Prestes a completar 50 dias da morte da escrivã Rafaela Drumond, que suicidou no dia 9 de junho, o celular da servidora ainda não foi periciado. A análise do equipamento, que pode conter provas para as denúncias de assédio moral e sexual, das quais ela teria sido vítima, deveria ser concluída no final deste mês de julho. No entanto, os investigadores pediram a ampliação do prazo para a realização da perícia, sendo atendidos pela Promotoria de Justiça de Carandaí, na região Central de Minas Gerais. Com a extensão do período, eles terão até o final de setembro para análise do celular da escrivã. A Polícia Civil diz que a investigação está sob sigilo, e não informou se ao menos iniciou a perícia do aparelho.
“A gente sabe que a investigação está caminhando, mas não do jeito que a gente queria. Até hoje não tivemos o retorno da perícia do telefone. Esse prazo de 50 dias já foi mais do que suficiente para isso”, argumenta a advogada Raquel Fernandes, que atua na defesa da família da escrivã e que afirma se encontrar com as equipes de investigação semanalmente. Ela questiona a demora na análise técnica do aparelho celular, que deveria ser concluída até o final do mês de julho. “Houve um pedido para o prazo ser ampliado e o promotor aceitou. Não há nenhuma ilegalidade nisso, mas me causa muita estranheza toda essa demora”, acrescenta.
O aparelho celular da escrivã foi um dos materiais apreendidos pela equipe de investigação. O equipamento teria armazenado vídeos e áudios que podem servir como provas para os supostos casos de assédio em que ela teria sido vítima. Um delegado e um investigador da Polícia Civil, que atuavam na mesma delegacia onde trabalhava Rafaela, são suspeitos de terem cometido os assédios. Durante as investigações, eles chegaram a ser transferidos duas vezes, no intervalo de 20 dias. O investigador está afastado por licença médica durante 60 dias.
“Até hoje não tivemos retorno se o celular dela foi periciado. Nada do que fazem é transparente. A impressão é que eles querem abafar o caso com panos quentes”, desabafa o aposentado Aldair Dumont, de 62 anos, pai da escrivã Rafaela Drumond. Desde o começo da investigação, o pai da servidora pede acesso ao telefone, o que, segundo ele, tem sido negado pela polícia, por conta da necessidade da realização da perícia. Aldair chegou a pedir ajuda de um especialista para desbloquear o aparelho. “Eu não tenho informação de nada, a minha vontade é ir aos investigadores para saber o que já fizeram. É o caso da minha filha”, relata.
A investigação sobre a morte da escrivã Rafaela Drumond é conduzida pela Corregedoria Geral da Polícia Civil de Minas Gerais. O inquérito policial e o procedimento disciplinar apuram supostos casos de assédio moral e sexual, que podem ter induzido a servidora a morte. “Informações poderão ser divulgadas ao final das investigações”, justifica a instituição. O Ministério Público de Minas Gerais diz que aguarda a conclusão do inquérito policial para, então, poder analisá-lo e definir as medidas cabíveis.