Da imponente Cachoeira do Tabuleiro à histórica Praça Minas Gerais em Mariana, cada monumento da Estrada Real oferece uma imersão pela cultura, história e natureza de Minas Gerais
As riquezas minerais do estado podem ter motivado as atividades de mineração e o interesse da coroa portuguesa nas montanhas de Minas; mas, séculos depois do início dessa atividade, o que restou foram memórias e monumentos que ajudam a contar esse pedaço da história brasileira. Parte essencial desses marcos está na Estrada Real e suas sete maravilhas.
Sobre a Estrada Real
No total, são mais de 1.600 quilômetros contemplados pela Estrada Real, que é a maior rota turística do Brasil e Monumento Nacional. Três estados são atravessados por ela: Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro.
Sua origem data do século XVIII, quando a coroa portuguesa criou trilhas oficiais para levar o ouro e diamantes extraídos de Minas Gerais até o Rio de Janeiro. Esse percurso e suas trilhas foram chamadas de Estrada Real. No total, 183 municípios e distritos integram os quatro caminhos da Estrada Real.
Conheça os caminhos da Estrada Real
- Caminho dos Diamantes: criado para conectar a sede da Capitania das Minas, Ouro Preto, a Diamantina (principal cidade onde acontecia a exploração de diamantes).
- Caminho Novo: inaugurado como uma rota mais segura para o porto do Rio de Janeiro.
- Caminho Velho: foi o primeiro trajeto criado pela coroa portuguesa. Tinha o objetivo de conectar Ouro Preto a Paraty (RJ).
- Caminho do Sabarabuçu: via alternativa, traçada pelos exploradores de ouro e diamantes, para chegar à Serra da Piedade. O brilho que eles enxergaram no topo da serra, no entanto, era minério de ferro.
As sete maravilhas da Estrada Real
Os monumentos foram escolhidos via sorteio, realizado em 2011 pelo Instituto Estrada Real. Em janeiro do ano seguinte, as premiações foram entregues a representantes de cada um dos monumentos ganhadores.
Conheça as sete maravilhas e um pouco de suas histórias.
Cachoeira do Tabuleiro
A Cachoeira do Tabuleiro, localizada no município de Conceição do Mato Dentro, é a maior cachoeira de Minas Gerais e uma das mais altas do Brasil, com 273 metros de altura. Situada na Serra do Espinhaço, essa maravilha natural é um dos vários atrativos distribuídos pela Serra e que atrai a visita de amantes da natureza e do ecoturismo.
A Cachoeira do Tabuleiro destaca-se por sua imponência. O encontro da parede das quedas d’água, que criam um formato de coração, impressiona os visitantes com seu volume e altura.
A área ao redor da cachoeira é ideal para a observação de aves, caminhadas e atividades de aventura, como rapel e escalada. Para quem prefere emoções menos intensas, a piscina natural na base da cachoeira também é ideal para mergulhos.
Embora a cachoeira do Tabuleiro esteja interditada desde novembro do ano passado, devido ao risco de deslocamento de rochas, a beleza natural do seu entorno ainda pode ser apreciada graças às trilhas. Além disso, a região de Conceição do Mato Dentro tem outras atrações que valem a visita.
Gruta da Lapinha
Situada no município de Lagoa Santa e dentro do Parque do Sumidouro, a Gruta da Lapinha é uma das mais famosas e impressionantes cavernas do estado. Suas estalactites e estalagmites criam ambientes que impressionam e atraem milhares de visitantes todos os anos.
Nos seus salões internos, os visitantes podem apreciar as formações calcárias, que criam verdadeiras obras de arte, e também aprender mais sobre a importância histórica e arqueológica do local.
A gruta da Lapinha faz parte da Rota Lund, o circuito de grutas que foram investigadas pelo naturalista Peter Lund. Seus achados o fizeram ser considerado o pai da paleontologia brasileira, e ajudar a entender como a vida humana se deu no nosso estado durante a pré-história.
A Gruta da Lapinha não é apenas um espetáculo natural e arqueológico, mas também um centro de educação e pesquisa. O Museu Peter Lund, situado nas proximidades, complementa a visita à gruta com exposições sobre paleontologia, arqueologia e a vida do pesquisador dinamarquês.
Parque Nacional da Serra do Cipó
Criado em 1984, o parque abrange uma área de cerca de 33.000 hectares e está localizado na região da Serra do Espinhaço. O Parque Nacional da Serra do Cipó é um local de grande importância ecológica, abrigando diversas espécies de flora e fauna endêmicas da região – e, não por acaso, a Serra do Cipó carrega o nome de “Jardim do Brasil”, dado pelo paisagista Burle Marx.
