16 de julho de 2024 03:15

PATRIMÔNIO COLONIAL DE 1775: Prefeitura de Belo Vale (MG) assume a gestão da Fazenda Boa Esperança, tombada pelo IPHAN

Patrimônio colonial rural erguido há 249 anos -1775 – a Fazenda Boa Esperança situada a seis quilômetros da cidade de Belo Vale, poderá, em pouco tempo, vir a ser administrada pelo Município. Os protocolos para a transição através de Termo de Cessão – ato de colaboração entre repartições públicas – vem se ndo discutido em reuniões entre as partes: Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA-MG) detentor do bem tombado pelo Estado e, Prefeitura Municipal de Belo Vale que já se manifestou interesse e está se preparando para assumir o gerenciamento do histórico imóvel.

Segundo a Secretária Municipal de Cultura, Eliane dos Santos, todas as tratativas estão sendo discutidas, principalmente, com advogados de competência na questão. – Estamos preparando um laudo da situação atual do imóvel que, será anexado ao documento final. Os trabalhos estão sendo executados em conjunto para finalizar o Termo de Cessão, que garantirá a transferência definitiva; relatou.

A casa da fazenda foi reconhecida como patrimônio nacional em 1959, pelo Instituto do Patrimônio Histórico, Artístico e Nacional (IPHAN) e inscrita no Livro de Tombo de Belas Artes, com parecer do poeta Carlos Drummond de Andrade. A casa e todo o terreno equivalente a 318 hectares foram tombados pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais – IEPHA-MG – em 1975.

Patrimônio nacional com pouca aplicabilidade

Sob o encargo do Estado de Minas Gerais desde 1974, quando comprou a Fazenda Boa Esperança, a que se ressaltar o fato do proprietário tê-la mantida erguida e preservada sua estrutura que se encontra em boas condições. Entretanto, nesses 50 anos de gestão do Estado, foram muitas as propostas apresentadas sem, contudo, avançar em um projeto que pudesse dar vida ao imóvel. O Estado burocrático da Cultura não evoluiu para administrá-la como um empreendimento cultural sólido, ativo, que gere renda e trabalho e, proporcione um turismo ecológico, cultural e histórico.

Ermida Senhor dos Passos

Entre os anos de 2018 a 2023, a administração da Boa Esperança esteve sob a responsabilidade da Associação Pró-Cultura e Promoção das Artes – APPA, através de um Termo de Parceria / 2018 com o IEPHA-MG. A instituição responsável por desenvolver projetos de ações de requalificação e promoção de visitas, com a finalidade de dar vida ao patrimônio não avançou com uma proposta de vigor para a ermida.

Obra-prima dedicada ao Nosso Senhor dos Passos, a ermida é considerada a mais preciosa das existentes em propriedades rurais de Minas. A decoração interna apresenta talhas douradas, quadros, e pinturas barrocas. O retábulo-mor em estilo rococó é atribuído ao escultor português Francisco Vieira Servas.  A pintura do forro dedicada à Ascenção do Senhor Jesus Cristo e seis painéis laterais são atribuídos ao professor das artes – desenho e pintura – Manoel da Costa Athayde, nascido em Mariana -1762 a 1830 – considerado um dos maiores pintores sacros do século XVIII.

Um dos projetos de maior interesse da comunidade e dos visitantes é o de ter a ermida revitalizada e aberta à visitação. O templo continua isolado e fechado há mais de cinco anos, com as paredes internas frágeis, sem reboco e sem condições de que os valiosos quadros e demais elementos artísticos sejam recompostos.

249 anos de História

O livro Bens Tombados no Brasil expõe o seguinte registro sobre o casarão: – É uma construção dos fins do século XVIII ou princípios do século XIX. O historiador Ivo Porto de Menezes argumenta que se trata de uma casa construída em 1775, já pertencente à família Monteiro de Barros, em 1790. O português Manuel José Monteiro de Barros nascido na Freguesia de São José das Marinhas, Braga, Portugal, empolgado pelas riquezas que o ouro proporcionava, veio para o Brasil por recomendação do tio Padre Broa que residia em Congonhas do Campo; ali se estabeleceu. Manuel foi contemplado com várias sesmarias. Em uma delas, construiu o vasto latifúndio da Boa Esperança, que virou modelo agropecuário na região. Anos mais tarde, o imóvel seria administrado pelo filho Romualdo José Monteiro de Barros, Barão de Paraopeba.

Pela sua expressão histórica, social e cultural, a Fazenda Boa Esperança merece uma gestão dinâmica e moderna. O Município está seguro e busca apoio junto a empresas privadas, para que garantam a segurança, integridade e funcionalidade do bem. Boa Esperança que significa “bons presságios” tem muitos atrativos a oferecer, além, de uma enorme área verde e, um riacho cristalino que banha suas terras. Muitos estão ansiosos pela reabertura.

Tarcísio Martins, jornalista, pesquisador história de Belo Vale; fotografias. 

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