Mobilização busca impedir a concessão de licença para que Vale explore área próxima à Serra do Gandarela, no quadrilátero ferrífero
Um abaixo-assinado criado pelo movimento Salve Gandarela contra o projeto Apolo chegou a mais de 50 mil assinaturas. O projeto Apolo é um plano da Vale para explorar uma área próxima à Serra do Gandarela, no quadrilátero ferrífero.
A Serra do Gandarela está localizada na Cordilheira do Espinhaço, próxima a Belo Horizonte, Caeté, Santa Bárbara, Raposos e Rio Acima. De acordo com o movimento Salve Gandarela, a serra tem uma extrema relevância ambiental.
O Parque Nacional da Serra do Gandarela foi criado em 13 de outubro de 2014 segundo informações do Governo Federal. No entanto, uma área da serra que não foi preservada pode ser explorada pela Vale por meio do projeto Apolo.
O projeto
O licenciamento do projeto teve início em 2009 e, 15 anos depois, o governo Zema demonstrou interesse em conceder uma licença prévia para sua execução.
A mina do projeto Apolo teria uma cava de 7 quilômetros que rebaixaria o lençol freático a 200 metros de profundidade. Além disso, o projeto envolve a construção de um ramal ferroviário de 9 quilômetros e uma pêra ferroviária.
O projeto Apolo também teria 2 grandes pilhas, uma Transportadora de Correia de Longa Distância (TCLD) e usina de beneficiamento. Outras construções do empreendimento seriam estruturas como diques, sumps, um depósito de explosivos, além de estradas internas e externas.
Nas informações disponibilizadas pela Vale sobre o projeto, a mineradora acredita que o empreendimento é inovador por buscar uma viabilidade ambiental. “Após o decreto do Parque Nacional da Serra do Gandarela foram definidos os limites para locação do arranjo do Projeto Apolo, onde se buscou a menor interferência ambiental na área, como por exemplo, a não instalação de estruturas do empreendimento no interior do Sinclinal Gandarela ou mesmo no entorno do ribeirão da Prata”.
Impactos
O movimento Salve Gandarela aponta impactos ambientais de grande magnitude. O projeto Apolo pode destruir grandes áreas de recarga, formações rochosas de ferro que são consideradas raras. Além disso, o principal aquífero da região pode ser afetado, pois é nele que está o minério de ferro.
O rebaixamento do lençol freático pode comprometer a quantidade e qualidade das águas nas bacias dos ribeirões da Prata e Preto e córregos São João e Maria Casimira, além de secar as nascentes, perdendo cachoeiras. Também é possível que dezenas de cavidades, sítios arqueológicos e grandes áreas de Mata Atlântica e Cerrado sejam suprimidos.
“Como o empreendimento pretendido é no entorno imediato do Parque Nacional da Serra do Gandarela, em alguns pontos a menos de 100 metros, estão previstos impactos às águas, biodiversidade e beleza paisagística e prejuízo à visitação pública”, defende o Salve Gandarela.
A perda pode ser histórica, com o risco à paleotoca, uma cavidade que foi habitada por animais pré-históricos extintos há mais de 10 mil anos. A interferência a trechos de Mata Atlântica e à adutora de água de Caeté também podem por em risco a fauna e a flora endêmicas e/ou em risco de extinção. Na conclusão do estudo de viabilidade do projeto Apolo, a Vale alega que não há risco aos animais da Serra do Gandarela:
“Quanto as espécies da fauna de maior interesse para conservação, raras, ameaçadas endêmicas de distribuição restrita identificadas no estudo, estas possuem distribuição geográfica mais ampla em relação à área do empreendimento e muitas ocorrem em Unidades de Conservação na região, por isso, não se espera que os impactos identificados para a fauna acarretem em inviabilidade de suas populações em um contexto regional”.
Por fim, os impactos sociais previstos são considerados graves por envolverem o aumento do custo de vida e dos níveis de poeira, ruído e vibração. Além disso, o intenso tráfego de maquinário e pessoas desconhecidas causar incômodo e aumentar o risco de violência.
FONTE DE FATO ONLINE