Previsões alarmantes apontam para a provável chegada do fenômeno El Niño, um padrão climático que traz consigo mudanças significativas no regime de chuvas e temperaturas em diversas partes do globo. No Brasil, o fenômeno pode trazer estiagens no Norte e Nordeste, aumentando a vulnerabilidade da Amazônia a incêndios, enquanto o Sul pode enfrentar chuvas excessivas, provocando inundações e perdas agrícolas. Relatórios do Centro de Previsão Climática da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (Noaa) dos Estados Unidos confirmam indícios do El Niño desde junho. Ele é observado quando há aquecimento acima da média no Pacífico Tropical, em especial perto da costa do Peru e do Equador. A intensidade do fenômeno nos próximos meses ainda é incerta, com estimativas da Noaa apontando para uma probabilidade de 80% de ser moderado a forte e 20% de ser muito forte entre novembro deste ano e janeiro de 2024. Uma boa matéria publicada na revista Pesquisa Fapesp explica, com gráficos, como funciona e com que frequência acontece o fenômeno.
Por que jovens indígenas têm risco maior de suicídio?
As altas taxas de suicídio entre os indígenas no Brasil são especialmente preocupantes quando se trata dos jovens – os mais afetados entre essas populações. Especialistas apontam que essa vulnerabilidade pode ser atribuída a fatores culturais, ao deslocamento da cultura indígena e à deterioração do ambiente em que vivem. O acesso ao álcool e a dificuldade de acesso ao tratamento em saúde mental também podem contribuir para o aumento dos suicídios entre os jovens indígenas. Um relatório do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) mostrou que, no ano passado, um em cada três indígenas que tiraram a própria vida tinha até 19 anos, e a situação é especialmente grave entre os meninos. Matheus Cruz, psicólogo da secretaria de Saúde Indígena do ministério da Saúde, em entrevista à Agência Brasil, analisou a situação: “A faixa etária que mais preocupa é a de 15 a 29 anos e isso se deve muitas vezes a fatores como conflitos geracionais, familiares, passagem para a vida adulta, mas também outros fatores socioeconômicos, que se manifestam pela ausência de projetos sociais, projetos que envolvam perspectiva profissionalizante, e os processos de alcoolização, que se encontram intensos em algumas localidades, acabam se associando à baixa perspectiva de crescimento socioeconômico de alguns jovens”.
Já é possível fazer exames clínicos em farmácias
Em maio, a Anvisa aprovou uma mudança importante, que passaria permitir que as farmácias realizem exames de análises clínicas (CAE) no país. Ela entrou em vigor ontem, 1º/8, e agora é possível fazer testes de doenças como dengue, HIV, níveis de vitamina D, entre outros – estima-se cerca de 40 tipos. Até então, apenas testes de covid e de concentração de glicose no sangue podiam ser realizados nessas unidades. No entanto, a agência ressalta que os testes realizados nas farmácias devem ser usados como processo de triagem e não devem ser usados isoladamente para tomada de decisão clínica. “O resultado de um teste rápido necessita da interpretação de profissionais de saúde, que devem associá-lo aos dados clínicos do indivíduo e à realização de outros exames laboratoriais confirmatórios”, diz nota da agência. A pandemia de covid foi diretamente responsável por essa mudança na Anvisa, pois abriu espaço para a realização de exames fora de clínicas e hospitais.
Fentanila: o triste caso do Oregon
Uma reportagem do New York Times desta semana aborda ao menos duas questões duras relacionadas ao uso de drogas: o aumento do uso de opioides entre pessoas vulneráveis – que fez disparar o número de overdoses – e os desafios da redução de danos como alternativa ao proibicionismo. A história relatada se passa na cidade de Portland, no Oregon. Há mais de dois anos, o estado busca conter as taxas de mortes por outro meio, que não o da proibição rigorosa. Pessoas que são abordadas nas ruas pela polícia com quantidades pequenas de drogas, para uso pessoal, são multadas em 100 dólares – mas a sanção pode ser dispensada se aceitarem participar de uma triagem de drogas e avaliação de saúde. A medida foi aprovada em plebiscito em 2020 por quase 60% dos eleitores. A ideia, conta a reportagem, é lidar com o vício em narcóticos como a fentanila e a metanfetamina como um problema de saúde pública.
Mas, desde então, a população de rua de Portland vem crescendo e o uso de drogas ao ar livre “explodiu”, segundo o NY Times. Pessoas que trabalham em centros de tratamento de dependentes de drogas afirmaram, à reportagem, que o problema está na falta de investimento para aumentar o acesso ao cuidado. Muitos usuários buscam ajuda, mas encontram as portas fechadas. Por isso, dizem, ainda é cedo para dizer se a medida fracassou – e é preciso reestruturar o programa. A fentanila tem sido considerada a culpada por uma taxa assustadora de mortes por overdose nos Estados Unidos. Trata-se de um opioide legal, recomendado para tratamento de dor, que tem efeito analgésico e sedativo, e é considerado cerca de 50 a 100 vezes mais potente que a morfina por autoridades norte-americanas. A droga também é encontrada no mercado ilegal, e serve como opção mais barata para pessoas viciadas em opioides.
Ministério aumenta o financiamento do Conass e Conasems
Durante a 7ª Reunião Ordinária da Comissão Intergestores Tripartite (CIT), em 27/7, o ministério da Saúde anunciou o aumento do valor pago ao Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e ao Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), de R$ 7,2 milhões para R$ 10 milhões. O objetivo é fortalecer o Sistema Único de Saúde (SUS) – essa será a primeira atualização desse valor desde 2017. Além disso, foram pactuadas propostas para habilitação de mais municípios no programa Qualifar-SUS, voltado à assistência farmacêutica, e para flexibilização dos processos de habilitação de alta complexidade em oncologia e os critérios de incentivo ao Programa de Transplantes, buscando melhorar o acesso aos serviços e reduzir as filas de espera.
Centro de pesquisa de malária é descredenciado por maus tratos aos animais e falha em biossegurança
O Centro de Pesquisa Científica Caucaseco, na Colômbia, enfrenta sérias consequências após ser descredenciado pelos Institutos Nacionais de Saúde (NIH) dos Estados Unidos devido a denúncias de maus-tratos a animais utilizados em experimentos. O centro recebeu milhões de dólares em financiamentos dos NIH desde 2003, mas foi suspenso pelo governo colombiano em janeiro após uma investigação da Peta revelar maus-tratos a macacos e falsificação de aprovações éticas para pesquisas. Segundo matéria da revista Pesquisa Fapesp, o local também é acusado de pagar salários menores do que os informados aos NIH, além de ter falhas no esquema de biossegurança – chegando a contaminar um funcionário com malária. As autoridades colombianas interditaram o centro em março, apreendendo animais em condições precárias e, em abril, retirando os últimos animais restantes. Com o descredenciamento, o centro não é mais elegível para receber financiamentos dos NIH.
FONTE OUTRAS PALAVRAS