mudou-se para a cidade de D. Silvério acompanhada de um sargento de polícia, diz-se que “para manter a ordem”.
Leonardo Cruz é historiador
Edição: Marcos Barbosa
FONTE BRASIL DE FATO