Leilão da antiga fábrica da Chocolates Pan foi realizado em setembro e homologado pela Justiça nesta quinta-feira (19). Compra foi feita com acréscimo de 33% do valor inicial estipulado.
A antiga fábrica da Chocolates Pan, localizada no bairro de Santa Paula, área nobre de São Caetano do Sul, na Grande São Paulo, foi arrematada oficialmente nesta quinta-feira (19) pela empresa de chocolates Cacau Show, pelo valor de R$ 71 milhões.
A Chocolates Pan era conhecida por fabricar os “cigarrinhos de chocolate” famosos nos anos 60,70 e 80, além dos lápis de chocolate, que fizeram igual sucesso no período (veja mais abaixo).
A aquisição foi feita pela empresa CSH Administração de Bens Intangíveis Ltda, braço de investimentos do Grupo Cacau Show, que pagou pelo espaço de 10.432 m² um valor 33% superior ao preço inicial estipulado pela Justiça para a realização do leilão.
A compra tinha sido feita no leilão realizado em 15 de setembro, mas só nesta quinta (19) a Justiça de São Paulo homologou o resultado do certame.
A Cacau Show arrematou todos os itens leiloados, comprando a área do imóvel onde ficava a fábrica, bem como os equipamentos e as máquinas do local.
Para o leiloeiro oficial da fábrica, Erick Telles, a decisão da Justiça é muito importante, porque define o valor que será recebido para os pagamentos dos credores e demonstra a efetividade das medidas adotadas dentro do processo, que, segundo ele, caminha com bastante agilidade.
“Outra boa notícia é que os bens arrematados, que antes estavam parados, agora voltam a ser utilizados gerando valor não só para o arrematante do leilão, bem como para toda a sociedade, que vai se beneficiar direta e indiretamente com geração de riqueza, recolhimento de novos impostos e uma destinação útil do imóvel”, disse.
Falência decretada
Segundo o leiloeira, a Cacau Show vai receber o imóvel livre de qualquer débito. O valor da venda tem como objetivo pagar os credores e dar uma destinação útil ao imóvel para a sociedade, uma vez que a empresa Chocolates Pan teve a falência decretada pela Justiça no final de fevereiro deste ano.
A companhia havia apresentado o pedido de autofalência dentro do processo de recuperação judicial pelo qual passava desde 2020.
Houve uma convolação no caso na Justiça, que é o termo para a transformação de um processo de recuperação judicial em falência.
A decisão é do juiz Marcello do Amaral Perino, da 1ª Vara Regional de Competência Empresarial e de Conflitos Relacionados à Arbitragem de São Paulo.
“Reconhecida como devedora contumaz dos tributos e sem a sua inscrição regularizada, não há como considerar como possível a continuidade das atividades da recuperanda”, escreveu o juiz.
“Nesta toada, de se relembrar que há mais de 20 (vinte) anos a recuperanda não recolhe regularmente seus impostos estaduais, conduta que se mostra contumaz e desleal para com seus concorrentes”, disse, em outro trecho.
A empresa tinha 85 anos e quatro filiais. Em outubro de 2016, foi comprada pelo Grupo Brasil Participações.
A administradora judicial tinha afirmado nos autos que havia a necessidade da decretação da falência.
Em nota, anteriormente, a Procuradoria Geral do Estado, responsável pelos débitos inscritos em dívida ativa da empresa, disse que a Pan tem mais de R$ 126 milhões em débitos inscritos.
“Deste montante, R$ 125 milhões são débitos declarados de ICMS, aqueles previamente reconhecidos pela própria contribuinte. Não há pedido formal de parcelamento ou transação dos débitos no âmbito da PGE”, completou na nota.
Até a decretação de falência, o quadro de funcionários era de 52 pessoas. A empresa afirmou que o faturamento sofreu queda com a reestruturação de 2017 e que, durante a pandemia de Covid-19, houve uma redução ainda maior.
Os débitos tributários deverão ser pagos com parte do maquinário e imóveis avaliados em cerca de R$ 182 milhões.
Tradição
Entre os produtos mais tradicionais da companhia, estão, além do cigarrinho, o “chocolápis” (lápis de chocolate) e as moedas, também de chocolate.
A companhia foi fundada em 12 de dezembro de 1935, quando os primeiros produtos fabricados foram o Cigarrinho de Chocolate e a Bala Paulistinha — inspirada na Revolução Constitucionalista de 1932 —, além de barras de chocolate em formato quadrado.
A Pan foi aberta pelos engenheiros Aldo Aliberti e Oswaldo Falchero, na Rua Maranhão, na cidade de São Caetano do Sul, no ABC Paulista.
Em 1941, um concurso foi promovido com um álbum com figuras astronáuticas. As pessoas encontravam as figurinhas nas balas paulistinhas para colar nos álbuns. Para quem completasse alguma página ou até o álbum inteiro eram dados diversos prêmios. A promoção durou dois anos.
Os produtos mais vendidos atualmente, segundo a empresa, são o pão de mel, que foi lançado em 1945, granulado para doces, moedas de chocolate ao leite, bombons e bala de goma.
Em outubro de 2016, aos 81 anos, a Pan mudou de donos. O negócio familiar de doces foi adquirido pelo Grupo Brasil Participações.
FONTE G1