BNegão e Chico César foram os grandes destaques da programação que atraiu mais de 10 mil pessoas
O festival “Já Raiou a Liberdade – Os Sons do Brasil” desembarcou no último fim de semana na capital mineira, e na histórica Ouro Preto para celebrar os ritmos, timbres e a beleza da musicalidade e cultura do país. As apresentações em BH ganharam os palcos do Palácio das Artes, Palácio da Liberdade e do Memorial Minas Gerais Vale, enquanto em Ouro Preto, as atrações ocuparam os espaços do Museu Boulieu. O evento reuniu tanto artistas de renome nacional, como Chico César e BNegão, quanto talentos emergentes da cena musical mineira, proporcionando encontros memoráveis.
Mais de 10 mil pessoas participaram das atividades nas duas cidades. Em Ouro Preto, no Museu Boulieu, as atrações também integraram a programação do Festival de Inverno da cidade e foram acessadas por meio do programa Ingresso Solidário, assim mais de 1 tonelada de alimentos e centenas de agasalhos foram arrecadados e destinados ao Lar São Vicente de Paulo de Ouro Preto.
O Festival Já Raiou a Liberdade – Os Sons do Brasil é uma realização da Bento Produção Cultural, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura – PRONAC 211370 -, com o patrocínio master do Instituto Cultural Vale e patrocínio da Gerdau, Cedro Mineração e Ferro Puro Mineração (empresa do Grupo Avante), com correalização da Fundação Clóvis Salgado e parceria com o Museu Boulieu.
Um passeio pelo o que rolou…
Na sexta-feira, 7, em Belo Horizonte, Eddu Porto abriu a programação no Palácio das Artes, com o primeiro show de lançamento do seu EP “Terapia”. Além de apresentar músicas do novo trabalho e de projetos anteriores, o músico convidou a cantora Pri Glenda para uma participação especial. Porto, que se mudou de São Carlos (SP) para Belo Horizonte há pouco mais de um ano, elogiou o cenário musical da cidade. “Aqui, encontrei um terreno fértil para minha música crescer. E o Festival contribui para a manutenção disso, colocando foco em artistas da cena. Me sinto honrado por estar entre eles”, disse.
Em seguida, Rafael Martini subiu ao palco com uma performance que combinava elementos eletrônicos, jazz-sinfônica e canções. A apresentação teve como convidada a renomada cantora Mônica Salmaso. “Ela é uma cantora excelente e ter essa programação lindíssima, de forma gratuita, é maravilhoso”, destacou Vivian Campagnatti, que prestigiou o evento.
Em Ouro Preto, a primeira noite do festival foi marcada pela presença da Orquestra Jovem de Ouro Preto, composta por talentosos jovens do município e dos distritos locais, alunos da Escola de Música Padre Simões. Com seus diversos instrumentos de cordas, a orquestra encantou o público ao apresentar uma seleção de canções, incluindo clássicos de Milton Nascimento e do Clube da Esquina. Mesmo com o frio, a plateia não conseguiu ficar desanimada ao som das violas, que também brilharam nessa noite especial. O Museu Boulieu recebeu, ainda, Chico Lobo, Wilson Dias e Pereira da Viola, que celebraram a riqueza e a diversidade das violas em Minas Gerais. O repertório repleto de cantigas levou todos os presentes a uma viagem pelas folias, batuques, modas e cateretês.
Na manhã de sábado, dia 8, em BH, o Grupo Pé de Sonho se apresentou no Palácio da Liberdade, encantando crianças e adultos. Aproveitando ao máximo o momento, Cecília Campos, 8 anos, cantou e dançou todas as músicas. “Eu me diverti bastante. Sou um grande fã”, disse. Sua mãe, Alcione Campos, completou: “A gente sempre acompanha a banda, eles são ótimos! E a apresentação foi sensacional, tocaram todas as músicas que gostamos”.
A noite no Palácio das Artes foi emocionante. “Um show do coração!”, foi assim que BNegão descreveu sua homenagem a Dorival Caymmi, destacando a importância das músicas do artista baiano em sua vida. Ao lado do violonista Bernardo Bosisio, interpretou canções como “Minha jangada vai sair pro mar”. O cantor também anunciou o lançamento de um álbum com sua interpretação da obra de Caymmi ainda este ano.
Encerrando a programação do dia, Chico César celebrou a música brasileira e africana de forma enérgica, contagiando o público com clássicos como “Mama África” e um dueto com a cantora Coral. “O festival foi uma experiência incrível que eu pude vivenciar. O show do Chico foi magnífico. Eu cresci tendo a ideia de que o Palácio das Artes não era um lugar acessível, e quando você tem um festival gratuito neste espaço, possibilita que todas as pessoas consigam estar presentes. Para mim, foi muito significativo estar aqui pela primeira vez, em um show de um homem preto que fez toda a plateia sair do lugar”, ressalta Bárbara Meireles.
Neste mesmo dia, em Ouro Preto, o Sexteto de Pablo Malta foi responsável por abrir as atividades, trazendo ao palco o melhor da MPB instrumental. O grupo animou a todos com suas performances e surpreendeu a plateia ao contar com a participação especial da cantora e instrumentista Bárbara Barcellos, conhecida por colaborar com grandes nomes da música brasileira. O Museu Boulieu também abriu suas portas para Rafael Martini e Mônica Salmaso, contribuindo para a pluralidade do evento.
No último dia do Festival, domingo, dia 9, em BH, também recebeu Pablo Malta Sexteto e Bárbara Barcellos, desta vez no Palácio da Liberdade. Já no Memorial Minas Gerais Vale, a Geraes Big Band, formada por músicos da Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), apresentou um concerto dedicado ao rico repertório musical do país, sob a regência de Rafael Martini e Pedro Mota.
À noite, no Palácio das Artes, o Senta a Pua Gafieira celebrou a brasilidade e animou a plateia com um repertório dançante. Em uma participação especial, a cantora Carla Muzag fez um tributo a Elza Soares, uma das maiores vozes femininas da música brasileira com quem o grupo já teve oportunidade de tocar.
As apresentações do IntervenSons foram verdadeiros destaques ao longo dos três dias do Festival em Belo Horizonte. No Palácio das Artes e no Palácio da Liberdade, o público foi envolvido por muito samba e jazz, com Trio Tira-Gosto e Radiant Jazz Band.
Já em Ouro Preto, o domingo começou com a apresentação do grupo “Pé de Sonho”, em um show para toda a família. À tarde, foi a vez de BNegão e Bernardo Bosisio interpretarem canções imortais de Dorival Caymmi, levando o público a uma viagem musical cheia de emoção. As vibrações musicais ecoaram pelo espaço, envolvendo todos os presentes em uma atmosfera de pura celebração da cultura brasileira.
Encerrando a programação do mês, Chico César subiu ao palco para um bate-papo musical memorável. A união da musicalidade brasileira e africana evidenciou a singularidade de suas vivências e canções. Mediado por Chiquinho de Assis, a deliciosa conversa permitiu ao público conhecer mais sobre a vida de um dos artistas mais importantes da música popular brasileira da década de 90, cujo trabalho continua cativando corações em todo o mundo.