Angélica Oton, de 20 anos, foi aprovada para o curso de Medicina na Universidade Federal da Paraíba (UFPB)
“Mesmo que pareça impossível, mesmo que demore, pode dar certo”. É com esse pensamento, muita dedicação e o incentivo dos pais que Angélica Oton, de 20 anos, foi aprovada para o curso de Medicina na Universidade Federal da Paraíba (UFPB).
Filha de mãe gari e pai vigia, Angélica sonhava em ser médica desde a infância. Sua motivação vinha das experiências vivenciadas nos hospitais. Ao testemunhar o trabalho dos profissionais de saúde, ela sentiu que era o que queria para sua vida.
“Quando eu era criança e tinha que ir ao hospital, via aquela rotina dos médicos e pensava o quanto eu queria ajudar as pessoas, da mesma forma que eu também havia sido ajudada”.
De origem humilde, Angélica contou com o apoio de seus pais para realizar o sonho, que fizeram sacrifícios significativos para garantir a ela e ao irmão acesso à educação de qualidade.
“Meus pais sempre me apoiaram muito. Eles fizeram de tudo para colocar eu e meu irmão em escolas boas. Foi com muito esforço mesmo porque eles tiveram que trabalhar muito e e abrir mão de muitas coisas pra que eu e meu irmão tivéssemos acesso à boa educação”, conta.
Angélica era bolsista de uma escola particular desde o 9º ano. “Mas meus pais tinham que pagar o transporte escolar porque moro em Boa Ventura, e a escola é em uma cidade vizinha, chamada Itaporanga, então era cerca de R$ 150 por mês”.
A aprovação em Medicina chegou na terceira tentativa da jovem. Para os estudos, ela contou com doações de livros de outro estudante de Medicina conhecido de sua família, que já havia sido aprovado na UFPB.
“Foi assim que tive acesso e comecei a estudar por esses livros doados, que foram meu principal material de estudo. E se não fosse a doação, eu não teria como ter acesso a esse material porque era de um curso bem caro e fora da nossa realidade. Minha mãe que apagava todas as repostas, que eram muitas, que ele [doador] já tinha feito dos exercícios nos livros. Meu pai corria atrás de imprimir os simulados. E eu ia estudando”.
Rotina de estudo
A jovem costumava estudar mais de dez horas por dia. Diariamente, ela revisava e relembrava os materiais, utilizando os recursos disponíveis, como vídeos explicativos.
Para ela, o método de colar na parede pequenos papéis coloridos (post-it) contendo tópicos específicos e breves explicações também se mostrou eficiente. Ao revisar o material de maneira rápida e direcionada, a jovem conseguiu assimilar rapidamente o conteúdo já estudado, permitindo-lhe recordar com facilidade informações importantes e detalhes relevantes.
Um outro sistema de revisão que ela aplicava era dobrar um post-it no meio, escrever apenas a pergunta do lado de fora e, em seguida, tentar responder antes de abrir para verificar a precisão da resposta.
Além disso, mesmo sem aulas formais de redação, Angélica não deixou de se preparar para essa parte do exame. Ela e uma amiga compartilharam os custos de uma plataforma de correção, onde escreviam textos e analisavam seus erros e acertos.
Esses esforços resultaram na obtenção de uma média de 877,55 no Sisu, na categoria de ampla concorrência, com o acréscimo do bônus regional.
“Meus pais foram essenciais para essa conquista porque eles sempre incentivaram muito eu e meu irmão a estudar. Eles lutaram muito para que eu pudesse me dedicar aos estudos sem ter outras preocupações, então, sem eles, isso não seria possível. Quando vimos meu nome entre os aprovados, foi muita emoção, todos nós choramos, até nossos vizinhos comemoraram. Eu acho que a mensagem que fica é: não desistam de seus sonhos porque a recompensa vem em algum momento”, destacou Angélica.
FONTE TERRA