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Parque Nacional do Itatiaia: uma visita à Mata Atlântica com sotaques mineiro e carioca

O parque apresenta trilhas pela mata e sedia o quinto pico mais alto do Brasil

As regiões com belezas naturais são um atrativo para aqueles que desejam descansar, se conectar com a natureza ou dar uma renovada nas energias. O Parque Nacional do Itatiaia (PNI) é um desses locais no Brasil, com o acréscimo de baixas temperaturas.

Considerado o primeiro Parque Nacional do Brasil, o PNI foi criado em 1937 pelo então presidente Getúlio Vargas. Hoje é administrado pela Parquetur. O parque está localizado na Serra da Mantiqueira, e, apesar do nome, a área abrange além da cidade de Itatiaia, marcando presença também nos municípios de Itamonte, Resende e Bocaina de Minas. As quatro cidades estão na divisa dos estados do Rio de Janeiro e de Minas Gerais.

Parte Baixa

A Tribuna foi ao parque a convite da Parquetur, em dois dias roteirizados para explorar o ambiente. Cada dia foi separado em uma região. No primeiro, a visita concentrou-se na chamada Parte Baixa.

Chegando lá, os visitantes se deparam com a riqueza da natureza da Mata Atlântica. As trilhas feitas nesse trajeto permeiam a floresta. Árvores altas, áreas de declínio e inúmeros sons, grande parte deles emitido por pássaros, uma vez que existem cerca de 350 espécies diferentes no espaço. São tantas coisas a serem observadas que fica difícil dimensionar em uma única caminhada o tamanho – e a riqueza – do lugar.

A equipe da Tribuna fez a Trilha do Lago Azul. Em meio aos passos nos “túneis” formados pela vasta vegetação, é possível ouvir um outro som bem corriqueiro, o da água corrente. O PNI possui 12 bacias hidrográficas regionais, responsáveis por drenar a água para duas bacias: a do Rio Paraíba do Sul, no Rio de Janeiro, e a do Rio Grande, afluente do Rio Paraná, resultando em muitas cachoeiras, cada uma com sua personalidade. Quem é apreciador das águas geladas, aproveita as inúmeras possibilidades.

Destaque para o Lago Azul, a Cachoeira Itaporani e a Cachoeira Véu da Noiva.
O caminho, por muitas vezes, pode ser escorregadio dependendo da época do ano. Como a visita foi feita no inverno, a terra batida estava um pouco úmida em alguns locais, mas nada que um calçado adequado e um pouco de paciência não fossem suficientes para garantir uma locomoção tranquila. A travessia é recomendada para qualquer idade, bastando ter disposição. Por cerca de quatro horas foi realizado o percurso planejado, com tempo para pausa nos pontos turísticos, para contemplar as belezas naturais.

Também na Parte Baixa do parque está localizado o Centro de Visitantes, onde estão disponíveis maquetes, exposições fotográficas e em vídeo da fauna e da flora e uma sala dedicada ao montanhismo, entre outras curiosidades. O espaço também conta com lojas de souvenir, cafeteria, banheiros e conexão com a internet.

Parte Alta

O relevo encontrado na Parte Alta são os Campos de Altitude, formados por montanhas e elevações rochosas, permitindo, além de caminhadas por trilhas e travessias, a prática de montanhismo através de altos picos. O Pico das Agulhas Negras, cartão-postal do parque, fica nessa região é o quinto maior do país. A área apresenta altitude que varia entre 600 e 2.791 metros.

De acordo com Danieli Mendes, gerente operacional da Parquetur, o parque pode ser visitado o ano todo, com destaque de maior procura entre abril e setembro, período ideal para a prática de montanhismo, por conta das temperaturas mais baixas.

Neste lugar é recomendado um guia para fazer as trilhas, já que a área é vasta. Uma curiosidade é que a vegetação muda rapidamente, fazendo com que cada ida ofereça uma nova experiência.