Os maiores destaques da sua paisagem ficam por conta da topografia, nascentes, rios, cachoeiras, cânions e cavernas formados no parque. Pelo local, além da vida animal e vegetal, ganha destaque também os sítios arqueológicos encontrados no parque – que indicam a presença de comunidades indígenas, como os tupi-guarani.
Praça Minas Gerais (Mariana)
Pouco mais de 20 anos separam a construção de duas igrejas que, no centro de Mariana, estão separadas por alguns metros de distância. Bem no centro da cidade mais antiga de Minas Gerais, as principais atrações da Praça Minas Gerais são as duas igrejas que estão praticamente lado a lado.
A Igreja de São Francisco de Assis é mais antiga e foi construída em 1762. Já a Igreja de Nossa Senhora do Carmo foi inaugurada em 1784. Ambas são representantes da arquitetura barroca e foram construídas de forma a representar a imponência que cada ordem religiosa queria inspirar aos moradores da cidade.
Apesar do destaque inevitável que as igrejas trazem, a Praça Minas Gerais também é composta pela Casa de Câmara e Cadeia – onde funcionam a Câmara Municipal e a Prefeitura de Mariana.
No centro da Praça, também fica o pelourinho. No Brasil colonial, era esse o local que representava o poder e a presença do rei.
Santuário do Caraça
O Santuário do Caraça é um dos mais importantes complexos históricos e naturais de Minas Gerais. Localizado na Serra do Espinhaço, entre os municípios de Catas Altas e Santa Bárbara, o santuário é considerado um tesouro cultural e ambiental. O local, inclusive, já recebeu visitas ilustres, como a do imperador Dom Pedro II e sua esposa, Teresa Cristina.
Os motivos para visitar o Caraça são vários: variam desde conhecer de perto a primeira igreja neogótica construída no Brasil, até conhecer o complexo que abrigou um colégio, virou pousada e, finalmente, está cercado da mais rica biodiversidade.
A conexão com a natureza está em mais do que na paisagem do entorno: aparece também em pequenos detalhes, como no hábito curioso de alimentar lobos guará que habitam a região, ou no fato de alguns quartos da hospedaria não terem sinal de internet wifi.
Independentemente dos motivos que levam os visitantes ao Santuário do Caraça, o complexo guarda trilhas que levam a cachoeiras, mirantes e outros pontos de interesse natural. Por isso, é um destino ideal para quem busca conexão espiritual e com a natureza.
Santuário Nacional de Nossa Senhora de Aparecida do Norte
O santuário é o único monumento votado como maravilha da Estrada Real que não está em Minas Gerais. É considerada o maior santuário do mundodedicado à Maria. Está localizado no Vale do Paraíba, no trecho Rio – São Paulo.
Recentemente, a fachada sul do santuário passou por uma renovação. 74 cenas foram criadas nas paredes, na base frontal, no topo dos arcos, painéis externos e internos, e também em um mosaico no teto da tribuna do santuário. As cenas retratam a Paixão de Cristo e cenas do Novo Testamento.
O santuário é local de fé e devoção também por outro motivo especial: no seu interior, encontra-se uma imagem original de Senhora Senhora Aparecida, encontrada por três pescadores em 1717 no Rio Paraíba do Sul. Embora a imagem tenha passado por um processo de restauro no ano passado, não deixa de causar grande comoção entre os fiéis.
Teatro Municipal de Sabará
Também chamado de Casa de Ópera de Sabará, trata-se de uma construção que já tem mais de dois séculos de existência. Mas este não é o único marco que rendeu ao teatro o título de Maravilha da Estrada Real.
O Teatro Municipal de Sabará, inaugurado em 1819, é uma das mais antigas Casas de Ópera em funcionamento no Brasil – o primeiro lugar também está em Minas, e a Casa de Ópera de Ouro Preto. O teatro de Sabará já recebeu a visita dos imperadores D. Pedro I, em 1831, e D. Pedro II, em 1881.
É formado por três andares de camarotes e galerias e estrutura interna em formato de ferradura. O Teatro Municipal de Sabará é conhecido por possuir uma das melhores acústicas do país, e destaca-se também por suas linhas arquitetônicas, que mostram a influência dos teatros ingleses da época de Elizabeth I.
FONTE ITATIAIA