No próximo dia 22 de abril (sábado) a primeira Festa do Feijão de Lamim com grande atrações musicais. Após a missa, haverá desfile de carros de boi com as rainhas e reios do feijão, com apresentação e dança e paródia da lenda do feijão. Haverá barraquinhas com comidas típicas e show com Diego Chocollat a partir das 22: 00 horas. O evento antecede a festa do Divino que acontece no final de maio.
A tradição
Conhecer Lamim, no Vale do Piranga, é voltar os olhos para o passado e mergulhar na religiosidade do Brasil Colônia. A Festa do Divino é uma das mais famosas tradições da comunidade e sua história se confunde com a fundação do município. A origem da Festa do Divino Espírito Santo remota a rituais religiosos realizados em Portugal a partir do século XIV, nos quais as celebrações da Santíssima Trindade eram festejadas com banquetes coletivos em que eram distribuídas comida e esmola. Em Lamim essa tradição chegou com os fundadores e é mantida com toda pompa nos atuais dias.
A lenda do feijão
Quem visita Lamim não deixa de conhecer a história do feijão milagroso. Por volta de 1800, os primeiros grãos “pintados” com a imagem de uma pomba – símbolo do Divino Espírito Santo, padroeiro da cidade. De lá para cá, o “feijão milagroso”, foi passando de geração em geração e, hoje, serve de souvenir na tradicional Festa do Divino Espírito Santo.
“Em 1801, como de costume, houve um sorteio para escolher quem faria a festa do padroeiro de Lamim. Só que o sorteado, um humilde agricultor, não tinha dinheiro para pagar as despesas. Alvo de críticas, prometeu que se sua plantação de feijão vingasse, pagaria a festa com o dinheiro da colheita. A colheita foi farta e alguns grãos estampavam a imagem do divino”, conta o estudioso local José Geraldo Reis e Silva. “Assim nasceu a lenda do feijão do Divino Espírito Santo”, arrematou.
José Geraldo, que soube da lenda ainda na escola. Os avós lhe contaram a história e algumas sementes foram guardadas pelos pais do agricultor. A partir daí, resolveu pesquisar a história dos “grãos mágicos” até que encontrou na paróquia o livro de 1899, de autoria do professor João Francisco Medeiros Duarte. “Foi aí que descobri a história desse agricultor que plantou o feijão do divino. Segundo o autor, a lenda do feijão é um dos fatos mais importantes da história de Lamim.”
Devoção
O ponto mais alto da festa acontece em maio quando Lamim recebe milhares de romeiros e devotos do Divino Espírito Santo. A cidade amanhece com um colorido e casas enfeitadas. Em meio a fé e a emoção, a procissão segue pelas ruas com os cantos carregados de simbolismo das folias de reis e do congado evocando as raízes de uma cultura tricentenária. Vestido a caráter como um rei, o Imperador, que nestes ano será o comerciantes Hermes Reis, cercado de amigos, familiares, e devotos, desfila pelas ruelas e chega ao Igreja matriz para o desfecho com a Santa Missa.
Reza a cultura que o imperador representa uma história preservada ao longo dos séculos na liturgia católica e uma devoção portuguesa. “Também no Arquipélago dos Açores (parte do Império português, formado por nove ilhas, no Oceano Atlântico) – donde vieram os fundadores de Lamim – o Divino Espírito Santo foi cultuado como um protetor contra as calamidades por se tratarem de ilhas vulcânicas sujeitas a várias intempéries”, relata o pesquisador laminense, Ângelo Maurício Sousa Reis sobre a origem da festa do Divino.