Outra característica são as baixas temperaturas. Essa é a região em que são registradas as temperaturas mais baixas do Brasil, o que favorece a formação de placas de gelo nas áreas mais altas. Na madrugada anterior à visita, os termômetros marcaram 8 grau negativos. Durante a visita da Tribuna, foram encontrados no chão pequenas áreas congeladas, um atrativo a mais.

A gerente destaca que as baixas temperaturas da Parte Alta estão atraindo cada vez mais visitantes à procura de experiências abaixo de zero. “Neste ano, foi registrada a menor temperatura, de 11.8 graus negativos, proporcionando aos visitantes a experiência de ver de perto placas finas de gelo e geada na vegetação.”

Acompanhado de um guia, a equipe fez o caminho até a base do pico das Agulhas Negras. O trajeto é composto, prioritariamente, de rochas e terra. Não é uma caminhada difícil, mas exige calma e atenção. Isso porque algumas rochas são maiores e possuem a superfície lisa, o que pode diminuir a aderência. Diferente do dia anterior, o sol estava presente, então, mesmo com o frio do inverno, o cuidado com a pele e a hidratação são fundamentais. Os raios solares incidem diretamente nas partes do corpo.

O céu azul realçou a beleza dos altos paredões, as luzes refletidas nas águas e o mar de nuvens que pode ser observado entre as montanhas. Para subir até os picos são necessários práticas de montanhismo e equipamento para fazer as escaladas.

Para aproveitar melhor os horários e o deslocamento, o parque disponibiliza áreas de camping. Durante a realização de travessias mais longas, camping em áreas selvagens também é permitido. Atividades noturnas, porém, são proibidas.

Interação com o ecossistema

Um parque nacional é um local de proteção ambiental que permite a interação com o ecossistema. Lá, são 28 mil hectares de Mata Atlântica. Com o desejo de ampliar o mercado e atrair mais turistas para a região, a Parquetur busca expandir seus projetos.

Segundo Carolina Bonafé, head de marketing da Parquetur, o objetivo é tornar o local um polo do turismo com novas atrações, sem perder a identidade.

“A ideia é gerar novos atrativos, ou seja, abrir outras oportunidades de experiência, não só para atrair novos perfis de turistas e novos visitantes, mas, principalmente, para continuar retendo aqueles que já são fiéis, que já participam na nossa alta temporada da Parte Alta, que já estão acostumados a superar os grandes picos, que vão frequentemente ou até todos os finais de semana para fazer seu cicloturismo, até mesmo suas pequenas caminhadas, seu banho de cachoeira.”

Como chegar

Do Rio de Janeiro ou São Paulo, o visitante deve seguir pela Rodovia Presidente Dutra (BR-116) até Itatiaia (saída 318). Continuar por mais 5,5 quilômetros pela BR-485 até a portaria da Parte Baixa. Para a Parte Alta ou Planalto, deve-se utilizar a saída da Rodovia Presidente Dutra em Engenheiro Passos (saída 330 A), seguindo por mais 26 quilômetros pela BR-354 até a Garganta do Registro (divisa Minas Gerais – Rio de Janeiro). Após esse acesso são mais 14 quilômetros de estrada de terra, pela Rodovia das Flores, até o Posto Marcão, que dá acesso aos principais atrativos da Parte Alta ou Planalto.

De Belo Horizonte, a orientação é utilizar a Rodovia Fernão Dias e a BR-381, passando por Caxambu e seguindo pela BR-354 até a Garganta do Registro para a Parte Alta ou Planalto. Para a Parte Baixa, o turista deve seguir pela Rodovia Presidente Dutra.

A Parte Baixa está aberta de terça a domingo, das 8h às 17h. Para a realização de atividades de observação das aves, o ingresso poderá acontecer a partir das 5h. A permanência nas cachoeiras é liberada até às 16h. Já a Parte Alta funciona todos os dias das 7h às 18h.

FONTE TRIBUNA DE MINAS

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