27 de abril de 2024 20:02

Jorge Gerdau se diz ‘extremamente preocupado’ com pressão da China sobre siderurgia brasileira

Em evento do setor, empresário afirmou que a companhia está na iminência de fazer demissões. Atualmente, a Gerdau tem 600 funcionários com contrato de trabalho suspenso em todo o país

O empresário Jorge Gerdau Johannpeter disse hoje que está “extremamente preocupado” com a crescente oferta de aço chinês no mercado brasileiro e indicou que pode haver redução expressiva nas taxas de operação do setor se nenhuma medida para conter o avanço das importações for adotada. “Se não conseguirmos esses 25% [ de alíquota de importação], há risco de a China bombardear o Brasil e nos obrigar a reduzir a capacidade em 10%, 20% ou 30%”, afirmou, durante o Congresso Aço Brasil 2023.

Com a estrutura atual de alíquotas de importação no mundo – que se movimentou em busca de proteção contra a China -, boa parte da produção do país asiático tem sido deslocada para a América do Sul e inundado o mercado brasileiro, explicou.

“Ninguém está vendo o tamanho do problema com oferta predatória da China. Estamos na iminência de fazer demissões e desligamentos, disse o presidente”. Atualmente, a Gerdau tem 600 funcionários com contrato de trabalho suspenso em todo o país.

“O problema não é conjuntural, é estrutural. E receio que, pelos nossos processos históricos [de negociação com o governo], não vamos conseguir os 25% de alíquota de importação”, afirmou. O setor já levou ao governo um pedido de elevação da alíquota, em caráter emergencial, mas ainda não teve sucesso. Setores consumidores de aço alegam que a indústria quer usar o aumento de imposto para elevar os preços de seus produtos.

“É preciso se conscientizar de que se não houver pressão política maior junto a congressistas, não vamos conseguir”, afirmou. O empresário disse ainda que, pela primeira vez em décadas de vivência no setor, avalia que os métodos históricos de negociação adotados pelo setor, agora para atingir os 25% de alíquota de importação e acompanhar o resto do mundo, não devem funcionar.

“Não vejo capacidade decisória pelos processos burocráticos convencionais. Estou sentindo insegurança do processo decisório governamental”, afirmou. “Provavelmente vamos ter de mudar nossa atitude política”.

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Conteúdo originalmente publicado pelo Valor PRO, serviço de notícias em tempo real do Valor Econômico

FONTE VALOR INVESTE

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