Em comunicado enviado a nossa redação, a Assessoria de Imprensa informou que a “CSN fornecerá água mineral e caminhões-pipas para os moradores, até que o abastecimento seja totalmente normalizado. Por fim, a empresa ressalta que mantem diálogo com a população, buscando mitigar o ocorrido”. A nota diz que mineradora e a Copasa já estiveram no local e restauraram a adutora que rachou na tarde de ontem (3/3), no bairro Pires. “A CSN investigará o que causou o dano e já está realizando a limpeza do local”.
O caso
Ontem a tarde (3), por volta das 15:00 horas, moradores foram surpreendidos com água que abastece as suas casas tomadas por barro e imprópria para o consumo humano. A contaminação do produto foi proveniente de um rompimento de uma adutora que afetou rede de abastecimento carreando minério para a mina “boi na brasa” que abastece o bairro. A água que chega até este momento ainda é barrenta e as caixas d’água das residências estão suas com resquício de minério.
A prefeitura
A Prefeitura Municipal de Congonhas, por meio da Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Rural e Secretaria de Segurança Pública, Defesa Civil e Social, informou agora há pouco no Bairro Pires para verificar a situação da água juntamente com a fiscalização municipal. Segundo os representantes, após análise inloco, constataram-se que as operações da empresa CSN Mineração ocasionaram dano na adutora de água. A COPASA e a empresa tomaram as ações cabíveis para solucionar o problema. A fiscalização municipal tomará as devidas providências em relação ao fato ocorrido.
Problema crônico
O problema de abastecimento e contaminação das minas e nascentes é recorrente no Pires. O problema de falta de água e ou de mananciais contaminados vêm de mais de uma década e já foram alvo de inúmeras audiências locais e na Assembleia de Minas e até mesmo ações judiciais. Em 2010, cerca de 140 pessoas em um mutirão de limpeza da represa do bairro Pires, município de Congonhas. Os moradores ficaram sem água potável por diversas ocasiões devido a deslizamentos de terras na nascente de água que abastece a região. O problema teve início com a construção de uma estrada que ligará a Mina do Engenho à BR 040. A obra é da empresa Namisa (mineradora de ferro) e tem o objetivo de facilitar o acesso à área de mineração.
Em 2014, o abastecimento de água no bairro foi comprometido desde que uma nascente foi assoreada devido a obras de uma mineradora. Por quase dois anos, os moradores receberam água de caminhões-pipa e galões de água mineral pagos pela mineradora que provocou o dano, graças a uma determinação do Ministério Público. Mas o abastecimento alternativo acabou e é preciso contar com a sorte para ter água cristalina saindo nas torneiras, o que nem sempre ocorre.
Em 2019, a comunidade do Pires que chegou a ficar sem água após uma forte chuva que causou um extravasamento na barragem Josino, da mineradora Ferro +. O extravasamento é quando a água escoa por um dispositivo chamado “extravasor”, na barragem. Parte dos sedimentos de minério que estavam na barragem atingiu um canal que passa ao lado da BR-040, e a lama cobriu a estrada em um trecho.
Uma nascente, que era usada para o abastecimento de cerca de 2 mil pessoas, foi fechada. De acordo com a mineradora, esta nascente é a céu aberto e é frequentemente prejudicada pelas chuvas na região e seu fechamento não tem relação com o extravasamento da barragem.
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