3 de maio de 2024 10:21

Comunidade e MAB revelam anatomia de crime da Green Metals em Belo Vale; minério chegou ao Rio Paraopeba

Enxurrada de rejeito minerário saiu de dentro da mineradora Green Metals durante chuva torrencial na tarde de 14 de abril, na Mina da Baixada, em Belo Vale MG, quando sólidos solúveis e sólidos sedimentáveis atingiram o ambiente natural e estruturas edificadas, públicas e privadas, inclusive a estrada recentemente pavimentada com recursos públicos. O rejeito caiu no Córrego das Flores afluente do Córrego dos Moreiras, o qual desagua no Paraopeba.

Nesses casos, empresas e governos sempre colocam a culpa em São Pedro. Mas transferir responsabilidade de crimes para fenômeno natural não se sustenta. A Green Metals tem, ali, um histórico criminoso! Em março de 2019, ocorreu o mesmo fato com a mesma empresa no mesmo local e ela não fez as adequações devidas. Moradores da Comunidade Pinto, que fica debaixo da área minerada, vem sofrendo há muito tempo com poeira, sujeira na água, insegurança em relação ao futuro e frustração com autoridades subservientes. Toda a região sente a desvalorização de seus imóveis.
As famílias atingidas cobram do estado brasileiro e dos governos, desde o nível municipal ao federal, punição da Green Metals, ressarcimento dos danos causados, adequação das estruturas da empresa à natureza do empreendimento e fiscalização eficaz para que crimes desse tipo não se repitam. E o Movimento dos Atingidos por Barragens, por sua vez, expressa sua solidariedade às famílias atingidas e se coloca à disposição para somar força à luta e à organização popular.

Minério foi carreado para o Rio Paraopeba como mostra as águas barrentas/REPRODUÇÃO

Entendendo as causas do crime

A Green Metals opera na Mina da Baixada extraindo ferro, em cava aberta com tratamento a úmido. Ainda presta serviço a outras mineradoras, ‘beneficiando’ o mesmo mineral e transportando pela rodovia MG 443, com intenso tráfego de carreta na estrada.

Esse processo de exploração mineral gera rejeito que é depositado, temporariamente, em diques escavados e ‘dragados’ com escavadeira e transportado em caminhões para área interna da mineração, onde é depositado, em definitivo. Assim, áreas de extração e de depósito de rejeito se misturam dentro da empresa. Não existe nenhuma cobertura sobre a mina e suas estruturas, o que possibilita o carreamento desse material na enxurrada, nas chuvas fortes.

O sistema canaliza a enxurrada para um reservatório SUMP, para o qual a drenagem da mina e dos locais de rejeito são direcionados. Devido ao SUMP não ser compatível com a realidade do empreendimento, ele não comporta as enxurradas minerais e transborda.

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