Já estamos na metade do primeiro mês de 2024, mas no calendário islâmico a contagem do tempo é bem diferente.
Como é o calendário islâmico?
O ano atual no calendário islâmico é 1445 e o “1º de janeiro” é apenas na noite de 7 de julho, com um ciclo de dez dias a menos que os 365 do calendário gregoriano.
O calendário muçulmano não tem como “marco zero” o nascimento de Jesus e sim 16 de julho de 622. Este é o dia em que o profeta Muhammad —ou Maomé— migrou de Meca para onde hoje fica Medina, na Arábia Saudita. Essa fuga, conhecida como Hégira, representou um marco histórico para o que era, até então, um “pequeno grupo de religiosos” que seguia o profeta, segundo Sheikh Ali Momade, membro da Fambras (Federação das Associações Muçulmanas do Brasil).
“Ela [a fuga] representou o avanço e expansão da religião na península arábica, e os muçulmanos registraram esse episódio de migração como uma data que deveria ser lembrada na história do Islã”. – Sheik Ali Momade
Califa Omar, o segundo sucessor do profeta após sua morte, foi quem decidiu que o calendário da migração era o que deveria ser seguido pelo Estado que se criava naquela época, 17 anos depois da viagem de Muhammad.
Contagem de dias tem ‘referência’ diferente: a lua
O ano segundo o calendário islâmico também tem 12 meses, mas eles têm apenas 29 ou 30 dias, o que faz com que o ano, no total, tenha sempre 10 ou 11 dias a menos que o do calendário gregoriano.
Isso acontece porque os muçulmanos contam os meses e dias a partir da lua, e não do sol, como os católicos.
“O dia começa com o pôr do sol e termina antes do pôr do sol. O mês é contado pela progressão da lua. A lua cheia marca a metade de um mês, que no total tem sempre 29 ou 30 dias”- Sheikh Ali Momade
Essa diferença na contagem dos meses também causa uma variação nos dias sagrados para os muçulmanos, como o Ramadã —sempre no nono mês do calendário islâmico, em que os religiosos jejuam e buscam se conectar com Deus. Em 2023, ele aconteceu entre 22 de março e 21 de abril. Já em 2024, vai acontecer entre 10 de março e 8 de abril —sujeito ainda a pequenas variações, a depender da lua.
“Essa forma de ver o tempo precede a existência do Islã. Os árabes e judeus já a usavam para estabelecer os dias do mês, eles sempre seguiram esse calendário. E o gregoriano veio muito depois com a ascensão da Igreja Católica”. – Sheikh Ali Momade
Oficialmente, países com governos muçulmanos também seguem o calendário cristão, mas muitos não se desconectam totalmente do lunar, segundo o religioso. “Em documentos oficiais você vai perceber a indicação de duas datas. Diferentes, mas que falam sobre o mesmo período, uma para o gregoriano outro para o árabe-islâmico.”
FONTE EDUCAÇÃO UOL